domingo, 20 de maio de 2012

APOKRUPHOS

Amigos, esta é uma minuta de parte da história de minha vida. Quero compartilhar por ser pouco comum essa dura realidade. Robson UMA HISTÓRIA VERDADEIRA DE PAIXÃO E DE DEDICAÇÃO A FUNÇÃO POLICIAL, UMA VERDADEIRA DECLARAÇÃO DE AMOR A INSTITUIÇÃO POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DE SÃO PAULO Sempre fui um apaixonado pelo trabalho desenvolvido pela Polícia Civil do Estado de São Paulo, nunca imaginei exercer outra função que não fosse a de acompanhado por meus amigos e companheiros de equipe combater a criminalidade e a delinqüência que mancham e depreciam os verdadeiros valores da nossa Sociedade, que nos fazem esquecer a honra, as virtudes, os bons costumes, os tradicionais sentimentos de solidariedade, de fraternidade, o entendimento com relação ao nosso próximo "da igualdade", o desejo de uma vida de trabalho e de estudos, compartilhada junto a nossa comunidade, dentro de um projeto coletivo de “Conviver Bem”, com paz e harmonia. O serviço desenvolvido pelo honesto, astuto e dedicado Investigador de Polícia então, há... Este me deixava completamente empolgado e era neste clima de profundo respeito e admiração que acompanhava às notícias e às reportagens que descreviam sua coragem e sua determinação de propósitos para o fiel cumprimento de suas obrigações. Eram com toda a certeza os meus heróis, desde o tempo de minha tenra infância, e assim queria seguir ao exemplo de dedicação aos valores de amizade, respeito, honra, dignidade, fé e perseverança, sonhando com o meu futuro, já o vislumbrava na odisséia do primeiro herói brasileiro, o nosso romântico e solitário “Vigilante Rodoviário”, quando acompanhava à série infantil do “Rim Tim Tim”, do “Zorro”, da “Lessy”, e a tantos outros, que dentro da programação infantil falavam da importância destes valores. Já adolescênte acompanhava entusiasmado às séries policiais, as diligências e as investigações brilhantemente desenvolvidas por “Staskes e Hauchet”, “Columbo”, “Kojak”, “Bareta”, ainda hoje não me esqueço dos heróis das séries de aventuras do velho oeste, onde encontrávamos como exemplo o homem incorruptível, destemido e totalmente desapegado aos valores e aos bens materiais como “Bat Mastersom”, “O Homem de Virgínia”, “Bonanza”, “Shaienne”, etc., posteriormente, já no Cinema, assistindo ao documentário baseado na história do policial americano "Serpico", tudo me pareceu muito claro, estava convicto, quanto a qual o caminho que deveria seguir. Tinha assim, certeza absoluta da minha vocação profissional, seria um policial, que de forma corajosa e respeitosa, protegesse à todos da sociedade, respeitando e cumprindo a lei, dedicando a minha vida a Justiça. E, foi assim, já cursando o terceiro ano da Faculdade de Direito, com estas idéias e com estes objetivos que me fiz a inscrição para o concurso para Investigador de Polícia. “UM IDEAL QUE VIVIFICA, ENCLAUSURADO Á LETRA QUE MATA E Á PRATICA QUE CORROMPE E DEGENERA” Já havia feito três anos de Física na PUC – Pontifícia Universidade Católica e depois mais três anos do curso de Direito na FIG –Faculdade Integrada de Guarulhos, e, era com uma enorme tristesa que ouvia, os alunos da USP - Univercidade de São Paulo,“inteligentemente” perguntarem aos alunos da Academia de Polícia, se sabíamos o porque, de o único prédio dentro da Cidade Universitária a ter rampas, no lugar de escadas, ser o prédio destinado a Academia da Polícia Civil do Estado de São Paulo? A resposta, segundo afirmavam, era devido ao fato de “Jumento”, "Burro" e "Cavalo" não conseguirem subir escadas, temendo-as como se fossem o famoso e famigerado “Mata Burro”. Outros repetiam a mesma piada, quando afirmavam que caso fosse colocado um “Mata Burro” na entrada da Academia de Polícia, não passava ninguém, não entrava nenhum dos alunos e muito menos os professores, todos, segundo afirmavam eram umas verdadeiras “bestas humanas”. O riso e a gargalhada geral, dentro do ônibus ou do local público onde se encontrasse o piadista, encerrava sempre a sessão “cômica – trágica”. Os alunos da academia de polícia eram na USP vítimas facilmente identificadas, porque devido a falta de bom senso dos diretores da academia, somada a sua incapacidade de enxergarem o mundo em que vivem e ao medo de se responsabilizarem pela realização de qualquer tipo de mudança, faziam com que, dando-se continuidade a costumes antigos e hoje sem nenhum sentido prático ou educativo, obrigassem os alunos ao uso do traje social. Homens e mulheres, os futuros investigadors de polícia, todos de terninho, na sua grande maioria, aqueles surrados, emprestados dos amigos ou comprados no pequeno brecho, para os alunos da universidade não havia como errar, e assim eramos atacados, ofendidos e humilhados simplesmente todos os dias. Tinhamos ali uma importante lição, a idéia de integração do trabalho policial com as ciências e com o mundo científico, que poderiam qualifica-lo e aprimora-lo de forma definitiva, contínua e permanente, era totalmente coibida, pelos donos da cultura, pelos alunos os mais previlegiados universitários em todo o Brasil. Nós os alunos da Academia de Polícia, éramos tratados como perigosos criminosos, delinqüentes cuja companhia nenhum deles permitia, alguns agiam assim, em razão da maconha que era coisa corriqueira dentro do campus, mas na sua maioria, deixando-se aqui claro que não se tratava somente dos estudantes, mas também os senhores mestres e professores da Universidade, todos nos olhavam como se fossemos os herdeiros diretos dos assassinos torturadores da Ditadura Militar e quando não, daqueles outros, dos "pseudopoliciais". “Pseudopolicial” é o conceito que tem como significado: descrever aqueles elementos que mesmo nomeados para o exercer da função policial, permanecem mergulhados no lamaçal do mundo da corrupção, convivem com a criminalidade e com a delinqüência, são aqueles que voluntariamente escolheram como sua opção de vida, a “vida bandida”, a mesma do corsário e do pirata sem bandeira, desrespeitando as Leis, pensando única e exclusivamente no seu próprio bem estar, esqueçendo-se das obrigações assumidas, ocupando-se somente com a procura constante da fortuna fácil. Consideravam-se "protegidos e imunes" acima das Leis constituídas, desrespeitam e menosprezam o Poder Judiciário, acreditando-se os mais inteligentes e os mais espertos, imaginavam-se subjugando a capacidade dos policiais honestos e trabalhadores, supondo submeter a Instituição Polícia Civil ao capricho de suas ações promiscuas e criminosas. Como corruptos negligentes abandonaram a causa do bem comum, para se especializarem na proteção dos fortes e dos poderosos, em troca do suborno que os enriquecia, mas que, ao mesmo tempo, em detrimento da verdade e da justiça, aviltava o juramento que fizeram quando de sua nomeação ao cargo policial, quando prometeram agir sempre em defesa do bem e do mais fraco, da lei e da ordem, com o desprendimento da própria vida. Importante se deixar muito bem claro aqui, que se trata de uma pequena minoria dentro da nobre instituição, se não fosse assim, acreditem a situação da segurança pública seria infinitamente pior, dentro da nossa Sociedade existem elementos criminosos e delinquentes, mas isso de forma nenhuma me autoriza a classificar a nossa Sociedade como criminosa ou delinqüente, devo respeito a todas as pessoas honestas e trabalhadoras, que com o seu trabalho e dedicação edificaram e que ainda hoje mantém em funcionamento a própria Sociedade, que por sua vez permite e nos dá subsistência a nossa própria vida. A Instituição “Polícia Civil do Estado de São Paulo”, tem os seus funcionários, todos tendo como origem a nossa Sociedade, sendo assim, com suas ações, omissões e características próprias, espelham a sociedade de onde vieram. É pela análise dos frutos que se conhece a qualidade e os predicados da árvore de origem, sendo aqui necessário qualificar cada ação em particular, segundo o que ela produz, chamá-la má, quando sua conseqüência é má, e boa, quando produz o bem. Dentro deste contexto, nada me autoriza a classificar a Instituição “Polícia Civil do Estado de São Paulo” como criminosa, corrupta, assassina ou delinqüente, devo respeito a todos os policiais honestos e trabalhadores, que com o seu trabalho e com a sua dedicação construíram a Instituição Polícia Civil do Estado de São Paulo, são estas mulheres e estes homens, nossos heróis anônimos, que se encontram dentro das Delegacias de Polícia e nos Departamentos Especializados que com o desenvolvimento e a evolução de sua luta diária, mantém ainda que seja em precárias condições de funcionamento toda a oganização. Observemos juntos, ainda uma segunda situação: Caso retirássemos de nossa Sociedade todos os criminosos e todos os delinqüentes, estaríamos encerrando a possibilidade de existência da própria Sociedade? Muito pelo contrario, o ato de conviver em sociedade implica na observância irrestrita da Lei e na manutenção obrigatória da ordem, a disciplina é necessária sempre, já em sentido contrário, somente o abandono da disciplina, o desrespeito as Leis e a subjugação da Ordem, implicariam na vivência do “Caos”, e este sim, seria o caminho utilizado e o que determinaria de forma definitiva o fim da nossa Sociedade. Dentro da “Instituição Polícia Civil do Estado de São Paulo”, tomada as devidas proporções, a resposta é a mesma, temos como nossa obrigação primeira, urgentemente eliminar do seu quadro de funcionários, todos aqueles elementos que não cumpram diariamente com o juramento feito. Se não são dignos de ostentarem uma “Insígnia Policial”, se não concordam em dedicar a sua vida a causa do próximo mais necessitado, que procurem outra profissão, onde possam, ai sim, onde lhes seja permitido, se preocupar exclusivamente com a sua carreira profissional, com o seu futuro, com o bem estar de sua família e dos seus entes queridos, para os heróis da Polícia Civil do Estado de São Paulo, isto é terminantemente proibido. Dentro da Intistuição para a manipulação da categoria profissional, muitas são as arbitrariedades, o patrão Governo do Estado de São Paulo, o principal responsável pela qualidade dos trabalhos desenvolvidos, nega à Instituição Polícia Civil do Estado de São Paulo os seus direitos trabalhistas, para a concretização deste seu intento mesquinho e autoritário, começa por dividir a intituição em duas categorias, na primeira os delegados de polícia e na segunda os demais, chamando-os de operacionais. Patrocinando vantagens a primeira categoria, subjulga, dominado a segunda com um salário de fome, com a negação de seus direitos trabalhistas, indicando e ofereçendo como alternativa de subsistência para todos o caminho da currupção. O grande problema é que politicamente não se deseja uma polícia capacitada e cumpridora de suas obrigações, cada governo tem a polícia que merece, ou ainda a polícia que quer investigando suas contas bancárias no exterior. Outra forma de manipulação utilizada pela administração da instituição, é manter protegidos e sob o beneplacido dos mais absurdos previlégios os seus apadrinhados, para isso, não são todos os funcionários dentro de uma mesma função, que assumem os mesmos deveres e as mesmas obrigações frente às necessidades, as urgências de serviços e das prioridades da nossa sociedade como a Lei determina. Sendo assim o afilhado do Doutor Fulano de Tal, administrativo do departamento X, por ser loirinho do olho azul, não pode exercer suas funções nos bairros da periferia distante, melhor se faz, que vá trabalhar na delegacia especializada nos Crimes Fazendários. Qualquer pessoa que já tenha tido o menor contato que seja com os “Pseudopoliciais” desta delegacia, que tenha acompanhado um amigo, que como comerciante ou empresário tenha sido chamado a prestar esclarecimentos ou informações sobre a documentação tributária e fiscal de sua empresa, compreende sobre o que estou falando. Como diria, um famoso repórter "Isto é uma vergonha". Fico pensando na grande quantia de dinheiro que vai para a mão destes “Pseudopoliciais”, é ninguem faz nada contra isso, todos se fazem de cegos, surdos e mudos, como imaginar que o dinheiro entregue ao investigador ou ao escrivão, era somente para ele, que agia assim sem o conhecimento dos delegados e de todos os demais funcionários daquela delegacia especializada. O importante, quando se fala da Instituição Polícia Civil do Estado de São Paulo, é que não podemos nunca nos esquecer, do respeito devido às famílias dos policiais mortos em serviço, daquelas mães cujos filhos sucumbiram, trabalhando sem a mínima estrutura necessária, sem nenhum apoio administrativo e sem a menor ajuda operacional, enfrentando, dentro desta guerra declarada pelo “Crime Organizado” somente os piores bandidos e a mais inescrupulosa de todas as assassinas, que é a omissão política e governamental. Permanecemos assim, durante toda a duração do curso de formação e qualificação profissional de “quarentena”, ou seja, separados e isolados dos demais estudantes da Cidade Universitária, limitados pelas grades da Academia de Polícia, ridicularizados, humilhados por àqueles a quem deveriamos a partir de agora proteger, oferecendo nossa vida, pelo bem da segurança do seu patrimônio e dos seus familiares. Nós compreendíamos o nosso papel dentro da sociedade, entendíamos as nossas obrigações frente nossa comunidade e despretensiosamente nos dedicávamos exclusivamente a nossa formação técnica e operacional. Estudando e nos preparando com afinco, atentos a todos os conselhos dos nossos distintos professores, que com suas experiências profissionais procuravam tornar nossa vida um pouco mais longa, quando nas ruas, longe daquele reduto acadêmico. Todos nós, ainda estagiários, iriamos diariamente, de forma solitária e independente, enfrentar aquilo que a nossa sociedade, hoje já compreende como o seu pior e mais perigoso “lixo”, a sua maldade, o seu orgulho, a sua vaidade, a sua ambição, a sua intolerância, ou seja, os piores sentimentos do ser humano, geradores de procedimentos, atitudes e omissões, que desencadeiam o lado violento, criminoso, delinqüente e injusto da sociedade em que vivemos. Nós os investigadores de polícia do Estado de São Paulo somos funcionários públicos, concursados e nomeados, mas devemos obrigatoriamente compreender o nosso papel de lixeiros da sociedade, nós somos aqueles que devem recolher o lixo e coloca-lo no seu devido local, aqueles que mesmo confundidos com os “pseudopoliciais” desrespeitados e humilhados, nós mantemos convictos do nosso ideal maior de servir ao próximo, ofereçendo humildemente os nossos serviços, respeitando e tratando com dignidade a todo cidadão. Somos conscientes da nossa herança maldita, sabemos que, enquanto permanecermos acompanhados por estes que aqui convencionamos chamar de “pseudopoliciais”, seremos sempre confundidos com tal séqüito inimigo, que enquanto não ficarmos livres da influência que a sua companhia nos traz, jamais poderemos alcançar os nossos objetivos. O “pseudopolicial” representa tudo o que impossibilita a instituição alçar o seu vôo definitivo, somente atingiremos os pícaros almejados, quando os extirpamos do nosso convívio, a escalada do desenvolvimento qualitativo da instituição, nos proporcionará a possibilidade da transformação e da regeneração dos elementos de nossa sociedade considerados infratores, e acima disso, teremos o exemplo de uma vida dedicada a causa do próximo, participando da transformação e a regeneração de toda uma sociedade humana. Para certas pessoas tais fatos jamais poderiam chegar ao conhecimento do grande público, sem serem automaticamente estabelecidas certas represárias como forma de vingança, quando apresentamos estes fatos, que cotidianamente ferem as leis e agridem a justiça, a honra e a dignidade humana, temos conhecimento que contra a sua divulgação, se opõem os interesses de grupos poderosos. A constatação da veracidade acompanhada da comprovação de certos fatos, elimina a possibilidade de continuidade destes e de outros tantos privilégios, de outras tantas irregularidades, de tantas outras injustiças, derruba a idéia da impunidade administrativa, joga por terra certos preconceitos, como a possibilidade de perseguição às vítimas que procurassem por socorro, apresentando as autoridades competentes os fatos que levassem à prisão destes “Pseudopoliciais” e ainda, ao mesmo tempo, estariamos limpando o solo do porvir, já cultivando a futura semente de uma polícia amiga, honesta e qualificada profissionalmente para uma sociedade fraterna e justa. A defesa dos nossos heróis da Polícia Civil do Estado de São Paulo deve ser uma constante na vida de todo policial honesto e digno, lutando-se pelo reconhecimento, pela qualificação e pela valorização do nosso trabalho, nossa causa contudo não precisa de novos mártires, mas do esclarecimento público, do entendimento dos nossos problemas e das nossas dificuldades, como facilmente se poderá notar, precisamos de ajuda urgente e este é somente mais um dos nossos pedidos de socorro, depois de tantos que já foram feitos, de várias formas em diversas oportunidades. Por favor ajuem-nos,precisamos de colaboração. “COMEÇANDO MAIS UM DIA DE TRABALHO...” • - Falcão 17 ao CEPOL... • - É o Falcão 17 ao CEPOL... • PROSSIGA FALCÃO 17 - Boa tarde Martinha, uma boa tarde aos amigos do CEPOL e aos demais companheiros da rede... Solicitando abertura de talão para o patrimônio 11054 (onze mil e cinqüenta e quatro). É o primo, primo, negativo, quinto, quarto. Com km inicial 7893 (sete mil oitocentos e noventa e três). É o sétimo, oitavo, nono, terceiro. São dois os componentes da viatura, Heleno e Rodrigo. A área de atuação é livre, a serviço da Divisão de Inteligência do DENARC. QSL (compreendido). • BOM TARDE FALCÃO 17. • BOA TARDE RODRIGO. • TALÃO DE NÚMERO 26 (VINTE E SEIS). • É O SEGUNDO, SEXTO. • COM HORÁRIO DE ABERTURA ÀS 13:30 (TREZE HORAS E TRINTA MINUTOS). • É O PRIMEIRO, TERCEIRO, TERCEIRO, NEGATIVO. • QSL (COMPREENDIDO). - QSL (compreendido)... TKS (obrigado)... QRV (as suas ordens). - QRV (A SUA DISPOSIÇÃO) FALCÃO 17. Normalmente, era assim que começávamos mais um dia de trabalho; Já tínhamos almoçado muito bem, obrigado, o prato do dia, com uma Coca Cola 600ml, dentro de um copo longo com muito suco de limão e muito gelo, no “Bar do Acerto”, na esquina da Rua Brigadeiro Tobias com a Rua Senador Queiroz, local onde, naquela época, os Investigadores de Polícia do Denarc faziam suas refeições, e para a comodidade dos “pseudopoliciais”, era ali também no restaurante, misturados a todos os demais funcionários, onde os “Advogados” dos traficantes presos em flagrante, “acertavam” com estes, o valor da propina, para que seus clientes permanecessem livres e soltos nas ruas novamente. Mesmo no serviço de lida com o lixo de nossa Sociedade, existe a sua parte chamada “boa”, aquela considerada assim em razão de ser a menos perigosa, onde existe um menor risco de vida, os trabalhos realizados junto a empresários, comerciantes e as denominadas Personalidades Vip. E, é claro, existe também a sua parte mais perigosa, onde o risco de vida, o perigo de envolvimento com os criminosos e com o crime organizado e levado ao seu ponto máximo, comparativamente seria a diferença entre a coleta do lixo doméstico e a coleta do lixo atômico, os investigadores de polícia que exercem suas funções no DENARC - Departamento de Narcóticos, são submetidos todos os dias a esta situação real de exposição a situações de perigo máximo. Infelizmente, justamente devido a esta possibilidade de envolvimento com os criminosos traficantes, era o Departamento dentro da Policia Civil mais cobiçado pelos “pseudopoliciais”, vermes parasitas que ali transfigurados no braço forte da Lei, repetiam sempre, propagando aos quatros cantos, famoso discurso, atribuído a um dos mais inexpressivos e incompetentes dos políticos que exerceram, durante a Ditadura Militar, o cargo de Governador do Estado de São Paulo, homem sem moral, possuidor de enorme fortuna e de parcos recursos intelectuais, que de modo imprudente e despudorado, teria afirmado frente a um grupo representativo da categoria policial, que junto aos demais policiais da época pretendiam organizar uma greve, quando pleiteavam um salário digno e justo, condições humanas e os equipamentos necessários ao exercício do seu trabalho. Teria sido quando então, afirmam as más línguas, que o pobre infeliz do Governador teria dito: "Quem tem uma carteira de Polícia e um 38 na cinta, não precisa de salário... Devido ao cargo que ocupa, ganha quanto quer... Nas ruas, vielas e favelas da Cidade.”. Estava decretado o direito a livre corrupção dentro da função policial, complementavam ainda tais “pseudopoliciais”, para o alivio de suas próprias consciências: “A melhor maneira de se corrigir um traficante era lhes confiscando os bens, ou, no mínimo lhe aplicando uma bela multa, pois o ponto fraco do criminoso seria somente um: O seu bolso!”. Para a conclusão de sua desbaratada teoria, sem nenhum discernimento, afirmavam de modo categórico e resoluto, contudo, desbrioso e descabido: "Saber propiciar a oportunidade de suborno, conduzindo a negociação de forma conjunta com o advogado do criminoso, tomando assim a maior quantia possível do traficante, fazendo-o ainda creditar à sua inteligência, à sua astúcia e a imaginária representatividade de sua figura no mundo do crime, à condução do acerto e ao valor atribuído a multa, seriam estas as principais características de habilidade dos investigadores do Denarc, seriam estas as diferenças que separariam os policiais profissionais dos outros demais ainda amadores". Onde, no entendimento destes “pseudopoliciais” , amadores seriam aqueles ainda novatos, que admitiam e que se submetiam a corrupção, mas que não tinham experiência na concussão, na realização dos acertos, junto aos advogados dos traficantes. Sendo concussão, a pratica realizada pelo policial durante e em razão do exercício de sua função profissional, que lhe proporcionava através do suborno, o lucro ilícito, quando recebia do advogado uma certa quantia em dinheiro, previamente combinada, para que o criminoso fosse colocado em liberdade, mesmo depois de realizado o flagrante e a sua prisão. E, era assim que os traficantes e seus advogados corrompiam os tais “pseudopoliciais”, ofendendo a sociedade, a justiça, a lei e a ordem, subjugando o trabalho realizado pelos honestos e dedicados policiais da sofrida instituição Polícia Civil. “A DIVISÃO DE INTELIGÊNCIA DO DENARC” A Divisão de Inteligência estava sendo ainda estruturada, como Delegado Divisionário o Doutor Ermenegildo, como Delegado Titular da Delegacia o Doutor Tapuitinga e como Delegado Operacional, o meu amigo particular, o Doutor Carlos Alberto Augusto, o famoso “Carteira Preta”, que durante muitos anos, antes de se tornar Delegado, exerceu por mais de vinte anos a função de Investigador de Polícia. Os Investigadores usam como “porta funcional e distintivo”, uma carteira de cor preta, já os Delegados de Polícia usam uma carteira na cor vermelha, daí a origem do vulgo do Doutor Carlos Alberto, que entre os seus agora colegas de profissão, os Delegados de Polícia, tinha um significado pejorativo, significando: truculência associada à falta de capacidade técnica, cultural e operacional. Já para as demais carreiras policiais, representava “o caminho” que um dia conduziria a Polícia Civil à sua melhor formação e qualificação profissional, quando somente em razão de justas promoções, de uma formação universitária associada a uma carreira dentro da hierarquia, baseada no êxito de experiências anteriores, se alcançasse as distintas posições de comando. Quando então, todo Policial ao ingressar na carreira policial, quando de sua saída da Academia de Polícia, teria como primeiras funções, aquelas consideradas as mais simples, sendo que somente após anos de êxito comprovado em tais funções, poderia assumir cargos de liderança e somente posteriormente os de chefia, o que em muito qualificaria aqueles que no futuro assumissem as funções hoje desempenhadas pelos delegados recém saídos da Academia de Polícia. Diminuiria inclusive a incidência de histórias dramáticas, de histórias trágicas e principalmente de histórias cômicas dentro da nossa querida Polícia Civil. Um dos tristes exemplos da incapacidade organizacional da Polícia Civil é a história de um Delegado Geral, conhecido como “Dr. Francisco Raimundo Cavalcante” que, quando na Academia de Polícia, durante sua primeira aula de tiro, passou por tamanho pavor que de descontrolado urinou nas próprias calças, realmente não tinha vindo ao mundo para exercer aquela importante função. Mas, filho de uma importante família paulistana, com mais de quatrocentos anos de tradição, devido aos contatos e a influência que tinha, prosseguiu adiante, e devido a esta “qualidade in nata” ser um milionário, nada mais lhe foi cobrado em nível de aptidão profissional, aquela por si só, já o credenciava como sendo um portador de todas as características e qualidades necessárias à formação do melhor e mais experiente de todos os Delegados de Polícia. O “Covarde Mijão”, como passou a ser chamado, de modo escondido e pelas costas, por todos aqueles que conheciam sua história, foi então, dispensado das demais “desnecessárias e improdutivas” aulas de tiro, mesmo porque, jamais seria incumbido durante o exercício de suas funções, para um local onde se fizesse necessário o conhecimento teórico e pratico do manejar de uma arma de fogo, ficando assim acertado entre as partes envolvidas e resolvida a questão. O corrupto “substituto do professor de tiro”, na época um Investigador de Polícia já preste a se aposentar, alquebrado pelo tempo, velho e doente no fim de carreira, exercendo provisoriamente a função de Professor de Tiro da Academia da Polícia Civil do Estado de São Paulo, como reconhecimento “pelos maravilhosos serviços prestados a Comunidade” (a dispensa do covarde mijão das demais aulas de tiro), foi convidado pelo próprio Diretor da Academia para exercer permanentemente a função de professor de tiro, treinando e preparando nesta importante matéria os futuros alunos. Recebendo ainda uma “Promoção Administrativa” e o valor referente a um irrisório e insignificante “suborno”, como contaria mais tarde, o próprio Dr. Francisco Raimundo Cavalcante, mais um “pseudopolicial” se vangloriando do seu feito, exercendo agora o cargo de Delegado de Polícia. Expoente dentro da Aristocracia Policial da época, que, de péssimo aluno da Faculdade de Direito, ali qualificado pelos seus mestres e pelos seus companheiros universitários, como um espírito atrasado, vingativo, medíocre, dono de uma mente doentia, o qual milagrosamente indo contra tudo o que se esperava de sua incapacidade intelectual e de sua índole covarde e criminosa, se metamorfoseou no brilhante “Policial Político”, no especialista “chupa – chupa”, no “maçaneta” abridor de portas para os seus superiores hierárquicos, se doutorando com louvor e com um brilhantismo antes nunca visto, como o engenhoso arquiteto de endiabradas calúnias e das piores difamações, com as quais atingia indiscrinadamente a todos os seus companheiros de profissão. Maluco ardiloso, afirmava: "De um mesmo tronco das características humanas, tiveram origem o criminoso nato, bem como o policial nato”. Crendo-se erudito e superior, o incompetente orgulhoso se fazia cego com o reflexo do brilho que erroneamente julgava ter, e ai, nesses momentos, deixava transparecer tudo aquilo que tinha no coração e era baseado em toda essa imundície que tinha dentro de si, que opinava e julgava os homens, principalmente a todos os que infelizmente padeceram sob o seu comando profissional. Distorcendo as Leis do famoso mestre e cientista Lombroso, procurava dar um toque cientifico às suas crenças doentias, que deixavam ver, logo, já nos primeiros instantes de explanação, sua imaturidade intelectual, sua pequenez moral e o seu completo vazio de sentimentos. Ainda como aluno da Academia de Polícia, dentro da sala de aula afirmava: “Fosse seu pai um ladrão encarcerado, sua mãe e irmãs traficantes e prostitutas, que caso morasse dentro de uma favela, todos os Delegados de Polícia dentro daquela sala teriam muito trabalho com ele, faria com certeza a sociedade corrupta e criminosa pagar muito caro por todas as suas injustiças”. Doente dementado era totalmente incapaz de compreender o “Policial por Vocação”, aquele que, mesmo ciente de todas as dificuldades, precariedade de condições de trabalho e de formação profissional, do salário baixo e injusto, do estigma profissional, ainda e mesmo assim, se despia de todo orgulho e de toda pretensão maior, ao nível de carreira profissional, bem como familiar e financeira, para simplesmente dedicar a própria vida ao bem comum, aqueles onde a satisfação de viver se encontra junto com a consciência limpa do dever cumprido. Já a satisfação de viver para o “pseudopolicial” delegado de polícia, se encontrava naquilo que pudesse, devido ao cargo que ocupasse, mesmo longe do confronto com os perigosos delinqüentes, levar como sua parte, do valor do “suborno – concussão” e da pilhagem realizada dentro do local da prisão, pelos seus comandados, este era sem dúvida o seu objetivo principal, não devemos nos esquecer, contudo, que “caridoso e gentil”, sempre soube muito bem “agradar e presentear” seus superiores hierárquicos, motivo “primeiro” de sua brilhante carreira policial. Poucos anos depois, já exercendo suas funções como Delegado Divisionário, era o Diretor de uma das divisões do antigo “Departamento Estadual de Investigações Criminais”, o famoso e temido DEIC, quando em uma certa noite, comandava uma simulada operação de caça e captura a criminosos armados em fuga. Naquela noite o tédio e o aborrecimento sem razão, tomavam conta do Delegado Divisionário, o qual displicentemente permanecia dormindo na sua viatura de comando, sonolento e totalmente distante do correr dos fatos, ali simulados no simples treinamento, quando em determinado momento, as equipes de investigadores foram avisado pelo Operador de Telecomunicações do CEPOL (Centro de Operações da Polícia Civil) sobre uma ocorrência próxima ao local de treinamento. Informava o Operador que cinco assaltantes, após roubarem uma Agência Bancária do Banco do Brasil, teriam trocado tiros com Policiais Militares, infelizmente alvejando e matando dois dos nossos heróis, exemplos para os policiais mais brilhantes, os bandidos haviam conseguido assim, momentaneamente escapar ao cerco da políca militar e empreenderam fuga, se dirigindo a zona sul paulistana, sendo que naquele momento, se aproximavam rapidamente, do local onde o grupo de policiais especializados, se encontravam em “treinamento técnico e tático operacional”. Notificado da ocorrência em andamento, o Delegado Divisionário novamente perdeu o controle emocional, entrando em um estado de completo desespero. Nunca havia passado anteriormente por uma situação verdadeira de possível confronto. O Chefe dos Investigadores que o acompanhava na viatura, ciente da incapacidade do Delegado procurou assumir o comando da situação, determinando um caminho que de pronto os levariam a interceptar os assaltantes de banco em fuga. O Delegado Divisionário, compreendendo a iminente situação de confronto, suava em bicas e gaguejando, no maior arrojo de bravura de toda a sua carreira, determinou resoluto a fuga imediata... Deveriam prontamente se evadir do local... Abandonando à própria sorte, os demais Policiais do grupo... Que, sozinhos providenciassem o cerco e a captura dos meliantes, ou ainda que se salvassem como pudessem... Os Policiais que acompanhavam o Delegado Divisionário ficaram todos perplexos e acredito enojados, mas o grande medroso, de modo enérgico e autoritário, ordenou ao Agente Policial que conduzia a viatura de comando, que desligasse o giroflex e que apagasse os faróis da viatura, para que pudessem fugir do local, passando assim totalmente desapercebidos aos criminosos e aos demais policiais que participavam da operação policial, cercando todo o perímetro. Em seguida, o “Covarde Mijão” ainda totalmente transtornado, como um verdadeiro demente, ordenava: vira aqui, entra ali, sempre em sentido oposto ao do local da provável interceptação.... E assim minutos depois, já na Marginal Pinheiros, longe... mas realmente muito longe do local do possível confronto, se sentindo agora seguro, salvo e livre de participar da ocorrência, ordenou que se ligasse novamente o giroflex e os faróis, quando então, por pagamento dos seus pecados...A viatura foi imediatamente atingida pelos disparos de uma metralhadora! Por mais incrível que pareça, o veículo à frente, era o carro utilizado pelos bandidos em fuga! O Delegado covarde não acreditou no que acontecia, perdeu desta feita totalmente o controle da situação e pensando unicamente em se salvar, jogou-se, procurando se esconder no chão da viatura, estressado ao extremo, não conseguiu segurar os intestinos e borrou-se todo. Desesperado chorava inconsolável como uma criança perdida, com a fralda de pano suja de coco. O mal cheiro era insuportável. Para a sua salvação, os demais policiais na viatura, prontamente responderam ao fogo inimigo, dois dos assaltantes morreram na troca de tiros, os demais criminosos foram presos e graças a Deus, um funcionário, o gerente da agência bancária do Banco do Brasil, que era mantido como refém do bando de criminosos, os quais o haviam seqüestrado, desde as primeiras horas da manhã, foi salvo e prontamente colocado em liberdade. No outro dia... O nosso nobre delegado, de banho tomado, perfumado com o seu 212 e de terno novo, modelo Pierre Cardin exclusivo da Vila Romana, adquirido na loja do center norte, ali na Av. Otto Baumgart nº. 800, sofisticamente se preparava para o seu discurso, naquele dia teria de se apresentar elegante e competente, discreto e refinado, porque naquele dia tinha que “fazer bonito”, porque naquele dia receberia a imprensa e a mídia radio televisiva, porque naquele momento os reporteres queriam conhecer e apresentar para todo o Brasil o novo herói da Polícia Civil Paulistana. Enquanto isso, seus subalternos, os investigadores e o agente policial, aqueles que arriscaram a vida, para salvarem a do delegado e competentes efetuaram a prisão da perigosa quadrilha, eram transferidos para diversas delegacias de bairros, sendo um distante do outro, não era interessante que permanecessem juntos, aquela história e como verdadeiramente ocorreram os fatos, eram informações que não poderiam vazar, que nunca deveriam chegar ao conhecimento da imprensa e da população em geral. O nosso herói afamado foi promovido assumindo a direção de um departamento especializado, se tornou orgulhosamente um dos Ilustríssimos Senhores Doutores “Cardeais da Polícia Civil”, sendo que, devido aos seus contatos políticos, quando da eleição para Governador do Estado, assumiu como o novo Delegado Geral da Polícia Civil. Mais que lindo! Nada mais justo! Que homem e que carreira brilhante! Modelo a ser seguido por todos os Delegados de Polícia e é claro por todos os demais funcionários das carreiras subalternas e inferiores. “A CONSTITUIÇÃO DA DIVISÃO DE INTELIGÊNCIA” O Doutor Ermenegildo como Delegado Divisionário e o Doutor Carlos Alberto Augusto como Delegado Operacional, já eram famosos, os profissionais da mídia especializada, já haviam acompanhado e noticiado o trabalho que realizaram na época do Regime Militar, com total apoio das classes governantes, dos políticos, dos juizes de direito e da promotoria pública, dos médicos e dos peritos criminais, da cúpula da polícia civil e principalmente dos meios de comunicação, durante os "anos dourados" da Ditadura Militar. Seus nomes e suas histórias constavam da literatura nacional especializada, se encontravam nos secretos relatórios das forças armadas, se faziam presentes nos artigos da imprensa internacional, nos relatórios da ONU (Organização das Nações Unidas) e nos das Ongs (Organizações Não Governamentais) com seu trabalho direcionado a preservação dos Direitos Humanos. Por outro lado, o Doutor Tapuitinga nosso Delegado Titular de Delegacia, havia já naquela época, concretizado um trabalho digno do respeito e da aprovação da nossa sociedade civil, contava humildemente com o apoio dos juizes do Dipo - Departamento de Inquérito Policial e ainda com a admiração da mídia especializada, todos os que acompanhavam o seu trabalho, sempre realizado com prudência, de modo experiente, qualificado, discreto e honesto a toda prova, ficavam certos da possibilidade de uma grande transformação para melhor dentro da Instituição Policia Civil do Estado de São Paulo. Com a sua capacidade de organização, elaboração, realização e concretização dos serviços policiais, prestados ao bem da Comunidade, frente às prioridades do item Segurança Pública, apresentando de modo claro, como deveriam seus colegas Delegados de Polícia cumprirem com a sua obrigação, na realização do seu trabalho. Fosse hoje o nosso Delegado Geral e a Polícia Civil do Estado de São Paulo seria outra, dando um tremendo salto qualitativo nos seus serviços apresentados a nossa população, com toda a certeza estava preparado para exercer com brilhantismo inclusive o cargo de Secretário da Segurança Pública. A bem da verdade, a capacidade administrativa e operacional desta equipe de Delegados de Polícia, estava muito acima das demais de toda a Instituição da Polícia Civil, com a indicação destes três “Homens”, para a direção e administração da Divisão de Inteligência do Departamento de Narcóticos - Denarc, somava-se à máxima capacidade operacional e administrativa, a criatividade e ao talento individual que são os principais geradores de idéias e gerar idéias é a melhor forma de serem criadas soluções praticas e eficientes. Inúmeros trabalhos foram desenvolvidos, quando então, foi organizado pelo Doutor Tapuitinga e prontamente realizado um trabalho em conjunto com as Autoridades do Poder Judiciário, baseado no respeito e na confiança que estas Autoridades tinham pelo nosso Delegado, que articulou a participação e a cooperação das Autoridades do Departamento de Homicídios (DHPP), Departamento Estadual de Transito (DETRAN), Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC), Polícia Militar do Estado de São Paulo, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Federal e outras unidades policiais, tão importantes quanto as anteriormente citadas, quando então, devido a esta união de forças, e a sua determinação de propósitos foram presos os maiores e mais perigosos traficantes do Brasil e desbaratadas suas respectivas quadrilhas. Como exemplo, podemos citar a “OPERAÇÃO GRILLO”, que foi a primeira “Quadrilha Organizada”, praticantes do “Crime do Colarinho Branco”, dentro do Território Brasileiro, a ter presos e encarcerados seus principais elementos. Ficando claro para todos que participaram daquela operação policial, o envolvimento do narcotráfico com políticos, com “pseudopoliciais” civis e militares, empresários e comerciantes, com “assaltantes de banco”, com “ladrões de carro”, com proprietários de “desmanche de automóveis”, com proprietários de “lojas de automóveis”, com “rinhas de galo”, com “cassinos”, com “boates”, com “haras”, com “escritórios de advogados”, com donos de “supermercados”, “mecânica”, “padarias”, “imobiliárias” e infelizmente, descobriríamos posteriormente, a participação na quadrilha de dois Investigadores da própria “Divisão de Inteligência”; “Willians e Sérgio” que eram os asquerosos “Judas – Traidores” do nosso próprio grupo. Não havia unanimidade política quanto à formação da Divisão de Inteligência, a ordem de sua constituição veio diretamente do Ilmo. Sr. Secretario de Segurança, contudo o Delegado Geral e o Diretor do Denarc não comungavam dos mesmos ideais e tudo fizeram para que tal empreitada não produzisse os frutos desejados... Somávamos na Divisão de Inteligência, o modesto número de 20 (vinte) Investigadores de Polícia, para se “ajuntar” o seu quadro de Investigadores, cada Delegacia da DISE (Divisão de Investigações Sobre Entorpecentes), encaminhou cinco dos seus membros, aqueles considerados os seus piores elementos, o Senhor Belizário era o nosso Chefe dos Investigadores, havia sido dispensado pelo Delegado Titular da Primeira Delegacia da DISE, por incapacidade técnica e operacional, se qualificássemos o ainda hoje incapaz e incompetente, aqui como um “burro”, sem dúvida nenhuma estaríamos ofendendo e em muito ao nobre, esforçado e digno trabalhador “do quadrúpede”. Belizário foi apadrinhado pelo Doutor Ermenegildo, que devido ao seu histórico profissional, quando participará ativa e orgulhosamente da “caça” à “Oposição Comunista”, tendo inclusive tomado parte das “Operações Policiais” que investigaram os então perigosos “Agentes Comunistas” Fernando Henrique Cardoso e Mário Covas, que quando da última eleição, foram entusiasmadamente eleitos pelo voto popular, respectivamente Presidente da República e Governador do Estado de São Paulo com o reverendo e a aprovação de todas as Autoridades Mundiais. O que levava o Doutor Ermenegildo a acreditar, que devido a provável vingança de seus antigos inimigos e opositores, teria chegado seu tempo de exílio e de definitivo ostracismo profissional... Comungando dos mesmos pressentimentos, seus prediletos amigos, os assim considerados “Grandes Investigadores de Polícia”, os famosos e experientes “Chefes de Delegacia”, que antigamente o acompanharam, durante sua brilhante carreira policial, pusilânime, fugiam agora de sua presença... Como o covarde do Diabo foge da Cruz... Tinham medo da possibilidade de ver seu nome associado ao do Grande Delegado, ao do corajoso e destemido “Homem” que de modo sempre fiel, obedeceu às ordens dos seus superiores hierárquicos, executando e cumprindo suas determinações superiores, quando da vigência do nefasto regime que nos infligiu a Ditadura Militar. Não tinha o admirável Doutor Ermenegildo opções de escolha, aceitando assim, como um verdadeiro castigo, a companhia de Belizário, tinha conhecimento de sua covardia, de sua inabilidade, de seu caráter inidôneo, de sua falta de personalidade e demência mental, sabia de sua incompetência e de sua incapacidade para ser responsável por si mesmo, quanto mais, por todos os Investigadores de Polícia de uma Delegacia Especializada com o compromisso de responder por todo o trabalho de inteligência para um Departamento Policial como o Denarc. Sua presença incompatível destoava e fazia de Belizário, um verdadeiro “peso morto”, um “Zé ninguém”, que não participava da elaboração e da criação de projetos que levassem a prisão dos traficantes, que não se fazia presente quando da organização das informações colhidas e muito menos das posteriores ações policiais de cerco e captura dos criminosos. A Divisão de Inteligência, quando de sua constituição tinha esta composição: 03 (três) Delegados de Polícia com capacidade a toda prova, cercados por um grupo de Investigadores, que na contra mão de direção, foram execrados de suas Delegacias de origem, eram em parte erroneamente, mas, os assim considerados: Viciados, traficantes, bêbados, homossexuais, assassinos contumazes, vagabundos, covardes, maníacos depressivos, ladrões “pé de chinelo”, sendo assim denominados aqueles que entram na casa do traficante e vão fazendo a “mudança”, roubando tudo o que encontram pela frente, desde pilha descarregada, papel higiênico, bugigangas do Paraguai, pneu careca jogado no quintal, roupa suja e usada, restos de comida, bijuterias da 25 de Março, pinico furado, brinquedos de criança, televisão quebrada, levavam tudo aquilo que conseguiam carregar na viatura. Eram elementos que não compreendiam a verdadeira missão do Investigador de Polícia, orgulhosos que não tinham o entendimento, de que, antes de tudo, éramos “Funcionários Públicos”, e de que, qualquer “Cidadão”, que apresentasse em uma “Delegacia de Polícia” seus problemas, tinha o direito de ser tratado com todo o respeito, com toda a dignidade, com toda a presteza possível e com a garantia do sigilo profissional... Eram aqueles pobres elementos considerados doentes, pacientes da Psiquiatria do Hospital do Servidor Público Estadual, com problemas de relacionamento inclusive com os seus pares dentro de sua própria Delegacia e total impossibilidade de bem exercerem a importante função Social para a qual foram nomeados. Misturados e junto a estes, se aproveitando da oportunidade de transferência, devido aos mais diversos motivos, foram outros excelentes Policiais expulsos de suas Delegacias de origem... Homens que tinham como missão principal a defesa incondicional da Justiça, da Lei e da Ordem, do fraco e do humilde, do simples, do desamparado, do injustiçado, que tinham como sua a incumbência de coibir a prática de crimes e delitos, colocando a própria vida em risco para ver a salvo as vítimas da violência e da injustiça social. Misturaram-se bons e maus policiais para juntos formarem o quadro de Investigadores daquela Delegacia, contudo estes não se confundiam, trabalhavam juntos, e juntos naquela massa disforme, cada qual com as suas características e distintas peculiaridades, desenvolviam conforme sua capacidade, os específicos trabalhos policiais, sendo que juntos com a soma de seus esforços e com as informações que colhiam de seus contatos, desenvolveram os trabalhos idealizados pelos nobres Delegados de Polícia. Era o que faltava para completar a lista de arbitrariedades e de negligências na formação do quadro de Investigadores de Polícia dentro do Denarc! Também, fazer o que? Diziam desiludidos e descrentes no futuro, alguns dos nossos dedicados e competentes, companheiros Investigadores de Polícia, que a cada nova Diretoria que assumia a administração do Denarc, se sentiam andando em uma corda bamba, por mais que fossem qualificados e especializados naquele serviço, poderiam a qualquer momento, serem substituídos, por algum “cururu” apadrinhado por “Seu Deputado”, ligado a Secretaria de Segurança Pública... Ficava muito clara no Denarc a interferência que “maus políticos” exerciam sobre os “meios policiais”, já não se sentiam satisfeitos com a indicação política de seus amigos correligionários ao nível de “Primeiro Escalão”, quando atuavam de forma direta na indicação deste ou daquele Delegado, para a administração de cada um dos Departamentos de Polícia, de suas Divisões e de suas Delegacias, que eram assim escolhidos e nomeados, sempre apadrinhados por seus amigos políticos, à custa da rejeição dos “Melhores Policiais”, daqueles que poderiam enfrentar o “Rigor Técnico e Operacional”, baseando-se ainda no “Fator Experiência” e principalmente na “Apresentação de Resultados Positivos”, na execução de seus trabalhos anteriores. Sob esta “Ótica Político”, sempre foi indicado o “Secretario de Segurança Pública”, o “Delegado Geral da Polícia Civil”, o “Diretor do Departamento de Narcóticos” e todos os Ilmos. Srs. Drs. “Cardeais” Diretores de Departamento, somando-se ainda, os demais cargos, ocupados por Delegados ao nível de “Administração”. Insatisfeitos, sedentos e insaciáveis, agora desejavam ainda mais, seus investigadores apadrinhados, não poderiam exercer suas funções na periferia distante, era necessário colocá-los dentro dos “Departamentos Especializados”, principalmente no Denarc devido à repercussão que suas apreensões de drogas proporcionavam dentro da mídia, era preciso ainda “aparecer” nos programas sensacionalistas e mentirosos, nos jornais populares e medíocres. Políticos e seus apadrinhados, usavam dos conhecimentos pessoais que tinham e do “Poder” que representavam, com o único propósito de “aparecer”, não apresentavam nenhum projeto ou alguma idéia que pudesse de alguma maneira auxiliar o árduo trabalho ali desenvolvido, propagavam, os “espertos” somente a exaltação do orgulho e da vaidade, a valorização do dinheiro e dos bens adquiridos, da representatividade do poder político que acreditavam ter e da vida medíocre e vazia que tinham, destinada a espera constante do suborno que os levariam a riqueza de modo rápido e definitivo. Não participavam tais elementos dos serviços considerados perigosos, quando da prisão e captura dos criminosos traficantes, nestas oportunidades sempre tinha uma missão no Aeroporto de Cumbica ou de Congonhas, junto a algum Departamento da Polícia Federal, na Assembléia Legislativa, na Câmara dos Deputados, ou em algum outro local qualquer, que simplesmente os impossibilitasse de participar daquela diligência policial. Eram assim poupados os “coitados”, destas missões mais perigosas, que ficavam sob a responsabilidade daqueles Investigadores de Polícia, chamados de “pé de boi”, ou seja, “pau para toda obra”, até que estes, seus “inferiores”, chegassem à porta do Departamento de Narcóticos, com a “cana” feita e com os presos algemados, aí a coisa mudava de figura... A “história” não mudava nunca, era sempre algo mais ou menos assim... Os “meninos protegidos” assumiam a posição de “garotos propagada” e de forma mentirosa e descarada, apresentavam à mídia especializada, uma “estória” qualquer, que desenvolvesse o tema de sua coragem e determinação, quando acompanhados por outros “investigadores” teriam astuta e corajosamente logrado a realização da prisão em flagrante dos “perigosos traficantes internacionais...”. Tudo mentira, estórias para a televisão ver e filmar, valorizando sempre, aquilo que não existia... O trabalho realizado pelas “crianças mimadas” e pelos Delegados covardes e incompetentes, que nunca colocaram o sapatinho de pelica na rua... “Pseudopoliciais” e não homens, que deixavam de cumprir a sua missão de ensinar, de treinar e de qualificar os seus subalternos Investigadores de Polícia... “Deuses famosos” junto à mídia especializada... Que na verdade, com este procedimento desprezível, indigno, falso e mentiroso, em muito auxiliavam aos verdadeiros heróis anônimos, que diariamente combatiam o narcotráfico e os seus bem armados e treinados “soldados”. Nenhum Policial que tem como sua esta perigosa missão, deixa-se filmar ou fotografar, os criminosos e principalmente os principais traficantes, acompanham todas as notícias relacionadas com o seu “metie”, nada que a mídia noticie é desprezado ou esquecido, fotos de Policiais que se apresentam à mídia especializada como sendo do Denarc e com a missão de se infiltram nas quadrilhas de traficantes, são apresentadas e conhecidas por seus “soldados”. Não devemos nunca nos esquecer de que os verdadeiros operacionais, os dedicados Investigadores de Polícia do Denarc, enfrentam diuturnamente o “Crime Organizado” e todo o seu poderio estrutural e ofensivo. Mas, mesmo assim, com a total ignorância dos conhecimentos específicos àquela função policial, tais “pseudopoliciais” apadrinhados, sempre foram infelizmente uma presença constante dentro do nosso quadro de funcionários. Tais “pseudopoliciais” apadrinhados, todos elementos escrotos e corruptos, cometeram ainda um crime maior, frente aos destinos de nossa Sociedade, quando se aproveitando da intimidade e da amizade que tinham com aqueles “Políticos” os mais incompetentes, fingidos e bajuladores se aproximaram, enganaram e ludibriaram nomes honestos, bem intencionados e acima de qualquer suspeita... Como o do honrado e saudoso Governador Mário Covas... Que infelizmente, quando de seu Governo Estadual, cercado por um bando de corruptos, incapazes e incompetentes, acabaram com a Segurança Pública em todo o Estado de São Paulo. Hoje, devido as suas atitudes e nomeações, devido à negligência, a imperícia e a irresponsabilidade daqueles que o acompanhavam e a quem de modo fiel confiava, as drogas e a violência proliferam e reinam soberanas e assassinas por todo o Estado de São Paulo, em nível de Capital, Litoral e por todo o Interior. Aprendi, acompanhando e vivenciando estes fatos negativos que em muito me entristeceram, que para se acabar com esta onde de violência, se fazem necessárias ainda, outras qualidades e outros conhecimentos, além de todo o cabedal com que o “Mestre Mário Covas” sempre nos presenteou, “Homem” que sempre considerei um verdadeiro “Emissário Divino”, uma “Figura Nobre e Importantíssima” da História Brasileira, infelizmente, com o seu desencarne carregou consigo, para um aprimoramento posterior, a incapacidade de entender e de praticar Segurança Pública, devido ao fato de ter relegado a um segundo plano, a maravilhosa oportunidade que teve de proporcionar a todos nós Paulistanos uma Segurança Pública, pelo menos digna de ser qualificada como operante, regular e constante. A melhor Administração do “Departamento de Narcóticos” foi realizada durante o Governo do Doutor Fleury, pelo então, “Diretor de Departamento”, Dr. Henrique Müller, que de tão admirado, era respeitosamente chamado por todos de “MY LORD”. Homem com “H” maiúsculo, integro e honrado, policial experiente e corajoso, incorruptível, inteligente e determinado, acostumado com o trabalho que somente os Excelentíssimos Senhores Doutores Delegados de Polícia sabem operacionalmente desenvolver nas ruas, administrativamente dentro de suas Delegacias, e psicologicamente “dentro da cabeça e do coração” de cada um dos seus homens. Como Diretor do Departamento, permanecia obrigatoriamente durante o seu horário de trabalho, dentro do seu gabinete, contudo participava ativamente de cada uma das operações desenvolvidas, transmitindo uma segurança que nenhum outro Diretor de Departamento soube como desempenhar... Era assim como se nos acompanhasse a todos, e durante todo o tempo estivesse ali ao lado de cada um dois seus Homens, durante a realização de seus serviços policiais, sendo que ao mesmo tempo, se fazia presente junto ao Poder Executivo, ao Poder Judiciário, junto a Secretaria da Segurança Pública, a Delegacia Geral e principalmente junto aos Senhores Doutores Delegados Diretores dos demais Departamentos Policiais, todos unanimemente o respeitavam. Procedendo sempre com toda a astúcia, da forma a mais original e criativa, soube eliminar dos quadros do Departamento de Narcóticos aqueles policiais viciados que somente procuravam um jeito fácil para a aquisição da “Droga Escravizadora” e principalmente enfrentar com pronto destemor e total isolamento a figura do “Policial Traficante”, verme maldito, que a época, quando do início de sua gestão administrativa, empestava todo aquele Departamento Policial especializado no combate aos narcotraficantes. Muito bem assessorado pelo Dr. Diamantino, como Delegado Divisionário da Dise - Divisão de Investigações Sobre Entorpecentes, que inteligentemente ao assumir seu novo cargo, convocou uma reunião com todos os “Policiais subalternos” do Departamento, ou seja, com os Escrivães, Investigadores, Agentes Policiais, Agentes de Telecomunicações, Papiloscopistas e Carcereiros. Informando que dentro de 06 (seis) meses seria realizado um “Exame Toxicológico” completo em todos os Policiais do Denarc, o qual apontaria, sem a menor possibilidade de erro, todo e qualquer tipo de entorpecente que houvesse sido usado durante o período de um ano anterior à data de realização dos exames, quando então seriam, dispensados do Denarc, sindicados e indiciados pela Corregedoria da Polícia Civil todos aqueles que apresentassem resultado positivo... Alguns Delegados, com anos de trabalho junto aquele Departamento, ficaram enciumados e melindrados afirmaram se tratar de uma idéia esdrúxula, que com toda a certeza se tornaria o motivo e a razão de um verdadeiro pandemônio dentro daquele Departamento, contudo foi o bastante para que 80% (oitenta por cento) dos Investigadores de Polícia do Denarc, solicitassem permuta para outras unidades da fétida Instituição. Três meses depois... Nova reunião marcada pelo competente Divisionário, quando afirmou que dentro de três meses, todos os Investigadores que permanecessem no Denarc teriam suas vidas investigadas e teriam seus prontuários encaminhados ao Dipo, o Departamento de Investigações Policiais do Poder Judiciário, acompanhados da solicitação da quebra do sigilo fiscal, bancário e telefônico, devido a importante função desempenhada, por aquele quadro de funcionários. Pavoroso completo e nova debandagem geral; Não admitiam tais funcionários públicos, a devassa em suas contas bancarias e o conhecimento público de seus contatos e de suas amizades particulares. Dois meses depois, nova reunião com o Delegado Divisionário, do grupo inicial composto por mais de 400 (quatrocentos) funcionários, não sobraram 20 (vinte) Investigadores de Polícia, para assistirem as gargalhadas do integro e astuto Delegado Divisionário, feliz com o resultado alcançado pelo seu serviço de limpeza e higienização, de desratização e descupinização, de localização e eliminação das pragas que infestavam aquele Departamento Policial. Pecou, contudo, o nobre Delegado, não realizando o referido Exame Toxicológico e muito menos não devassando a vida daqueles Policiais honestos que ficaram... Que ficassem como exemplo, que fossem submetidos aos tais procedimentos, e que estes se tornassem uma constante para todos, pelo menos dentro daquele Departamento de Polícia... “As palavras que não são seguidas de fatos não servem para nada...” Nenhum “Policial Honesto” e cumpridor dos seus deveres se amedronta frente à possibilidade de passar por “Exames Toxicológicos”, e em nada o inibe ter suas “Declarações do Imposto de Renda”, “Contas Bancárias” e “Telefones particulares” monitorados por quem quer que seja... Este deveria ser um procedimento padrão, comum e permanente na vida de todo Policial, que ao ingressar na Academia da Polícia Civil, teria como obrigatório a analise de todas as suas declarações do Imposto de Renda, investigada minuciosamente sua vida pregressa e realizado um exame médico e psicológico, que comprovasse sua aptidão para a importante função social que irá desempenhar, quando irá se dedicar 24 horas por dia, 365 dias por anos, treinado e preparado para dedicar a vida em prol do bem de toda a Sociedade. Necessário seria ainda, que quando no exercício de suas funções profissionais, ficassem dúvidas quanto à legitimidade de seus atos, que tal funcionário público, fosse imediatamente desligado de suas funções policiais, instalada obrigatoriamente uma sindicância administrativa por parte da Corregedoria da Polícia Civil e o respectivo Inquérito Policial junto a Delegacia responsável. Retornando tal funcionário ao exercício de suas funções profissionais, somente após o resultado positivo de tais procedimentos, qualificando-o como inocente frente às tais acusações, sendo assim, e somente assim sob nenhum Policial Civil, quando no exercício de suas funções pairaria qualquer dúvida. O Funcionário Público que exerce a função de Policial, obrigatoriamente deve manter uma conduta ilibada, ter o nome limpo, observando uma vida regrada, sustentando e provendo do que é necessário uma família bem constituída, residindo em uma moradia fixa, qualificando-se obrigatoriamente nos Cursos de Reciclagem Profissional a serem realizados anualmente, sob a direção da Academia de Polícia, quando inclusive poderia ser definitivamente desligado de suas funções caso não alcançasse o padrão de conhecimento, o nível técnico e operacional, a aptidão física e as condições médicas e psicológicas exigidas para a sua função profissional. Tais procedimentos passaram a ser considerados simplesmente obrigatórios em alguns países, depois da apresentação dos resultados dos mais diversos estudos apresentados por Autoridades do Poder Judiciário, Autoridades Policiais e demais Cientistas e Catedráticos estudiosos da matéria “Segurança Pública”, isso mesmo ao nível dos países ainda considerados do “Terceiro Mundo”. Hoje em dia, aqui no Brasil, já são observados pela iniciativa privada, por cooperativas e por empresas especializadas do ramo de segurança particular estes comportamentos, tanto na seleção, como na qualificação e no permanente acompanhamento dos seus funcionários “Agentes de Segurança”. Como exemplo, podemos citar na Cidade de São Paulo a Cooperativa de Trabalho, já conhecida e respeitada por todos os profissionais do segmento especializado, “COOPERSEG”, onde cada um dos futuros cooperados, para o exercício de suas funções no ramo “Segurança Privada”, a princípio, conclui um curso de qualificação profissional, em período integral com duração de três meses, quando é exigido a nível escolar a conclusão do segundo grau e como características físicas um determinado padrão que implica em aptidão física para o cargo a ser desempenhado, com altura mínima de 1.85m, peso mínimo de 95 quilos, porte atlético, sendo composto tal perfil ainda por diversas outras particularidades, somando-se a tudo isto a aprovação em exames médicos, odontológicos e a comprovação de um determinado perfil anteriormente determinado por psicológicos especializados na matéria Segurança Particular. Depois de formados, se apresentam sempre cuidadosamente asseados, com o cabelo curto, unhas aparadas e a barba feita, distintamente uniformizados, trajando terno na cor preta ou azul marinho, com padrão de primeira qualidade, sobretudo e capa de chuva, munidos de moderno equipamento de comunicação, com monitoramento, em tempo real via satélite, sua central de telecomunicações sabe exatamente onde se encontram a cada instante, durante o seu período de trabalho, equipados com as armas e com a respectiva munição aprovada e autorizada pelo Governo Federal, lanterna e aparelho de telefonia celular, se submetem a um curso de reciclagem profissional a cada período de dois anos, sendo que obrigatoriamente a cada período de seis meses devem comprovar o estudo de alguma matéria que melhor os qualifique a nível educacional, operacional e/ou administrativo. São ainda investigados por um Conselho Corregedor primeiro quando de sua efetivação na Cooperativa de Trabalho e posteriormente a cada período máximo de três meses, quando caso seja confirmada a emissão de um único cheque sem fundos, são definitivamente desligados do quadro de cooperados. A simples e modesta Cooperativa de Trabalho, segue uma tendência que demonstra o que querem seus clientes, contudo tem a sua maneira de entender e de praticar “Segurança Patrimonial Preventiva”, seus clientes quando os contratam tem garantido o que convencionaram chamar de “Apólice de Segurança Plena”, tem padronizado o seu serviço de segurança e personalizado cada um dos inúmeros itens de sua formação, compreendem que o seu cliente quando de sua escolha, tenha considerado e dado o devido crédito a cada um destes pequenos, importantes e fundamentais detalhes. Por isso, afirmam convictos, não poderiam destoar, os seus serviços são especializados e sua técnica de desenvolvimento do trabalho de Segurança Privada Patrimonial Preventiva tem de estar afinado a filosofia e a própria tempera das empresas contratantes, entendem ainda que quando se decide pela contratação de um serviço de segurança especializado é porque já se tem entendimento de sua importância primeira e infelizmente da incapacidade e da negligência da Secretaria de Segurança Pública quanto a cumprir com as suas obrigações institucionais. O seu principal diferencial é a qualificação e a especialização dos seus Agentes de Segurança, todos cooperados, profissionais autônomos muito bem treinados, nas escolas autorizadas pelo Governo Federal, alguns com experiência militar e/ou policial, membros efetivos da Cooperativa dos Profissionais Autônomos Prestadores dos Serviços Especializados em Segurança. Que assim juntos, unidos e acordados, assumem com exclusividade todas as responsabilidades Trabalhistas, Tributarias, Fiscais, Civis, correspondentes a Previdência Social, Financeiras, Securitárias e as Fiduciárias referentes a proteção e segurança de seus cooperados, proporcionando as empresas contratantes sua total segurança, devido as garantias que oferecem. Para que tenhamos uma pequena idéia do diferencial qualitativo, entre o serviço prestado pelo imperito Poder Público e a pequena cooperativa de trabalho, organizada pelos trabalhadores, sem a necessidade de grandes investimentos iniciais, que sozinhos prestam aos seus clientes um serviço ao nível de “Primeiro Mundo”, cobrindo parte do espaço deixado pela Segurança Pública em nosso Estado, apresentamos como apêndice, nas páginas finais deste livro, a sua apresentação e o seu Contrato de Prestação de Serviços Especializados. Perguntamos, em certa oportunidade, porque assumiam como suas estas responsabilidades? Porque! Respondeu categoricamente um dos seus experientes diretores: Seriedade, sobriedade, firmeza de caráter, responsabilidade frente aos compromissos assumidos, fazem parte dos requisitos mínimos necessários a formação moral e ética de um candidato ao cargo de “Agente de Segurança Particular”, um homem que não seja aprovado frente estes requisitos, será considerado inapto para o serviço especializado de segurança privada patrimonial preventiva. O que devemos dizer e exigir quanto à formação e quanto ao acompanhamento, no nível de um Departamento Corregedor, de um Funcionário Público Estadual na função importantíssima de Policial seja Civil ou Militar. “Idéias inovadoras a nível empresarial, sempre colocaram a humanidade um passo a frente, mas, tão importante quanto ter idéias é saber aproveita-las e concretiza-las...”. “A OPERAÇÃO GRILLO” A “Operação Grillo” teve sua origem com uma Reportagem Policial, onde “Gil Gomes” apresentava a maior e mais violenta boca de tráfico de entorpecentes da Cidade de São Paulo, localizada na divisa da Cidade de São Paulo com a Cidade de Santo André. Era conhecida pela alcunha de “Casinhas”, uma vez que se localizava em um conjunto habitacional de pequenas casas populares, cujos moradores, trabalhadores humildes e sofridos, se viram facilmente subjugados pelo total abandono do Poder Público e pelo poder de fogo da mais perigosa quadrilha que a Cidade de São Paulo já conheceu. Era comandada pelo traficante “Grillo”, que tinha à época como seu gerente o traficante “Mão de Onça”, como seguranças o Sargento “Madureira” da Polícia Militar do Estado de São Paulo, lotado e exercendo suas funções na ROTA (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), o boxeador profissional do Flamengo Futebol Clube “Gilmar”, o também boxeador conhecido pelo vulgo de “Hércules” e o famoso assassino de aluguel, o terror do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção a Pessoa), “Negão – O Coisa Ruim”. Segundo o levantamento de informações realizado pela Divisão de Inteligência, uma semana antes da reportagem, o comando da ROTA teria organizado uma “Operação Pente Fino”, de combate ao narcotráfico, visando a prisão dos traficantes e a apreensão do material entorpecente. O comando da operação seguia confiante, informações dadas pelo “heróico” Sargento “Madureira”, que relatava estar namorando uma das moradoras do conjunto habitacional, com a qual mantinha um relacionamento extra conjugal mas permanente e que devido a sua contumaz permanência no local, passou a ser conhecido por todos e a freqüentemente quando das Operações Policiais ser ali encontrado pelos outros policiais, junto aos demais moradores do conjunto habitacional. No princípio, quando estabeleceu sua segunda moradia no Conjunto Habitacional, passava por revistas e abordagens, sem se identificar como Policial Militar, fato que teria feito com que os traficantes locais, passassem a vê-lo como um dos simples e humildes moradores, não procuravam assim, esconder quando da sua presença, fatos ligados ao dia a dia da “Organização Criminosa”. Segundo narrava, passou então, a infiltrado naquele meio, somar informações que pudessem levar o Comando da Rota, ao futuro sucesso de operações policiais, que os levassem a prisão dos perigosos traficantes. E foi assim que “Madureira”, o “Mentor Intelectual” da Organização Criminosa do traficante “Grillo”, descrente e destemido quanto à capacidade efetiva da Justiça, ardilosamente “plantava” informações tanto junto ao Comando da Rota, como junto a Dise do Denarc, quando apresentava o violento “Mão de Onça” como o Comandante em Chefe da Organização Criminosa e o responsável pelos violentos homicídios, que ali normalmente ocorriam, com a eliminação dos “soldados” e dos traficantes concorrentes. Descrevia ainda o viciado “Crespaldo”, Investigador de Polícia do Denarc, como o Gerente Administrativo de “Mão de Onça” e o responsável pelo transporte das drogas e das armas, usando para este fim uma das viaturas do próprio Departamento de Narcóticos. Com base nas “informações colhidas”, foi articulada uma operação pelo Comando da Rota, onde “Madureira” ficava incumbido de informar, quando os traficantes se encontrassem no local, quando da chegada do material entorpecente, quais as residências do “Conjunto Habitacional” que eram usadas como esconderijos e demais informações para que pudessem ser efetivamente presos em flagrante “Mão de Onça”, “Crespaldo” e os demais lideres da Organização, com a respectiva apreensão de drogas, armas, munições e demais objetos produtos de roubo e furto. O estrategista do “Madureira” concretizava, assim, a primeira parte do seu plano. “Madureira” astuto como ninguém, nesta época, já havia assumido perante “Grillo”, a responsabilidade pelo pagamento dos “acertos”; Quando uma equipe de Policias Civis ou Militares, efetuava a prisão de algum dos “soldados”, era ele o homem da Organização Criminosa responsável pela negociação e pelo pagamento do valor combinado aos policiais corruptos. Falante e comunicativo, se identificava como Policial Militar, como Sargento da Rota, afirmava ser muito bem relacionado junto ao comando da Rota e com a Dise do Denarc, passando assim a agir como um intermediário entre os policiais que se sujeitavam a pratica da concussão e do suborno e os criminosos traficantes das “Casinhas”, os perigosos “soldados” de “Grillo”. Devemos nos lembrar aqui, que para a organização deste serviço de segurança pública realizado nas ruas de São Paulo, onde a sua Polícia é qualificada pela Comunidade como corrupta e assassina, certas “mentiras absolutas”, foram difundidas e erroneamente induzidas como “verdades”, consideremos uma delas, ensinadas “de boca em boca”, principalmente durante o dia a dia, do trabalho policial: “O Espírito de Corporação” dentro da Polícia é o fator determinante de nossa força, pré-requisito o mais importante para o desenvolvimento de nosso trabalho, dentro da Polícia todos são irmãos, um deve sempre proteger o outro, seja lá em que situação for, um Policial de rua, ativo e operante jamais vai de alguma forma complicar ou deixar de facilitar a vida de um outro Policial, é antiético, e todo aquele que assim agir fica “queimado” com toda a Instituição Policial”. Estas “obrigações intrínsecas” ao cargo policial caiam para “Madureira” como uma luva, que passou ainda a avisar ao traficante “Grillo”, sempre com antecedência, sobre a realização de “Batidas” e de “Operações Policiais” dentro do “Conjunto Habitacional”, quando então, todo o material entorpecente, armas e munições, carros que seriam encaminhados para os desmanches, produtos de roubo e furto, os “soldados” e as crianças arregimentadas pela Organização Criminosa para o serviço de comunicação com suas “pipas”, eram retirados do local. Dentro de suas residências, as crianças agora, organizavam uma grande queima de “Fogos de Artifício”, sempre com o som característico do disparo de um canhão... Uma mesa na varanda de uma Imobiliária, pertencente ao grupo criminoso, era retirada... E era assim que informavam a todos os seus fregueses – viciados, que a “Boca” estava temporariamente fechada! Era então, necessário ter calma e pacientemente esperar a chegada dos Policiais para realizarem a inesperada, arrojada, engenhosa, burilada e astuciosamente planejada “Operação Policial”. O único inconveniente para a Organização Criminosa, se dava em razão do tempo em que a “Boca” permanecia fechada; Afinal, “Tempo é Dinheiro” e todos aqueles “soldados” parados, precisavam urgentemente voltar a trabalhar. Aí, mais um serviço para o “Super Madureira”, ele chegava, começava com uma conversa amigável e cinco minutos depois estava abraçando a equipe de policiais, demonstrando amizade antiga que a todos cativava... Já cansei de ouvir de Policiais Civis e Militares que como parceiro na hora do tiroteio não havia outro igual, e... Era ele chegando, contando uma ou duas de suas “Histórias Policiais” e quinze minutos depois não havia mais nenhum Policial componente daquela operação na região das “Casinhas”... Problema resolvido, mais uma vitória do “Madureira”, que subia assim no conceito de “Grillo” e dos demais componentes da perigosa Organização Criminosa. Para o bem da verdade, devemos deixar bem esclarecido, o que acontecia na grande maioria das vezes era bem diferente... Era o próprio “Madureira” quem arquitetava a prisão dos “soldados” da Organização, as “Batidas” e as próprias “Operações Policiais” dentro do “Conjunto Habitacional”... Somente por essa razão, ele tinha conhecimento do dia e da hora quando iriam acontecer, por isso ele conhecia os Policiais que participavam destas “Encenações de Operações Policiais” ”, tanto da Polícia Civil quanto da Polícia Militar, eram todos seus amigos e comparsas... Que tinham ali a oportunidade de conseguir, como diziam, “Uma pequena quantia em dinheiro”, um “Dinheirinho para a feira”, e... Que como sofredoras e carentes prostitutas, se vendiam por pouco... Por muito pouco... Por muito pouco mesmo... Quem não sabia disso era o “Grillo”, que pelo contrário, sempre confiou no “Madureira” e pagava muito bem pelos seus serviços... Considerando todos estes fatos, “Grillo” não teve dúvidas quando “Madureira” lhe afirmava que tinham de organizar uma “Resistência Armada”, uma vez que determinada “Guarnição da Rota”, vinculada a traficantes inimigos, concorrentes com pontos de vendas, com suas “Bocas” bem próximas as “Casinhas”, haviam decidido pela morte de “Grillo”, de “Gilmar”, de “Hércules”, de “Mão de Onça”, de “Negão – O Coisa Ruim”, dos dois irmãos e de um tio de “Grillo”, que também pertenciam e lideravam a Organização Criminosa. A determinação que a tal “Guarnição da Rota” tinha, segundo relatava “Madureira”, era matar a todos da Organização Criminosa de “Grillo”, não haveria homens presos ou feridos, seriam sim, todos mortos sem piedade... Não tinha muito que pensar, como os fatos foram apresentados por “Madureira”, assumiram ares de verdade incontestáveis para “Grillo” e para seus homens... Somente havia uma única alternativa... O jogo ali era matar ou morrer... E assim, todos da Organização Criminosa de “Grillo” se prepararam, primeiro para atacar a Organização Criminosa inimiga “A Boca do Melba”, e segundo, estudavam opções de como resistir as futuras investidas daquela “Guarnição da Rota”... “Madureira” era um “pseudopolicial militar”, muito bem treinado, em “Técnicas de Guerrilha Urbana” e em “Operações de Contra Guerrilha”, conhecia a “Favela do Melba” como a palma de sua mão, tinha informações sobre cada um dos participantes da “Organização Criminosa do Melba”. Sabia da localização de suas casas, quais eram os seus costumes e quais eram os seus horários, entendia a sua capacidade de luta, eram estes também elementos de alta periculosidade, acostumados com a lida das melhores armas, “soldados” preparados para a resistência e defesa do seu território, experientes, já tinham vencido e sobrevivido a diversos combates. E, ainda tinha outro inconveniente, as “Bocas” eram muito próximas, os traficantes conheciam as famílias uns dos outros, moravam e foram criados no mesmo bairro, aprendendo a sobreviver mesmo enfrentando as piores condições de vida, entendendo que se eu tenho uma diferença com alguém, devo resolver o meu problema com ele e não com seus familiares e amigos... “A família e os Amigos são presentes Divinos... Assim devemos respeita-los e quando necessário ampara-los e sempre protege-los com amor no coração...” Foi assim estudando e analisando seus costumes e suas particularidades que “Madureira” descobriu a solução para o seu problema... Notou que o enigma, enfim estava resolvido... Deveriam agir o mais rapidamente possível, em cada uma de suas ações, deveriam proporcionar o maior impacto de força e a sensação de extrema violência, espalhando assim tamanho terror entre seus adversários que certos da impossibilidade de reação, empreendessem fuga, abandonando a luta, sem a menor menção a atitudes de vingança ou de retaliações.... Esta foi a estratégia de ataque engendrada por “Madureira” e com a organização e a estruturação do seu plano, iniciaram a invasão da “Boca do Melba”, acobertados pela surpresa e pela descrença da Organização Criminosa da “Favela do Melba”, uma vez que todos acreditavam ser impossível tal atitude da parte de seus conhecidos vizinhos..... Mas, os “soldados de Grillo” comandados por “Madureira” atacaram... E atacaram atingindo não só o “exército inimigo” como também seus indefesos amigos e familiares! Pai, mãe, filhos, avó, avô, pequenas e inocentes crianças, possíveis testemunhas, quem se encontrasse acompanhando um dos “soldados” inimigos era seviciado e posteriormente, em um ato de incomensurável compaixão executado. Toda a miserável, desprotegida e abandonada Comunidade da “Favela do Melba” também foi atingida... Assassinados foram seus Lideres Comunitários, Pastores Evangélicos, Voluntários no seu trabalho Social (professores, enfermeiros, representantes de entidades filantrópicas beneficentes, etc.), ninguém de fora, que ousasse entrar na favela se encontrava livre da possibilidade de ser atacado e assassinado, não se fazia necessário um motivo ou uma razão para as mortes e para os casos de tortura, ali todos se encontravam na mira e sempre sob a perspectiva de serem eliminados pelos “grupos de assassinos”... Foi assim, que tiveram início as ocorrências de chacinas na sofrida Zona Leste Paulistana... Os ataques eram organizados, sincronizados e fulminantes, não deixavam sobreviventes nem testemunhas, todos indiscriminadamente eram torturados antes de serem executados... Os jornais perplexos anunciaram “Em menos de uma semana 10 (dez) chacinas na Favela do Melba”... A Secretaria da Segurança Pública, a Cúpula da Polícia Militar e a Cúpula da Polícia Civil, juntos em conluio, tentavam ludibriar, procuravam convencer mais uma vez, a carente e sofrida população do bairro, da existência de uma “Segurança Preventiva e Ostensiva” e de uma “Segurança Judiciária”, que todos os moradores daquela região sabiam que não existia... Para estas vítimas da negligência e da omissão da Administração Pública, que se curvam, abaixando a cabeça, respeitosos na frente do criminoso traficante da esquina, para não morrer... E, que sentem na própria pele, presenciando o escárnio do traficante, ou o estupro, o assassinato e o vício de seus filhos amados... Para estas vítimas permanentes, deste crime continuado, praticado por uma sociedade fria, capitalista e escravocrata, não existiam dúvidas, não tinham mais como os enganar... Pois com a sua permanente omissão, corrupção, apadrinhamento e condescendências, subjugavam, escravizavam e matavam seus filhos... Mas não os enganavam... Os Policiais Civis da Delegacia de Polícia da área, não tinham o menor interesse em investigar as ações criminosas, praticadas por “Madureira” juntamente com os “soldados de Grillo”, identificando e prendendo os seus responsáveis... Que fossem para a estatística como homicídios não esclarecidos, de autoria desconhecida, ficando assim, sob a responsabilidade de serem resolvidos pelas equipes do Departamento de Homicídios, o famoso DHPP... E, assim, dentro da Delegacia de Polícia da área, nada foi feito e nada foi resolvido, simplesmente acompanhavam tudo de longe... Muito longe... Mantendo, como diziam, para a sua própria segurança a maior distância possível... Somente registrando os B.Os (Boletins de Ocorrência) e nada mais... Entrar na “Favela do Melba” ou realizar investigações junto as “Casinhas”, nem pensar... Era esperar para ver, quem sabe por uma obra do destino, se auto - destruiriam, matando-se uns aos outros e assim acabariam também com os problemas daquela mal equipada, deficitária e desestruturada Delegacia de bairro, carente de recursos técnicos e humanos... Lá na periferia distante. A Polícia Militar, com sua ronda ostensiva local, circulava pelas avenidas do bairro, jamais adentrando nas áreas de conflito ou se aproximando dos locais de venda de drogas.... Com o giroflex ligado e os faróis acesos, mesmo durante o dia... Circulavam com seus carros novos, todos limpos e encerados, “era um brilho só, dava gosto de se ver”, um SD PM (Soldado da Policial Militar) em cada viatura, ali sozinho, totalmente isolado, coitado, sem nada que pudesse fazer, a não ser fechar os olhos, os ouvidos e o coração aos gritos de dor, ao clamor de justiça daquela Comunidade abandonada e sofrida... Afinal de contas, ele também é um cidadão esquecido e desprezado pela Sociedade e pela incompetente e negligente Administração Pública, que tem por missão proteger e defender sua Comunidade... Considerado por esta mesma Sociedade como um elemento de uma casta inferior, que inclusive quando longe do seu quartel e da companhia de seus pares, passa a ser considerado perigoso e indigno de compartilhar da companhia dos outros componentes desta mesma Comunidade, que tem por obrigação socorrer... Qualquer pessoa, mesmo que nunca tenha desempenhado as funções de Policial, entende a impossibilidade de se bem exercer tais responsabilidades, isolando-se um Policial em uma determinada área, porque com toda certeza “não existe segurança de um homem só” ... Esta figura, as vezes romântica, as vezes cômica e na maioria das vezes trágica, é teatral, só se da bem, cumprindo com suas obrigações, quando participa brilhantemente dos filmes, dos “enlatados americanos”... No dia a dia, na rua, a realidade é bem outra... Só que infelizmente é fato costumeiro, que as pessoas responsáveis pelo “Planejamento Operacional da Instituição Policial e pela Segurança Pública” no nosso Estado de São Paulo, não tenham experiência comprovada na área, não são Policiais, somente tendo como razão para tal indicação, a amizade e o convívio com os finos e sofisticados gabinetes das grandes e eminentes Autoridades Executivas... Nada mais justo! Que lindo! Todos nos da Sociedade Paulista estamos vendo e sofrendo os resultados negativos de tal método de seleção e apadrinhamento... A seleção por corrupção e por apadrinhamento segue seu curso, indo até a escolha da faxineira do 395º DP. O importante é que, por exemplo, no caso da Polícia Civil, Diretores de Departamento, Divisionários e Delegados Titulares de Delegacias, permaneçam dentro de seus gabinetes monumentais, com suas “viaturas particulares”, sempre carros novos, descaracterizados e de alto padrão, com seus motoristas particulares e protegidos por seus seguranças particulares, afinal se trata de pessoas as mais importantes para a nossa Sociedade, sendo assim devemos protege-las fazendo todo o possível para que nada de mal possa lhes acontecer. E, é assim, dentro de seu gabinete, em suas respectivas salas particulares, que o “astuto” e apadrinhado estrategista, resolve e ordena quando e como devem ser realizadas as perigosas operações policiais, sempre com o frigobar lotado, TV 29”, vídeo - cassete, DVD, computador, equipamento de som, ar condicionado, dentro de seus ternos “Vila Romana”, com sua secretária executiva, lhe servindo toda submissa... Um café, um suco, um wísquinho no final da tarde para se distrair, um salgadinho, um aperitivo para espairecer... Normalmente, a escolhida como secretária executiva é uma policial jovem, bonita e atraente, que tinha como obrigação estar exercendo suas funções nas ruas da cidade, combatendo a criminalidade, mas que devido ao fato, de ter caído nas graças do importante Delegado de Polícia, se vê promovida a uma função administrativa e de liderança perante seus colegas de profissão, onde protegida e amparada aguarda as respectivas e consecutivas promoções pelo belo desempenho de suas atividades... Enquanto seus inferiores subalternos colocam a vida em risco para a realização dos trabalhos policiais, ele, o nosso Delegado de Polícia todo poderoso, aguarda o retorno das equipes de Investigadores de Polícia, lendo os jornais especializados em tragédias, aqueles cujas piores notícias são exaltadas, aqueles que se você torcer, escorre o sangue ou quando muito, acompanhando os “instrutivos” programas vespertinos na televisão, regulando o ar condicionado, confirmando o completo abastecimento do frigobar e/ou se certificando quanto ao estoque de seus doces e guloseimas... Ficavam sempre, como afirmavam, preocupados, ansiosos, aflitos e temerosos com a possibilidade de que suas ordens não sejam seguidas à risca... Com a possibilidade de que seus inferiores não conseguirem realizar a empreitada ou de a realizarem de modo a não chamar a atenção da mídia e agindo assim, o deixem perder a oportunidade de ver seu nome publicado nos jornais e de ser filmado pelas câmeras televisivas... Imagino que deva ser um padecer continuo, um sofrimento só! Na rua quando procurávamos organizar as prisões dos perigosos criminosos traficantes, nos lembrávamos sempre dos nossos queridos Delegados de Polícia e ficávamos “morrendo” de dó daqueles pobres “Coitados”! E, assim, mesmo com todo o empenho da Secretaria da Segurança Pública, todos os líderes criminosos da “Favela do Melba” foram assassinados, aqueles “soldados” da Organização Criminosa que não fugiram foram literalmente exterminados, seus sanguinários carrascos e torturadores, somente foram identificados e reconhecidos, após a eliminação completa dos traficantes locais e com o final da “guerra entre as Organizações Criminosas”... Isto é, somente foram reconhecidos pelos trabalhadores honestos que moravam e que devido a total impossibilidade de mudança, permaneceram residindo na “Favela do Melba”, quando certo dia, para a surpresa de todos, os “soldados de Grillo” assumiram seus postos, administrando as “Bocas de Entorpecentes da Favela do Melba”... Somente ai, as duvidas acabaram, e todos compreenderam, quais os verdadeiros motivos que deram origem a aquela guerra das Organizações Criminosas e a toda aquela violência, que de um modo ou de outro sempre nos atinge a todos da Sociedade. Os “soldados” da Organização de “Grillo” assumiram os pontos de venda de drogas, “Madureira” assume a “Gerência da Favela do Melba” e juntamente com “Grillo”, “Mão de Onça” e “Negão – O Coisa Ruim”, passou a organizar a “resistência”, articulando como deveriam agir para subjugar aquela “Guarnição da Rota” que se associara ao extinto comando inimigo e que com toda a certeza não deixaria as coisas assim, de graça, como se encontravam, reagiriam e se vingariam matando também os “soldados” da Organização Criminosa de “Grillo”... Para se resolver este problema, eliminando-se esta possibilidade, os “soldados” foram armados, treinados por “Madureira” e preparados para o confronto, muito bem posicionados, cada qual com a sua missão, todos com seus pontos de fuga e esconderijos determinados, carros e motoristas, motos e motociclistas, médicos, enfermeiros, advogados e equipes de apoio à espera, somente depois de tomadas todas as providencias e de tomados todos os cuidados preparatórios, a arapuca para os soldados da Rota foi armada... “A ARMADILHA PARA OS SOLDADOS DA ROTA” Quando então, conforme o anteriormente combinado, o Comando da Rota foi notificado por “Madureira” da presença dos traficantes principais da quadrilha e da chegada de uma grande quantidade de drogas, que ficaria escondida em um “Prédio Abandonado”, onde se afirmava, o Governo Estadual instalaria uma de suas “Unidades Básicas de Saúde”. O futuro “Posto de Saúde”, que nunca saiu do papel e que nunca passou das promessas dos políticos que por lá passaram em campanha eleitoral, se localizava em um terreno abandonado, de terra batida, chamado de Praça Pública, no centro do “Conjunto Habitacional”, local que se encontraria facilmente, seguindo-se a única via de acesso, uma pequena e estreita viela que funcionando como estrada de servidão, ligava as “Casinhas” a uma das ruas oficiais do bairro. O “Conjunto Habitacional”, tirando-se esta viela, era cercado por um rio fundo e fedorento que praticamente o isolava, como uma pequena ilha, do resto do bairro, do resto da cidade e do resto do mundo, aquele era um mundo particular, o “Mundo de Grillo” e de sua Organização Criminosa. Dentro do conglomerado da Rota, seu Comando Administrativo, deu início a “Operação de Combate ao Narcotráfico”... Seis viaturas foram escolhidas, das que estavam por acaso de plantão, em serviço naquela noite, se reuniram no Shopping Tatuapé e de lá juntas seguiram em comboio, em direção ao bairro da periferia distante, uma atrás da outra... E foi assim, praticamente coladas, uma atrás da outra, que entraram na viela de acesso às “Casinhas”, giroflex, faróis e sirenes ligadas, o barulho produzido pelo Comando era tamanho, que todos no Bairro, indistintamente souberam de sua chegada e presumiram assim imediatamente quais eram as suas intenções... A viela estreita impossibilitava qualquer tipo de manobra de pronto ataque ou mesmo de defesa, àquela hora com a escuridão da noite, com a inexistência de qualquer tipo de iluminação pública, associada à neblina espessa que se fazia presente, lembrava um “Túnel Fantástico”, dominado por forças demoníacas, que juntas pudessem conduzir, a todos que se atrevessem por ali passar, para uma outra dimensão, para uma fenda no tempo e no espaço, para uma região desconhecida onde soberanamente predominavam as “Forças do Mal...”. Quando todas as viaturas se encontravam, dentro da viela, pelo rádio transmissor usado pelos “Soldados de Grillo”, veio a ordem de ataque, determinada por “Madureira”, que acompanhava e comandava a tudo... As vítimas se encontravam dentro da armadilha... E, assim, teve início o tiroteio... A viatura posicionada na frente do comboio foi imediatamente metralhada e avariada estancou, a segunda viatura que a acompanhava, praticamente colada, bateu em sua traseira, jogando-a de encontro ao muro de uma das residências, a terceira, a quarta e a quinta viatura, bateram em seguida, lembrando uma seqüência de pedras de domino em queda... Somente a sexta e última das viaturas, aquela onde se encontrava o “Senhor Oficial de Maior Patente”, o “Senhor Comandante em Chefe da Operação Policial”, devido à distância “estratégica” que mantinha das demais viaturas, conseguiu frear e dando marcha à ré, conseguiu sair ilesa da área de confronto, as outras, não tiveram a mesma sorte, foram de alguma forma atingidas pelos disparos dos “francos atiradores”, muito bem posicionados por “Madureira”. O nosso “Comandante em Chefe” dignamente noticiou em seus relatórios que saiu a procura de ajuda e apoio, encaminhando-se desesperadamente a procura das viaturas da área, daquelas que costumeiramente trabalhavam no local, daquelas que tinham entre seus componentes, policiais com conhecimento da região e dos próprios bandidos a serem enfrentados, e que assim poderiam orientar aquele “Comando Militar” sobre a melhor maneira de cercar, de invadir as “Casinhas” e de socorrer aqueles que não conseguiram empreender fuga imediata... Infelizmente, todos os Policiais da primeira viatura foram friamente assassinados, os da segunda viatura, conseguiram escapar vivos, sendo que dois dos policiais da guarnição foram feridos, e assim... As outras três viaturas, que ainda apresentavam condições de uso, se uniram as viaturas da área e ao seu “Comando”, que “corajosamente” organizava o retorno dos Policiais as “Casinhas”... Duas horas depois, quando lá chegaram, não havia mais vestígios dos “soldados” de “Grillo”, todos já se encontravam muito longe dali, escondidos e protegidos. “A RESPOSTA DOS POLICIAIS DA ROTA” No outro dia, o astuto “Madureira” trocava de lado e participava de uma reunião com outros Policiais, sendo que juntos organizaram um “Grupo de Extermínio”, que naquela noite, procurariam vingar os “Policiais Mortos e Feridos”. E, assim, invadiram o “Conjunto Habitacional” a procura dos perigosos bandidos, mas somente acabaram por agredir e violentamente espancar meia dúzia de bêbados desempregados, que foram conduzidos a Delegacia do Bairro e posteriormente dispensados, não tinham passagem pela Polícia e em nada poderiam ajudar quanto à elucidação dos fatos. Mas... No outro dia, o servente de pedreiro José Raimundo Cavalcante, uma das vítimas da desnecessária e descabida agressão, entrou em óbito, vindo a falecer devido aos ferimentos que sofreu, entre estes “Traumatismo Craniano”... A forma aparentemente ingênua, sem planejamento, vingativa, aberta e descarada, como realizaram a sessão de tortura, provocou a repercussão de toda a mídia, principalmente daquela especializada em “Segurança Pública”, não se poderia admitir atos como estes praticados por homens escolhidos e treinados para a proteção e para a defesa de nossa Sociedade. Os moradores do “Conjunto Habitacional”, orientados por “Madureira”, durante o enterro da vítima fatal, organizaram uma passeata e mais uma vez, a condenada “Violência Policial”, dentro da Cidade de São Paulo, se transformou em noticia, os fatos foram noticiados com grande repercussão, alcançando altos índices no Ibope e destaque inclusive na Rede Globo de Televisão, no seu horário nobre e as “Casinhas” foram manchete do “Jornal Nacional”, assumindo assim notoriedade a nível nacional e internacional. A OAB na figura de seu Presidente, se pronunciou em defesa dos pobres moradores que necessitavam urgente de socorro e proteção... O Ministério Público alardeou as providências, que exigiria fossem tomadas por parte daqueles que investigavam as “Ações Criminosas” praticadas possivelmente por elementos pertencentes ao quadro de funcionários da Polícia Militar... A Igreja Católica se posicionou a favor dos infelizes desamparados... A Comissão de Defesa dos Direitos Humanos... A ONG Organização Não Governamental SOLIDARIEDADE e tantas outras importantes entidades filantrópicas e beneficentes... Políticos, Autoridades do Executivo, Legislativo, Judiciário, Policiais, Empresários, Artistas, Cantores, Músicos, Jogadores de Futebol, enfim todos se comoveram e se posicionaram, condenando a invasão ao “Conjunto Habitacional” e principalmente as atitudes arbitrárias que ali foram tomadas. E, foram procedimentos como estes, que fizeram com que o “Comando da Rota” proibisse a entrada de suas viaturas nas “Casinhas” e que determinassem terminantemente, o fim daquele tipo de “Operação Policial” naquela região... Afirmando que diligências futuras, contariam sempre com o apoio dos Policiais da área, bem como que somente agiriam, os componentes das operações policiais, após o levantamento de informações e da realização de estudos por parte do seu “Serviço de Inteligência”... “MADUREIRA O ADMINISTRADOR GERAL” Com o conhecimento de tais determinações pelo “Comando da Rota”, “Madureira” põe em andamento, mais um estágio do seu plano e astuto como uma raposa, convence “Grillo” a pagar uma quantia mensal ao “Comando da Rota” garantindo-lhe assim que os afamados Policiais Militares não voltariam a combater o narcotráfico naquela região... Ficando assim combinada e estipulada a quantia de R$20.000,00(vinte mil reais) por mês, a ser encaminhada por “Madureira” a quem de direito, dinheiro que sozinho colocava todo no bolso... O sucesso do empreendimento com a Rota “cumprindo” o acordo firmado... Foi a gota d’água... Era o que faltava para que “Grillo” pudesse, com o apoio de todos da Organização Criminosa, promover “Madureira” ao cargo de “Administrador Geral”, o segundo homem no poder, aquele que só recebia ordens do próprio “Grillo” e somente a ele devia satisfações... Assumiu o cargo recém criado, com uma grande festa comemorativa, se comprometendo a viabilizar imediatamente suas duas prioridades, primeiro fechando um acordo com a Dise do Denarc, segundo se acertando com a Chefia da Delegacia do Bairro. Uma semana depois, tudo estava combinado, o DP da área ficava com R$10.000,00 (dez mil reais) por mês e a Dise abocanhava US$20.000,00 (vinte mil dólares) por semana, para serem divididos entre as quatro Delegacias da Dise, o dinheiro seria entregue por “Madureira”, no “Bar do Acerto”, ao Chefe dos Investigadores de cada uma das Delegacias, que o dividiria 50% para o Delegado Titular e 50% para o Chefe dos Investigadores. É claro, que ao nível de Denarc existiam os “banhos” e tínhamos Delegados Titulares de Delegacia que nunca receberam a parte do bolo que lhes cabia, porque o “esperto” do Chefe dos Investigadores ficava com tudo... A razão principal destes fatos não era a honra ou a moral ilibada, raros eram aqueles espíritos retos e equilibrados que se tomassem conhecimento dos fatos, não exigiriam com veemência a sua parte. A causa determinante de tal proceder se resumia na verdade a total ignorância que estes tinham sobre o mundo do narcotráfico, sobre suas “leis próprias”, sobre “suas regras especificas”, sobre a existência e localização de suas “bocas”, sobre as origens e formação de suas quadrilhas, sobre a vida e a personalidade de seus principais protagonistas, sobre o emaranhado de “suas ligações e de seus contatos” e das “obrigações” correspondentes a estas ligações com as Organizações Criminosas. O resultado do trabalho de “Madureira” foi rápido e tomou proporções inesperadas, principalmente dentro do Denarc, as informações anteriormente somadas a respeito das “Casinhas” desapareceram dos arquivos policiais, denuncias de tráfico naquela região relatando quem eram os “soldados” do narcotráfico, descrevendo o “Modus Operandis” das “bocas” e quem eram os traficantes... Quais eram seus esconderijos, quais eram costumeiramente seus locais usados como desova, quais eram os seus pontos de fuga, qual era o seu armamento e qual a sua munição, quais eram as demais “figuras importantes” com papel de liderança dentro da Organização Criminosa, quem eram seus parceiros e seus comparsas, quais os “Advogados” que eram membros ativos dentro da quadrilha e quem eram os “empresários” responsáveis pela limpeza do dinheiro sujo... A partir daí, informações como estas, simplesmente não chegavam ao conhecimento dos Policiais Operacionais, que quando procuravam por alguma informação e/ou quando se dedicavam ao esclarecimento de fatos ocorridos nas “Casinhas”, tinham seu acesso ao computador do Departamento com estas informações negado... A única “Informação” que chegava aos quadros operacionais, dizia respeito a uma grande operação, orquestrada pelo próprio Diretor do Departamento, que em conjunto com a Polícia Federal e com a participação de Agentes do DEA, o Departamento Federal Americano de combate ao Narcotráfico, os quais juntos procuravam especificamente nesta operação, provas concretas do envolvimento de “Grillo” com o Tráfico Internacional, daí a necessidade de sigilo absoluto, eliminando-se assim a possibilidade de pequenas operações independentes serem realizadas no local, as quais poderiam por um motivo ou outro inviabilizar esta “Mega Operação Internacional”. Os Agentes do DEA, os Agentes do Departamento Federal Americano de combate ao Narcotráfico, trabalham infiltrados dentro das Organizações Criminosas, sem o poder de Polícia e sem um acordo firmado, especificamente neste sentido entre os governos dos dois países... O que seria muito bom para o combate ao narcotráfico e excelente para os dois países amigos... Aqui no Estado de São Paulo, realizam seu trabalho, levantando informações que os levem a preventivamente, com o apoio “Oficioso” da Polícia Civil Paulistana, a desarticularem operações de remessa de material entorpecente para os Estados Unidos da América... Mas, a informação plantada pela Diretoria do Denarc, era uma bela estória para “cururu” dormir... Todos os Investigadores de Polícia com experiência no segmento narcotráfico, os chamados “da antiga”, sabiam do acordo firmado e tinham conhecimento do valor do suborno... E assim mesmo, não tendo nenhuma parte no “bolo”, eram terminantemente proibidos por seus superiores, de realizarem qualquer tipo de investigação naquele local, os quais se desobedecidos, ou ainda, se por um motivo ou outro, acaso os criminosos traficantes das “Casinhas”, comunicassem a Chefia dos Investigadores a presença de qualquer equipe do Denarc, em diligências próximas ao local, estes seriam imediatamente transferidos do Departamento de Narcóticos para outros Departamentos da Polícia Civil. Resumindo, o “Conjunto Habitacional” era uma região proibida para os Investigadores do Denarc, com outro detalhe muito interessante, a qualificação “Mega Operação Internacional”, dentro do Departamento de Narcóticos, tinha como significado, trabalho orquestrado pelos “pseudopoliciais” dentro do Denarc, sendo os responsáveis pela remessa de material entorpecente para outros países, bem como, com a transferência do dinheiro do Narcotráfico para os denominados “Paraísos Fiscais”. DOUTOR HÉLIO RECUPERO DA SILVA AMARO O Denarc sempre teve nos seus quadros “especialistas” neste tipo de “Operação Financeira”, sendo o maior deles, em todos os tempos, o à época, Delegado Titular da 4º Dise, o Dr. Alceu Barrosbel, o pior criminoso que já encontrou guarida dentro dos quadros da Polícia Civil, amigo particular e patrocinador oficial do Diretor do Departamento de Narcóticos, o arremedo de Delegado Dr. Hélio Recupero da Silva Amaro, juntos organizaram dentro do Denarc, o maior pólo exportador de cocaína do Brasil. Familiarizados com as deficiências estruturais da Organização Policial, criou a “Operação I.M.L”, também conhecida como “O Milagre da Multiplicação”, sabiam que quando do “Exame Toxicológico” dentro do I.M.L (Instituto Médico Legal), se misturassem 200g (duzentos gramas) da cocaína pura apreendida com 800g (oitocentos gramas) de um pó branco qualquer, por exemplo, dextrosol, gesso, reidrat, bicarbonato de sódio, etc., teriam como resultado um “Laudo Positivo para Cocaína”. O Traficante Preso em Flagrante, quando ouvido em Juízo, confirmava a quantidade de cocaína apreendida e a Organização Criminosa do Senhor Diretor do Departamento de Narcóticos ficava com 80% (oitenta por cento) de toda a “Cocaína Pura” apreendida pelas operosas equipes de Investigadores do Denarc. Apropriaram-se das prensas e das formas para “tijolos de cocaína” apreendidas em prisões anteriores, que ainda se encontravam sob a guarda e responsabilidade do Denarc, resultado do trabalho e da dedicação com o risco da própria vida de outras equipes, adquiriram bombonas de 50kg (cinqüenta quilos) de material químico na cor branca especifico para misturas, sacos plásticos de 1kg (um quilo) e fitas adesivas na cor marrom, montaram assim dentro do próprio Departamento de Narcóticos, a estrutura necessária à mistura e a embalagem do “Material Entorpecente” a ser encaminhado ao pobre do I.M.L., que devido a sua completa falta de estrutura e incapacidade técnica e operacional era o principal “ator coadjuvante” daquele plano diabólico. Com os 80% (oitenta por cento) da “Cocaína Pura” apreendida em todas as prisões em flagrante delito, que posteriormente era enviada para o exterior, ficaram milionários! Como traficantes internacionais, o Dr. Hélio Recupero da Silva Amaro e seu comparsa o Dr. Barrosbel eram resolutos e determinados, assassinos sangrentos, matavam quem se colocava à sua frente, em oposição aos seus objetivos, ricos e mestres da corrupção, compraram e corromperam a outros que inicialmente indecisos, acabaram subjugados por suas ofertas milionárias. Sempre o chamávamos de “Heresia”, desde uma madrugada em que nos encontrávamos “de campana” procurando lograr efetuar a “Prisão em Flagrante Delito” de uma Traficante Boliviana de nome “Ruanita”, Heleno com o nosso caderno de anotações e a caneta na mão, escrevia sem cessar o nome do infame, Hélio Recupero da Silva Amaro, Hélio Recupero da Silva Amaro, foi ai que devido à forma que escrevia, ressaltando as iniciais, notei que as somando, formavam a palavra “Heresia”, nunca mais o chamei por outro nome, este descrevia com maestria sua personalidade, a posição de seu espírito atrasado e a sua pretensa capacidade intelectual avantajada. Posteriormente, com o resultado positivo de suas vendas junto ao narcotráfico, também se especializaram no contrabando de armas e munições. Em suas conversas particulares, o Diretor do Departamento qualificava seu amigo como um “Mestre Financeiro”, que com o injusto, defasado, impróprio e pequeno salário de Delegado de Polícia, conseguiu adquirir fazendas no Brasil, um Castelo Medieval na Suíça e diversas outras propriedades. O Dr. Hélio Recupero da Silva Amaro, o nosso “Heresia”, já havia superado engenhosamente situações de difícil solução, era entre todos o maior especialista em estratégias que o levassem a dissimulação de seus planos, sempre cuidadosamente elaborados. O “Grande General” como era denominado até mesmo pelos seus maiores inimigos, era odiado por todos, mas... Recebia indiscriminadamente daqueles que o conheciam a mesma “consideração” que os militares de um legítimo exército constituído têm pelo perverso assassino, pelo astuto e invencível General do grande exército invasor e inimigo, se é que podemos classificar assim a este sentimento, certo, contudo, é que todo aquele que não respeitou sua inteligência, sua astúcia, e que não se preveniu, de alguma forma, contra a maldade de seu coração, foi subjugado ou morto. Sabíamos todos, que nossa obrigação era desmascara-lo publicamente, conseguir provas irrefutáveis de suas ações delituosas, como criminoso traficante e contrabandista, e que principalmente, deveríamos somar provas daquilo que ele realizava sempre com o maior prazer... O assassinato de seus concorrentes e opositores... Enfrenta-lo abertamente significava morte certa... Outros diretores do Departamento de Narcóticos, já haviam se envolvido com o narcotráfico, mas administrar pessoalmente, assumindo o “Comando de toda a Operação”, nisto ele foi original, nisto ele foi o primeiro... Comandava seus comparsas traficantes desde a Bolívia, e estava ali envolvido, com o trabalho escravo dos descendentes dos índios nativos, os “Aimaras” e os “Quéchuas”, dentro das “Plantações de Cocaína”...... Comandava em Santa Cruz de La Sierra aos traficantes locais, sendo ali o único fornecedor de éter e acetona, usando como “laranja” sua amante a traficante Boliviana “Ruanita”... Dominava assim a própria fabricação local de cocaína, uma vez que na Bolívia, não se fabricava o éter e a acetona, estes ingredientes químicos sempre foram produzidos no Brasil, e por serem de origem brasileira deixavam os traficantes de cocaína, da cidade obrigatoriamente dependentes da parceria com o “Heresia”... Sem ele não haveriam os materiais necessários para todo o processo de industrialização... A plantação de “coca” se encontrava em território Boliviano, a cocaína era chamada e conhecida mundialmente como Boliviana, só que a tecnologia, os equipamentos industriais e os produtos químicos, estes sempre eram brasileiros, logo, na minha opinião a cocaína deveria se chamar brasileira, graças ao “Heresia” MADE IN BRAZIL. Participava administrativamente do roubo de aeronaves brasileiras, quando após o assassinato dos “Pilotos”, estas eram conduzidas a uma pista clandestina na Cidade de Santo Antônio Casamenteiro, sendo então transformadas, equipadas e com sua autonomia ampliada as suas novas necessidades especificas, ou seja, uma aeronave com capacidade e segurança para vôo noturno, direto sem escalas, entre Santa Cruz e Santo Antônio... Para estes assuntos relacionados à aviação, seu “Gerente Operacional” era um piloto, conhecido pelos vulgos de “Luiz Piloto”, ou “O Velho do Pantanal” ou ainda “O Caipira”, sua especialidade era o estelionato, o assassinato, o trafico de entorpecentes, o contrabando e o roubo de aeronaves. Foi o criador da “Operação Seu Peso em Ouro” no Porto de Santos, também conhecida como “Bate e Volta”, quando o “Contêiner” saia do Porto, indo até um galpão previamente locado, de lá se retiravam às mercadorias “drogas, armas, munições, e contrabando diversos” e se colocava no lugar “seu peso” com outro produto qualquer (areia, terra, entulho, etc.), recebia um novo lacre, com selo original e voltava ao seu local de origem no Porto, como se nunca tivesse saído dali. “A OPERAÇÃO EU... EU SOU EU” Entusiasmadamente idealizou e realizou a “Operação Eu... Eu Sou Eu”... Quando o traficante carioca, “Severino da Beija Flor” foi preso, durante uma batida policial realizada no pedágio da Rodovia Castelo Branco, pelos componentes da 1ª Delegacia da Dise. O Dr. Barrosbel e alguns “pseudopoliciais” da 4º Delegacia se encontravam nababescamente hospedados, no Hotel Renaissance Sol Meliá, maravilhosa rede internacional de Hotéis Cinco Estrelas, de origem francesa, local exclusivamente destinado a milionários, onde sempre se hospedavam, principalmente quando de suas ditas “operações policiais”, naquele dia, aguardavam ali, confortável e tranqüilamente o seu famoso parceiro comercial no Estado do Rio de Janeiro, quando foram informados pelo CEPOL de sua prisão realizada pelos esforçados Investigadores de Polícia da 1º Delegacia da Dise. Durante aquela operação, que resultou na prisão de seis outros traficantes, que acompanhavam “Severino da Beija Flor”, foram apreendidos três veículos, da marca Toyota, modelo Pick Up, e um caminhão da marca Ford, modelo ____________, nos automóveis, encontraram 300 kg. (trezentos quilos) de cocaína pura colombiana, e no caminhão 1.800 kg (hum mil e oitocentos quilos) de maconha, da verdadeira “cabeça de nego” pernambucana... “Severino” que sempre foi apaixonado por caminhões, adquirira aquele modelo pelo seu luxo e conforto, o motor forte e potente fazia com que viajasse “a todo vapor” displicentemente fumando um “charuto” de maconha... Os Investigadores de Polícia a princípio não acreditavam no presente, com que a bondade Divina os presenteava... Mas, as coincidências eram muitas... O costume de sempre dirigir seus caminhões, o vício de habitualmente fumar “charutos de maconha”, personalizados e especialmente manufaturados para o seu consumo, a mania de “falar pelos cotovelos”, contando e descrevendo minuciosamente suas história e seus hábitos, confirmaram e complementaram as informações já somadas anteriormente pela Divisão de Inteligência pelo Denarc. “Severino” quando chegou preso e algemado ao Denarc, à frente do grande número de repórteres policiais, que se aglomeravam no saguão de entrada do Palácio da Polícia, devido à importância de sua prisão e a valorização do material entorpecente apreendido... Sentiu-se como um astro da música sertaneja ou como a mais nova revelação do futebol paulista e para a surpresa de todos que ali se encontravam, “se abriu como um pára-quedas”... E, foi um tal de repórter perguntar e o “exibicionista – otário – aparecido” responder, que não acabava mais, no final das entrevistas, não precisávamos mais do “Auto de Prisão em Flagrante Delito” para condenar o criminoso, a cópia das gravações encaminhadas ao Juiz, falavam por si só, o traficante internacional com ligações e contatos junto aos “pseudopoliciais” paulista era réu confesso. O “Heresia” exigindo sempre completa obediência as suas determinações, fossem elas legais ou não, quando soube da prisão em flagrante do seu parceiro, permaneceu calmo e foi como sempre, meticuloso... Primeiro transferiu todos os componentes da 1º Delegacia do Denarc, Delegados de Polícia, Investigadores e Escrivães, todos foram permutados por outros profissionais, inclusive dois Investigadores de Polícia que se encontravam em período de férias, e um Escrivão de Polícia que se encontrava em tratamento médico psiquiátrico a dois anos foi transferido para o Departamento de Homicídio. Livre daqueles que testemunharam, durante o interrogatório do traficante carioca, sua confissão de envolvimento com os “pseudopoliciais” do Denarc, o Diretor do Departamento de Narcóticos usou de toda a sua genialidade demoníaca e foi criativo.... Falsificando toda uma documentação, referente a dois anos anteriores de investigações, sobre o próprio “Severino”, quando apresentou de modo humilde e pesaroso ao Poder Judiciário um falso relatório de investigações, no qual informava que somente agora, com as informações de um “Investigador do Denarc” infiltrado dentro da “Organização Criminosa Carioca”, poderia afirmar que “Severino da Beija Flor” ainda se encontrava livre e solto, comandando todas as operações relacionadas ao narcotráfico e a sua definitiva transferência para a Capital Paulistana.... A prisão anteriormente anunciada de “Severino da Beija Flor”, se tratava simplesmente de uma armação preparada pela “Organização Criminosa de Severino” com o apoio de um grupo de policiais da 1º Delegacia da Dise, que se encontravam todos sob rígida investigação sigilosa, mas permanente, já haviam sido inclusive prontamente desligados do Denarc, e que agiram assim, com a finalidade de “abortarem” toda aquela cuidadosa “Operação Policial”, que se encontrava em andamento sob a batuta e a regência do próprio Diretor do Departamento de Narcóticos..... As investigações prosseguiam, lentamente é claro, mas com toda a certeza, a partir de agora, com este Investigador de Polícia da 4ª Delegacia infiltrado entre os criminosos, os resultados seriam outros.... A verdade prontamente seria alcançada, é se a Polícia Carioca não teve capacidade para efetuar a prisão de tais traficantes, estes não conheciam a capacidade do Denarc, a organização do Departamento de Narcóticos e a determinação do seu Diretor.... Seriam todos presos e a “Organização Criminosa” dentro do Estado de São Paulo desbaratada...... Isso ele garantia, prometendo toda a sua dedicação exclusiva a este caso, afirmando que, com o apoio do Judiciário e da Promotoria Pública, ele, o Dr. Hélio Recupero da Silva Amaro, não permitiria o estabelecimento daquela “Organização Criminosa” junto à cidade de nossos filhos.... Juizes e Promotores ficaram surpresos, mas era o próprio Diretor do Departamento de Narcóticos, quem afirmava que “Severino da Beija Flor” ainda se encontrava solto, que pedia humildemente ajuda para o prosseguimento das investigações policiais, que solicitava respeitosamente para a continuidade de tais diligências a realização de uma escuta telefônica, em uma mansão comprada pela “Organização Criminosa”, para o desenvolvimento de suas ações delituosas na Cidade de São Paulo. Procurava ainda o Delegado de Polícia Diretor de Departamento, comprovar o erro cometido pelos seus homens, sob a sua administração, prendendo-os e fazendo-os pagar pelo crime cometido.... Não tinham como os Senhores Juizes e Promotores deixarem de participar, de apoiar aquela nobre e honrada iniciativa..... As gravações telefônicas foram permitidas e graças a este trabalho, quinze dias depois, a 4º Delegacia do Denarc, efetuava a prisão do verdadeiro “Severino da Beija Flor”, com 842 kg (oitocentos e quarenta e dois quilos) de cocaína pura, armazenada no interior de uma mansão da zona sul, no bairro do Jardim Alto dos Pinheiros Germânicos, bairro classe média paulistana, onde “Severino da Beija Flor”, se encontrava sozinho com a família, sem seus seguranças e nenhum tipo de escolta armada. “Severino da Beija Flor” cercado pelos policiais sob o comando do Dr. Barrosbel, se entregou completamente arrependido, confessou a posse e a responsabilidade pelo material entorpecente, confirmando ainda ter conhecimento junto a antigos policiais do Denarc, os quais se negou a dizer o nome, e que sabia que estes teriam arquitetado o plano no qual, um pobre miserável, confessou ser o verdadeiro “Severino da Beija Flor”.... Enquanto acreditava que sua família, esposa e os filhos pequenos, se encontravam seqüestrados e dominados pelos próprios policiais, sendo certo que, quando confessava, aquilo que não era a verdade, o seu envolvimento com o narcotráfico, procurava com o seu ato, heroicamente salvar a vida de seus familiares queridos.... Que a justiça fosse feita.... Colocando-se em liberdade o pobre infeliz que preso, ainda aguardava pelo seu julgamento... Eu sou o “Severino da Beija Flor” , o único responsável por tudo o que aconteceu.... “Eu .... Eu sou Eu”. A “Justiça”, encomendada pelo “Heresia” foi feita, o seu amigo, o primeiro e único “Severino da Beija Flor” foi colocado em liberdade, humildemente afirmando não ter queixas dos policiais ou da Instituição Policial, dizendo ainda, que inclusive se achava na obrigação de agradecer e de confessar toda a sua admiração pelos Policiais do Denarc e principalmente pelo seu Diretor de Departamento, que demonstrando coragem, honestidade e firmeza de propósitos, como resultado do seu trabalho árduo e penoso, conseguira provar a sua inocência, coloca-lo em liberdade e limpar o seu nome, frente a sua família e a própria Sociedade. E assim terminou sua declaração : “Eu estou com o coração feliz e realmente muito agradecido”...... E com toda a certeza estava mesmo, o seu “Duble”, o segundo “Severino da Beija Flor”, foi condenado a três anos de cadeia, ganhou uma fazenda no Ceara, de 150 (cento e cinqüenta) alqueires, para onde foi conduzida toda a sua família, no nome da esposa e dos filhos foi depositada a quantia de R$300.000,00 (trezentos mil reais), semanalmente, nos dias da visita intima, recebia sempre uma “amiga” diferente, que lhe entregava R$500,00 (quinhentos reais), dinheiro que inclusive não gastava e que posteriormente também era encaminhado ao Ceara, somando-se a poupança familiar. Para quem tinha a perspectiva de vida que ele tinha, servente de pedreiro desempregado, morador em um dos barracos da Favela do Buraco Quente, tirar três anos de cadeia, sabendo da situação atual da família, daria para se “puxar com uma perna amarrada nas costas”, e como dizia sempre, para aquelas que o visitavam : “Agora é só alegria”! Os dois Advogados, contratados pelo “Heresia”, para a defesa de seu amigo “Severino da Beija Flor”, todos Desembargadores aposentados, receberam pelos serviços prestados a quantia de R$1.500.000,00 (hum milhão e quinhentos mil reais), ficando ainda combinada a quantia de R$2.000.000,00 (dois milhões de reais) como “Fundo de Reserva”, para todos os “acertos” necessários a concretização do trabalho. Tenho certeza de que não foi somente o traficante “Severino da Beija Flor” que tenha ficado feliz e agradecido, deve ter muito mais gente, até hoje dizendo que : “Agora é só alegria”!! “O SILÊNCIO TAMBÉM É UMA PRECE” Gostaria de deixar bem claro, aqui, os meus protestos e a minha indignação, pois dentro do Denarc, da Corregepol (Corregedoria da Polícia Civil) e da Polícia Federal, Delegados que se diziam honestos e de moral à toda prova se calaram e mesmo tendo conhecimento de todos estes fatos, nada fizeram para vê-los presos e condenados, pecaram por covardia e por omissão, se tornaram seus cúmplices e co - responsáveis por todos os crimes que foram praticados, pelo Dr. Hélio Recupero da Silva Amaro e pelo Dr. Barrosbel, despreocupadamente, certos da impunidade, crentes na total negligência dos responsáveis por tais procedimentos. Ao Dr. Tapuitinga, ao “Homem” dentro da Instituição Polícia Civil a quem mais respeito e admiro, certa feita perguntei-lhe sobre os fatos, como resposta me disse: “O Silêncio também é uma Prece...” Fiquei “besta”, não entendi nada.... Não sei até hoje o que procurou me transmitir aquele honrado Mestre.... “O exercício da função policial também é um sacerdócio, mas, nós Policiais, não recebemos da Sociedade o nosso salário com a finalidade de permanecermos constantemente em oração...”. Somos pagos para efetivamente enfrentarmos com o risco da própria vida, aqueles que desrespeitam a “Lei e a Justiça”, que colocam em perigo a “Ordem” dentro de nossa Sociedade, que colocam em risco a vida dos indivíduos de nossa Comunidade..... Não se faz isto somente ajoelhado e rezando... Diariamente, fazemos as nossas preces e orações.... Mas, também carregamos uma pistola automática 45 na cinta, para ser usada quando necessário, para a nossa defesa e das demais pessoas de nossa Sociedade... Não tenho a menor dúvida de que o “Silêncio também é uma prece”, porem, quando espelha um momento de ligação da criatura com o seu Criador, alguns segundos de vazio d`alma, de ausência completa de medos ou de empreendimentos, redundando em uma entrega absoluta nas mãos do Ser Supremo, entrega compreendida dentro de uma “Fé Racional”, que procura entender as “Leis Divinas”, entendendo sua Bondade, sua Justiça e sua infinita Misericórdia. Mas, existem ainda outros tipos de “Silêncio” que conhecemos dentro do Denarc, conheci o “Silêncio Criminoso”, o “Silêncio Covarde”, o “Silêncio Corrupto”, o “Silêncio Corporativo”, o “Silêncio filho do Suborno”, o “Silêncio Sub-Reptício”, e foram estes tipos de “Silêncios” que todos nós dentro do Denarc praticávamos quando não combatíamos, quando não procurávamos colocar na cadeia o Diretor do Departamento, o Dr. Hélio Recupero da Silva Amaro e o seu fiel escudeiro o Dr. Alceu Barrosbel. Fugir a esse nosso maior compromisso, seria um verdadeiro morrer, antes da hora... O DOUTOR ALCEU BARROSBEL O Doutor Alceu Barrosbel, era descendente direto da maior dinastia de “Empresários Franceses” radicados no Brasil, que durante a década de 20, se instalaram no Rio de Janeiro, “Mabel” sua bisavó, era a dona do maior de todos os estabelecimentos particulares de “Ensino Superior Carioca”... “Meggy” sua avó, quando assumiu o comando da fortuna, construiu o Hospital “MARRIET AIMÉE BELMONDO”, o hospital dos pobres, como era conhecido , pela clientela composta pelos menos afortunados, pelos pobres e pelos miseráveis da Cidade Maravilhosa... Este trabalho Filantrópico e Beneficente, surpreendeu a todos com a sofisticação dos seus equipamentos e com o atendimento a nível familiar, a época executado por todas as mulheres da nobre família. Para certas coisas é necessário conhecimento e técnica apurada, misericórdia, humildade e grandeza de coração, conta-se que eram iluminadas espiritualmente e simplesmente insuperáveis em sua dedicação permanente no trabalho ao bem do próximo mais necessitado. Myléne Demongeot sua mãe e seu pai Jean – Lue Vadim Barrosbel, se conheceram em Marsella na França, onde a família a havia encaminhado para a realização de seus estudos superiores, foi amor a primeira vista, ele era um Oficial do Exército Francês, médico por formação, filho de uma importante e respeitada família, homem inteligente e corajoso, valente e bondoso, que cativava a todos com a sua presença, morreu jovem, cumprindo seu papel junto ao Exército de Paz da ONU, deixando a mulher grávida de um filho que nunca o conheceu, desconsolada Myléne opta pelo retorno ao Brasil, fincando suas raízes na Capital Paulistana, onde trabalhava como professora universitária e onde o Dr. Barrosbel nasceu, cresceu, casou e trabalhou sempre. Poucos dentro do Denarc, tinham conhecimento deste lado particular de sua vida, e conhecimento da história de sua família, informações consideradas “segredos de família” que na verdade sempre foram guardados a sete chaves, contudo, mesmo os maiores bandidos assassinos, se observados com todo o cuidado apresentam suas fraquezas e aqueles seus considerados pontos nevrálgicos... Estudando-os calmamente, esmiuçando e analisando cada uma das informações, somávamos evidências e possíveis provas testemunhais, um dia a nossa equipe, com o seu trabalho ininterrupto, continuo e permanente, alcançaria êxito, descobriria as provas e os testemunhos que necessitávamos para coloca-los na cadeia... Esta era a única razão de nossa permanência no Denarc... Vigia-los... Espiona-los... Prende-los... Esta era a nossa missão. “O DOUTOR ALCEU BARROSBEL” (Escolha a história que quiser, a que considerar melhor, a mais conveniente...) O Doutor Alceu Barrosbel, era descendente direto da maior dinastia de “Prostitutas Francesas” radicadas no Brasil, que durante a década de 20, se instalaram no Rio de Janeiro, “Mabel” sua bisavó, era a dona do maior de todos os prostíbulos da então Capital Brasileira... “Meggy” sua avó, quando assumiu o comando da fortuna e do famoso lupanar construiu para o deleite de todos aqueles que se submetem a “tais prazeres”, a mais requintada de suas “casas” o “Covil da loba”, como ficou conhecida a casa de tolerância, que era freqüentada somente pelos mais ricos e poderosos libertinos da Cidade Maravilhosa.... Para certas coisas é necessário conhecimento e técnica apurada, “Meggy” com a união da família, surpreendeu a todos, com a sofisticação dos seus equipamentos, roupas e acessórios a época originais e inovadores, com o Atendimento Vip somente desenvolvido a nível familiar, executado por todas as mulheres da família... Conta-se que eram criativas, despudoradas e simplesmente insuperáveis em sua dedicação permanente e integral ao trabalho que exclusivamente procurava proporcionar em termos superlativos a alegria, a fantasia e o prazer de todos os seus amados clientes..... Com a união da família ficaram milionários... Suas concorrentes, as pobres iniciantes brasileiras, ainda não se submetiam a certas praticas sexuais, consideradas a época, obscenas, até mesmo para as “nossas profissionais” e devido a estas diferenças e a certas peculiaridades no atendimento, como por exemplo o trabalho realizado pelas “Bibas” , que eram os homossexuais da família em atendimento a “clientes especiais”, o serviço personalizado com as famosas sessões de tortura, as orgias grupais e ainda as matinês com as ainda “crianças e os demais adolescentes da família”, faziam com a diversificação de seus serviços que juntos tivessem uma clientela “selecionada” e fiel... Dona Malet, a mamãe do criminoso traficante, iniciou sua carreira aos quatorze anos, já era uma “malinha” na época, treinada nas artes da ilusão, da mentira e da persuasão, seu primeiro “cachê” foi seu peso em ouro, dizem que o “bingo familiar”, foi vencido por um Coronel do antigo povoado de Manoel Manso, que apaixonado levou consigo a jovem namorada... Contudo dois anos depois, numa tarde em que o sol de tão quente “rachava coco”, o Coronel João Manoel Manso, mais conhecido como “Gato Manso”, flagrou sua amásia sendo possuída pelo cão fila da fazenda..... “Gato Manso” não suportou a traição, ser trocado por um cão fila, ele não admitiria, e descontrolado esqueceu-se de que era um simples gato e avançou sobre o casal apaixonado como um leão ferido... “Betão” o cão fila, como um Lorde, como um cavalheiro amoroso e leal, defendeu sua fêmea escolhida, sua prenda predileta e mais querida, e assim para defende-la, atacou e mordeu... mordeu... e mordeu o pobre do gato traído... que subjugado pelo poder de uma força maior, estrebuchou e não sendo socorrido imediatamente, faleceu ali mesmo abandonado naquele sinistro “Canil do Terror”... O leito de amor e de paixão do jovem casal apaixonado, por fim se transformou no seu leito de morte... “Betão” ciente do perigo iminente, correu fugindo da cena do crime, não poderia ser preso em flagrante, se descobrissem a sua participação... Melhor seria fugir e se apresentar quarenta e oito horas depois... Acompanhado por um dos grandes Advogados que contrataria para que fosse acertada a sua defesa e comprovada na Justiça a sua inocência, matou para não morrer e ainda como forma de defender a sua amada, sem duvida nenhuma, dentro dos Tribunais comprovaria a sua inocência... Assim, escafedeu-se, tomando como destino local incerto e não sabido, desapareceu do povoado de Manoel Manso para todo o sempre.... Alguns dizem que foi morar no Rio, outros garantem que ainda hoje é o chefe de segurança de um grande político, um respeitado ex- governador, homem culto e distinto que sempre protegeu, dando guarida e apoio a todos aqueles que serviram ou que servem a seus familiares, sendo certo que devido a estes contatos políticos importantíssimos continuaria firme e forte, todo poderoso na sua labuta diária... O que sabemos de verdade é que não foi preso e nem mesmo indiciado como autor do homicídio. A futura mamãe “Malet” foi expulsa do vilarejo, saiu de lá já “buchuda”, quis sair da fazenda no lombo de um jegue que também era seu amigo intimo e querido, mas até isto lhe foi negado, não concretizaram nem mesmo este seu último pedido... Seguiu a pé contando somente com a roupa do corpo, um par de alpargatas, um cantil cheio de água do barreiro e uma peixeira sergipana para sua defesa e proteção... Comia quando encontrava um calango, um rato do mato ou as cobras que distraídas por ali passavam... Quando a água do cantil acabava bebia das folhas do sempre amigo mandacaru... E assim sobreviveu até a primeira cidade, aonde chegou seca como uma tábua de passar roupas, primeiro procurou trabalho como “piniqueira”, mas por costume, voltou logo a exercer sua profissão antiga, agora com uma carreira solo e independente, longe dos seus familiares... Como sempre, era muito bem paga e devido as suas economias algum tempo depois, se manda a procura de uma melhor sorte e é claro de mais dinheiro... Aportando como final de parada na acolhedora Capital Paulistana... Foi morar no bairro da Luz, “trabalhava” fazendo ponto no escadão da Estação Ferroviária, ali criou e cuidou do seu pequeno Alceuzinho, que cresceu como crescem os cachorros mestiços e vira-latas, no meio das ruas, ...opa... Desculpem-me..... cresceu como crescem os gatos sem raça definida, pulando e andando encima dos muros e das casas das ruas e das vielas do bairro... Seu vulgo, desde pequeno era “imundiça”, quando queriam na verdade chamá-lo de imundice, o garoto era peralta, briguento, mau educado e respondão... Praticava pequenos furtos já aos doze anos, era conhecido devido aos seus atos de delinqüente juvenil dos Policiais da área, sendo considerado o verdadeiro terror da antiga e respeitada Guarda Civil... Na escola municipal contudo era um estudante dotado de uma memória fotográfica que impressionava todos que o conheciam, era adorado pelos professores, que não compreendiam como ele mudava de atitude, assumindo uma outra personalidade longe do querido Ateneu Machado de Assis... Acredito compreende-lo sem maiores dificuldades, trata-se sem duvidas de um espírito erudito, de elevados conhecimentos intelectuais, contudo vazio e seco de qualquer sentimento mais nobre, sempre foi um algoz perigoso e vingativo para todos que desavisados resolveram o enfrentar... Aos quinze anos já era o chefe de uma “gangue” de menores infratores, fumavam e vendiam “maconha”, roubavam pequenos comércios, assaltavam bêbados e todos aqueles que julgassem poder vencer no caso de confronto e agindo assim acabaram por matar a facadas uma de suas vítimas... Aí, a mamãe “Malet” interferiu, encaminhando o nosso querido bebê Alceuzinho de retorno ao Rio de Janeiro, onde fincou raízes até se formar na Faculdade de Direito... Lá, começou sua vida profissional Advogando, era um dos “empregadinhos” do Comando Vermelho... Quando começou a pensar que com todo o conhecimento pratico que tinha, com todo o relacionamento junto ao narcotráfico, se fosse um dos Delegados do Denarc em São Paulo... É, isso mesmo, retornaria a São Paulo, já era um homem feito, não devia nada para a Justiça... Montaria na “Terra da Garoa” uma nova casa, grande e bonita para a sua mãe “trabalhar” e onde pudesse atender aos seus clientes e fregueses... A mamãe “Malet” contudo já estava cansada “desta vida”... Não tinha mais planos neste ramo para o seu futuro, já sofrera tudo que tinha direito na mão de gato e cachorro, queria descansar, estava arrependida de muitas coisas... Começou a freqüentar uma nova Igreja Evangélica, não bebia, não fumava, não tomava mais parte na administração de sua boate, passava lá inclusive, somente uma vez a cada noite, já no final da madrugada, só para pegar o dinheiro, mas já era outra mulher, já não trapaceava, encaminhando fielmente os 10%(dez por cento) dos seus lucros a Igreja Municipal ... Foi agindo assim, sempre fiel com a Igreja, quando por ação e graça da Misericórdia Divina, conheceu um senhor de origem Alemã, também Pastor de sua Igreja, com o qual se casou e com ele harmoniosamente constituiu uma nova família, de servos respeitosos do Senhor... “Alceuzinho” assim herdou a “Sonhos de Verão”, boate bonita e bem localizada na Rua Augusta, ponto central de São Paulo, onde se localiza a “Boca do Luxo”, zona principal de prostituição, ponto de encontro para o “trabalho” das meretrizes consideradas de luxo, para os clientes executivos e especiais... Onde montou seu quartel general e onde arquitetava ardilosamente todos os seus planos nefastos, entrou para a Polícia Civil, se casou, tiveram uma filha maravilhosa, algum tempo depois, consciente da sua sexualidade, se separou e assumiu abertamente sua preferência homossexual... Hoje tem um contrato de união, é “casado” e feliz ao lado de um Investigador de Polícia conhecido como “Tafarel”, eu somente gostaria que esta felicidade toda o fizesse respeitar e não incomodar o resto da humanidade, mas, infelizmente não acredito nesta possibilidade, a não ser que, como sua mãe também conheça um Pastor Alemão ou uma Pastora e a partir daí, de inicio a uma nova vida, até lá duvido da possibilidade de qualquer transformação sua intima para melhor... Poucos dentro do Denarc, tinham conhecimento deste lado particular de sua vida, e conhecimento da história completa de sua família, estas eram informações consideradas “segredos de família” e na verdade sempre foram guardados a sete chaves, contudo, mesmo os maiores bandidos assassinos, se observados e acompanhados com todo o profissionalismo e com todo o cuidado, apresentam suas fraquezas, deixam ver aqueles seus considerados pontos nevrálgicos..... Estudando-o calmamente nós o “descobriríamos”... Nós o queríamos, vivendo a sua permanente paranóia, observávamos cada detalhe, registrávamos suas emoções, anotando com todo o carinho quando nos seus descuidos, mesmo sem querer se deixava ser “preciso” e de modo claro e aberto desvendava sem segredos para as nossas observações, as suas opiniões e principalmente as suas mais íntimas lembranças... “UM PEQUENO DESCUIDO” A nossa primeira oportunidade de aproximação se deu, quando o meu parceiro Heleno foi convidado por uma equipe da 4º Delegacia, a que os auxiliasse, ajudando na tradução, de um serviço de “grampo” que já se encontrava em andamento, os Policiais da equipe estavam com dificuldades, uma vez que os traficantes Colombianos, se comunicavam usando palavras de um dialeto somente usado em determinada região da Colômbia, local que por coincidência, já havíamos visitado por varias vezes, conhecíamos muito bem e tínhamos os nossos melhores informantes e os nossos mais sérios contatos. Desta primeira proposta e com a autorização do Dr. Tapuitinga, o Investigador Heleno foi dispensado de suas obrigações costumeiras, prestando seus serviços junto a aquela equipe até o final daquela investigação. Conversávamos diariamente e mutuamente nos auxiliávamos, quanto aos nossos serviços específicos. Com o progresso tomado pelas diligências com a sua participação, Heleno passou a manter um contato maior com o Dr. Barrosbel, sendo que quando as investigações chegavam ao seu final, este contato tomou uma maior proporção... O safado do Delegado não prestava, mas trabalhava como gente grande, acompanhando pessoalmente cada novo passo dado durante aquelas diligências. E foi durante este período de trabalho, quando praticamente permaneciam reclusos em um apartamento de propriedade do Dr. Barrosbel, acompanhando chamadas telefônicas efetuadas pela quadrilha de Colombianos, que Heleno pode observa-lo, afastado de sua Delegacia e assim dando vazão a uma personalidade intima, que ali escondia e ocultava de todos. O Dr. Barrosbel recentemente havia se separado de sua esposa, e durante este período difícil para todo ser humano, que se entregou, deixando-se levar pelo costume do álcool, bebia diariamente... e bebia de forma exagerada e desesperadamente queria falar, na verdade, queria ser ouvido, queria a simples companhia de alguém ao seu lado, coisa que a mulher lhe havia negado... Para o bêbado, todo aquele que o acompanha é seu amigo... E, é ai que mora o perigo, não cuida do que fala, não teme as conseqüências futuras, desata a falar e falando se entrega, por inteiro e de bandeja, nas mãos daqueles que o querem destruir, a situação contudo era trágica, o infeliz do Delegado descrevia as saudades que sentia da filha e falava do ódio que o levará a definitivamente se separar da ingrata e infiel esposa... Afirmava categórico, que resolvera pela mudança drástica em sua vida, que já escolherá um novo companheiro e que juntos organizavam uma outra “família”... Relação não aprovada pela Sociedade, mas esta ele queria que se danasse... A ex- esposa ele não perdoava, ela vivia com o novo companheiro e com a filha que ele amava... Ele, queria matá-los... Pensava em executa-los com requintes de crueldade e de sadismo... Principalmente de sadismo... Porque Jacqueline... Porque Jacqueline... Jacqueline Chevalier sua ex–esposa, sempre se comportou como a dengosa vítima masoquista, durante os cinco anos em que permaneceram juntos, durante todo o seu tumultuado casamento, que sempre sobreviveu na corda bamba, em um continuo casa... descasa... casa... descasa... A princípio, o marido recém casado, creditou as brincadeiras da esposa, ao seu foras apetite sexual, ela o amava e o queria como somente querem as amantes, por inteiro, de forma integral e desesperadamente, a diferença de idade era outra alternativa a ser minuciosamente estudada, vinte e cinco anos não são vinte e cinco dias, diria o meu avô sem nem mesmo pestanejar... A paixão um dia se consome e ai o que é que fica? A verdade, descobriríamos mais tarde, não era bem esta... O Dr. Barrosbel sofria não era só a separação repentina da família, e principalmente da filha amada, não suportava a sua própria vida, vivia como um psicopata em conflito com a sua própria existência, padecia sem paciência a sua completa falta de compreensão e a sua não aceitação de si mesmo, reprimia-se amarga e dolorosamente, não assumindo seus íntimos desejos, desprezando as preferências que trazia no seu âmago, se auto flagelava, a tortura era continua e constante e era principalmente e praticamente isso o que o matava por dentro, ele era o seu pior inimigo, o seu algoz, o seu opressor, o seu obsessor, o seu juiz e o seu carrasco... Sua vida se resumia a dedicação total ao que compreendia como sendo o seu trabalho policial, o seu meio encontrado para a aquisição da fortuna que se julgava merecedor, não media esforços, meios e possibilidades para alcançar os seus objetivos, arriscando a própria vida e desrespeitando a vida do próximo, que para ele não tinha o menor valor, a única coisa que lhe importava eram seus lucros e os seus fabulosos ganhos financeiros, não importava a origem ilícita do dinheiro, se provinha do narcotráfico, do contrabando, do suborno, do roubo, do furto, do seqüestro de algum traficante ou de um dos seus familiares, do assassinato contratado desta ou daquela pessoa, isto não lhe interessava, a pergunta era : Quanto seria a sua parte ? e Qual a porcentagem dos lucros que seria encaminhada ao seu respeitado e idolatrado chefe o “Heresia” ? Quanto ao seu amigo “Tafarel”, sobre ele e a história de sua relação amorosa falaremos mais tarde.... “A HISTÓRIA DO FAMOSO PASTEL” Somente o “Pastel”, o Delegado Divisionário da Dise, acreditava nesta estória de Mega Operação Internacional, Delegado “maçaneta”, se projetou na carreira abrindo e fechando portas para os seus superiores, pelos quais era ostensivamente menosprezado, sendo denominado de “puxa saco” e de “baba ovo”, medroso nunca trabalhou nas ruas, covarde e hipócrita, atacava com o poder do cargo, destratando a todos os seus subalternos, junto aos quais somente tinha inimigos, era prazerosamente odiado por todos.... Sem nenhuma utilidade dentro do Departamento, exigiu com veemência o cargo que dentro do Denarc ninguém nunca quis, o papel de Relações Públicas junto à mídia especializada e assim também passou a ser conhecido como a “Bichinha da Televisão”. Assumia nestes momentos, na frente das “Câmeras da Televisão”, ares de “Afamado Mestre”, de um “Renomado Professor Erudito”, com “Doutorado na matéria Narcotráfico”, vilipendiosamente declamando trechos decorados de pequenos livrecos e de outros tais folhetins, que lia e incapacitado não compreendia, enquanto as operações policiais eram articuladas e executadas. Comparativamente incorporava um “Campeão Mundial de Formula 1”, descrevendo técnicas e táticas usadas durante todo o Campeonato daquele ano, sendo ainda um simples aspirante à estudante, do curso de mecânica de autos, por correspondência do “Instituto Universal Brasileiro”, uma semana após receber suas primeiras apostilas. O resultado era ridículo, digno da comiseração de todos aqueles com um pouco de bom senso, o “Pateta Trapalhão”, vaidoso incorrigível, se sentia o máximo, tendo arquivado todas as suas aparições exibicionistas e suas “Declarações Quixotescas”, o Jornal, o Rádio e a Televisão ao mesmo tempo em que cobriam os resultados das Operações Policiais, abrilhantavam sua programação tripudiando com a figura pitoresca e grosseira do “Pavão Mestre Sala”. Tinha a alcunha de “Pastel” porque certa feita, uma equipe de “cururus” realizaram um flagrante de tráfico de entorpecentes, dentro de uma pastelaria no Largo da Lapa, entre as testemunhas trouxeram ao Denarc um senhor de origem japonesa que, devido ao pouco tempo que se encontrava em nosso país, ainda não falava corretamente e ainda não compreendia claramente o idioma português, inclusive não sabendo ler e escrever no nosso idioma. Foi dispensado pela Autoridade Policial que presidia o Auto de Prisão em Flagrante Delito, devido às dificuldades para a localização imediata de um “Tradutor Oficial” e mais, desnecessário se fazia o seu depoimento frente à presença de outras testemunhas presenciais do fato. A “tentativa de Delegado Divisionário” desocupado e inútil como sempre, mesmo ciente da incapacidade de compreensão do comerciante, se perdeu em elucubrações sobre as Filosofias, Técnicas, Táticas Policiais e as dificuldades que o impediam de erradicar as drogas do Território Brasileiro... O estrangeiro desorientado, assustado e perplexo, contou lá do seu modo sua vida e sua história, como havia chegado ao Brasil, seu trabalho, suas dificuldades, a compra da pastelaria, o amor por sua esposa brasileira, seu casamento, sua família, seus sonhos e projetos para o futuro, generoso e participativo se prontifica a auxiliar, queria colaborar naquela guerra declarada contra os narcotraficantes, e confuso, perguntou: “Quanto poderia ajudar?” O “Cara de Fuinha”, viu ali a oportunidade de “levar um troco” e cuidadoso conduziu a ingênua “vítima” ao conjunto de salas, que usava como o seu escritório particular... Lá dentro, trancados e a sós, lhe passou um cartão com o emblema do Denarc, onde rabiscou o número do seu telefone celular, abraçando e perguntando a pobre criatura a ser imolada: Poderia ajudar com 1.000 ? O simplório do japonês ficou feliz, sorria contente, balança a cabeça afirmando que sim e para encerrar e ficar tudo combinado pergunta se poderia lhe entregar no outro dia? E foi assim que ficou combinado, o cidadão consciente de suas obrigações sociais e de seus deveres humanitários, cheio de vontade de ajudar e de participar, tinha um encontro marcado, para as 17:00 horas da tarde do dia seguinte, com o Delegado Divisionário. No outro dia, eram só 16:30 horas quando toca o celular do Digníssimo Delegado Divisionário, com o Sr. Nelson Shiro Yuri afirmando que já se encontrava no local combinado, convidando-o a descer até a portaria, uma vez que a Dise na época ficava no 17º andar do Palácio da Polícia na Rua Brigadeiro Tobias n.º 527, no Bairro da Luz, bem próximo ao Centro de São Paulo, incrustado junto à “Boca do Lixo”, para assim receber a sua encomenda. O “Mendigo Divisionário”, desce “coçando a mão”, deslumbrado com a quantia que vai embolsar! E, chegando lá na portaria, carinhosamente abraça o Sr. Shiro, afinal de contas, ele havia cumprido rigorosamente com a sua palavra, já não são mais desconhecidos, são dois “Grandes Amigos” e estende a mão esperando que o outro lhe entregue, provavelmente dentro de um envelope, a quantia estipulada...... O Sr. Shiro respeitosamente, se curva em sinal de respeito e depois abraça ao “estabanado” do Delegado, quando então manda abrir a porta da Kombi, onde junto com mais dois dos seus funcionários ajudantes de cozinha, se encontra a encomenda..... “1.000 (mil) Pastéis”, tinha de carne, queijo, sabor pizza, bauru, misto, frango com catupiri, palmito, calabresa e, é claro, não se esqueceu de preparar também o Especial, exclusivamente para os “Delegados mais importantes”!!! O nosso Divisionário quase caiu de costas... O ouvido começou a zumbir..... A cabeça lhe girava, qual a de um ébrio desequilibrado, zonzo dentro de um carrossel gigante... A visão lhe ficou enevoada... “Era muito para sua cabeça”. Pensou em fugir e se esconder... Procurou alguém que o socorresse, não logrou encontrar ninguém... Pensou em se livrar o mais rápido possível do abraço amigo... E neste momento, espiritualmente genuflexo, por um segundo, fechou os olhos e orou interiormente, pedindo por clemência... Ao abri-los, notou que tudo se encontrava do mesmo jeito, imaginou que era tarde para o socorro e perplexo notou que os empregados da pastelaria, já descarregavam a metade da mercadoria, solicitando informações: “Aonde deveriam ser colocados os Pastéis?”!!! “A quem deveriam ser entregues os Pastéis?”!!! O grupo de Segurança especifica para o prédio se aproximou... Queriam que a Kombi fosse retirada, do local onde se encontrava estacionada, uma vez que se encontrava ocupando uma vaga reservada exclusivamente para as Autoridades Policiais e segundo informações sigilosas, repassadas a aproximadamente 02(duas) horas, pelo seu Chefe de Gabinete, o Secretário Estadual de Segurança, chegaria em poucos minutos, acompanhado por toda a mídia televisiva, rádio e imprensa, realizando ali no Palácio da Polícia uma visita surpresa, com a respectiva auditoria junto a todos os trabalhos policiais que se encontrassem em desenvolvimento... O Divisionário que já suava em bicas, com a comunicação feita pelos Investigadores de Polícia, do serviço de segurança, perdeu toda a cor... Sua face se transformara em uma mascara fúnebre, vencido pelo dilema que o destino lhe impunha enfrentar... Tentou se desvencilhar, determinando ao agora “Pasteleiro” que a Kombi fosse retirada imediatamente... Reclamava para isso a máxima urgência, devido à presença iminente de Autoridade tão importante... O Sr. Shiro desconsolado, dizia das horas de trabalho, da boa vontade, do desejo de ajudar e servir, dos gastos com funcionários e do material que foi utilizado, queria de alguma forma participar do importante trabalho que o Denarc realizava em prol de toda a população! O Capeta pessoalmente interviu, acompanhado por um grupo dos seus asseclas, salvando o Delegado Divisionário... Que foi socorrido com a aproximação de um grupo de “cururus”, que retornavam à “Base do Denarc”, depois de participarem de uma “Operação Simulada” acompanhados do próprio Diretor do Departamento, o “Heresia”... Recém chegados da Academia da Polícia Civil, se encontravam à disposição do Denarc... Passaram então, a obedecendo as determinações do Ilustríssimo Sr. Delegado Diretor do Departamento, a descarregarem a Kombi, com o máximo de urgência e de brevidade, encaminhando as caixas repletas de pastéis quentinhos à sala do nobre Delegado Divisionário... Foi uma “Festa”... Extravagante é claro, ocorreram pequenos transtornos... Alguns Investigadores de Polícia, desobedientes e revolucionários, desviaram a maior parte dos “Pastéis do tipo Especial”... Mas posso com certeza, garantir que todos saíram satisfeitos e levando... Se não todos, com certeza, a grande maioria... Um saquinho com certa quantidade de pastéis para a alegria e o deleite de seus familiares no recesso de seus lares! A história do Famoso Divisionário é conhecida por toda a Polícia Civil de São Paulo, contam que quando novamente em sua sala depois de passar uma hora no seu banheiro privativo, teria consumido ali mesmo, à frente de todos, mais de vinte Pastéis, o que com certeza poderia ter-lhe proporcionado uma grande e fatal indigestão e pela forma corajosa, intrépida, ousada, agindo resoluto e com o risco da própria vida, com a qual resolveu toda a situação, recebeu a condecoração de ser chamado por todos de “Pastel”. “DENTRO DO DENARC, TUDO TEM SEU PREÇO...” OS INVESTIGADORES PAGAVAM : • Para prestarem seus serviços no Departamento de Narcóticos. • Para escolherem a Delegacia em que iriam trabalhar. • Para participarem de uma determinada equipe. • Para formarem uma equipe. • Para não terem horário de trabalho. • Para não trabalharem. • Para não realizarem flagrantes. • Para quando realizassem flagrantes, ao chegarem no Departamento, serem os primeiros a serem atendidos, mesmo que outras equipes tivessem chegado anteriormente. • Para usarem as melhores e/ou mais modernas armas, viaturas e carros apreendidos, mesmo que estes fossem fruto do trabalho de outras equipes. • Para não participarem de Operações Policiais em locais perigosos e/ou insalubres. • Para não realizarem viagens. • Para não cumprirem Ordens de Serviço. • Para terem uma equipe à disposição, que apresentasse os flagrantes, ficando ainda responsáveis por todos os procedimentos e demais obrigações. • Para terem prioridade quanto a informações que pudessem dar origens a grandes apreensões ou a serviços que gerassem repercussão na imprensa e/ou na mídia. • Para terem prioridade em Operações no Autódromo, Sambódromo, e outros locais onde se encontrassem Autoridades, Socialites, Artistas, Imprensa, Mídia, e demais oportunidades de Flashes. • Para terem informantes. OS TRAFICANTES PAGAVAM : • Para que não fosse realizada a Prisão em Flagrante. • Para se “rasgar” o Auto de Prisão em Flagrante, já feito ou “simulado”. • Para que o traficante preso se “transforma-se” em um inocente dependente, o algoz “lobo” do art. 12 se transfigurava na ovelha carente de tratamento médico, desprotegida pelo trabalho social do governo, tipificando o art. 16. • Para que no histórico da Ocorrência, aqueles fatos que tipificavam o art. 12 da Lei Federal n.º 6368/ 76, fossem eliminados do Auto de Prisão, informando-se somente sobre a apreensão do entorpecente, apresentando “brechas” pelas quais posteriormente o Advogado do criminoso traficante poderia inocentar o seu cliente. • Para que a quantia de entorpecente fosse drasticamente reduzida, apreensões de 20kg (vinte quilos) de cocaína, quando no Departamento se transformavam em 20g (vinte gramas). • Para que quando da Prisão de vários traficantes, somente um fosse indiciado, passando-se os outros à classificação de testemunhas do fato. • Para que um dos elementos da quadrilha, com menos de 18(dezoito) anos, assumisse a responsabilidade e o porte do material entorpecente. • Para nem se quer subir ao Departamento e ser visto e identificado pelas outras equipes. • Para não apanhar. • Para ir ao banheiro. • Para beber água. • Para ter direito a uma alimentação. • Para telefonar para a Família e para o Advogado. • Para não serem fotografados. Estas fotografias posteriormente iriam para o arquivo do Denarc, poderiam assim futuramente identifica-los e incrimina-los em outros crimes já praticados, ou ainda, auxiliar o trabalho de outras equipes quanto a sua identificação, fornecendo dados para a realização de sua prisão e captura. • Para, em caso das fotografias já tivessem sido tiradas, providenciar para que o filme queimasse, inutilizando não somente a sua, mais a de todos os traficantes ali identificados. • Para não serem informados a Mídia, a Imprensa, o Rádio e demais pessoas interessadas em “Reportagens Policiais”. • Para que o relatório da Autoridade Policial não fosse claro e conclusivo. • Para que o Investigador de Polícia condutor do Flagrante e o seu parceiro de equipe, o Investigador qualificado como principal testemunha dos fatos, apresentassem depoimentos contraditórios quando ouvidos no Fórum, articulados com o Advogado do criminoso traficante, estudavam o processo, decorando uma falsa apresentação dos fatos que pudesse levar o Juiz e a Promotoria Pública a inocentar o bandido. • Para trocar as testemunhas e/ou para que as testemunhas de acusação fossem pessoas ligadas ao tráfico. • Para que os endereços das testemunhas fossem “frios”, impossibilitando a localização das testemunhas • Para que os Investigadores não comparecessem ao Fórum, obrigando o Juiz a colocar o traficante preso em liberdade. • Para prender traficantes inimigos e/ou concorrentes. “PESSOAS AS MAIS DIVERSAS PAGAVAM...” • Para que fossem realizadas “Operações Forjadas”, com a finalidade de difamar e/ou denegrir a imagem de pessoas totalmente desvinculadas ao narcotráfico, pessoas consideradas inimigas pessoais, que assim eram difamadas, quando na verdade simplesmente se tratava de concorrentes comerciais, políticos em ascensão , pretendentes de antigas namoradas, etc. • Para se “plantar” material entorpecente em empresários concorrentes, no amante da esposa ou da namorada, no futuro concorrente político, no arquiinimigo declarado. QUAL A ORIGEM DAS INFORMAÇÕES QUEM ERAM OS INFORMANTES ? A principio, os “Informantes” eram viciados presos, que depois de espancados, se prontificavam a “caguetar” as “Bocas” e os traficantes que conheciam; Não eram indiciados no art. 16, não eram mais mal tratados e não recebiam nenhum tipo de gratificação por isso. Em um segundo momento, os “Informantes” eram viciados que procuravam as equipes do Denarc, se colocando à disposição para realizarem o trabalho de investigação, para dar cumprimento às “Ordens de Serviço” que lhes fossem encaminhadas. Aqui é bom que se esclareça aos nossos pacientes leitores, que a grande maioria das equipes do Denarc 99% (noventa e nove por cento) não têm capacidade técnica operacional, nem mesmo conhecimento e principalmente coragem para entrarem e se infiltrarem disfarçados em favelas, cortiços, becos, enfim, nas “bocas” da cidade, principalmente as localizadas, lá no fundão da periferia distante...... Então, estas equipes do Denarc se utilizavam desta “Mão de Obra Escrava”, remunerando-os com uma ínfima parte do entorpecente apreendido, lanches, almoço, jantar e o pagamento da diária, em um daqueles “hotéis – pulguedos”, que ficam na divisa entre o prédio do Denarc e o quadrilátero da “cracolândia”, dentro da “Boca do Lixo”.... Encontrávamos ainda a figura dos “Informantes Profissionais” ou o famoso na crônica policial “Gansopol”, que é o elemento que : Permanente e/ou esporadicamente associado a uma equipe, participa ativamente do seu dia a dia, quando anda armado, usa algemas, colete da Polícia Civil, pilota a viatura, tem, com toda a certeza, uma “Carteira Funcional” falsificada, opera o rádio, visita a Delegacia, sendo normalmente confundido com um dos Investigadores de Polícia da “sua equipe”. É, o responsável por efetuar as compras do material entorpecente, suprindo assim a incapacidade técnica e operacional, daquela equipe, compensando a falta de coragem de seus componentes, prontamente agindo à frente dos “Policiais envolvidos com a ocorrência”, se infiltrando na “Boca” onde pretendem efetuado a prisão dos traficantes. Tomam para si, a incumbência primeira, dentro do Departamento de Narcóticos, do convívio com traficantes e com os seus “soldados”, assumem para si o risco de serem identificados, quando, todas as vezes que isto acontece, são assassinados. Enquanto isso, dependendo da organização da “Boca” investigada, mas sempre, com no mínimo dois ou três quilômetros de distância, confortável e sossegadamente, os corajosos Investigadores de Polícia da equipe aguardam o retorno, na grande maioria dos casos, do seu principal componente, do único com as características necessárias ao desempenho e ao bom exercício das funções exigidas a um Investigador de Polícia de um Departamento especializado como o Denarc. Durante o convívio diário, com os seus pares, os outros gansos, em todas as suas castas, fica sabendo dos “acertos”, qual foi a apreensão e qual o valor do suborno, que as outras equipes conseguiram, onde e com qual traficante..... Com base nestas informações, preparam o que corriqueiramente classificam de “repique”, levando sua equipe ao mesmo local, para que possam também ser, pelo descrito traficante subornados... Recebem do Investigador de Polícia chefe da equipe, como paga pelos seus serviços, dependendo da equipe e do trabalho realizado, a mesma porcentagem do suborno recebida pelos incompetentes e corruptos investigadores – marionetes, ou seja, aqueles que somente fazem o que o “ganso” manda. Defrontávamos costumeiramente com o “Traficante Informante”, que é aquele traficante que associado a uma das equipes do Denarc, levanta informações dos traficantes concorrentes e/ou das quadrilhas inimigas... Quando “especializado” tem ainda a função de “purificar” a quantia do material entorpecente, que fica com a equipe, quando da apreensão de uma cocaína que já tenha sido “batizada”. Aí, o especialista transforma “cocaína misturada”, uma cocaína 30%(trinta por cento), 50%(cinqüenta por cento),70%(setenta por cento), em uma “Cocaína Pura”, uma Cocaína 97%(noventa e sete por cento), 98%(noventa e oito por cento), na verdade tal especialidade se deve ao fato, do referido traficante saber como “lavar a cocaína”, ou seja, como retirar a mistura anteriormente colocada na cocaína apreendida. A quantidade do material entorpecente arrecadado é muito menor, dependendo exclusivamente do grau de pureza, contudo seu valor no mercado é de sobremaneira elevado, cobrindo assim os gastos com toda a operação. O “Parceiro Traficante” passa a ser valorizado, dentro do seu meio, com o resultado positivo do seu trabalho, e com a valorização de suas vendas, pelos consumidores viciados, devido à pureza da cocaína que vende... Recebe como remuneração, uma porcentagem do total arrecadado, normalmente algo em torno de 25%(vinte e cinco por cento) a 30% (trinta por cento) de todo o entorpecente. A únicas fontes de informação confiáveis, sempre foram as Oficiais: As Ordens de Serviço, o Policial Civil, o Policial Militar, o Guarda Civil Metropolitano, o Guarda de Presídio, o Advogado, o Comerciante, o Empresário, o Industrial, o Artista, o Repórter, o Socialites, o Juiz de Direito, o Promotor Público, o Agente da Polícia Federal, o Agente do D.E.A, etc. e é claro, outras pessoas integras, que por algum motivo vieram a ter conhecimento sobre o tráfico de entorpecentes, não podendo, por uma razão ou outra, pessoalmente, tomar providências de combate ao narcotráfico, auxiliam espontaneamente, procurando contato com equipes sérias, formadas por Investigadores de Polícia cumpridores de suas obrigações, que possam, mantendo todo o sigilo necessário, corresponder com atitudes imediatas, enérgicas e conclusivas, ao desejo de “pronta ação policial” destas pessoas. “QUEM ERAM OS POLICIAIS” Todos os Policiais vieram de nossa Sociedade, suas qualidades, seus vícios e seus defeitos individuais, espelham qualidades, vícios e defeitos de toda uma Comunidade. Eram pessoas comuns, que simplesmente fugiam da onda de desemprego, não tinham nenhuma aptidão nata para o sacerdócio que é o serviço policial e também não gostavam daquilo que faziam, a vida se lhes tornava um eterno suplício, um verdadeiro martírio, um eterno padecer! Eram pobres doentes viciados, que procuravam por impunidade e facilidades quanto à aquisição das drogas. Eram corruptos, que enquanto não conseguiam uma melhor colocação através de seus comparsas políticos, viviam felizes num clima de enorme prazer ao serem subornados e corrompidos pelos traficantes. Eram maníacos psicopatas, ladrões, vadios, assassinos contumazes... Quando na Academia de Polícia todos os alunos têm a sua “ficha criminal levantada”, e é claro que pessoas “já fichadas, com antecedentes criminais”, não conseguem entrar nos “quadros policiais”, me refiro contudo as suas características psicológicas, ao seu estado psiquiátrico, ao seu desenvolvimento espiritual, as características principais de sua personalidade, aquilo que tinham de “seu” mais intimo e que somente seus parceiros no convívio diário conheciam. Eram na sua grande maioria pessoas honestas, apaixonadas pelo serviço policial, pela missão espinhosa e beneficente, pela profissão honrosa, nobre e superior, tendo entendimento claro de seu ministério venerável, tendo a compreensão de todas as suas obrigações e de todos os seus deveres, assumidos quando à frente do “Trabalho Policial”. Quando se comprometiam e aceitavam para si a incumbência de lutar pelo bem da Sociedade, com o risco da própria vida procurando sempre a segurança de todos da coletividade... Quando abdicavam dos direitos a uma vida calma e segura ao lado de seus familiares... A terem horário de trabalho e de descanso... A poderem desfrutar tranqüilamente de suas férias... A conviverem em sociedade podendo falar do seu ofício, de suas experiências e do seu dia a dia... A poder desejar que seus filhos sigam seu caminho, tendo uma carreira ainda mais brilhante... A terem direito a um plano médico odontológico familiar... A vale transporte... A vale refeição... A uma cesta básica... A uma escola de qualidade para os filhos... A uma casa para a família... A serem respeitados seus direitos Trabalhistas e da Previdência Social, como exemplo ao “Fundo de Garantia”... Enfim, a terem o direito de viver com dignidade, honestamente trabalhando, estudando e sobrevivendo com um salário justo, agraciados com o carinho e com o respeito de todos de sua Comunidade. Era este o cenário da Polícia Civil do Estado de São Paulo, do Departamento de Narcóticos – Denarc, do “Conjunto Habitacional” das “Casinhas”, eram estes os seus principais personagens e protagonistas, quando foi realizada uma matéria jornalística, com o famoso Repórter Policial “Gil Gomes”. O TRABALHO JORNALÍSTICO DO REPÓRTER “GIL GOMES” Bem orientados e prevenidos, a pomposa equipe de reportagem, composta por seus seguranças, cameramen, técnicos de iluminação e filmagem, produção e apoio, quando se aproximou das “Casinhas”, se posicionou, ao lado da “Escola Estadual de 1º Grau” do bairro, que fazia divisa com a viela de entrada para o “Conjunto Habitacional”. Chegaram no horário de troca dos períodos de ensino, quando o local ficava totalmente tomado pelos estudantes e por seus familiares, que vinham recebe-los e depois conduzi-los a suas residências... Seria então ali naquele local e naquele horário, praticamente impossível aos traficantes qualquer tipo de interferência ou de ataque ao “corajoso e destemido” Repórter Policial... Todos os componentes da equipe de reportagem, sabiam que deveriam manter a maior distância possível do “Conjunto Habitacional”, entrar no local do confronto, entre os traficantes e os Policias da Rota, nunca... Jamais... O esperto e competente cinegrafista oscilava as imagens entre o “Audacioso Repórter” em frente à escola pública e o local que servirá na semana anterior de palco para o trágico confronto... A escola pública fica a uma distância de no mínimo 1.000 (mil) metros, do início do “Conjunto Habitacional”, o local do confronto fica assim muito longe de onde se encontrava o repórter... Gil Gomes falava das histórias dos homicídios, do tráfico de entorpecentes e de seus “soldados” com 11, 12, 13, 14 anos de idade, da Polícia Civil e Militar que nunca se faziam presentes, das viaturas da Rota que não entravam no “Conjunto Habitacional”, afirmava ainda, informando erroneamente que aquele local “era terra de ninguém”... Na verdade, aquele “Conjunto Habitacional” tinha dono sim, era do “Grillo” e de sua “Organização Criminosa”. Uma cópia da Reportagem Policial foi encaminhada ao “Diretor do Departamento de Narcóticos” – Denarc, pela “Ouvidoria do Estado”, recebendo assim o status de “Prioridade”. A equipe operacional que recebesse tal “Ordem de Serviço”, teria somente 15(quinze) dias para apresentar um relatório conclusivo, com a realização do “Auto de Prisão em Flagrante” ou explicações fundamentadas para a sua não concretização. A hierarquia administrativa impunha que o Diretor do Departamento encaminhasse todo o material ao Delegado Divisionário da Dise... O Delegado Divisionário escolheria uma das quatro Delegacias e encaminharia todo o material ao seu respectivo Delegado Titular... O Delegado Titular da Delegacia escolhida teria a incumbência de determinar ao seu Chefe dos Investigadores a realização imediata da diligência policial... Ficando assim o Chefe dos Investigadores daquela Delegacia, responsável pela escolha de uma de suas equipes operacionais, para a concreta realização da Ordem de Serviço. Foi como se uma bomba houvesse sido jogada dentro da Dise... Nós, que não tínhamos nada a ver com o acordo firmado, entre o “Madureira” e os Chefes dos Investigadores de cada uma das Delegacias... Éramos da Divisão de Inteligência e dali ninguém recebia parte do “Bolo”. No nosso papel de platéia privilegiada, uma vez que sabíamos dos problemas por que passavam os imponentes Delegados da Dise, compreendíamos e acompanhávamos a situação vexatória em que se encontravam. Os primeiros 03(três) dias após a chegada da fita com a respectiva documentação ao Departamento foram de enorme expectativa, o ambiente que já era costumeiramente pesado, se tornou insuportável... Os Delegados da Dise tentaram um novo acordo com “Madureira”, queriam que “Grillo” escolhesse um “Bode Expiatório”, “Mão de Onça” já estava preso, do “Negão – O Coisa Ruim” morriam de medo, sugeriram “Gilmar” ou “Hércules”, um deles seria preso juntamente com alguns “soldados”, algumas armas, farta munição e grande quantidade de “Farinha Misturada”, já confeccionada em “papelotes”, o que para a Ouvidoria da Polícia Civil e para a Mídia especializada representaria uma grande apreensão já para a Organização Criminosa um gasto muito pequeno, chegando a insignificante frente aos resultados obtidos com a “encenação”. Poderiam, inclusive, como bons sócios, dividir as despesas proporcionalmente a representatividade na divisão dos lucros, ou seja, as despesas correriam por conta de “Grillo”, da Dise, da Delegacia de Polícia da área e do “Comando da Rota”... A resposta foi imediata e negativa, a responsabilidade de “tourear” a Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo e a Mídia especializada era única e exclusivamente da Dise, ela que resolvesse o seu problema da melhor maneira possível, não era a primeira vez nem seria a última, que encaminhariam de uma forma ou outra, informações da Organização Criminosa para a Ouvidoria da Polícia, recebiam o que recebiam, para solucionar este tipo de problema. O que acontecia, era que a Dise na figura dos seus Delegados quando do acordo firmado, sempre se vangloriaram de facilmente ludibriar a Corregedoria da Polícia Civil, de enganarem a Ouvidoria da Polícia e a Mídia especializada, que cumprissem agora com suas promessas e com a sua parte no acordo, e que de maneira nenhuma passassem esta responsabilidade para os demais parceiros da Organização.... Trato é trato, e Homem que é Homem custe o que custar sempre cumpre com a sua parte... E para firmar sua “Determinação”, dada e imposta aos corruptos Delegados da Dise, “Grillo” no mesmo momento, comunica a todos da promoção de “Gilmar”, que de “Segurança da Boca” passa a ocupar o importante cargo de “Proprietário das Lojas de Automóveis” pertencentes à Organização Criminosa... “Hércules” era o único verdadeiro amigo de “Grillo”, se conheceram nos tempos em que o hoje criminoso traficante, era um simples e honesto servente de pedreiro... Recém chegado de Pernambuco, com o “costume feio” de fumar maconha, nos fins de semana, quando jogava bola, no “campinho” próximo a favela em que moravam... Bebia cerveja e tomava “caipirinha” com seus vizinhos... E principalmente, mutuamente se ajudaram e naqueles dias, um matou a fome da família do outro, cobrindo suas necessidades básicas e suas carências fundamentais... Não esqueceriam jamais daqueles dias difíceis... Respeitavam-se como homens de bem, “Grillo” jamais se esqueceu da mão amiga que lhe trazia a feira, quando de suas maiores dificuldades e por estas razões, tinham um relacionamento diferenciado com “Hércules” dos de todos os demais interesseiros que hoje o acompanhavam em sua jornada, após sua entrada desastrosa no “Mundo do Crime”. Quem conhecesse a “Hércules” não via nele os sinais claros que acompanhavam a todos os demais membros da Organização Criminosa, fazia sim o seu serviço como segurança de “Grillo”, mas era somente isto e só, não participava da administração e não comungava de suas opiniões, sempre se abstendo de o acompanhar em “seus serviços especiais” de limpeza e de extermínio, não encontrávamos ali naquele homem a cobiça, nem o orgulho ou a presunção, não era brilhante, astuto ou inteligente, era amigo, sincero e fiel, dono de um coração rico e caridoso, participava e cooperava com todos que passassem pelos percalços, normais a vida de todos nós, principalmente a daquele seu “povo” o mais sofrido. Apaixonou-se por uma moça séria e honesta, doando-se completamente, Ana Paula era uma mulata linda e trabalhadora, excelente emprega doméstica, paciente babá e cozinheira fina, que tinha o respeito, o carinho e a consideração de todos que a conheciam, firme e decidida, intimou, colocando contra a parede, o “segurança” muitas vezes temido e odiado. “Hércules” tremeu nas bases, entre a fortuna que “Grillo” lhe oferecia por sua sincera dedicação e a felicidade de uma vida modesta, regrada, de trabalho e de esforços ao lado da mulher amada, o mulato carrancudo e forte, silencioso e discreto, o “Hulk Negro” como também era conhecido, optou por Ana Paula, desligou-se da Organização Criminosa e foi morar, ainda que no mesmo bairro, mas já longe do “Conjunto Habitacional”. Enterrou o passado e com a efetiva formação de sua família, procurou por um novo futuro, quando retornou a sua profissão de “Segurança Particular” exercendo suas funções em casas de espetáculos, shows e demais eventos. Desligando-se total e definitivamente da Organização Criminosa. “Grillo” se encontrava no auge de sua “Carreira Criminosa”, levando uma vida de “Playboy Milionário”, sócio majoritário de várias empresas e empreendimentos, eram máquinas de vídeo pôquer, super mercados, oficinas mecânicas, lojas de automóveis, haras, rinhas de galo, casas clandestinas de jogos, desmanches de automóveis, hotéis, motéis, fazendas nos estados de São Paulo, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais e Rio de Janeiro, boates, cassinos, jogo do bicho, contrabando de armas e munições, quadrilhas organizadas para o roubo e furto de veículos, para o roubo a bancos e para o tráfico de entorpecentes, sem dúvida na época “O Maior Traficante do Brasil”. Não era mais o dono da maior “Boca de Entorpecentes” da Cidade de São Paulo, comandava, sim, toda a Zona Leste da Grande São Paulo, assumindo, ainda, a região próxima às cidades vizinhas! Suas compras por mês ultrapassavam os 400Kg (quatrocentos quilos) de cocaína pura, naqueles dias ultrapassando a cifra de US$1.000.000,00 (um milhão de dólares), quando da compra do material entorpecente. Já alimentava as famílias dos Delegados da Dise há muito tempo, eles haviam sido pagos justamente para superarem este tipo de transtorno, que se entendessem com a Ouvidoria da Polícia, ele era um “Homem de palavra” e não entregaria nenhum “soldado” seu “de bandeja” para os safados do Denarc. Pensava ainda consigo mesmo: Aquela história mal contada, quando da prisão de “Mão de Onça” tinha sido muito desgastante, ainda era o amante secreto de “Vilma”, a mulher do “Mão”, mas ela já não era mais a sua preferida... Estava pensando inclusive em organizar a fuga de seu marido da prisão... Precisava dar um basta aos gritos de acusação da sua consciência, calar o seu coração que o acusava de ter sido descuidado e negligente, tendo um envolvimento amoroso, um caso com a mulher do seu amigo e posteriormente o abandonando a própria sorte... Isto era coisa de cabra safado sem vergonha... E, devido a todo este contexto de dúvidas e pensamentos, a resposta veio muito clara, firme e pesada: A organização estava preparada para enfrentar as equipes do Denarc e que os covardes Delegados da Dise, que agora se achavam arrependidos, fossem procurar outra “teta para mamar”, o acordo financeiro entre as partes estava encerrado... “A COVARDE CONSCIÊNCIA PESADA” O chefe Belizário, quando soube da resposta e das atitudes de “Grillo”, se sentiu vingado e assim aliviado por todo o constrangimento sofrido, quando seus serviços foram dispensados da Dise; Este sentimento era praticamente o que todos da Divisão de Inteligência sentiam, com exceção do Dr. Tapuitinga, da nossa equipe e de outros dois Investigadores que se ofereceram para ali trabalhar, acompanhando o Dr. Carlos Alberto Augusto, o meu amigo “Carteira Preta”. Os Delegados da Dise já brigavam entre si para decidir quem ficaria responsável por aquela “Ordem de Serviço”... Ninguém admitia para si tal incumbência!... Até mesmo o asqueroso do Dr. Alceu Barrosbel apresentou desculpas fugindo do confronto, afirmando diligências na Bolívia em Santa Cruz de La Sierra e o prosseguimento de trabalhos urgentes, dentro do Estado do Mato Grosso do Sul, que assim tomavam todo o seu tempo, impossibilitando-o de tomar para si a tarefa de dar uma corrigenda, naquele traficante prepotente, que a muito pedia por uma lição exemplar. Foi quando o seu comparsa, o “Bandido Maior” do Diretor do Departamento, o Dr. Hélio Recupero da Silva Amaro, ordenou ao Delegado Divisionário, Dr. “Pastel”, que a Ordem de Serviço fosse encaminhada ao a época, considerado o melhor Delegado da Dise, o Delegado Titular da 2º Dise, hoje Diretor de Departamento e Cardeal da Polícia Civil, Dr. Pedro Paulo da Silva Telles de Miranda, que não ficou nenhum pouco contente com a homenagem que lhe foi feita... Inimigos mascarados, cada um apoiando determinada corrente política, se suportavam e ponto final... Ingenuamente sempre esperei que o Dr. Pedro Paulo, homem fino, inteligente, corajoso e trabalhador, um dia fosse o responsável pela prisão do Diretor do Departamento e dos demais seus iguais, entre todos sempre foi ele minha maior esperança, com o passar do tempo, observando-o melhor pude constatar que entre a habilidade política de sempre escolher o que fosse melhor para si e para os seus e a verdade e a justiça, este sempre ficou com a habilidade política... Com todas as qualidades que tem, espero que um dia cresça e mude seu modo de agir, seria assim, sem a menor sombra de dúvidas, um dos Delegados de Polícia mais importantes para a necessária transformação da Polícia Civil do Estado de São Paulo. O certo é que quando o Dr. Pedro Paulo chegou ao Denarc, logo após o meio dia, horário padrão para o início do nobre e imprescindível trabalho das Dignas Autoridades Policiais e que tem seu final, no máximo, estourando aproximadamente às 18:00 (dezoito) horas... Foi ali mesmo, no corredor de entrada, informado da difícil decisão, tomada pelo seu colega, o Diretor do Departamento... Quando então, de posse da fita, da documentação e da Ordem de Serviço, se trancou em sua sala... Pediu que o Divisionário o aguardasse, e que não saísse do Departamento, sem que antes tivessem resolvido todos os pormenores daquela missão... Naquele dia ambos saíram do Denarc, somente depois do expediente, naquele dia ambos fizeram serão, uma hora extra, pois já passava das 19:00 (dezenove) horas, quando o Dr. Pedro Paulo da Silva Telles de Miranda, entrou na sala do “Dr. Pastel” com todo o material de volta e um ofício de retorno da Ordem de Serviço ao Delegado Divisionário... Esclarecendo que conforme atos constitutivos, operações policiais junto às Escolas Públicas Municipais e Estaduais , era uma das atribuições da Divisão de Inteligência... Opinando ainda, pelo encaminhamento de todo o material com o máximo de urgência ao Diretor do Departamento, para que assim, melhor informado e esclarecido sobre a localização da referida “Boca de Entorpecentes”, encaminha-se, desta feita direcionada corretamente a Ordem de Serviço à Divisão Especializada responsável por respectivas diligências... O incompetente do “Pastel” não conseguia entender, sofrera tanto naqueles dias, procurando uma solução, uma forma da Dise fugir às suas obrigações... e ai lhe vem o Dr. Pedro Paulo, como sempre conseguindo inteligentemente, ardiloso e com toda a astúcia, desobrigar a todos da Dise de participarem daquelas operações “Kamikaze” de auto – suplicio, de autoflagelação, de puro e verdadeiro suicídio... Empurrando ainda, definitivamente tudo aquilo para a recém montada Divisão de Inteligência, que mal estruturada e inexperiente jamais conseguiria enfrentar a Organização Criminosa de “Grillo”, da qual todos eles participavam ativamente com a omissão de seus deveres e de suas obrigações profissionais. O Delegado Divisionário respira fundo... junta a fita, toda a documentação, material da Ordem de Serviço, os ofícios de praxe e os encaminha novamente ao Diretor do Departamento... O Dr. Hélio Recupero da Silva Amaro, o “Heresia”, no outro dia, quando toma conhecimento dos fatos, desta feita se sentiu muito feliz com a astúcia de seu adversário político... Os Policiais da Divisão de Inteligência eram considerados a escoria do Denarc, jamais conseguiriam qualquer tipo de resultado positivo frente a uma Organização Criminosa tão bem estruturada como a de "Grillo", que com seus “soldados”, treinados, fortes e destemidos iriam passar como um “tanque de guerra”, atropelando, massacrando, passando por cima de toda a Divisão de Inteligência... O Diretor do Departamento pessoalmente, entregou a Ordem de Serviço ao Delegado Titular da Divisão de Inteligência, o Dr. Ermenegildo, lhe entregou o material e descaradamente estendendo a mão, lhe deu os pêsames, afirmando que: Sentia muito, pois, sabia que muitos policiais da Divisão de Inteligência iriam morrer no exercício de suas funções, no cumprimento do seu dever... O Dr. Ermenegildo experiente e perspicaz notou o sarcasmo, sentiu o pouco caso e registrou a velada ameaça, inteligente, disse que procuraríamos ser cautelosos... Mas, Homem que nunca levou um desafora para casa, avisou: Que, o Diretor do Departamento ficasse certo de uma coisa, o trabalho seria prontamente realizado... Outro Diretor do Departamento de Narcóticos que tivesse relações com o narcotráfico, sabendo que a Organização Criminosa, com a qual mantinha estes laços seria investigada, por especialistas do próprio Denarc, ficaria no mínimo preocupado... O “Heresia” contudo não conhecia o que era “o medo”, este sentido natural não fazia parte da sua forma de raciocinar e de assimilar os fatos que ocorriam a sua volta... Seus crimes, seus assassinatos, seu envolvimento com a Organização Criminosa simplesmente não faziam com que não registrasse esta normal situação humana... Para alguns era o que poderíamos classificar como um “homem de gelo”, para mim era simplesmente um doente psicopata, totalmente insensível e desequilibrado. “A REAÇÃO DENTRO DA DIVISÃO DE INTELIGÊNCIA” O Chefe Belizário, coitado, não saia do banheiro, a disenteria nervosa era uma constante, a úlcera gástrica e a complicação diária do problema das hemorróidas, parecia que juntas iriam inutilizá-lo para todo o sempre. Num arroto de esperteza, o covarde, pensou em pedir férias, afinal de contas, se encontrava enfermo, doente... muito doente... Tarde de mais... O nosso Delegado Titular, o Dr. Tapuitinga fora mais rápido e já se encontrava com férias marcadas, a mais de três meses, viagem agendada, passagem aérea e estadia pagas e confirmadas no melhor hotel de Maceió – AL... Não dava para desmarcar e perder todo o dinheiro investido, o distinto Delegado e sua família aguardavam a mais de cinco anos por aquele período de férias, já merecido por todos e realmente, o que não era comum naquele Departamento de Polícia, conquistado somente com o suor do seu trabalho... Iríamos ficar um mês inteiro sob o comando e direção do corajoso, destemido e trabalhador contumaz do “Carteira Preta”. Muitos dos Investigadores de Polícia, a princípio reclamaram, já não tínhamos um “Chefe dos Investigadores” que pudesse nos orientar, ficar numa hora dessas sem a nossa “Base Estrutural” a nível moral e emocional, que era o nosso Delegado Titular, e o respeito e a dignidade que representava junto ao Judiciário e a Promotoria Pública, era realmente coisa para se pensar... E, foram estes que apreensivos, temerosos e desconfiados de tudo e de todos, qualificaram o Dr. Tapuitinga como um covarde! Eu, particularmente, que o conheço muito bem e sou seu “Fã de Carteirinha”, não acredito nisto de jeito nenhum, entendo que não tenha a princípio dado aos fatos à importância merecida... Que não tenha atinado quanto a grande influência que tinha junto aos seus Investigadores de Polícia e o quanto era de importância fundamental sua presença para a realização de nossos trabalhos. Que inocentemente menosprezou o conceito elevado e a consideração da qual era merecedor por parte de todos os seus subalternos... Que não tenha dado as suas próprias orientações, o devido crédito que todos ali lhe consideravam merecedor impar... Ou melhor ainda, acredito que aquela era a hora e a vez do “Carteira Preta” mostrar para todos do que era capaz de realizar sozinho e sem a ajuda de seu ninguém... Importantíssimo aqui relatar, o Dr. Carlos Alberto Augusto foi o único que nunca se abalou, em nenhum momento permitiu a descrença, ou que algum dos componentes do grupo cogitasse da impossibilidade de cumprirmos fiel e integralmente a nossa missão... Para ele, nada havia mudado, desde quando assumiu o cargo de Delegado de Polícia teve de se superar sempre, ultrapassando os próprios limites a cada nova missão, vencendo a incredibilidade da própria Instituição Polícia Civil, pois para ela, nenhum homem que houvesse exercido a função subalterna de Investigador de Polícia poderia demonstrar capacidade para bem exercer o digno cargo de Delegado de Polícia. Desprezando a má vontade e a falta de cooperação, a preguiça para o trabalho associada ao desejo ardente de não permitir que os outros trabalhem e cresçam e principalmente a covardia para a ação enérgica e decisiva, foi a determinação do meu amigo “Carteira Preta”, que faria o Diretor do Departamento de Narcóticos, engolir a expressão de condolência pela futura morte dos Investigadores de Polícia da Divisão de Inteligência, o único que se deparou com o infortúnio de seus propósitos, foi o próprio bandido do Diretor, que com o cumprimento de suas próprias ordens, viu secar a teta na qual por tanto tempo mamou e se regalou... Enquanto isto, juntas as quatro Delegacias da Dise, organizavam uma “Festa Churrasco”, para comemorar o heróico feito do Doutor Pedro Paulo da Silva Telles de Miranda... Nós, os Investigadores de Polícia da Divisão de Inteligência, ali no mesmo andar do prédio, nos reuníamos com o Dr. Carlos Alberto Augusto, que assumia as responsabilidades do cargo de Delegado Titular e devido à incapacidade do frouxo do Belizário, ainda teve de suprir suas primarias deficiências... Era o Delegado Titular e ao mesmo tempo o Chefe dos Investigadores de Polícia... Sempre sorridente e debochado, afirmava que ali não havia nenhuma boiada a caminho do matadouro... Que o Dr. Pedro Paulo da Silva Telles de Miranda, ao assinar aquele ofício, propondo fosse encaminhada a Ordem de Serviço para a Divisão de Inteligência, assumiu publicamente sua falta de capacidade e de idoneidade moral, de sua Delegacia e de toda a Dise... Que nada tínhamos a temer... Porque, se Deus na sua infinita sabedoria, usando as forças do próprio Diabo e de sua “Legião de Anjos Decaídos”, havia colocado aquela Organização Criminosa em nossas mãos, por sua Bondade e Misericórdia, já teria decidido, que a carreira criminosa de “Grillo” e de seus “soldados” estavam com os dias contados... E, estava mesmo! Definitivamente iríamos coloca-los atrás das grades, para o cumprimento das penas a serem decretadas. Nós, com certeza, seríamos os vencedores, se não nos esquecêssemos que não poderíamos contar com o apoio do Departamento, pelo contrário, tudo fariam para que frente ao menor de nossos erros pudessem nos crucificar... Que tínhamos que entender que para o Diretor do Departamento nós, os componentes da Divisão de Inteligência, é que éramos os seus adversários e os seus piores inimigos... O “grupo” teria de permanecer fechado... Nossa base seria usada somente para as reuniões e como local para a realização dos flagrantes... Os telefones da Divisão de Inteligência não deveriam ser usados nunca, para se falar sobre aquele serviço em particular, uma vez que com certeza já estariam “grampeados” por nossos fieis amigos da Dise... Quando nas “Casinhas” em nenhum momento aceitaríamos ajuda ou o apoio de outras unidades policiais... Todos deveriam ser vistos como suspeitos de envolvimento com a Organização Criminosa e então ser solicitado que colaborassem, saindo da área de influência da Operação Policial, o mais rapidamente que lhes fosse possível... Nenhuma informação sobre o andamento da “Operação Grillo” poderia chegar a Dise e mesmo para os nossos melhores amigos ou familiares, falar sobre aquela operação policial estava definitivamente proibido... Das dez equipes iniciais, o grupo passou a ser dividido em seis equipes. Precisávamos estar mais próximos e ao mesmo tempo nos protegendo mutuamente, trabalhávamos todos juntos e simultaneamente interagindo em vários pontos diferentes, todas as equipes se encontravam diariamente em nossa Base Operacional, durante o horário de expediente agíamos normalmente, realizávamos nossos trabalhos costumeiros, efetuávamos outras prisões, sem ligação com as “Casinhas”, procedíamos como se a “Operação Grillo” ainda não existisse... Delegados e colegas da Dise, que “preocupados”, perguntassem sobre a “Ordem de Serviço”, eram imediatamente “informados”, quando dizíamos que estávamos cautelosos e que esperávamos o retorno do nosso Delegado Titular, do Dr. Tapuitinga, que então reassumindo suas funções, determinaria os procedimentos iniciais a serem seguidos... Os risos e os deboches eram uma constante, tinham como certa a nossa estagnação e estavam crentes de nossa incapacidade... Às 18:00 (dezoito) horas já não se encontra ninguém dentro das Delegacias da Dise, os Delegados retornam ao aconchego dos seus lares, os Investigadores de Polícia se desdobram, trabalhando ininterruptamente na caça aos criminosos traficantes... Após este horário, somente uma equipe, formada por um Delegado, três Escrivães e dois Investigadores de Polícia, permanecem nas instalações da Dise, em um local destinado ao Plantão Policial, reservado unicamente as elaborações dos Autos de Prisão em Flagrante, ocorridos neste período noturno e/ou quando dos finais de semana e feriados, efetuados pelas equipes das quatro Delegacias da Dise, tirando-se estas ocorrências eventuais o prédio ficava totalmente deserto... E, era neste período de total isolamento, que em nível de planejamento e organização nos dedicávamos exclusivamente à “Operação Grillo”. Aí sim, informações colhidas junto aos nossos contatos, levantamentos de antigos “flagrantes” realizados no local, placas de veículos, usados pelos componentes da Organização, enfim somávamos todas as informações que pudessem de alguma forma nos ajudar a efetuar a prisão dos componentes daquela Organização Criminosa... Mapeamos toda a região das “casinhas”, anotamos possíveis pontos de observação e incorporamos ao mapa as “informações criminais” que nos foram sendo passadas; Vigiávamos, filmávamos e fotografávamos o local 24 horas por dia, e assim com o passar do tempo e com o acumulo de dados, passamos a identificar as pessoas, inocentes moradores, traficantes, viciados, “soldados”, carros, bicicletas, “pipas”, esconderijos, pontos de fuga, armamento, formas de cumprimentos entre os elementos pertencentes ao grupo, roupas normalmente usadas, qual era a moda do local, quais eram os seus costumes, horários e turnos de trabalho dos “soldados”, pontos comerciais próximos das “casinhas” envolvidos com o tráfico, comerciantes vinculados ao narcotráfico e qual o papel de cada um na Organização Criminosa, como apoiavam e de que forma auxiliavam os traficantes... Quem eram os seus cúmplices “Advogados”, se podemos assim chamar um homem que concluiu o curso de Direito e que se vende, cumprindo religiosamente um horário de trabalho, de 08(oito) horas por dia, na porta de um bar, no interior do “Conjunto Habitacional”, e que passa este tempo ali à espera de alguma “ação policial”, quando então interferiam a favor de seus patrões, ou seja, os traficantes pertencentes à Organização Criminosa de “Grillo”... Localizamos as residências dos traficantes, que na sua maioria somente “trabalhavam” nas “casinhas”, para morar preferiam um outro “Conjunto Habitacional”, que se localizava nas proximidades identificado como “Mangue”... Com muita tristeza me recordo dos Policiais que identificávamos, que se dirigiam ao local para a compra de drogas, eram pobres seres humanos, homens e mulheres, funcionários públicos com a missão de coibir a criminalidade, mas que por inúmeras razões da vida pessoal e profissional, foram subjugados e se deixaram envolver... Como viciados, viviam humilhados, mendigando aos traficantes do local a esmola do veneno da droga... Mas, de tudo o que mais me chamou a atenção e que revoltou a todos da Divisão de Inteligência, foi o “trabalho escravo das crianças”, que eram obrigadas a servirem as ordens de “Grillo” e de seus “soldados”, já a partir dos 11(onze) anos de idade... Isso realmente atingia a todos, impressionava e ao mesmo tempo nos estimulava, tínhamos que colocar “Grillo” na cadeia... A DIVISÃO DE INTELIGÊNCIA FICOU ASSIM DIVIDIDA: FALCÃO 10 DR. ERMENEGILDO MIGUEL ENDRES DELEGADO DIVISIONÁRIO DA DIVISÃO DE INTELIGÊNCIA FALCÃO 11 DR. TAPUITINGA JOSÉ DA SILVA DELEGADO TITULAR DA 1º DELEGACIA DA DIVISÃO DE INTELIGÊNCIA DO DENARC FALCÃO 12 DR. CARLOS ALBERTO AUGUSTO (CARTEIRA PRETA) DELEGADO ASSISTENTE DA 1º DELEGACIA DA DIVISÃO DE INTELIGÊNCIA DO DENARC FALCÃO 13 SR. BELIZÁRIO REGINALDO DE CARVALHO CHEFE DOS INVESTIGADORES DA 1º DELEGACIA DA DIVISÃO DE INTELIGÊNCIA DO DENARC FALCÃO 14 GRUPO DE APOIO ADMINISTRATIVO DA CHEFIA DOS INVESTIGADORES DA 1º DELEGACIA DA DIVISÃO DE INTELIGÊNCIA DO DENARC WILLIANS – CHEFE DA EQUIPE SÉRGIO FALCÃO 15 GRUPO DE APOIO E SEGURANÇA OSTENSIVA CARVALHO SANT`ANNA – CHEFE DA EQUIPE ARMANDO BEI RAQUEL TESSER DE LACERDA PAULO MESQUITA DA COSTA OLIVEIRA FALCÃO 16 GRUPO DE APOIO E SEGURANÇA OSTENSIVA BRÁS GONÇALVES – CHEFE DA EQUIPE OLÍMPIO LINHARES NELSON JOAQUIM VIEIRA JOSÉ AUGUSTO DALMAM FALCÃO 17 LEVANTAMENTO, QUALIFICAÇÃO, ARQUIVO E TRIAGEM DE INFORMAÇÕES (Mensalmente como castigo um dos componentes assumia o cargo de chefe da equipe, era obrigado a se relatar ao Chefe do Investigadores, assumindo a responsabilidade por todas as atitudes tomadas que fossem consideradas inadequadas pelo Sr. Belizário.) HELENO RODRIGO FALCÃO 18 GRUPO ESPECIALIZADO EM ARMAS, GRUPO DE ASSALTO E ABORDAGEM MARCO – CHEFE DA EQUIPE FALKENBERG JOSÉ CARLOS POCHINI JULIÃO FALCÃO 19 GRUPO ESPECIALIZADO EM ARMAS, GRUPO DE ASSALTO E ABORDAGEM JORGE SAMPAIO – CHEFE DA EQUIPE LUIZ ANTÔNIO DI LORENZO BENTO PEREIRA “UMA MENINA CHAMADA KETTY MAHONNE” Um Investigador de Polícia do Denarc, quando investiga uma “Boca” e em determinado momento “cruza” com um outro Investigador de uma outra equipe, ambos ao observarem tal situação se retiram do local, procurando assim não tomarem atitudes precipitadas que possam de uma forma ou outra interferir nas investigações da outra equipe, posteriormente, fora do local dos fatos, ou melhor ainda quando no Departamento, iriam se reunir e decidir qual a equipe que daria prosseguimento às diligências naquele local. Portanto, nenhuma equipe de Investigadores de Polícia da Dise, todos sabendo da operação policial iminente, se aproximavam das “Casinhas”, já os Investigadores de outros Departamentos, quando não eram conhecidos dos Investigadores da Divisão de Inteligência, acabaram sendo filmados e fotografados, ali naquele local, inclusive fazendo uso de entorpecentes, “cheirando” cocaína e fumando maconha! Foi o caso, por exemplo, de uma Investigadora de Polícia da Cidade de Santo André, que era conhecida pela alcunha de “Ketty Mahonne”, muito jovem, somente com 23 anos, Bacharel em Direito, 3 anos na carreira policial, descendente de uma família muito rica e infelizmente mal estruturada. Ketty aos 17 anos, já cursava a Faculdade de Direito, e lá junto aos seus novos colegas de classe foi apresentada à maconha e posteriormente à cocaína, de lá para cá, se tornaram amigas íntimas e confidentes... Procurando desculpar-se, afirmava não ser viciada, que somente usava nos finais de semana e que, na verdade, não vinha buscar a cocaína somente para ela, mas sim para um grupo de amigos, que costumeiramente consumiam a droga, que ela adquiria, em sua residência, para descontrair e assim saiam “para a balada” e se divertiam “na noitada” sem maiores preocupações... É claro que, quando deu esta declaração, já se encontrava drogada e fora de si... Se assim não fosse, jamais o faria, uma vez que não justificava o seu estado, não atenuava a pena que poderia lhe ser imposta, caso fosse presa em flagrante por porte de entorpecente, conforme descrito no art. 16 da Lei Federal n.º 6368/76 e ao contrário, suas declarações tipificavam seus atos como inclusos no art. 12 da Lei Federal n.º 6368/76, que trata sobre o “Tráfico de Entorpecentes”, crime hediondo e inafiançável, caso tivesse sua prisão assim qualificada seria condenada a uma pena mínima de 03(três) anos. Coitada, dava dó, e foi muito triste presenciar humilhante e constrangedora situação... Ao ser abordada, já a havíamos cuidadosamente observado e sabíamos que estava armada... Quando saia do “Conjunto Habitacional” foi detida, em uma operação realizada pelos Falcões 18 e 19, equipes montadas com especialistas em armas e munições, destinadas a operações de abordagem, assalto e interceptação... A colega doente foi dominada e jogada na calçada, obrigada a permanecer ali deitada e devido a sua insistente e estonteante beleza, foi maliciosamente apalpada durante toda a revista pessoal, até que, além da arma “fria” e das 50(cinqüenta) gramas de cocaína solta, também localizamos sua porta funcional e o distintivo da Polícia Civil do Estado de São Paulo... Ficou psicologicamente subjugada, seu rosto estampava a mascara do autômato viciado, com sérios problemas de programação.... Estava na “nóia” e se comportava como um “Zumbi”... No seu estado de desespero, refletia o total desinteresse e a falta de um compromisso com a vida, que davam lugar a uma obsessiva procura continua e permanente pela própria morte... Ela somente queria morrer... Não lhe interessava permanecer padecendo a inutilidade de uma vida vazia, a qual não se acreditava capaz de superar... A situação lhe deixou desorientada, com atos e atitudes infantis, quando ainda inexperiente, acreditou que fossemos da Corregedoria da Polícia Civil... A INCOMPETENTE “corregedoria” DA POLÍCIA CIVIL Dentro da corregedoria da Polícia Civil, não havia “Homens” com “H” maiúsculo, ou melhor ainda, “Policiais” com “P” maiúsculo..... Local destinado exclusivamente a uma casta inferior de “policiais” , “puxa-saco”, “sem-vergonha”, “incapazes”, “covardes” e “incompetentes”...... Um verdadeiro “amontoado”, daqueles que, sem a menor capacidade de desenvolverem o digno trabalho policial nas ruas da Capital Paulistana, afilhados políticos do “seu isso” ou ainda do “seu aquilo”, às vezes ainda “cururus” de tudo, recém saídos da Academia de Polícia... Tomavam como sua a responsabilidade e a missão de simplesmente “condenarem” a todos os dignos Policiais envolvidos por um motivo ou outro, em denuncias mentirosas de crimes.... Nunca assumindo a condição ou o caráter de responsáveis por investigarem destemidos e resolutos, todas as denúncias que lhes fossem direcionadas.... De forma a apresentarem sempre, única e exclusivamente, a verdade sobre os fatos, doa a quem doer, condene a quem condenar, contudo absolvendo a quem de direito e deixando claro para todos da Sociedade nestes casos a inocência daqueles que acusados injustamente foram criteriosamente investigados, sendo comprovada por ela a própria “corregedoria da Polícia Civil” a sua inocência...... Assim e somente assim estariam cumprindo realmente com a sua principal obrigação, que é apresentar unicamente a verdade... Isto não é tão difícil assim... Devido à forma como as informações lhes chegam e a estrutura que possuem, obrigatoriamente deveriam apresentar excelentes resultados... O Departamento da corregedoria da Polícia Civil é o único Departamento Policial que tem toda a estrutura necessária para o desenvolvimento e o exercício pleno de suas funções... Departamento onde os privilegiados e os privilégios se aglomeram... Ficando a vista de todos as diferenças estruturais fornecidas e os recursos financeiros encaminhados aquele Departamento... Ninguém aqui pede que os recursos encaminhados a corregedoria sejam desviados para este ou para aquele outro Departamento Policial... Gostaríamos somente que o mesmo critério fosse igualmente usado com todos os demais Departamentos... Entendemos inclusive, que todos os policiais, como os da corregedoria, deveriam ter o seu horário de trabalho, e as mesmas condições para o exercício de suas funções, incluindo-se aqui o fornecimento de modernos equipamentos e todos os demais materiais necessários ao pleno desempenho de nossas funções. Mas, justamente devido a estas diferenças e a possibilidade única de com o apoio do Estado, perseguirem sem controle e sem limites, aos demais Policiais da Instituição Polícia Civil do Estado de São Paulo, direcionam e aglutinam em suas Delegacias os maiores covardes e os maiores incompetentes de toda a Polícia Civil... Elementos que deveriam ser rigorosamente escolhidos, em função de sua comprovada experiência, idoneidade moral e sentimento de justiça a toda prova, são aqui vergonhosamente substituídos pela covardia, pela incompetência e principalmente pelo sentimento de vingança... E, justamente por todos estes motivos, tenho certeza de que na história de pusilanimidade e de perseguição aos Policiais Operacionais, a corregedoria da Polícia Civil nunca colocou suas patas miúdas, de reles animal inferior e pequeno, nem mesmo sua “carinha sonsa” de “cortesã deslavada”, em um local perigoso como as “Casinhas”... Ali realmente não era um local onde pudéssemos encontrar elementos da corregedoria em seu trabalho, já para a compra e para o consumo de cocaína, iríamos conhecer durante aquela Operação Policial, alguns dos seus nobres representantes... E assim, imediatamente, uma vez que não existe maior vergonha para um verdadeiro “Policial Civil”, do que ser confundido com os “Vermes da Corregedoria”... Os heróicos Falcões 18 e 19 se identificaram.. “O Homem nesta vida é um eterno aprendiz e a dor é como a enxada um dos nossos professores, no seu papel de emissário do Mestre Divino..... Ninguém conhece a si mesmo enquanto não tiver vencido esta prova, enquanto não superar pacientemente mais esta expiação...” Compreendendo Ketty Mahonne ter sido presa por equipes do Denarc, a pobre viciada viu a “viola em cacos”... Emergindo do fundo d`alma, surge a menina órfã abandonada e carente, desprezada pela ausência da família, incompreendida pela sociedade madrasta, e finalmente aceita e adotada pela Organização Criminosa de “Grillo”. E, foi assim apavorada que a conhecemos, tomada por um estado de extremo descontrole e desespero... Queria cavar um buraco e se enterrar... Desesperada notou que havia esquecido de trazer a pá... Inteligentemente humilhada e cirurgicamente atingida nos seus pontos nevrálgicos... Desatou a chorar... e a falar... a falar... e foi assim contando tudo o que sabia sobre a Organização Criminosa, sobre “Grillo” e sobre a família do traficante, sobre as “casinhas”, sobre os seus “soldados”, sobre tudo o que sabia e tinha conhecimento. Nos explicou que conhecia o local já há 06 anos, sendo que nos 02 últimos anos, foi a namorada de Jéferson, o irmão caçula de “Grillo”, que era o responsável pela administração do Super Mercado, localizado no interior do “Conjunto Habitacional”, e principalmente pela coleta e “limpeza” do dinheiro arrecadado ali com a venda de entorpecentes. De viciada esporádica, aquela que consome somente nos finais de semana, da noite de Sexta – Feira até à noite do Domingo, devido à facilidade, a qualidade e a fartura da cocaína e da maconha que Jéferson lhe dava, havia transformado – se em uma consumidora diária e foras do inimigo entorpecente. Quando, então, foi trocada por “Carla”, sua melhor amiga, que conheceu como caixa no Super Mercado, moradora das “Casinhas”, somente com 17 anos de idade, uma pobre criança viciada... Que, perdeu o emprego mas ganhou o namorado da melhor amiga e tudo o que conseguisse consumir de cocaína, enquanto fosse a amada do Dono do Mercado, do “Coletor de Impostos”, da primeira fachada que “Grillo” criou e desenvolveu para a legalização de sua suja fortuna. “Jéferson” alegava categoricamente que não era traficante, que não pertencia a Organização Criminosa, que nada tinha a ver com seu irmão “Grillo”, que era simplesmente um comerciante muito bem sucedido, o que provocava a paixão de muitas moças e a ira e o ciúme de outras tantas pessoas invejosas e faladeiras. Ketty continuava a falar sem parar, explicava que o carro do traficante tinha um fundo falso no porta luvas, local onde “Jéferson” sempre guardava porções da droga, para presentear amigos e namoradas! Pronto, este já era macuco no embornal, era só esperar o momento certo e efetuar uma “revista” com Autorização Judicial no Super Mercado, no carro e pessoal no criminoso. Informou que conhecia as casas que “Grillo” tinha no “Conjunto Habitacional”, cada casa com uma de suas cinco mulheres, que conhecia as casas das duas irmãs, dos dois irmãos e do tio de “Grillo”, todos envolvidos diretamente na administração dos bens da Organização Criminosa. Que conhecia a residência de “Hércules” e duas das casas de “Madureira”, relatava que “Crespaldo” não fazia parte da Organização Criminosa, que na verdade era um doente viciado como ela, fazia de sua presença constante no local, uma forma de ganhar pequenas porções da droga, como presente do “Grillo”. “Madureira” enciumado, não aprovava a amizade e quando do acordo com os Delegados da Dise, teria posto “um fim” na relação, “Crespaldo” foi imediatamente desligado do Denarc, sendo transferido para uma Delegacia no extremo da zona sul, ameaçado e jurado de morte por “Negão – O Coisa Ruim”, caso retornasse às “casinhas”, nunca mais voltando a ser visto naquele “Conjunto Habitacional”. Mahonne apresentou a rede de “Lojas de Automóveis” vinculadas à Organização Criminosa, conheceu todas, quando “Jéferson” pedia que o acompanhasse, enquanto fazia a recolha das importâncias referentes à participação da organização. Apresentou os Desmanches, o Haras, foi juntamente com nossa equipe a todos os locais indicados, reconheceu através das filmagens e do álbum de fotografias, todas as pessoas que conhecia e foi principalmente com sua ajuda que, sem exceção, todas as casas do Conjunto Residencial foram pesquisadas, catalogadas, filmadas e fotografadas. Em uma dessas operações de reconhecimento, levantamento e coleta de informações, nos encontramos com “Carla”, às 05:00 horas da manhã, que voltava de uma “festinha”, desacompanhada, bêbada e drogada... Ketty que nos acompanhava e a reconheceu prontamente, disse que seria uma boa idéia se efetuássemos uma revista na “traficante- viciada”... O Falcão 18, que nos acompanhava a pouca distância, recebeu a nossa solicitação de abordagem... O Falcão 19, que se posicionava como um verdadeiro escudo protetor à nossa frente, manobrou e colocou-se como o terceiro veículo do comboio, ficando mais atrás, já a uma certa distância, com a responsabilidade de proteger assim as outras equipe em seu trabalho. Enquanto isso a nossa equipe, agora o primeiro carro do comboio, acompanhava a operação, funcionando como base operacional, monitorando e gravando a comunicação entre os rádios transmissores que usávamos, acompanhávamos ainda as freqüências da Polícia Militar, da Polícia Civil, do Denarc, e uma faixa que combinamos com as demais equipes da Divisão de Inteligência para ser usada exclusivamente no desenvolvimento daquele trabalho e ao mesmo tempo, juntamente com a Investigadora de Polícia Ketty Mahonne, nos posicionávamos, na viela “aparentemente” deserta de forma a também protegê-los, de um eventual ataque surpresa, por parte dos “soldados” de “Grillo”. “Carla” desfilava... Aparentemente andando nas nuvens, ria e sorria de si mesma e da própria vida... Enquanto chacoalhante, com o seu jeito dengoso, característico das mais belas mulatas brasileiras, rebolava e rebolava as cadeiras, enquanto calmamente descia a pequena ladeira... Quando, somente então, notou a aproximação do carro importado... Oferecida e debochada, se apresentou como traficante, perguntando aleatoriamente: • Quanto “papel” vai , Gato? Vem aqui conversar com a “mamãe” ! Vem... (dizia sorrindo) Experiente, o Investigador Marco notou a oportunidade de um contato mais decisivo e não se fez de arrogante... • 50 (cinqüenta) gramas de pó e uma noite de prazer com a “Carla”, a garota mais linda que já trabalhou aqui, aproveitando a oportunidade, é claro, em que o seu eterno namorado o “Jéferson” já esta dormindo... (respondeu Marco também sorrindo) • Eu quero é que o “Jéferson” se dane, ele e aquela traidora sem vergonha que é a nova namorada dele... (completou “Carla” revoltada e despeitada quanto à nova troca de namoradas). Marco já havia descido do carro, acendeu um cigarro “Marlboro”, a marca oficial do Denarc, oferecendo outro para “Carla”, pegou duas cervejas “Brahma”, que trazia na geladeira do carro, e perguntou se naquele horário ainda se vendia cocaína de “cara solta”, precisava servir a “burguesada” que estava naqueles carros que o acompanhavam, apontando desassombradamente os dois veículos do comboio?! “Carla” disse que àquela hora na “boca” não poderia encontrar cocaína “solta”, somente a já confeccionada em “papelotes”, mas que ele voltasse no outro dia, quando então ela mesma poderia lhe servir, uma vez que, agora, já que não namorava mais com o “filho de uma boa mãe do Jéferson”, voltou a trabalhar na sua função anterior : “Aviãozinho da Boca”... Tudo culpa da desavergonhada da sua prima “Maristela”, que acabara de chegar do Ceará... Bem que sua mãe lhe havia avisado.... A família de “Grillo” era maldita, sua mãe sabia de tudo, foi uma das primeiras moradoras do “Conjunto Habitacional”, por ela, a família sumia de vez, abandonava tudo e ia embora para um lugar bem longe dali, bem longe de “Grillo” e de tudo o que lhe lembrasse do narcotráfico... Marco deixou com ela o maço de cigarros “Marlboro”, lhe serviu mais uma “Brahma”, entrou no carro conversível e ainda abraçado a Carla, confirmou: Volto amanhã, venho para buscar você e as 50 gramas... Sorria solto e faceiro, piscou maliciosamente e lhe mandou um beijo na boca, travesso, intrometido, quente e desaforado... O encontro estava marcado, Marco representava ali toda a Divisão de Inteligência, faríamos de tudo para cumprir sua promessa... “P.O – O PONTO DE OBSERVAÇÃO” De um dos pontos de observação que utilizávamos se via todo o “Conjunto Habitacional”; Era um local utilizado como depósito clandestino de lixo e entulhos... O proprietário colocara uma placa informando que aceitava entulho... Queria manter o nível da rua em toda a sua propriedade... O terreno de frente para uma das ruas do bairro, terminava nos fundos ao nível do rio e do “Conjunto Habitacional”, com uma diferença de no mínimo 10 (dez) metros, entre um ponto e outro, servindo assim magnificamente aos nossos objetivos. O local era freqüentado por mendigos e catadores de papel, papelão, litros, garrafas, vidros, ferros, alumínio, plásticos e etc... O grande inconveniente era a vizinhança que jogavam ali qualquer tipo de lixo, residenciais, industriais e para complicar, ainda ateavam fogo... O mau cheiro e a fumaça eram insuportáveis... Trabalhávamos ali procurando nos identificar com as demais pessoas que freqüentavam “O Lixão”... Não poderíamos chamar a atenção ou ser por menor que fossem os detalhes, diferentes... Então, não usávamos mascaras e nos vestíamos com o que convencionamos chamar de “Nosso Disfarce de Menestrel”, eram as conhecidas “roupas de mendigos”... O que proporcionava, devido à insalubridade do local e as companhias que tínhamos, uma dificuldade maior ao trabalho de observação... Todos nós tínhamos grandes dificuldades para permanecerem um tempo maior naquele local... Certo dia, contudo o problema de observação, naquele determinado ponto, que já assumia as maiores dificuldades, exigindo um maior desprendimento e total espírito de cooperação... Tornou-se praticamente insuportável... Uma conhecida empresa multinacional despejou ali uma mistura química, que com certeza tinha como um dos seus componentes o “enxofre”... “Aí a coisa ficou preta”, teve mendigo freqüentador assíduo do “lixão”, que pediu o boné e foi-se embora “de mudança”, nunca mais voltando ao local... No nosso grupo as queixas e as reclamações tornaram-se uma constante e o que era muito pior, desgastantes para o relacionamento e para o entrosamento de todas as equipes... O Investigador de Polícia Heleno, foi o único que permanecia o tempo todo ao meu lado sem reclamar... e assim assumimos como nossa responsabilidade aquela parte da “Operação Grillo”... Tínhamos uma visão total e completa de toda a área, passamos devido à posição em que nos encontrávamos em observação, a coordenar as operações de interceptação e prisão dos viciados, comíamos, bebíamos, passávamos ali todo o dia e “dormíamos” naquele local... Conversávamos e procurávamos cativar a amizade dos seus freqüentadores, pedintes, catadores, bêbados e mendigos, desocupados e todos os demais pobres e excluídos “moradores de rua”... E, foi assim disfarçados e infiltrados neste “meio” que observávamos, filmávamos, fotografávamos, monitorávamos e nos comunicávamos com as demais equipes, responsáveis por “dois perímetros de isolamento”, que criamos em torno das “Casinhas”... Não se entrava ou se saia daquele local sem a nossa observação... As informações foram se somando e a Organização Criminosa de “Grillo” desmoronando, examinávamos assim com minúcias ali a inexistência da figura “Organização Criminosa”, registrando seus contatos e suas articulações, seus elementos e seus comparsas co-autores, notávamos e observávamos, com todas as evidências o Estado ausente e inoperante, vislumbrávamos uma falsa e inexistente Segurança Pública fruto de um Governo Estadual, infelizmente neste item incompetente, covarde e totalmente medíocre... “A TRAFICANTE CARLA” “Carla”, depois de romper o namoro com “Jéferson”, passou a ser a responsável por um dos pontos de venda de cocaína, das 18:00(dezoito) horas às 24:00 (vinte e quatro) horas, chegava ao local normalmente com uma hora de antecedência, acertava os valores que haviam ficado pendentes na noite anterior, com quem estivesse naquele dia, gerenciando a “Boca” e recebia uma nova remessa de papelotes de cocaína, para começar a “trabalhar”... Escondia parte dos papelotes, em locais previamente combinados e ficava com 02 ou 03 “papel de 10” consigo.... Se por ventura fosse presa, afirmaria ser somente uma viciada que saia da “Boca”, sendo então indiciado no art. 16 e não qualificada como uma “traficante”. Naquele dia combinado, a observávamos e deixamos que assumisse normalmente suas funções e somente depois de termos capturado em flagrante delito, dois viciados, que tinham comprado cocaína de sua mão e que depois de presos, quando interrogados no local da prisão, confessaram tudo na presença de duas testemunhas, alheias aos quadros policiais e residentes em locais distantes da região das “Casinhas”... Foi que o Investigador Marco recebeu a ordem para que efetuasse a “compra” conforme combinado no dia anterior. Todo o dinheiro que usávamos já havia sido xerocopiado, as cópias xerox ficavam na Divisão de Inteligência, prontas para o confronto com o dinheiro usado para a “compra” do material entorpecente, era o resultado de uma “caixinha” organizada pelos Investigadores de Polícia da Divisão de Inteligência, o Chefe dos Investigadores, os Delegados de Polícia e o Departamento de Narcóticos nunca participaram com nenhum tipo de ajuda. “ANALISEMOS JUNTOS ESTE PEQUENO DETALHE” Quando um Delegado novo entrava no Departamento, era obrigação do Chefe dos Investigadores, apresentar as equipes e assim informá-lo, deixando-o a par das Operações Policiais em andamento e das que se encontravam em vias de serem implementadas, com a descrição de prazos para a sua execução e quais suas necessidades estruturais, financeiras e orçamentárias. Costumeiramente, sugeríamos que a Autoridade Policial nos auxiliasse, que participasse organizando uma “caixinha”, ou que colaborasse com parte da quantia necessária a “compra” do material entorpecente.. No outro dia, o Chefe dos Investigadores, afirmando estar cumprindo determinações superiores, nos comunicava que estávamos todos liberados, para de alguma maneira “levantarmos” a quantia necessária. As equipes de “pseudopoliciais” saiam a caça, procurando efetuar algum tipo de “acerto” ou de “acordo” junto aos mais famosos traficantes da cidade, que assim sempre foram os únicos beneméritos que continuamente contribuíam financeiramente para o efetivo combate ao narcotráfico... Diferenciavam-se de tantos outros beneméritos de nossa Cidade, que sempre foram exigentes quanto a Comandas, Condecorações, Títulos da Nobreza e o mais importante, quanto ao estardalhaço publicitário com a obrigatória presença maciça da imprensa e de toda a mídia radio e televisiva... Estes filantropos, caridosos amigos que auxiliavam no combate ao narcotráfico, pelo contrário pediam silêncio e exigiam sigilo absoluto, não queriam ser reconhecidos e que ninguém nunca soubesse de sua bondosa contribuição... Cada equipe tinha um método próprio para financiar as Operações Policiais que realizava, suas diligências e viagens por todo o Brasil e inclusive ao Exterior, somente os Delegados do Denarc e os da Corregedoria não enxergavam ou tinham “$BONS$ $MOTIVOS$” para não se preocuparem com isso. Afinal de contas, um fato tão pequeno, não é verdade? Irrisório, sem a menor importância, não é mesmo?... “A PRISÃO DE CARLA” Com todos os Investigadores de Polícia da Divisão de Inteligência do Denarc posicionados e prontos para interferirem a qualquer momento, Marco se aproximou de “Carla”; Pilotava desta feita, uma BMW conversível, repintada com uma mistura da cor vermelho Ferrari com a cor Cereja, carro personalizado de “Patrão Bacana”, o importado realmente chamava a atenção, qualquer um na rua, parava para vê-lo passar... “Carla” já “cheirada” ficou ainda mais impressionada... Marco desceu do carro, deu um beijo na boca da “maluca”, abriu a carteira de couro recheada e de lá retirou R$1.000,00 (mil reais), colocou no decote generoso de “Carla” e pediu gentil: - São 100 gramas de “cara solta” e vamos sair daqui... “Carla” sorriu admirada e não se fez de desinteressada: - Você mandou separar 50 gramas ... e preciso me arrumar... fica aqui só dez minutos, volto logo! Marco pulou a porta do veículo, displicente e desinteressado, totalmente alheio ao que ocorria em sua volta, esperou alguns poucos dez minutos... “Carla” no meu entendimento, foi super rápida e meia hora depois... Entrava no carro, de banho tomado, bonita e cheirosa, entregando a porção de 100 (cem) gramas de cocaína pura... Quando procurou os olhos apaixonados de Marco, notou que sua vida iria mudar... Como mudou mesmo!... - Ta tudo em cima, da melhor qualidade, vamos embora, curtindo a vida “meu gato”... Ela falava e dengosamente acariciava seus cabelos... ele abriu o pacote, sentiu o cheiro característico, passou “um dedo” na porção de cocaína e depois na gengiva... Sorrindo satisfeito, “a cana estava feita”, pensava consigo mesmo, se dirigindo ao nosso ponto de encontro... Local próximo e deserto, onde depois de providenciarmos sua escolta e segurança, quando dentro do perímetro de isolamento e da área de atuação da “Operação Grillo”, todos nós Investigadores da Divisão de Inteligência o aguardávamos... “Carla”, quando percebeu o carro cercado pelas viaturas do Denarc, perdeu a cor, abordada pelos Investigadores Falkenberg e José Carlos Pochini do Falcão 18, automaticamente disse que não tinha nada, que não sabia de nada, que estava somente dando “um role” com o “bacana” e neste momento, quando tirou os olhos dos Policiais e os colocou na direção de Marco, pôde vê-lo, já sem camisa, retirando o colete à prova de bala, recebendo os cumprimentos e os elogios dos colegas, dando ordens aos demais componentes de sua equipe! Compreendeu, então, que ingênua e imprudentemente caíra em uma armadilha Denarquiana !!! Ketty Mahonne que, a essa época, já era praticamente um componente a mais do Falcão 17, foi até a casa de “Carla”, comunicou a família da prisão, trouxe os documentos da menor infratora e se fez acompanhar pela mãe de “Carla” a Sra. Raquel Borba Leão, que nos acompanhou e no “ato infracional”, lavrado pela Autoridade Policial, se posicionou como testemunha de Acusação, quando nos relatou toda a história de “Grillo”, a sua própria história a de sua filha “Carla” e a de seus familiares... A HISTÓRIA DE “GRILLO” Tudo começou quando o Governador do Estado de São Paulo, o Sr. Franco Montoro, em um de seus inúmeros projetos de cunho social, articulou a reurbanização das favelas na Cidade de São Paulo; Projeto combatido no início por seus próprios moradores, encontrou opositores em todos os segmentos. Além do mais a grande maioria das pessoas não compreende a importância fundamental de se combater a miséria humana e as desigualdades sociais, os mais necessitados deveriam ser obrigatoriamente os primeiros a serem socorridos e amparados, só se compreende, devido ao “Interesse Nacional” o auxílio ao Banqueiro e ao Industrial dono da empresa multinacional. Justamente estes, que na grande maioria das vezes, construirão sua fortuna alicerçada na corrupção das autoridades constituídas, nas falsas declarações do Imposto de Renda, que preparados com o ardil do estelionatário os levaram ao perdão dos seus tributos e principalmente na exploração vampírica e escravocrata das classes operárias. A criminalidade, na figura dos seus “chefes de quadrilha” e de suas Organizações Criminosas, sempre usaram como esconderijo a miséria humana, a desgraça alheia sempre foi empregada como pano de fundo e habitualmente como escudo para suas práticas criminosas, por isso também não lhes interessava a presença atuante do Estado cumprindo com suas obrigações e de alguma forma socorrendo aqueles necessitados. O Benemérito Governador somente encontrou apoio em poucas lideranças, normalmente ligadas as Igrejas, o que ali acelerou todo o processo de mudanças, de melhorias e de modernização para os carentes moradores... Na favela do “Mangue”, não foi diferente... Organizado um cadastro com 420 famílias entre estas a família do Líder Comunitário, Sr. Jeremias Borba Leão e seus dois irmãos Izaque e Ezequiel, que juntos, combinados com a comunidade evangélica local, procuraram as Autoridades Governamentais, solicitando que as famílias a serem indicadas para o sorteio das casas recém construídas, próximas a favela, fossem aquelas formadas por trabalhadores honestos e tementes a Deus.... Não queriam a companhia de criminosos e de bandidos traficantes, que as Autoridades fizessem um estudo da vida pregressa, profissional, eleitoral e financeira dos moradores cadastrados, dando-se preferência àqueles em dia com suas obrigações, que com um proceder honesto e digno, nada tivessem feito para de alguma forma agredir as outras pessoas da Sociedade, que fossem todos homens sérios, operários honrados e atuantes em sua Comunidade... Alguns dos chefes das quadrilhas locais, não gostaram da idéia, “Monobloco” o mais violento e temido por todos, em uma das reuniões com os demais criminosos, quando procuravam organizar as varias quadrilhas que desordenadamente atuavam naquela região de periferia, se prontificou: Já que estamos de acordo, deixem comigo, e não tenham dúvidas; aqueles “crentes” já estão todos mortos! Dito e feito. No outro dia pela manhã, Severino Duarte de Carvalho, o nosso conhecido “Grillo”, um reles “aviãozinho” das “Bocas” de “Monobloco”, “contratava o trabalho dos humildes pedreiros” e assim, depois de tomarem o café da manhã, saíram juntos da residência da família, “Grillo” acompanhando os três irmãos... Que nunca mais voltariam para suas casas... Seriam assassinados, logo ali 100 (cem) metros depois, por dois homens desconhecidos, (“Mão de Onça” e “Negão – O Coisa Ruim”), “Grillo” o “único sobrevivente da chacina”, que escapou ileso não sendo nem mesmo agredido ou ferido de raspão, jamais conseguiu identificar os seus agressores... A Comunidade local ficou indignada, se mobilizaram, exigiram providências das Autoridades Policiais, acusaram “Monobloco”, que para se ver livre afirmava que não tinha nenhum interesse nas “Casinhas” e que por ele jamais colocaria os pés lá.... O que mesmo sem querer, também cumpriu à risca... Seis meses depois, durante uma rebelião interna, “Monobloco” foi eliminado, quando também mataram sua mulher “Ana Maria” e sua irmã “Carolina”, todos com vários tiros de espingarda cal. 12, um crime bárbaro que por si só, descrevia a crueldade dos seus ignominiosos assassinos, que foram comandados por “Grillo”... Que assim, com o poder das armas, da covardia, da traição, da violência e da máxima crueldade humana, assumiu a chefia da quadrilha da Favela do “Mangue”... Quando da inauguração do “Conjunto Habitacional das Casinhas”, “Grillo” não permitiu a entrada de outros bandidos criminosos que não fossem os de seu grupo, montou ali o seu “Quartel General” e a sua “Base Operacional”, onde era o Senhor Supremo, dali organizou os ataques e as mortes dos outros traficantes do “Mangue”, seus concorrentes que poderiam de alguma forma contestar sua liderança, com o passar do tempo e com o contínuo ritual de eliminação de seus opositores, consolidou sua hegemonia a princípio por toda a Região Leste da Cidade de São Paulo e depois pelas demais cidades circunvizinhas. Assassinatos atribuídos pessoalmente a “Grillo”, a Sra. Raquel nos relatou 18 (dezoito), com riqueza de detalhes, descrevendo locais, pessoas envolvidas, histórias, vítimas, assassinos e principalmente, testemunhas, sendo que em três dos homicídios, seus dois filhos Rogério e Roberto participaram, quando foram obrigados por “Grillo” a carregar os corpos, em um carrinho de pedreiro, pela rua principal do “Conjunto Habitacional das Casinhas” e depois a jogar os corpos no rio que cerca o bairro. Suas filhas Valéria e Carla, e o filho mais velho Ricardo, faziam “aviãozinho” para “Grillo”... Por Deus, implorava a mãe desesperada... Queria acabar com aquela vida, queria fugir dali e procurar dar uma nova oportunidade de futuro para seus filhos! “UMA OPORTUNIDADE ÚNICA” Quando um Investigador de Polícia trabalha em uma Delegacia de bairro, ele tem certos prazeres no exercício de sua profissão; Contribuir para a satisfação de uma vítima de furto ou roubo, com a devolução de seus pertences é uma delas... A situação de discórdia e de atrito com vizinhos, que se resolve com uma simples conversa... O “Pronto Socorro”, com o atendimento imediato e apresentação das soluções cabíveis, frente aos problemas narrados, nos mais diversos casos, quando do relacionamento direto com a Comunidade... Esta satisfação os Investigadores de Polícia do Denarc não têm... Aquela ocasião incomum se transformou para todos nós da Divisão de Inteligência em uma oportunidade única... Iríamos defender e proteger aquela família, ajuda-la a ter uma segunda chance, longe de “Grillo” e distante do eterno cárcere do narcotráfico... O “advogadozinho - pé de chinelo” da Organização Criminosa de “Grillo”, que fazia plantão em um dos bares do “Conjunto Habitacional”, procurou pela equipe responsável pela diligência policial, e acompanhado pelos Investigadores Sérgio e Willians do Falcão 14, descaradamente, acostumado com a corrupção ali existente, ofereceu US$20.000 (vinte mil dólares) pela liberdade da menor infratora, não queria que ela fosse conduzida a Febem e muito menos que o fato tomasse proporções ainda maiores... Sem compreender “o espírito da coisa”, o safado ainda procurou nos ameaçar, dizendo: Que entendêssemos a situação, daquela vez tínhamos tido muito sorte, “Grillo” e “Madureira” não iriam permitir que os fatos se repetissem, a partir dali seriamos facilmente reconhecidos e futuras operações a serem realizadas nas “Casinhas” teriam a grande possibilidade de não alcançarem o resultado esperado, não deveríamos nos esquecer dos corajosos soldados da Rota em sua última investida de combate contra aquela organização, à abertura de uma nova “caça as bruxas” traria somente “baixas” de ambas as partes e infelizmente nenhum resultado financeiro proveitoso... Que observássemos o “momento histórico” que vivíamos, o acordo com a Dise, tinha terminado, estes não mais receberiam qualquer quantia de “Grillo”, que fizéssemos um acordo, que apresentássemos nossos valores e nossas condições, ele já havia sido avisado sobre o “Dossiê” com o trabalho de “Levantamento de Informações” que envolviam os soldados de “Grillo”, seus lideres e diretores da Organização Criminosa... O trabalho da Divisão de Inteligência agora, com o conhecimento dos fatos por parte dos componentes da Organização Criminosa se tornaria praticamente impossível... A administração do Denarc havia nos dado uma missão da qual ninguém queria a efetiva solução... Que, fomos os escolhidos, por nossa suposta incompetência e creditada incapacidade para o desenvolvimento de tal trabalho... Não deveríamos complicar as coisas... A “fruta” que os Policiais da Dise gostavam ele comia até o caroço, que fossemos seus amigos, que colaborássemos e assim todos sairiam dali ganhando e muito bem... O nosso desejo era ter dado voz de prisão ao infame ali mesmo e conduzindo-o preso, desfilar pelos corredores da Dise, mostrando aos seus comparsas, que ali se encontravam trabalhando, que as coisas poderiam ser diferentes, que obrigatoriamente não tínhamos que ser corruptos, que não tínhamos obrigatoriamente de conviver com o narcotráfico para sobrevivermos e mantermos as nossas famílias. Mas, nem sempre devemos demonstrar aos nossos inimigos quais são as nossas verdadeiras intenções e quais são as nossas pretensões e convicções, alem do mais, quem tem presa e não espera o momento certo “come cru e quente”, esta não era a nossa intenção... O “advogadozinho” deveria continuar acreditando estar falando com um grupo preste a fechar um acordo com a Organização Criminosa a qual representava e pela qual ali nos falava, tentando nos corromper daquela forma, de acordo com o seu costume... Que esperassem, que aguardassem por um pequeno espaço de tempo a nossa resposta não demoraria e seria inesquecível... Nunca nos havia passado pela cabeça a possibilidade de que a Organização Criminosa tivesse homens da sua confiança dentro do nosso grupo, devido à própria forma como se originou a nossa constituição, éramos um grupo de renegados, desprezados por todos os demais do Departamento... Mas infelizmente, os asquerosos covardes já se encontravam entre nós, eram os componentes do Falcão 14, os Investigadores Sérgio e Willians, os amigos particulares do Chefe Belizário... Começamos a observa-los atentamente e a acompanhar seus atos com todo o cuidado que mereciam... não poderíamos desmascara-los, tínhamos que continuar trabalhando, como vínhamos fazendo até ali, convivendo amigavelmente com suas presenças ao nosso lado... Eles tinham que acreditar, desconhecida de todos a sua comunhão com “Grillo”, com os seus “soldados” e com a sua Organização Criminosa... Somente assim poderíamos manipulando e plantando as informações que queríamos que chegasse através daquela equipe a Organização Criminosa de “Grillo”, enfrenta-los de forma efetiva, combatendo-os e vencendo-os dentro do seu próprio campo... Nem mesmo para o meu melhor amigo, o “Carteira Preta”, expliquei detalhadamente tudo o que acontecia, escondendo inclusive, quem eram os traidores, acreditava que caso tivesse conhecimento de tudo por que passávamos, teria ele mesmo, arrumado um jeito de sozinho dar cabo daqueles dois “pseudopoliciais”, minha preferência era vê-los presos e tinha certeza, a Justiça seria feita... Sérgio e Willians nunca brilharam pela inteligência e ainda por cima, eram daqueles “pseudopoliciais” que andam armados ostensivamente “até os dentes”, deixando ver a quem tivesse um pouco de conhecimento e de experiência policial, sua covardia enrustida... Eram fanfarrões e exibicionistas, afirmando não ter medo de nada e de ninguém, contudo aqueles que com eles convivessem no dia a dia da carreira policial, encontraria em ambos as características do “policial medroso” que covardemente se esconde atrás das armas e do distintivo policial... Eram corruptos, diuturno e religiosamente praticantes, assassinos já haviam praticado vários homicídios juntos, ocultos sempre pela “Resistência a Prisão seguida de Morte”, que é a qualificação dada ao Boletim de Ocorrência, quando um grupo de policiais assassina uma de suas vítimas... E, para nossa surpresa, representando um desinteresse, que na verdade não tinham, afirmaram que não se sentiam bem, participando ativamente daquelas investigações, assim procedendo, como explicavam, porque na verdade, já conheciam o referido “advogadozinho”, tendo lá suas antigas ligações e laços profundos de amizade... Aproveitando a oportunidade, mandamos um recado ao “amigo” jurista... Que fosse aconselhar “Grillo”, a que cuidadosamente guardasse seu dinheiro, pois precisaria, logo, logo, contratar para si e para os seus “soldados” melhores Advogados.... Na verdade aqui, simulávamos simplesmente não estar de acordo quanto ao valor do suborno oferecido e nunca em desacordo quanto a oportunidade de sermos por eles subornados e corrompidos... Deixando-os ainda acreditarem, ser muito vantajosa para todos a afinidade dos “investigadores” com o “advogado” daquela Organização Criminosa... “A MUDANÇA DE VIDA DA FAMÍLIA BORBA LEÃO” O Dr. Carlos Alberto já havia determinado que a menor infratora, ficasse sob os cuidados de sua mãe até que fosse ouvida pelo Juiz da Vara de Menores, e assim “Carla” acompanhada por sua mãe, retornou à sua residência, ficando combinado com a nossa equipe, que no dia seguinte “mudariam de residência”, ficando a partir desta data, sempre sob a nossa vigilância, quando nos responsabilizaríamos, durante este período inicial, inclusive pelo sustento e manutenção de todos da família.. A coitada da Sra. Raquel não acreditava no que lhe ocorria e feliz, chorava de alegria, por esta nova oportunidade de vida dada a todos de sua família... No outro dia, o Falcão 19, equipe chefiada pelo Investigador Jorge Sampaio, recebia a incumbência de efetuar a mudança, da forma a mais discreta possível, os criminosos traficantes das “Casinhas” não poderiam nunca desconfiar do envolvimento dos Investigadores de Polícia da Divisão de Inteligência do Denarc em tais providências... As outras equipes, com a exceção do Falcão 14, se posicionaram nos pontos de observação, e fechamos os perímetros de isolamento que já havíamos organizado, cercando totalmente o “Conjunto Habitacional”... Todos eram monitorados sem distinção, seus moradores, os seus freqüentadores, seus clientes, os pobres viciados doentes eram acompanhados e filmados em seus menores movimentos... Os componentes do Falcão 19, disfarçados de funcionários da Empresa de Transportes e Mudança “GRANERO”, entraram no “Conjunto Habitacional”, uniformizados, usando um caminhão e se portando como aqueles profissionais especializados, contudo devido aos fatos da noite anterior, por muito pouco, não se desenrolou uma verdadeira guerra no interior das “Casinhas”... Tudo porque os “soldados” de “Grillo”, comandados naquele momento pelo gerente da “Boca”, não queriam permitir a mudança da família, sem que antes, “Carla” pagasse por todos os prejuízos dados à Organização Criminosa, quando de sua prisão no dia anterior... E, assim começaram a descarregar os poucos e surrados objetos que a família ainda possuía, covardemente agredindo com tapas, chutes, empurrões, ameaçando de morte os “Inocentes Carregadores”, que eram os Investigadores infiltrados Luiz de Oliveira, Bento Pereira, Luiz Antônio e Jorge Sampaio, que com toda a humildade, diziam que nada tinham a ver com o que estava acontecendo ali, pois eram somente funcionários da empresa de transportes e mudanças, que havia sido contratada pela Igreja Católica local, como forma de se ajudar à família carente... A situação ficou complicada... Mesmo naquele horário, sempre tem um “soldado” drogado, que exagera na surra e caso não seja imediatamente contido acaba por matar alguém... Não poderíamos esperar por muito tempo, para complicar a situação “Grillo”, “Madureira” e os outros principais da Organização não se encontravam na “Boca” e ninguém queria assumir a responsabilidade pela saída de toda a família com aquela dívida pendente... A grande maioria dos “soldados” de “Grillo” era contra a mudança da família e já estávamos prestes a interferir ostensiva e decisivamente, quando o nosso disfarce foi salvo pela ganância do “advogadozinho-traficante”, que da porta do boteco, usado como seu escritório, a tudo acompanhava... Para nossa sorte o “pé de chinelo”, “cresceu o olho” nos pertences da família miserável e com a ajuda do “Capeta” teve uma “idéia brilhante”... Ficaria com a casa, com o jogo de sofá novo e com a TV, recentemente adquiridos nas Casas Bahia, ele mesmo se acertaria com “Grillo” e tudo estava certo, pago e resolvido... E, somente assim, com a Sra. Raquel assinando os documentos apresentados pelo “advogadozinho”, que lhe davam o direito sobre a casa e sobre os demais objetos e que a família com sua pequena mudança, foi autorizada a sair do “Conjunto Habitacional”... Seguindo, conforme acreditavam os criminosos traficantes, seu caminho com destino à “Cidade de Santos”... Foram acompanhados por dois veículos, com 08(oito) “soldados” armados, durante um longo percurso, mas, assim que o “caminhão da mudança” entrou na Rodovia dos Imigrantes a sua “escolta armada” desviou e retornou ao “Conjunto Habitacional”... A família Borba Leão finalmente pode respirar sossegada, estava livre e podendo dar a sua vida o rumo que quisesse, a Divisão de Inteligência do Denarc havia lhe proporcionado à oportunidade de uma nova vida ... A Família da Sra. Raquel Borba Leão, 33 anos, mãe de 9 filhos, era assim constituída: 01 – VALDETE MARIA 19 anos Funcionária de “Grillo” : Aviãozinho 02 – RICARDO 18 anos Funcionário de “Grillo” : Aviãozinho Olheiro Empinava pipas Soltar os fogos de artifício Transporte de : Drogas Armas Munição Valores Objetos produto de roubo e furto 03 – CARLA 17 anos Funcionária de “Grillo” : Aviãozinho 04 – ROBERTO 05 – ROGÉRIO 16 anos 16 anos (eram gêmeos) Funcionários de “Grillo” : Olheiros Empinavam as Pipas Transportes de : Drogas Armas Munições Valores 06 – ÍRIS 15 anos 07 – MARISTELA 08 – MANOELA 14 anos 14 anos (eram gêmeas) 09 – REGINALDO 13 anos O destino final da família foi uma pequena casa de praia de minha propriedade, na cidade de São Sebastião, casa simples de dois dormitórios, sala, cozinha e banheiro... Fizemos uma bela compra para dois meses e pedimos que se esquecessem do passado, procurando organizar uma vida de trabalho e honestidade. Todos foram matriculados nas escolas locais e, para cada um, conseguimos um novo emprego... Todos os nove filhos da Sra. Raquel eram psicologicamente ainda “crianças”, tinham características marcantes e atitudes totalmente infantis, agiam todos, sempre, como se ainda tivessem uma idade muito inferior... Não tinham noção de suas responsabilidades, poderíamos afirmar que não compreendiam toda a extensão e as implicações dos seus atos, anteriormente praticados quando envolvidos com o narcotráfico, não apresentavam sintomas de arrependimento e entendiam tudo o que lhes havia ocorrido como um fato o mais normal possível, sem nenhuma importância em especial... A vida que eles conheciam era a das drogas, das armas, dos tiroteios na porta de casa, dos assassinatos frios, dos policiais corruptos, do chefe traficante com poder total para a vida ou para a morte... Do Estado padrasto, incapaz, negligente e imprudente... Este era o seu mundo, o único que conheciam e no qual sobreviveram durante toda as suas vidas... Eram conduzidos à Divisão de Inteligência, durante a madrugada, quando todos foram ouvidos e interrogados... Durante todo o tempo, acompanhados pela mãe, que insistentemente beijavam, abraçavam e sempre seguravam pela mão... Prestaram suas declarações, onde narraram com minúcias os crimes que praticaram, obedecendo sempre as determinações e ao comando de “Grillo”, cientes de que, caso não cumprissem as ordens recebidas de modo a o agradarem e a sua troupe de bandoleiros, seriam todos mortos... Eram na verdade, escravos sofridos do narcotráfico, e, como tantas outras famílias que ainda se encontram escravizadas por esta nossa Cidade, precisavam de um Estado atuante, necessitavam de socorro médico, de apoio psicológico e de assistência social... Nós, infelizmente, não estávamos preparados nem mesmo estruturados para de alguma forma assumir tais responsabilidades e obrigações, e assim todos pudemos, acompanhando “in loco”, tristemente observar, todos os malefícios e as trágicas conseqüências que a omissão do Estado inoperante acarreta indistintamente a todos da nossa Sociedade... Para completar o rol das testemunhas, com depoimentos claros e objetivos, Ketty Mahonne nos entregou uma lista com nomes, endereços e telefones de Policiais, Empresários, Artistas, Socialites e outras pessoas que mesmo possuidoras de uma boa índole e repletas de boas intenções, acabaram por se envolverem com as drogas, e que, caso tivessem uma nova oportunidade, como ela teve, poderiam colaborar conosco, para o bem de todos da comunidade, esclarecendo, assim, a Autoridade Policial que presidisse o Inquérito Policial, todo o envolvimento que tiveram com a Organização Criminosa de “Grillo” e com a sua corja de malfeitores... Narrando todos os fatos que acompanharam, assistiram, ficaram sabendo ou outros ainda, nos quais de uma forma ou outra acabaram por participar ativamente, e assim foram detalhadamente apresentados ao “Carteira Preta”. Que, baseado nestes depoimentos e declarações, no levantamento do local e nas informações colhidas pelas equipes responsáveis pelos seus específicos pontos de observação, pode assim estruturar, através de Ordens de Serviços Especiais, onde, como e quando os Falcões deveriam atacar! “A DERROCADA DE GRILLO” Sabendo onde o entorpecente se encontrava escondido, onde se achavam armas e munições, quais os elementos da quadrilha que se achavam foragidos e procurados pela Justiça, quais usavam álcool ou outro tipo de droga, quais andavam armados e com qual tipo de arma, com a filmagem, com as fotografias e a descrição de cada casa do “Conjunto Habitacional” usada pelos narcotraficantes, com a análise psicológica e criminal de cada elemento da Organização Criminosa... Apresentando sua função na organização, seu grau de periculosidade, as características principais de sua personalidade, seus crimes, especificando sua participação em homicídios, quais os locais que freqüentavam, quem eram seus amigos e quais os seus inimigos, qual a sua rotina, quando, onde e com quem dormiam, ficha criminal, xerox dos flagrantes em que foram indiciados com o acompanhamento atualizado dos demais comparsas... Preparamos, assim, um “Dossiê” completo, com histórico, organograma e mapeamento de todas as ocorrências criminosas que tivessem chegado ao nosso conhecimento, ocorrido dentro do “Conjunto Habitacional” ou relacionadas com as práticas criminosas e/ou com os narcotraficantes que ali atuavam... Os contatos junto ao Dipo do Dr. Tapuitinga foram acionados pelo seu substituto legal, o Dr. Carlos Alberto, que corajosamente, mostrando neste item sua gritante superioridade, sobre todos os outros Delegados, encaminhou o Dossiê por ele preparado, explicando todo o nosso trabalho de investigação e coleta de informações já realizado sob suas ordens, aos Juizes e aos Srs. Promotores... O apoio veio e foi unânime... Abraçaram aquela causa tão nobre... Nos orientaram, expediram os Mandados de Busca e Apreensão, e acompanharam a seqüência dos trabalhos, passo a passo, flagrante a flagrante realizado, exigindo sempre profissionalismo absoluto, dedicação integral, sigilo incondicional, honestidade somada a ética e a dignidade em todo o nosso proceder e principalmente ordenaram explicitamente solidariedade para com todas aquelas famílias humildes de trabalhadores que residiam no “Conjunto Habitacional” e para com todos os problemas sociais que enfrentavam devido à omissão criminosa do Estado... Dentro da Polícia Civil, tenho certeza que anteriormente nunca se viu tamanha união com o Poder Judiciário, os resultados deste entrosamento participativo só poderiam ser os melhores e foram excelentes... Não se entrava em uma residência do “Conjunto Habitacional”, não se revistava um veículo, não se abordava uma pessoa, sem se estar dando cumprimento a uma Ordem de Serviço da Autoridade Policial, baseada no respectivo Mandado de Busca e Apreensão... Todas as Operações foram sempre acompanhadas por testemunhas idôneas, estranhas aos quadros policiais e aos fatos ali investigados... Cada componente do grupo que era preso em flagrante, cada fugitivo que era recapturado, cada menor infrator detido, quando na pratica do ato infracional, quando interrogado, confirmava as informações do Dossiê, e assim comprovávamos a real participação de cada um dos criminosos traficantes dentro da Organização Criminosa... “A TÉCNICA DE INTERROGATÓRIO E DE PERSUASÃO” Estes criminosos, quando conduzidos a Divisão de Inteligência para serem autuados em flagrante, indiciados ou simplesmente, quando se tratava de foragidos recapturados, eram por exigência do Doutor Carlos Alberto Augusto, “acompanhados ao Departamento por seus familiares”.... Quando então todos eram notificados dos homicídios que havíamos esclarecido, deixando bem claro a importância de cada pequeno membro da organização para a consumação de tais fatos e destas costumeiras ocorrências relacionadas ao mundo do narcotráfico... Nós, os informávamos sobre as chacinas, sobre as crianças – soldados do narcotráfico, sobre as filhas de famílias simples e humildes do “Conjunto Habitacional” que hoje, graças à “Grillo”, e a todos os demais membros da Organização Criminosa, se prostituíam nas Boates pertencentes ao grupo... Relatávamos dos adolescentes que eram ali convocados ao trabalho nos desmanches, nas quadrilhas de roubo a banco, nos grupos de extermínio e para o resgate de presos, nos cassinos, nas rinhas de galo, nas casas de jogos clandestinos... Quem muita sorte tivesse trabalharia nas lojas de automóveis, no supermercado, na mecânica, na imobiliária, mas sempre, associados e dependentes dos elementos do grupo, ligados a todos os crimes praticados pela Organização Criminosa... E, para nossa surpresa, nestes poucos momentos de lucidez interior, quando em fim compreendiam toda a trama da “história” em que atuaram como atores principais, alguns por uma ação voluntária, firme e decisiva, outros involuntariamente, obrigados com medo de morrer... A partir daí, todos de uma maneira ou outra, nos auxiliavam, e era principalmente nestes momentos, muitas vezes acompanhados por um chorar que por vezes os levava aos prantos, em outras por um discreto e silencioso penar... Que, enquanto nos participavam de suas experiências e nos confessavam seus medos, ao mesmo tempo experimentavam um grande alívio, era como se cada um deles, descarregasse um grande peso das costas... A expectativa de terem nossa ajuda durante os seus respectivos julgamentos, já os aliviava perante a sensação de estarem sendo presos e indiciados... O nosso entendimento de que também eram vítimas de nossa Sociedade, e a forma gentil e respeitosa como eram tratados juntamente com os seus familiares, lhes banhava a alma carente de novos horizontes, e assim, psicologicamente renovados e espiritualmente aliviados, os conduzíamos às mãos da Justiça... “OS REEDUCANDOS” É claro, que ninguém gosta de ser apenado e de passar o menor tempo que seja preso em uma cadeia, principalmente em uma Delegacia Paulistana, os funcionários que ali trabalham e principalmente seus “responsáveis superiores”, não compreendem sua obrigação primeira de zelar pela segurança, pela integridade física e mental dos prisioneiros colocados sob a sua tutela, não entendem os direitos inalienáveis que estes tem, a uma alimentação balanceada, a cuidados médicos e odontológicos, à assistência Jurídica, Psíquica e Religiosa, enfim a serem tratados com toda a dignidade... Ao criminoso condenado, a Lei, ali, o qualifica como “Reeducando” e como tal deve ser tratado, a missão destes tutores se completaria somente frente ao desenvolvimento e o progresso alcançado por seus tutelados, a vida é a melhor escola, quando baseada no exercício do trabalho e no esforço dedicado à educação... Mas, quando um criminoso é condenado a três, quatro anos de cadeia, está sendo apenado a passar este período de tempo, dormindo no chão, a dividir um banheiro com no mínimo trinta pessoas, a ser seviciado, violentado, espancado quando não morto, a ser alimentado com uma comida de péssima qualidade... Em certas Delegacias, “por motivos de segurança”, a nunca tomar um banho de sol, a serem assassinados pelo “xerife da cadeia”, se não cumprirem com as suas obrigações, se não efetuarem os seus pagamentos em dia das “bebidas e das drogas que consumiram”... Devido a uma das teses fundamentais da Polícia Civil, que afirma: “Não existe cadeia sem bebidas e sem drogas, pois caso realmente fosse proibida sua entrada a cadeia explodiria”... Então, novamente, “por motivos de segurança”, e devido à clemência e infinita bondade dos digníssimos senhores “tutores superiores”, um dos presos, com o concurso do “Diretor da Cadeia” é nomeado “xerife”... O responsável pelo que entra e pelo que sai, pela cobrança das dívidas, pelos acertos, pelo cumprimento das punições determinadas pela “Chefia dos Investigadores”, pelos homicídios e “pela tranqüilidade da Cadeia”... Para um inferno destas proporções, ninguém compra passagem, é verdade, mas também é verdade que para estes suplícios e expiações, ninguém, nunca foi condenado... A Justiça decreta uma pena, e ela própria faz com que o condenado cumpra outra muito pior... O resultado, todos nós conhecemos, o condenado se sente violentado, aquela não foi a pena que a Justiça determinou, quando de sua volta a Comunidade, interiormente procura uma forma de agredir àquela Sociedade, atingindo-a como ele próprio foi atingido... A Justiça e todos nós da Sociedade lhes devemos um posicionamento, em prol da verdade e a favor da vida... Pois acreditem, todos nós também somos culpados... No mínimo por omissão, quando ficamos quietos e afirmamos que este não é “um problema nosso”... Cerramos os nossos olhos para não ver, quando tapamos os nossos ouvidos e não escutamos seus gritos por socorro e misericórdia... Somos todos surdos e ainda mudos, não tocamos neste assunto com ninguém... Eles são somente criminosos... Outro contra censo, comprovante de nossa diminuta capacidade para se lidar com o “homem condenado”, são as próprias “penas” que impõem apenas restrições à liberdade individual do “reprovado”, quando deveriam ainda impor a negligente Sociedade a recuperação do próprio “Homem”... Através de um rígido processo educativo, de no mínimo 06(seis) horas por dia, impondo assim sua formação estudantil ou Acadêmica associada a um determinado número de horas de trabalho diário, por exemplo de 12 (doze) horas, somando-se 18 (dezoito) horas por dia de intenso trabalho procurando-se sua reeducação, pelo período considerado necessário a sua completa recuperação... Quando, deveria, ainda, como função regenerativa, impor uma “Formação Religiosa”, associada a um posicionamento daquele indivíduo como “Cidadão” e “Voluntário” em “Entidades Filantrópicas Beneficentes”, que tivessem como prioridade o tratamento de vítimas do crime por ele praticado, que, assim, diariamente, pudesse acompanhar nos olhos daquelas pessoas, todo o sofrimento e as angústias provocadas por tantos outros criminosos como ele... As estatísticas que descrevem e os gráficos que representam a reincidência criminal, com certeza seriam representados por uma função decrescente e seus números cairiam bastante. O criminoso condenado não quer nunca mais voltar para a cadeia, deseja, isto sim, uma vida digna e honrada, onde possa, trabalhando com o seu ofício, participar de uma Sociedade justa e promotora de oportunidades para todos os seus cidadãos. Com tais procedimentos, eliminaríamos, ainda, o grave problema do imaturo “preso primário”, porque o às vezes “adolescente irresponsável” quando compreende a Sociedade consumidora e injusta, predadora e escravocrata que herdou, acaba por cometer pequenos erros, quando ingenuamente desafia a omissa Lei e a cruel Justiça sem coração e sem misericórdia. De cego e ingênuo, um anti-herói sem causa, se credita o título e as responsabilidades de um “Herói Quixotesco Moderno”, dos quadrinhos das revistas ou dos desenhos televisivos, um adolescente, um super-herói infanto-juvenil, lutando bravamente contra um ilegítimo “Poder Maior” que o oprime e o subjuga... Acaba assim por tomar atitudes das quais futuramente ira se arrepender de modo muito amargo, mas é assim de forma continua e progressiva que leva a sua vida até que por último e para a sua derrocada final, num extrapolar do seu arrojo de rebeldia transviada procura enfrentar e a desafiar a todos da própria Comunidade, aqueles a quem como “herói” deveria proteger e defender, e é ai, que a permanência na delinqüência o consome, como transgressor cai no erro, e em um ato impensado cai no crime e vai para a cadeia. Às vezes a pena é pequena, o Juiz “Olho de Vidro”, acredita ter feito o melhor para a Sociedade, para a Comunidade e para aquela “Alma do Senhor” e o manda cumprir sua penitência, na Delegacia de Polícia mais próxima de sua casa... Chega num dia, no outro está de sobrancelhas feitas, unhas pintadas dos pés e das mãos, perdeu todos os pêlos do corpo, o cabelo ganhou um novo corte, usa maquilagem, fala fino, foi tatuado, nas costas ou nas pernas, “A Imagem de Nossa Senhora de Aparecida”, tem um “homem” que lhe ama e o mantém... O dito cujo pode ser um ladrão de banco, um seqüestrador, um traficante, um homossexual portador de uma doença contagiosa sexualmente transmissível, pode estar com AIDS ou com outra doença qualquer, a única certeza que tem é de que se sobreviver àquele inferno, nunca mais voltará a ser o mesmo, pois deixou de ser um homem, foi condicionado a agir e a se comportar como um animal raivoso... A metamorfose se processa sob o cúmplice olhar de seus tutores, os Doutores da Lei, Juizes de Direito, Promotores Públicos e Delegados de Polícia... Da “serpente venenosa” resultante só podemos esperar o desejo de matar e morrer! Volta a delinqüir, procurando quem “por uma caridade de santo” o mate... Foi bem instruído e formado, lhe indicaram contatos e parceiros com os quais poderia contar aqui fora, foi adotado pelo mundo do crime, está “Diplomado” , se formou na “Faculdade das Transgressões da Lei” e pronto a fazer esta mesma Sociedade que o condenou, a sofrer ela própria, todos os suplícios porque passou e que não constavam da pena imposta pelo nobre Magistrado... Ele simplesmente clama por Justiça... E Justiça começa com oportunidade de vida, de estudo e de trabalho para todos... E assim, mais uma vez, o Estado omisso, irresponsável e convulsivo, cobrava sem dar o exemplo, exigindo autoritário atitudes e procedimentos os quais simplesmente não pratica e nunca praticou... Observando-se superficialmente e a longa distância a situação atual do Sistema Prisional e os seus problemas, entre eles a superlotação, falta de tarefas ocupacionais, educativas, recreativas, religiosas, filantrópicas e beneficentes, seriam de alçada restrita e um assunto interno que prejudicaria apenas e tão somente aos próprios presos... Ledo engano, tudo o que acontece ou que tenha reflexos em nossa Sociedade, nós atinge a todos... Atitudes autoritárias, intransigentes e discriminatórias, de autoridades corruptas e incapazes foi o que nos levaram a esta situação, e hoje se faz necessário uma mudança, uma transformação radical... Todos os homens devem ter seus direitos respeitados, cabe a Sociedade Civil, as Autoridades dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, as ONG`S (Organizações Não Governamentais) com projetos neste setor, promoverem por exemplo, formas de trabalho para que de imediato os presos possam arcar com o sustento de suas famílias... Constituírem cursos profissionalizantes de formação, qualificação e especialização... Organizarem cursos de engajamento social com a formal apresentação de nossas obrigações para com toda a Sociedade e para com todos de nossa Comunidade... Qualificando-se o homem penalizado, recebe a Sociedade, um novo Cidadão, preparado, para junto a sua Comunidade, participar ativamente inclusive da gestão social, reivindicando os nossos direitos e arcando com as suas responsabilidades, estaremos assim todos nós, juntos, participando, cooperando e ajudando a nossa Sociedade a progredir rumo a Justiça e a Paz Social... Estaremos fazendo deste nosso País, um motivo de honra e de orgulho para todos os nossos filhos e para todas as gerações futuras, onde todos conheçam e pratiquem, vivenciando assim diariamente a equação de vida, onde Trabalho mais Solidariedade seja sempre igual à Paz e Justiça Social. TRABALHO + SOLIDARIEDADE = PAZ E JUSTIÇA SOCIAL “RELAÇÃO DAS PRISÕES EFETUADAS” A Organização Criminosa, “Grillo” e “Madureira” não tiveram tempo para elaborar um plano estratégico de defesa, ou mesmo de se organizarem para a fuga e abandono da área de atuação da Divisão de Inteligência..... Quando deram por conta, todos os seus lideres já se encontravam presos ou no mínimo indiciados, com as provas somadas e os depoimentos das testemunhas de acusação, quando presos foram literalmente “parar atrás das grades”.... NEGÃO – O COISA RUIM Traficante responsável pelos assassinatos e chacinas Preso com mais de 03 Kg de cocaína JEFERSON Irmão de “Grillo” Traficante responsável pela “recolha” do dinheiro da Organização Criminosa Preso com mais de 100 gramas de cocaína GILMAR Responsável pelas Lojas de Automóveis e pela “Limpeza” do dinheiro da Organização Criminosa Indiciado MARIA JOELMA Irmã de “Grillo” Responsável pela gerência da Imobiliária Indiciada FRANCISCO MANOEL Tio de “Grillo” Traficante responsável pelo Serviço de Recolhe e o Reabastecimento das Drogas Preso com 01 Kg de cocaína MARIA ANTÔNIA Irmã de “Grillo” Responsável pela gerência do Supermercado Indiciada JOSÉ LUIZ PEDRO Irmão de “Grillo” Responsável pela gerência da Mecânica Indiciado TÂNIA Mulher de “Grillo” Traficante responsável pela guarda de armas, munições e drogas Indiciada JULIA Mulher de “Grillo” 16 anos – menor infratora Responsável pela guarda de armas, munições e drogas Qualificada no Ato Infracional foi encaminhada à FEBEM ILMA Mulher de “Grillo” Responsável pela Contabilidade da Organização Criminosa e cuidava pessoalmente das finanças de “Grillo” Indiciada CARIOCA Traficante Comandava as Boates, Cassinos, Casas de Jogos Clandestinos, Prostituição, Jogo do Bicho, Maquinas de Vídeo Pôquer Preso com 18 Kg de cocaína DIONISIO Traficante Comandava a Rinha de Galo Preso com 10 Kg de cocaína TUCÁ Traficante Dirigia o Haras e comandava a venda de maconha Preso com 2.000 Kg da verdadeira maconha Pernambucana JÚLIO CÉSAR Traficante Comandava o roubo e o furto dos Automóveis e todos os Desmanches da Organização Criminosa Indiciado ANTÔNIO MARIA Traficante Gerenciava a Padaria Preso com 08 Kg de cocaína mais 05 de maconha MADUREIRA Traficante – Assassino Sargento da Rota Comandava toda a Organização Criminosa Indiciado por homicídio e por trafico “MADUREIRA O PIOR DE TODOS OS ASSASSINOS” “Madureira” infelizmente matou dezenas de pessoas, era um assassino treinado e muito bem preparado pela Rota, possuía habilidades no uso das armas, defesa pessoal, estratégias de combate e defesa, dava aula de guerrilha urbana, era realmente o que normalmente chamamos de “um homem duro de se encarar... só na bala”. Dentre os seus homicídios, teve um que o Falcão 17 foi o responsável pelas investigações, e foi durante estas investigações, quando analisávamos e estudávamos o perfil psicológico de “Madureira”, que pude conhecer com detalhes e particularidades o perigoso assassino... A minha impressão sobre sua pessoa foi a pior possível, elemento desequilibrado, frio, calculista, vingativo, se compreendesse que se achava em uma posição superior à da vítima e que pudesse sair impune, matava, não aguardava outra oportunidade não, uma alma nojenta na mais completa acepção da palavra, orgulhoso não sei do que e asqueroso em todo o seu proceder, era literalmente um espírito medíocre e impossível de se suportar. O Demônio quando o criou, foi muito caprichoso, juntando naquele bandido todos os defeitos e os vícios possíveis de se encontrar, de todos os criminosos que conheci, foi o único, que me fez lembrar da Pena de Morte, da qual não sou e nunca fui um adepto, principalmente em razão dos estudos e das analises realizadas nos países onde é instituída, que comprovaram, sem sombras de dúvidas, que a criminalidade e o grau de violência não diminuíram, logo, não seria aqui no nosso amado Brasil que os resultados seriam outros. “A PENA DE MORTE” Para piorar a situação, são clássicos os casos onde posteriormente se descobre o erro e a impossibilidade de se reparar o trágico engano, a possibilidade da “Pena de Morte” nunca funcionou como uma salutar vacinação em massa, que por sua atuação psicológica, extirpasse do seio da Sociedade, ocorrências que teriam, por fim, aquela pena, pelo contrário, as estatísticas comprovam que os números de tais fatos, infelizmente continuavam os mesmos, como se nada houvesse sido feito ou realizado, logo, o caminho para uma Sociedade mais segura, não passa por tais medidas drásticas e claramente improdutivas. Principalmente porque, obrigatoriamente se faz necessário, que sejamos superiores, capazes de agir sensatamente, de forma a nunca nos igualarmos àqueles a quem somos os responsáveis pela prisão, tutela e reeducação, nossos atos nunca poderão se assemelhar às atitudes reprovadas que os conduziram à prisão. Matar é errado, o revólver do Policial é uma arma exclusivamente de defesa, só podemos usá-la quando nossa vida ou a vida de uma outra pessoa se encontra em eminente perigo, não usamos armas com a finalidade de ataque ou destruição, somos o “Braço Forte da Lei”, colocamos nossa vida em risco diariamente, estamos prontos para lutar, sim, mas pela preservação da Vida, da Justiça e da Liberdade dos nossos semelhantes, da Lei, da Ordem, e do Bem Estar de todos da Sociedade! Não, não somos iguais nem mesmo semelhantes às pessoas que usam armas para defenderem uma boca de entorpecentes, para roubarem, para seqüestrarem ou estuprarem... Não somos iguais nem mesmo àquelas que usam uma arma somente para se defenderem ou para protegerem seus familiares e que por um motivo ou outro acabaram por tirar a vida de um agressor ou de um assaltante. O Policial consciente de suas obrigações, dedica sua própria vida, a proteção de todos os componentes de sua Comunidade, a defesa da honra, da Lei, da Justiça, da Liberdade e principalmente a defesa da Vida... Inclusive daqueles a quem tem de prender... E, foi exclusivamente por este entendimento que “Madureira” e aqueles que o acompanhavam, sobreviveram às investigações, às operações de assalto e capturas, e as ações decisivas de interceptação realizadas durante toda a “Operação Grillo”... Foi assim conscientes de nossas obrigações e firmes diante de nossas responsabilidades, que juntávamos provas e testemunhos dos próprios membros da Organização Criminosa, procurando sua condenação... Inclusive daqueles que tiveram participação ativa nos atos preparatórios, quando do cruel assassinato de Ana Cecília... ANA CECÍLIA Ana Cecília era uma moça muito bonita, a natureza lhe havia sido mãe dadivosa, nasceu como nasce uma pequena flor, mostrando já nos primeiros instantes toda a sua beleza, delicada e humilde, transmitia associada a sua simplicidade, um ar de bondade e de rara elevação espiritual, era uma prenda mimosa e de tão sublime, contrastava com a essência naturalmente rude e cruel, daquele sertão abandonado e impiedoso do Agreste Pernambucano... Fica fácil aqui descreve-la para que todos a possam conhecer, se assemelhava profundamente ao toque mágico de cada “Por do Sol”... Momento de introspecção quando o sofrido povo nordestino, diante de tal beleza, identifica a sublime presença do próprio Deus acompanhado por uma miríade de anjos... E assim, nestes momentos, mesmo à frente dos imensos problemas que os “Coronéis” da “Indústria da Seca”, tornaram praticamente sem solução, este povo religioso se enchia de fé e de esperança, sobrevivendo até o dia seguinte, certos e confiantes na Misericórdia Divina... Vê-la ali, na rede deitada, somente com 14 anos, recém chegada à casa de sua tia viúva, em uma das residências do Conjunto Habitacional, sem se apoderar de tão magnífico tesouro, seria impossível para um vil saqueador como o “Madureira”, seria totalmente contra sua natureza de homem desprezível e insuportável, de espírito pobre e devasso, teria que possuí-la e, assim desfrutar de sua ingenuidade, de sua inexperiência, de sua credulidade, de seu corpo, de sua beleza, de sua virgindade, de sua falta de arrimo e amparo... Sua tia Dona Flora, faxineira da Veja Sopave por profissão, saia de casa às 04:00 quatro horas da manhã, retornando às 19:00 dezenove horas da noite, deixando-a sozinha e desamparada, enquanto lutava pelo sustento da casa e da sobrinha amada, a quem queria dar um bom estudo... Dona Flora era viúva há muitos anos, nunca quis saber de outro casamento; Vivia para o trabalho quando honesta e dignamente, com o seu esforço, contenção de despesas e total dedicação, comprou a sua casa própria no “Conjunto Habitacional”, quando então, senhora e dona de um pequeno pedaço de chão, foi durante suas férias, buscar em Pernambuco, a sobrinha e afilhada, procurando assim, lhe proporcionar uma vida melhor... O destino contudo, ingrato e covarde, lhe põe o bandido do “Madureira” no caminho... Isso só podia ser pagamento de pecado, expiação dos erros cometidos em outras encarnações... E assim... Gritava e gesticulava, o covarde exibido, ela seria sua e de mais ninguém, garantia presunçoso e ameaçador, o medíocre sedutor, em meio à roda de “samba, cocaína, maconha & cerveja” com os seus comparsas... A aquela menina, meiga, com jeito de criança dengosa, ensinaria a ser amante voraz e insaciável, temperando todas as qualidades que tinha com muita volúpia e sedução... “Madureira” já era casado, pai de 04 filhos, mas foi incapaz de formar uma família; Seu filho Ricardo, que era o mais velho, já havia completado 13 anos, Dona Marta era esposa prestimosa e mãe dedicada à causa dos filhos, aos quais amava com dedicação e carinho, evangélica por convicção, freqüentava a Igreja Assembléia de Deus, pessoa de hábitos simples, tinha na humildade sua qualidade e traço mais característico, respeitava a todos, se curvando docemente às opiniões e às ordens do marido adultero e infiel. Para este nunca disse não, cumprindo com o seu papel, o qual, no seu entendimento, se originava das diretas determinações de Deus, e, assim, foi submissa acreditando-se inferior, cumprindo cegamente aquilo que “Madureira” lhe ordenava, fazendo tal e qual, onde, quando e como este lhe mandava... Contudo, não era “burra”, sabia o valor do salário que, como Sargento da Polícia Militar, seu marido recebia, sabia o valor das casas que tinham, sabia o valor dos carros e das motocicletas importadas. Já haviam lhe contado tudo e com detalhes, uma irmã da Igreja, sua principal amiga e confidente, que lhe pediu sigilo, que nunca contasse a ninguém, quem lhe havia mostrado, perante Deus toda a verdade, e assim cúmplices juramentadas, lhe narrou, o que seu marido também Sargento da Policial Militar, além de evangélico e irmão da mesma Igreja, lhe havia confidenciado. Dona Marta não tinha dúvida sobre as origens de tais informações, sabia serem verdadeiras, só lhe restava se ajoelhar e ralar os joelhos em oração, pedindo pelo esposo, criminoso e infiel, que Deus lhe perdoasse, que colocasse a sua mão sobre ele, conduzindo-o novamente ao Caminho do Bem. José Victor, o segundo filho tinha 11 anos, Manoel Antônio 09 anos e a caçula Catarina 05 anos, “Madureira” colocou um fim à fabricação, obrigando Dona Marta a fazer a ligação das trompas, pois, como dizia, “não tinha uma vida normal com a família”... Vivia das 14:00 (quatorze) horas às 04:00 (quatro) horas da manhã do outro dia, dentro do “Conjunto Habitacional”, resolvendo os problemas referentes aos seus afazeres, afirmava que trabalhava e que ajuntava tanto dinheiro somente pensando no futuro deles, por isso todos de sua família, lhes deviam respeito e consideração... Eles o respeitavam mas nunca o amaram e com o passar do tempo, começaram a sentir intimamente uma grande alegria, quando, depois do sono, tomava um banho e novamente se dirigia “ao seu trabalho”... Assim estavam livres... “Madureira” em seu nome, tinha uma casa em um condomínio fechado, na Cidade de Santo André, uma casa na cidade praiana de Ubatuba e três fazendas no Estado de Minas Gerais, na Cidade de Ladainha, onde ainda residiam seus parentes e amigos de infância. Durante os 05 anos que comandou as “Bocas” da Organização Criminosa, tinha tomado posse de uma bela fortuna, era independente financeiramente, nunca mais precisaria trabalhar na sua vida, procurando com isso o sustento de sua família... Contudo, comandar aquela Organização Criminosa, era o que mais gostava de fazer, fazia tudo aquilo com gosto, fazia o que amava e desejava fazer; Sonho não realizado, somente um, o desejo ardente de ter participado de uma Grande Guerra, os outros a todos realizou, não se arrependia de nada que já houvesse feito, se arrependia sim de algumas vezes em que parou, pensou e resolveu não prosseguir com seus planos diabólicos... Sentia saudades do “Papai” querido, que foi assassinado por um Policial Militar em Ladainha, devido a uma disputa por terras, “Meu Velho”, como carinhosamente o chamava, estava sentado na porta de sua venda, onde trabalhava com a família, quando “por um descuido do Capeta”, deixou na cela da égua “Mariquinha”, a cinco metros de distância, o revolver e a espingarda, a faca trazia no lombo e o facão na cintura, dentro da bainha... Homem alto, forte e muito corajoso, intimidava quem com a família “Madureira” tivesse qualquer tipo de desavenças... Era duro, mulherengo, beberão, adorava uma briga e para iniciar uma, não precisava de motivos, não tinha amigos, todos que entravam na venda eram somente seus fregueses aos quais roubava no peso, na hora da conta e do troco, tendo como empregados e funcionários somente os filhos, aos outros enrolava, não registrava os documentos e não pagava o combinado. Caso um filho seu, por esquecimento, não lhe pedisse a benção, era duramente espancado. Há muitos anos atrás havia ocupado o cargo de Inspetor de Quarteirão, quando junto com a Polícia local, Médicos, Peritos Criminais, Juizes, Promotores e demais Autoridades Regionais, montaram um verdadeiro Esquadrão da Morte, eliminando ladrões, assassinos, estupradores, comunistas, inimigos pessoais e todos aqueles que julgavam serem nefastos à Comunidade ou contrários aos seus interesses particulares! Foi assim que adquiriu dinheiro, terras e propriedades. O Cabo PM (Cabo da Polícia Militar) Rufino, era inimigo mortal da família “Madureira”, havia perdido uma peleja por terras já fazia cinco anos mas, para todos, falava do seu objetivo de vingança... Mataria sem piedade, “aquele velho safado”, que “desavergonhadamente” teria comprado, o Juiz que julgou a demanda e o seu Advogado um bandido traidor... Sua família foi roubada, isso era inadmissível de se perdoar e de esquecer, O “Velho” tinha que morrer, planejaria uma tocaia e, quando em um local sem testemunhas, o “Velho” menos esperasse, seria morto e sua família vingada... Naquele malfadado dia, Rufino tinha passado a noite toda trabalhando sem se alimentar! Foi dispensado somente às 11:00 (onze) horas da manhã seguinte.... Com o sol muito quente, se dirigia suado, cansado e já bêbado de sono para sua residência, e, passando por dentro da “Feira Semanal”, pode ver tanta coisa que gostaria de levar para sua casa, sabendo das necessidades primárias de seus filhos, quanto à própria alimentação e que seu salário miserável não permitia comprar, tantas coisas que no sitio roubado pelo “Velho” tinha para dar e para perder no pé e que hoje sua família sofria com a falta... Alguém lhe bate no ombro, é o SD PM (Soldado da Polícia Militar) Jadir, que se encontrava de férias, estava tomando “Pinga com Caju”, nota a tristeza do Cabo Rufino, seu amigo e companheiro, e se oferece para lhe pagar uma bebida... que chama outra.....que chama outra e outra... A chuva de verão cai com toda a sua força, parece que não vai mais acabar... Falam das dificuldades do serviço e da vida, Rufino repete a história das terras e da sua promessa de vingança e morte... Quando saem do Bar estão ambos bêbados e incapazes de raciocinar, combinam de se encontrarem para pescar no rio próximo... No final da tarde do dia seguinte... A chuva para, já são 05:00 horas da tarde, saem, cada um com destino a sua moradia... Rufino caminha cambaleando, farda suja, amarrotada e molhada, havia urinado nas calças, boca amarga, estômago e cabeça doendo ao extremo, tropica aqui, topa ali, atola no barro acolá, figura pitoresca de se ver, e é assim que virando uma esquina dá de cara com o “Velho” que gargalhava “desatadamente” da comédia em apresentação... O sangue lhe ferve nas veias, perde completamente a noção, esquece a tocaia sem testemunhas planejada, insano e desvairado saca do revolver Taurus calibre 38, de 06 tiros, municiado com 05 cápsulas, conforme determinação da Inteligência da Polícia Militar, tremulo e impreciso, dispara os 05 tiros... e continua puxando o gatilho, repicando nas cápsulas já deflagradas, a um metro e meio de distância do “Velho” que é alvejado, no peito, uma única vez e cai ao solo já inconsciente... Rufino deixa cair o revólver, se senta no chão, chora, grita que não queria fazer aquilo mas que foi obrigado, populares que assistiram a tudo chamam a Polícia, que, quinze minutos depois, o prendem em Flagrante, uniformizado, bêbado e mijado, ali no local do crime... O “Velho” foi imediatamente socorrido, agonizou no Hospital Municipal por 45 (quarenta e cinco) dias, morrendo devido a uma “Infecção Hospitalar Generalizada”... Rufino o prisioneiro é transferido para a bela e acolhedora Cidade de Belo Horizonte, a Capital Mineira, ao local destinado ao cárcere de Policiais Militares presos no aguardo de julgamento ou já condenados e sentenciados ao pagamento de penas. No enterro do “Velho” é a vez de “Madureira”, o caçula rebelde, que carrega como seu o nome da família, a jurar vingança, filho de uma família Católica fervorosa, excluindo-se dela somente o “Velho” e o próprio “Madureira”, era o único daquela dinastia a não colocar nas mãos de Deus a condução de sua vida, ele era o senhor do seu destino e assim não perdoaria, mataria sem dó o assassino de seu “Papai”. Rufino, o criminoso arrependido, passou cinco anos no Presídio da Polícia Militar. Foi exonerado do cargo que ocupava, sua mulher exigiu o divórcio, obteve a guarda do filho do casal e sumiu para nunca mais ser vista, a partir daí, sem família, sem emprego e sem dinheiro, ex-presidiário, envergonhado e com medo de retornar à sua cidade natal, procurou ajuda de parentes na Cidade de Três Corações, divisa com o Estado de São Paulo. O único parente na Cidade de Ladainha, um primo chamado José Carlos, de apelido “Capitão”, simplório, matuto, sem a menor mácula de maldade em seu coração, fica sabendo do seu destino e o comentário correu na pequena cidade, “Madureira” acaba por ser informado e, assim, tem início sua vingança, com o planejamento e a organização para a realização do seu primeiro homicídio... Vai ao Banco do Brasil e saca a quantia referente a sua parte na herança, dinheiro já guardado para a realização da promessa feita, municia o revólver e a espingarda do “Papai” morto e sai da cidade de Ladainha avisando parentes e amigos que iria tentar a vida em São Paulo, provavelmente na Carreira Militar. No meio do caminho, em Belo Horizonte, adquire uma Brasília, ano 1980, na cor branca, boa de motor e cambio, esquecida de funilaria e pintura, carro comum que passaria desapercebido, chega na Cidade Três Corações e começa a procurar por sua vítima, acabando por localiza-lo em uma pensão próxima à Rodoviária, informado pela recepcionista, ficou sabendo que não se encontrava naquele horário, estava trabalhando como cozinheiro, em um dos melhores restaurantes da cidade, o conhecido “Carro de Boi”. Exercia ali, sua segunda profissão quando ainda era um Policial Militar, e naquela época era com a realização destes “Bicos” como cozinheiro que honestamente conseguia a família sustentar... Agora, nesta nova fase de sua vida, ficava no Restaurante até às 24:00 horas, chegando na pensão aproximadamente às 01:00 hora da manhã, havia adquirido como meio de locomoção uma bicicleta na cor vermelha, marca Caloi, modelo Barra Forte, fazia a barba diariamente e como mudança de hábito passou a também raspar os cabelos da cabeça, ficando “careca”, chegaria com certeza acompanhado por seu único e fiel companheiro, um Cachimbo Inglês que ganhará de presente de um dos sócios do restaurante, modelo Sherlock Holmes, o qual, impreterivelmente, traria consigo aceso e exalando o gostoso perfume do fumo “Half and Half”. Pronto! “Madureira” não precisava de mais nenhuma informação, simplesmente procurou um local onde pudesse avistar a entrada da Pensão, ficando distante o suficiente para não ser percebido e ao mesmo tempo, mantendo a sua vítima sob o alcance da mira de sua espingarda. O tempo correu ligeiro e às quinze para uma da manhã, Rufino, se aproximou em sentido contrário ao trajeto que normalmente fazia, vindo lá não sei de onde, se aproximou mas não da Pensão e sim da porta da Brasília, do lado do motorista, pedindo fósforos para acender seu cachimbo : • Perdão! Tem fogo por gentileza? Não reconheceu “Madureira”, a Cidade de Ladainha tinha ficado tão longe, a quase 06 anos de distância, acreditava não ter inimigos, nunca julgou possível a vingança prometida, vivia em paz com todos, tranqüilo, sem maus pressentimentos ou avisos agoureiros... Não notou a aproximação da morte...”Madureira” cínico e friamente ainda perguntou : - Quer fogo ? - É... Por favor ! - “Então... Toma Rufino assassino desgraçado”. Morreu “dormindo”, a espingarda calibre 12 de dois canos, foi acionada por duas vezes, totalmente descarregada e depois, com o corpo caído, inerte e já sem vida, o revólver cal. 38 também foi usado por “Madureira”... Abandonou ali as armas, já tinham cumprido sua finalidade, não precisava delas para mais nada... Delas não, mas, durante sua carreira de Policial Militar, e de criminoso traficante e assassino, usaria muitas outras... Ligou o veiculo e calmamente se dirigiu à Cidade de São Paulo... Na Capital Paulistana, “Madureira” tinha vários conhecidos de Ladainha, mas a um amigo em particular procurou, “Jucá Maluco”, um pistoleiro conhecido na cidade mineira, por suas emboscadas, e pela forma cruel como cumpria seus contratos de assassinato, sendo que se orgulhava principalmente de nunca ter deixado de cumprir um acordo firmado, palavra de homem é uma só... Dizia todo orgulhoso. Em São Paulo morava na Zona Sul, no Bairro do Jardim Ângela, aonde com a chegada de “Madureira” encontrou o melhor de todos os parceiros possíveis para com ele organizar uma verdadeira matança na Região Sul, com a caça indiscriminada a ladrões, assassinos, estupradores, viciados, os “noias” que apavorassem o pedaço e quem com eles se metessem, tinham é claro a colaboração das “Autoridades Policiais” locais, com a sua completa omissão, e dos moradores, dos comerciantes e dos empresários locais, com o patrocínio quanto à parte financeira... Mas faziam isto tão bem, com tanto gosto, que resolveram oficializar a brincadeira, e assim, entraram juntos para a Corporação! Como Policiais Militares, tiveram uma carreira cheia de “Honras e Medalhas”, o nosso “Jucá Maluco”, hoje é um Tenente Reformado, ganhou todas as medalhas possíveis por coragem e bravura, assinou mais de 120 homicídios, escreveu um livro mentiroso, onde relata suas proezas como herói da Polícia Militar, todas sempre cobertas de sangue e com a execução de muitos inocentes... Em uma delas tive pequena participação, quando exercia a função de Escrivão de Polícia, na maravilhosa Cidade de Bom Jesus de Atibaia... Um dia, se Deus assim o permitir, ainda volto a morar naquele pedacinho do céu e passo junto com meus familiares o resto dos meus dias lá... A ocorrência simples se resumia à tentativa frustrada de dois estudantes do “Itaquera”, o melhor colégio da cidade, de com a participação de parentes próximos, simularem o seqüestro da matriarca de uma importante família de empresários da Indústria da Cana de Açúcar... O grupo era formado por dois simplórios, sem nenhuma experiência no mundo do crime, os dois patetas eram tão distraídos e atrapalhados, que a empregada da casa, muito mais esperta do que os dois juntos, conseguiu deixá-los presos e trancafiados em uma ampla garagem da residência, com banheiro e espaço para seis carros... A Polícia Civil foi acionada, cercou a casa e depois de quinze minutos de conversas, “os perigosos criminosos profissionais” se identificaram aos policiais, Antônio Carlos Trugillo e José Manuel Matheus da Rosa que arrependidos e chorosos se lembraram de Deus, e então, como católicos praticantes e fervorosos pediram a presença do Bispo, do Juiz da cidade e de seus familiares, queriam garantias de vida para se entregar... Como sempre acompanhados pela mídia e televisão... O acordo foi fechado e tudo combinado, o Bispo se encarregaria de levar aos Policiais as duas armas que os estudantes e inexperientes adolescentes portavam e assim, sem a menor possibilidade de ataque, contra os Policiais ou a quem quer que fosse, os Policiais da Delegacia local, entrariam na garagem e efetuariam a prisão!... Foi aí, neste momento, com acordo fechado, com tudo resolvido, que chegaram os bravos combatentes da Rota, acompanhados por um opala preto, sem placas, com “Kojak” (lanterna com luz intermitente) e sirene ligada, de onde desceu o nosso Mega Pop Star “Jucá Maluco”, que imediatamente se inteirou dos fatos e simplesmente colocando de lado a Autoridade do Delegado Seccional, Dr. Gilberto Antunes, que era um covarde com cara de fuinha, assumiu a responsabilidade pelo prosseguimento da ocorrência... O clima estava tão tranqüilo que o Bispo e os parentes dos adolescentes estavam tomando café com pão de queijo, na cozinha da residência, feitos com todo o carinho por Dona Clara a empregada da casa, como forma de se comemorar o final feliz... É claro que sob as ordens dos familiares da nobre Senhora que ainda se encontrava ao lado dos “garotos rebeldes”, mas, já havia tomado seus remédios para a pressão e para a amiga labirintite, e ao lado dos seus “ex-futuros seqüestradores” também se alimentava dos deliciosos pãezinhos com o seu chá predileto, “Mate” no sabor “maça com canela”... Imaginem a cena pitoresca... Compreendam assim como era o clima de “total sossego” e de “completa paz” na qual todos ali se encontravam... Mesmo assim, a plena luz do dia, com todas aquelas pessoas presentes, teve início a covarde e monstruosa chacina... Um dos Policiais Militares trancou a porta da cozinha, deixando a todos que ai se encontravam presos pelo lado de fora, o Bispo, familiares da vítima e dos seqüestradores, o nosso querido Delegado Seccional e os três Policiais Civis que o acompanhavam, todos trancafiados... Somente escapou o Juiz da cidade que quando tomou conhecimento da ocorrência, mandou dizer que se encontrava em diligências em outra cidade vizinha, quando na verdade, se encontrava escondido no seu maravilhoso sítio de veraneio, esperando calmamente o final da ocorrência... Com a situação sob controle, sem testemunhas que não fossem Policiais, os heróis da Rota bravamente invadiram a fortaleza inexpugnável da garagem “com suas portas abertas”, onde os estudantes já os esperavam para humildemente se entregarem... Foi um verdadeiro massacre, e sem a menor chance de defesa, executaram os estudantes quando já “desarmados e indefesos”... Depois de mortos “plantaram” um revólver cal. 38 na mão de cada um dos mártires indefesos... Como covardemente brincam, falando sobre o assunto “acenderam uma vela”... O Bispo Dom Adalberto Buarque e Cavalcante, afamado glutão, foi ameaçado, se abrisse a boca morreria, se falasse qualquer coisa ou se comentasse sobre os fatos, também seria executado... Traumatizado passou três dias sem se alimentar, por pouco não matavam o coitado de “Fome Traumática”... O Tenente, que comandava a guarnição, o homem que verdadeiramente efetuou os disparos, “a queima roupa”, ali o principal dos assassinos, fria e covardemente, permaneceu no anonimato; “Jucá Maluco” o mentor intelectual, preparou a “estória” a ser apresentada para a mídia especializada... E, foi assim, narrando os fatos... Quando calma e respeitosamente os Policiais Militares se preparavam para adentrarem a garagem onde os seqüestradores se encontravam... Desrespeitando o acordo firmado os bandidos sacaram de armas “escondidas” e efetuaram vários disparos contra os Policiais, queriam empreender fuga, se safar da prisão frente o crime cometido, rompendo assim com o “cerco” policial estruturado... Quando então corajosamente, o nosso herói, ninja malabarista, pula uma janela, dá três ou quatro piruetas no ar, disparando seu afamado revólver, de cano longo e refrigerado, atingindo em cheio o primeiro seqüestrador... Que, a bem da verdade se encontrava, sentado em um sofá, ao lado da “vovozinha”, ele lhe pedia perdão, havia contado sua história e ambos abraçados, choravam as provas e expiações de sua vida... Quando foi atingido por um tiro na testa e mais dois na região do tórax, Dona Lourdes, como se chamava a avó querida, também foi atingida por um dos disparos da famosa Magnum 45... A bala com grande poder de impacto e velocidade impar, atingiu a nobre senhora, lhe quebrando duas costelas e ato continuo atravessou de lado a lado o seu corpo, trazendo-lhe conseqüências as mais graves e penosas, para todos os demais dias de sua vida benemérita, consagrada ao auxílio e a ajuda ao próximo... No Boletim de Ocorrência que descrevia a “Tentativa de Seqüestro com Resistência a Prisão seguida de Morte”, afirmava-se que a Senhora Lourdes teria sido atingida pelo outro seqüestrador, que notando a ação dos gloriosos Policiais Militares, impossibilitando sua fuga, teria então efetuado tal disparo, o que contudo também não ficou sem resposta... O nosso “Magnífico Herói” dá dois saltos mortais de costas, enquanto atinge o segundo seqüestrador com outros três projéteis, este com um no peito, que lhe atingiu o coração e dois de misericórdia na testa... Serviço pronto! Limpo, sem testemunhas, que não sejam aquelas da guarnição! Todos batem palmas, dão gritos de alegria, comemoram a carnificina, festejam o duplo assassinato, regozijam-se do heróico feito e do seu criativo desfecho, da guarnição todos seriam agraciados com novas medalhas, aquelas das maiores, douradas e muito coloridas, todas com fitinhas “bonitinhas” as enfeitar... Na Delegacia de Polícia Central de Bom Jesus de Atibaia, “Jucá Maluco” determina a seus subalternos que ali mesmo, no interior da Delegacia, ao lado da Cadeia Pública, efetuassem alguns disparos, e assim encaminhassem, sua arma que até aquele momento não havia nem mesmo sido usada, ao Instituto de Criminalística... Este seria, somente, mais um duplo homicídio na sua longa “Ficha Policial”, mais um julgamento militar, mais uma vez acompanhado e julgado com a tolerância e a complacência de outros criminosos como ele, seus cúmplices e comparsas afins. A INSTITUIÇÃO POLICIAL Quando das Operações Policiais conjuntas, que envolviam representantes da Polícia Civil e da Polícia Militar, em que cumprindo a determinações superiores participei, foram casos como o acima narrado, que descreviam a atuação da Gloriosa Polícia Militar, que como “Força Reserva do Exercito Brasileiro”, sempre se comportou como uma “Filha Bastarda”, a “Amante Prostituta da Ditadura Militar”... Que já no próprio nome, apresentava sua contradição funcional, pois nenhum homem pode exercer com excelência o cargo de Policial e ao mesmo tempo o de Militar, tendo a nortear seus rumos uma Lei Orgânica e um Código Militar, principalmente porque a idéia primeira era disfarçadamente colocar o Exército nas ruas, pronto a reprimir qualquer ato contrário ao ilegítimo e ditador Governo Militar. Acreditavam que, como tomaram o “Governo do País” na “mão grande”, com o uso da força sem a aprovação e o referendo do povo, somente com o uso de uma força maior, ele lhes poderia ser subtraído... Pagaram caro pelo grande engano, foram subjugados pela conscientização popular, pelas “Diretas Já”, de forma pacifica e ordeira, a “Inteligência” do Exército e da Polícia Militar, estão procurando saber como isso ocorreu até a data de hoje... Treinaram seus homens com táticas e técnicas de “Guerrilha” e “Anti Guerrilha Urbana”, tinham como inimigos mortais os “Socialistas” e os “Comunistas”, que, quando identificados como “Inimigos do Povo”, pessoas capazes de lutar por suas convicções e por seus ideais políticos, eram covardemente assassinados, trucidados, executados e chacinados... Com o apoio e o “nada a opor” de seus correligionários e de seus partidários, mas principalmente, pela certeza da impunidade, pelo incentivo do “Silêncio Medroso” daqueles que, à época, “de uma forma ou outra”, apoiavam os nefastos usurpadores daquele Governo e que se calavam covardemente frente a todos os tipos de atrocidades por eles praticadas... Todos aqueles que viveram de forma ativa e representativa aquele período, o mais negro de nossa história política, deveriam deixar claramente explicado o que faziam à época da Ditadura Militar, como agiam, como e a quem apoiavam, quais foram os seus atos e quais foram as suas omissões, como pensavam, como entendiam o Mundo, quais eram os seus ideais... A Juventude atual precisa entender que muitos de nossos heróis morreram lutando pelo País, por Liberdade e que suas mortes foram escondidas, e são hoje esquecidas, como se nunca tivessem ocorrido... Ocorreram sim, nossos heróis foram assassinados por “Traidores da Pátria Amada”, que, infelizmente, ainda hoje exercem cargos de destaque no Executivo, no Legislativo e no Judiciário... Mas, pessoalmente responsabilizo principalmente a Sociedade Civil, aqueles que indiretamente trabalhavam acobertando os seus bárbaros crimes, gostaria de apresentar somente um dos incontáveis casos que aconteciam todos os dias, para que assim, aqui sirva como exemplo: Quando um “Revolucionário Comunista” era barbaramente assassinado durante uma “Sessão de Tortura”, o corpo era encaminhado ao “Instituto Médico Legal”, quando então, Um Médico Legista “preparava” o Laudo Necroscópico.... Que quando friamente assassinado com 20 ou 30 tiros de metralhadora, Um Perito Criminal do Instituto de Criminalística, “preparava” o Laudo Técnico especifico, indicando quantos tiros atingiram o corpo, qual a trajetória das balas, qual a distância a que foram efetuados os disparos, quais os pontos de entrada e de saída dos projéteis, quando então, todo esse material técnico especializado era “analisado” por, no mínimo, Um Delegado de Polícia, Um Promotor Público e Um Juiz de Direito ... Esclarecendo ainda, que à época já haviam sido criados a Imprensa, o Radio, a Televisão e também aquela famosa estória dos “Três Macaquinhos” um “Cego”, um “Surdo” e outro “Mudo”, contudo os três principalmente “Covardes”... Pecamos, muitos por atos mas um número muito maior por pura omissão, normalmente da modalidade “omissão covarde”, mas um número muito maior pela “omissão criminosamente interesseira”... Aproveitando a oportunidade, agora vamos fazer uma retrospectiva : O que você estava fazendo durante os anos da Ditadura Militar? A quem você apoiava politicamente e a quem apóia nos dias de hoje? Procure compreender as ligações intrínsecas dos teus atos, naquela época, e as suas conseqüências e os seus reflexos no estudo da criminalidade, na escalada da violência, na ineficiência da Segurança Pública nos dias de hoje... Não... Não precisa chorar... Você era ainda muito jovem e inexperiente... Eu sei.... Você já havia até se esquecido.... Pode parar agora.... Não, não precisa se suicidar... Eu só queria que todos entendêssemos que não somos nós, que participamos, de uma forma ou de outra, daquela “Bella Época”, os mais qualificados, para julgar os outros co-participantes e muito menos estamos aptos a atirar a primeira pedra. A Instituição Policial Brasileira é assassina, corrupta e totalmente ultrapassada, o regime onde a Segurança Pública fica dividida aos cuidados de duas Polícias, literalmente não funciona; Porque? Porque simplesmente nunca funcionou. Para sua reestruturação, seriam necessárias, no seu princípio algumas providências básicas: Primeiro a “Organização Policial” precisa de um “Único Comando”, fora dos quadros da Polícia Civil e da Polícia Militar, incumbência que brilhantemente poderia ser exercida pela Promotoria Pública. Segundo o I.M.L. “Instituto Médico Legal” e o I.C “Instituto de Criminalística” devem ser totalmente independentes da ineficiente “Organização Policial”, afinal de contas, me mostrem qual a capacidade que um Delegado de Polícia tem para comandar Médicos e Peritos Criminais... O astuto e engenhoso Delegado de Polícia, que vá lá para as ruas da cidade, prender ladrões e traficantes, que estas, sim, são suas atribuições... Confiaria e ficaria plenamente satisfeito se o “Instituto Médico Legal” fosse administrado pelo “Conselho Regional de Medicina” e o “Instituto de Criminalística” por exemplo pela USP ou outra “Universidade Estadual ou Federal”, que são sempre participativas em todos os difíceis momentos de transformações Políticas e Sociais; Poderiam assim, mais uma vez, tomarem para si, os mais difíceis e importantes papéis nesta nova fase de transição... Terceiro que todos aqueles que “trabalharam” cumprindo “Determinações Superiores”, durante os anos da Ditadura, fossem obrigatoriamente aposentados na Polícia Civil e reformados na Polícia Militar, não servem como base e/ou como exemplos a serem seguidos por aqueles que hoje heroicamente ingressam na carreira policial... Quarto, os Policiais devem ser divididos em funções uniformizados e descaracterizados... Quinto, que seja dado um período justo para uma melhor qualificação, daqueles que já pertençam aos “Quadros Policiais”, contudo, exigindo-se nível superior completo para aqueles que venham a exercer suas funções junto a Instituição Policial... Sexto, que tenham salários justos e compatíveis com a importantíssima função que exercem. Sétimo, que tenham respeitados todos os seus direitos Trabalhistas e os referentes à Previdência Social, seus Direitos Civis, Securitários e os Fiduciários, que tenham direito a “Aposentadoria” somente com 35 (trinta e cinco) anos de serviços prestados, sempre com Direitos e Deveres iguais aos de “Todos os demais Trabalhadores”, com o fim das mentirosas “Vantagens dos Servidores Públicos”, com o fim das “Omissões Trabalhistas” que somente o Governo “o Pior de Todos os Patrões”, tem para si asseguradas... Oitavo, a organização e a estruturação da Carreira Policial, ficariam baseadas e diretamente vinculadas ao tempo de serviço prestado, a experiência acumulada e ao “Histórico de Resultados Positivos Obtidos”... A Polícia é o braço forte da Lei... Logo, que seja obrigatório, até mesmo para a entrada como aluno da Academia de Polícia, a aprovação do nome do candidato junto ao Poder Judiciário, que quando da escolha do primeiro local de trabalho, que quando das permutas de local para o exercício das funções, que quando das promoções e principalmente que quando das indicações para as funções de chefia, seja necessária e determinante a aprovação daquele Policial por parte da Promotoria Pública e do respectivo Juiz de Direito responsável por aquela Comarca... Somente assim, concretizando-se uma “Política de Carreira” acompanhada pela efetivação de uma “Política de Qualificação e de Especialização dos Policiais” e por uma “Política Salarial Justa”, eliminaríamos a já antiga convivência pacifica com a propina, com a corrupção, com o suborno, com o abuso de poder, com a inoperante administração, com a ineficaz coordenação operacional, com o envelhecimento e com o abandono de toda a máquina policial, com o esquecimento daqueles que diuturnamente dedicam sua vida ao Trabalho Policial e ao Bem do Próximo, a Paz e a Justiça Social.. É claro, que para a efetiva união da Polícia Civil e da Polícia Militar, necessário se faz ouvir Delegados de Polícia e os Oficiais Militares, que aqui representados por suas Organizações de Direito, apresentassem suas opiniões e sugestões; A partir daí, tudo ficaria realmente muito fácil... Eliminaríamos todas as vantagens que Delegados de Polícia e Oficiais Militares se julgassem merecedores... Porque? Porque é muito claro e lógico que se a “Instituição Policial” se encontra falida, seus “Administradores” é que são os “Responsáveis Diretos”... Fosse a falência de uma empresa particular, o que lhes ocorreria? Não seriam responsabilizados? Não teriam que arcar com os prejuízos e com os danos causados a terceiros? Não teriam que responder inclusive com o seu próprio patrimônio a fim de indenizar vítimas e credores... Então, nada mais justo, que sejam responsabilizados por esta “Falência Fraudulenta”, todos os seus incompetentes Administradores da Instituição Policial... Na hora da divisão do gigantesco “Bolo da Propina e da Corrupção”, estes “Administradores” são os únicos beneficiados..... Ou alguém acredita que Carcereiros, Papiloscopistas, Fotógrafos, Agentes Policiais (Motoristas Policiais), Escrivães de Polícia, Investigadores de Polícia, Soldados, Cabos e Sargentos da Polícia Militar, recebem “Algum num sei o que” do bingo, do jogo do bicho, dos hotéis e motéis, dos cassinos, das casas de prostituição, das máquinas caça níquel e de suas organizações criminosas de origem portuguesas, francesas e espanholas, das empresas que deliberadamente poluem o meio ambiente, das construtoras irresponsáveis que desmatam áreas de preservação ambiental, e por ai vai... Alerto somente para o fato de que como tais crimes são por ordem destas dignas Autoridades Policiais, “Proibido de se Combater”, logo... logo, o mesmo ocorrerá com as Drogas e com o Narcotráfico, ou com qualquer outro dos demais crimes, desde que, os seus “Poderosos Chefes” se organizem para simplesmente “Pagarem Por Isso” a quem de direito, para quem seja o responsável por se combater tal prática criminosa... Portanto, acabemos com esta hipocrisia, com esta falsa, ineficiente e mentirosa “estrutura policial”, mas, já... Agora! Colocando-se na “CADEIA” todos os responsáveis por tão trágica e desesperadora situação, porque se não, desestruturada teremos toda a nossa Sociedade... Nossas Famílias e principalmente nossos filhos estão correndo grande perigo, eles não destruíram somente a Segurança Pública, eles não respeitam o nosso direito a uma vida digna e honrada ao lado de nossos familiares, junto aos nossos vizinhos e a nossa Comunidade, eles acabaram com os nossos sonhos de vida, com os nossos projetos para o futuro... E, hoje em dia, ninguém se sente tranqüilo ou fora de perigo eminente, como produzir, trabalhar ou estudar, convivendo com tensão tão grande... As Políticas adotadas levaram a situação de mal a pior, quando foi a ultima vez que alguém se sentiu calmo e seguro dentro da nossa Capital Paulistana, se faz necessária uma Política Social de resultados já a médio e curto prazo, precisamos de Trabalho, Habitação, Escola, Saúde, Transportes, precisamos de “Comida na Mesa”, mas precisamos principalmente é de “Vergonha na Cara” e de “Coragem” para enfrenta-los de frente e assim derrotar este “Bando de Criminosos, Corruptos e Assassinos”, que hoje comandam a nossa Polícia... Urge precisamos derrota-los ou derrotados seremos todos nós... COMO CONVENCER ANA CECÍLIA Ana Cecília se encontrava subjugada, perdida não entendia as atitudes obsessivas do seu inesperado pseudoprotetor, que inteligentemente estimulava o seu lado feminino que começava a desabrochar, falava de sua beleza, de sua meiguice, de sua capacidade de trabalho e firmeza nas decisões “as mais difíceis”, afirmava compreender as responsabilidades que Ana Cecília tinha para com todos da família, que ainda passavam por tantas necessidades, que ainda sofriam as angustias da fome e da sede, naquele sertão longínquo, esquecido por Deus, de misérias e difíceis provações. Dizia mentiroso, que ele também havia passado por idêntica situação, quando foi amparado por companheiros conterrâneos seus e assim estimulado ao estudo e ao trabalho edificante na amiga cidade de São Paulo, que não poderia assim de forma fria e distante, vê-la ali, passar por tudo que já havia padecido e não lhe confortar, sendo a mão amiga e companheira a providenciar-lhe todo o necessário a solução dos seus problemas... Faria isto sim, sem duvidas e sem demoras, como uma retribuição à vida e a aqueles que o auxiliaram, que ela ficasse tranqüila e sossegada, não tinha nenhum interesse, por qualquer que fosse, referente a uma posterior demonstração de reconhecimento ou de carinho... Primeiro, adquiriu uma loja, de roupas intimas feminina, dentro do Shopping Anália Franco, que com o passar do tempo, ficou exclusivamente sob os cuidados e a administração de Ana Cecília... “Madureira” então deu início a segunda parte do seu plano de conquista, providenciou a vinda de todos os familiares de Ana Cecília e aos poucos, cautelosamente, foi os integrando aos costumes e a vida paulistana, primeiro, logo após a chegada da família, os alojou na casa da madrinha e posteriormente adquiriu uma casa ao lado, que foi transformada em um belo sobrado, que assim pode melhor acolher a todos... Ajudou a providenciar seus documentos particulares, se inscreveram na escola local, e por sua indicação, cada um, foi empregado em uma das empresas da Organização Criminosa, que para se falar à verdade, não conheciam e da qual não tinham o menor entendimento ... Até que enfim... Só por Deus... Graças ao Milagroso Padrinho Padre Cícero... Estavam com a “documentação em dia”, trabalho registrado, com todos os direitos trabalhistas garantidos, freqüentavam uma escola, tinham uma moradia, tinham comida, água para beber e se banhar... Voltaram a viver como crianças, voltaram a sonhar e sonharam com “Madureira” o melhor amigo do mundo e sonharam com Ana Cecília casada e feliz ao seu lado... Ela ingenuamente acreditou, tinha encontrado um ser humano maravilhoso, era mais do que um homem era o seu Príncipe Encantado, não havia duvidas... “Madureira” comprou um “Big Apartamento” de Cobertura Triplex, no Bairro mais importante e valorizado da progressista Zona Leste Paulistana, no meu querido Tatuapé no meu amado Jardim Anália Franco, novíssimo, moderno e seguro, luxuoso e confortável, bonito e com muito verde, ao lado do CERET – Centro Esportivo e Recreativo do Trabalhador e do Hotel _______. Preparando uma de suas surpresa, simplesmente convidou Ana Cecília para ajuda-lo na compra dos moveis, aparelhos domésticos e decoração, queria transformar aquele apartamento no seu novo lar, queria esquecer a ex - mulher que traiu a sua confiança e foi embora para nunca mais voltar... Sabia que não era mais um jovem na flor da idade e com toda a vida pela frente mas como homem maduro tinha experiência e falava com certeza quando dizia do seu carinho e do seu amor... E se um dia quem sabe, fosse correspondido, pela mulher amada... Ai se amariam para sempre, seriam eternamente felizes... A menina moça, a criança carente, foi assim conquistada, pagaria com a própria vida pôr devido a sua inexperiência e a sua ingenuidade, acreditar naquele homem vil e mentiroso... Ana Cecília tinha tudo aquilo que normalmente as pessoas determinam como metas para alcançarem a felicidade, casa luxuosa com várias empregadas, carro com motorista particular, dinheiro à vontade, para tudo o que precisasse, necessitasse, desejasse ou simplesmente quisesse comprar, podia assim consumir com volúpia e desprendimento e era assim mesmo que “torrava” todo o dinheiro que seu marido lhe dava... Mas, devido ao infindável e doentio ciúme do “Madureira”, para amealhar o patrimônio e o dinheiro que somou, perdeu seu direito a liberdade e a própria vida, era ainda uma criança mas vivia seus dias como uma simples escrava das ordens e dos desejos de seu amasio... O encanto da “Lua de Mel” durou poucas semanas, já no segundo mês em que viviam juntos, foi duramente esbofeteada e com o nariz e a boca sangrando, pressentiu com grande desgosto todo o pesadelo que iria viver pelos demais dias de sua curta existência, a partir daí a pequena flor até então intocada foi dura e cruelmente pisoteada, sendo constantemente humilhada por “Madureira” que sabedor da situação, se despiu dos disfarces e das falsas sutilezas, agia dando vazão a sua natureza, como uma cobra venenosa e mortal... Ana Cecília se viu do céu conduzida ao terror do inferno, ainda tenra e fraca foi facilmente subjugada e vencida, a partir daí a bela flor começou a murchar... Foi proibida de trabalhar e de estudar, sem companhia não tinha permissão para sair, sua casa era sua inexpugnável prisão, não adiantavam os apelos dos amigos mais íntimos e dos próprios familiares, nada o fazia mudar de idéia... Ela seria somente sua e de mais ninguém... pensava consigo mesmo, faria o possível e o impossível para sempre tê-la ao seu lado, ele a amava e a sustentava com todo o luxo, sempre realizando todo e qualquer dos seus sonhos, ela lhe devia isso como paga por tudo que fazia e principalmente por tudo o que deixou de fazer... Pela sua verdadeira mulher e pelos seus filhos, pelas outras amasias, pela gandaia, pelo pagode, pelo futebol, por tudo que indiferente abandonou, ele não queria mais nada, somente Ana Cecília... Os casos de ciúmes e as cenas ridículas e principalmente violentas, ocasionadas por “Madureira” se tornaram corriqueiras, todos nas “casinhas” sabiam que olhar para Ana Cecília era proibido... “Madureira” afirmava que caso desconfiasse de algum envolvimento amoroso, se imaginasse um pequeno flerte, mataria os dois, sem nem mesmo pensar... Ana Cecília assim evitava as pessoas, mesmo as de sua família, e envergonhada mesmo de sua madrinha se escondia, se tornou uma pessoa amarga, que disfarçava no suposto nevoeiro do orgulho e na presumida ingratidão, sua triste história, uma vida de torturas e de decepções... Das torturas não sofria somente as físicas, o que mais a afligia era a pressão psicológica, “Madureira” depois de determinado tempo não se contentava ao não ser agradado, em somente espanca-la e passou a ameaça-la contundente... “A mataria e a todos de sua família”... “A única coisa que a mantinha viva, que o impedia de mata-la, era a esperança que ainda mantinha na possibilidade de Ana Cecília lhe dar um filho”... Porém, todos os meses quando mestruava levava uma surra, por não ter engravidado, por não ter lhe dado o herdeiro que “Madureira” gostaria de preparar para substitui-lo na Organização Criminosa, na posição e no cargo que ele almejava primeiro para si e depois perpetuado para seus descendentes... Ele venceria assim a própria morte... Não conseguia imaginar-se sendo substituído por um “Gilmar”, por um “Mão de Onça”, por um “Negão – O Coisa Ruim” ou por um “Hércules”, na “Direção” e na “Presidência” da Organização Criminosa, quanto ao atual “manda chuva”, quanto à “Grillo”, este ele mesmo mataria, num dia de Domingo, para que todos das “Casinhas” pudessem assistir, quando sob o sol do meio dia, arrastaria o corpo inerte pelas ruas do “Conjunto Habitacional”, eliminando ainda, quem e quantos se atrevessem a enfrenta-lo, ele “Madureira” e que seria o maior de todos e que seria o n.º 1. Alguns meses depois, acompanhava Ana Cecília ao Ginecologista, queria saber: O Porque sua mulher não engravidava? O Médico cuidadoso prescreve uma bateria de exames para Ana Cecília e encaminha “Madureira” ao Urologista, precisava para auxiliar o casal, confrontar exames e assim poder chegar a um consenso... O especialista consultado por “Madureira” também lhe solicita a realização de vários exames... Quando alguns dias depois fica sabendo que devido à idade, ao fumo, a cachaça, as drogas, a vida boêmia da qual sempre se orgulhou de levar e as doenças venéreas que durante este longo período, debilitaram seu corpo e principalmente o conjunto formador e responsável por sua capacidade reprodutiva, a possibilidade de sua mulher engravidar de forma natural seria muitíssimo remota, indicava como solução para o problema uma “Inseminação Artificial”, usando-se para esta finalidade o esperma do próprio “Madureira”, procedimento muito natural nos dias de hoje, os quais deixariam qualquer outro homem nas mesmas condições, feliz e agradecido... Não era o caso daquele animal feroz... Como lhe era comum, perdeu o controle, o “bicho era por demais orgulhoso e ignorante”, sua fama de “Macho Conquistador” estava irremediavelmente destruída e as posteriores conseqüências seriam eternas... para todo o sempre... Onde a esperança do ‘Herdeiro Sucessor”?... Estava perdida... Aquela união não tinha mais razão de ser!... “Despacharia” Ana Cecília e sua família de volta para sua terra natal!... Não queria ninguém olhando para ele com um “Sorriso malicioso no canto da Boca”... O “Grande Mala” mudou seu comportamento, entrou em depressão profunda, como superar situação para ele e para as suas síndromes, tão vexatória e humilhante, ficou estressado, não fazia mais cenas de ciúmes, quem visse diria finda a obsessão, “Madureira” teria mudado, refletido sobre sua união e compreendido os erros cometidos? Nada disso... Era somente um período, considerado negativo por “Madureira”, onde o orgulho próprio do ultrapassado “Machão Sul Americano” o consumia por inteiro... Como entender que a não realização do seu sonho de se perpetuar no poder da Organização se devia a sua incapacidade fértil e reprodutiva... Alguém teria que pagar de alguma forma por inoportuna realidade... Mas fato consumado, sentença médica decretada, “Madureira” não poderia ser pai novamente , a não ser que se beneficiasse dos modernos métodos para a Fecundação Artificial, para ele, na sua completa falta de humildade e total falta de capacidade de amar isto era impossível e assim o simples e minúsculo obstáculo tomou vultos de medonho pesadelo... Seu “estado psicológico” que já se apresentava enfermiço, se agravou tomando ares de completa impotência... Após a confirmação dos resultados médicos, não tiveram mais nenhuma relação... Não procurava a amasia, se sentindo incapaz e envergonhado de si mesmo voltou a passar as noites na “Boêmia”... Voltou a usar cocaína... Voltou a se embriagar nos bordeis da Organização... Mas, de nenhuma outra mulher se aproximava, com medo do resultado, para a sua concepção machista, tão frustrante, toda mulher que se entregue nos braços de um “Macho”, com “M” maiúsculo, deveria ser possuída no mínimo por três vezes, sem pressa ou sofreguidão e como resultado de toda esta técnica e experiência “Masculina” entrar em delírio no mínimo duas vezes, explodindo e morrendo de prazer... Entrou em um circulo vicioso, não fazia sexo porque tinha medo e tinha medo porque não fazia sexo, e assim sexo se tornou uma coisa proibida para ele e para sua companheira... Ana Cecília selou seu destino em uma organizada e maravilhosa “Festa Churrasco”, com a presença marcante do “CHURRASQUINHO PENHA” e tudo o que isto significa em termos de sabor e prazer, conforto e comodidade... Foi lá na casa do “Grillo”, os homens comiam, bebiam, cheiravam cocaína e jogavam cacheta... As mulheres em grupo comentavam suas vidas e quais foram os resultados do seu “Amor Bandido”... Foi ai que a debochada da “Rosana” uma das esposas de “Grillo”, uma “fuxiqueira”, uma “maluqueira”, uma “corticeira” de marca maior, com um sorriso debochado perguntou: Como a pequena Ana Cecília “agüentava” aquele padreador enorme, um “Touro Gigante” como o “Madureira”?! Todas riram imaginando o tamanho “do prazer” e “da alegria” da Princesinha da Organização... Ana Cecília meio embriagada, meio cansada de toda a situação, demonstrando com os dois dedos, o polegar e o indicador, da mão esquerda... Representando e descrevendo “coisa pequena, minúscula, miúda”, displicentemente afirmou que: Ambos tinham o mesmo tamanho, a “Ferramenta de Trabalho” e o “Seu Prazer”... A gargalhada foi geral, chamando inclusive a atenção do grupo dos homens, que se encontravam a uma certa distância, do local onde conversavam as mulheres... E, infantil e imatura, imprudente e inconseqüente, a pobre criança completou ainda: - “O serviço era mal feito, não tinha começo, não tinha meio, quando notava o operário em ação, este já tinha chegado ao final da obra, quando então como um “corpo morto” caia ao lado estrebuchando, trabalho infrutífero que não produzia nada, seu único prazer era vê-lo sair “de cima”, certa de que o incompetente a procuraria somente três dias depois, quando corria para tomar uma ducha, de aproximadamente uma hora, uma hora e meia, se limpava com álcool e somente assim conseguia voltar a dormir, tudo não lhe passava de um martírio, queria sumir, ir embora e se esquecer para sempre daquela vida infeliz e infame... Todas as mulheres ficaram sérias, caladas, paralisadas e assim permaneceram... Com os semblantes e os olhos tristes... Ouviram da pequena menina, entre prantos de dor e sofrimento, a narrativa de suas vidas, enquanto ela descrevia a sua própria história, naquela triste experiência de vida... Caiu a mascara da suposta alegria e da imaginaria felicidade e todas compreenderam que se encontravam, não em uma festa comemorativa dos lucros e altíssimos resultados financeiros alcançados pela Organização, mas que na verdade ali acompanhavam o triste desfecho de uma vida ainda criança... Naquele momento, assumiram não serem diferentes de Ana Cecília mas compreenderam também que permanecendo indiferentes aos atos praticados por seus companheiros não eram também diferentes de seus parceiros e que na verdade eram os seus principais cúmplices... Mais uma vez a eterna luta do Bem contra o Mal, o “Ser Humano” em eterno desenvolvimento, aperfeiçoando-se lenta e gradualmente, superando-se, ultrapassando os limites de seus vícios, lapidando-se eliminando os seus defeitos, caminhando sempre com destino a um amanhã melhor... A confissão se transformou em Declaração Pública e foi comentada por todos da Organização Criminosa... Não havia mais como esconder o fato, e todos ficaram sabendo... Menos o seu algoz o bandido do “Madureira”... Que, para apimentar ainda mais a “Divina Comedia Humana”, naquele dia bebeu e se drogou, consumindo tudo o que podia, e assim, quando bêbado e totalmente drogado, se vestiu de adolescente apaixonado e no meio da festa, entre todos os convidados... Discursava... Como se algo de muito importante tivesse para dizer a todos, quando totalmente fora de si, improvisava eternas juras de amor a sua amada... A situação mentirosa e patética, somente piorou o ambiente na casa, atingindo picos de repugnância quando “Madureira” caindo sobre a mesa posta com saladas e sobremesas as mais diversas, vomitou em cima do alimento e por todo o salão principal... Não conseguiria mesmo se assim o quisesse fazer um pior papel... Foi carregado por dois de seus “soldados”, que lhe tiraram as roupas e lhe deram um banho demorado... Ana Cecília em determinado momento se achegou a porta do banheiro e vendo-o ainda inconsciente, sem as luxuosas roupas de marca, sem as armas, que sempre portava e sem as sua famosas correntes de ouro, infantilmente sorriu, vez novamente o sinal com a mão e confirmou sua sentença : - Eu não disse para vocês!... E, saiu correndo, ainda rindo, como uma criança que brinca de fugir depois de uma travessura... “Madureira” dormiu profundamente em uma das suítes reservadas para as visitas na mansão de “Grillo”... Ana Cecília, pelo contrário, não parou um só instante, se achava feliz, naquele dia não foi humilhada, foi ela que mesmo às escondidas, ofendeu e destratou o seu “Tirano Agressor”.... Sentiu-se como se já estivesse totalmente vingada por tantos e tantos dias de submissão, queria comemorar, queria se divertir, queria dançar e sorrir como as meninas de sua idade, sem medos e sem amarguras, queria sonhar com “Dias Melhores”, queria sonhar com a Liberdade, queria sonhar com a possibilidade do Amor, queria sonhar com a Felicidade... Uma semana depois... Quando em uma negociata no Rio de Janeiro, a Organização Criminosa paulistana vendia a sua famosa “Cocaína 99%”, com 99% (noventa e nove por cento) de pureza, hermeticamente fechada, trazendo o emblema de um Falcão circunscrito em uma mandala formada pela letra “D” que tinha como significado sua origem e os responsáveis pelo seu grau de pureza, o Denarc na figura do seu Diretor e de toda a corja de bandidos que o acompanhavam.... Hipócrita sem respeito, medíocre e irreverente, piadista de péssimo gosto, “Madureira” contava lá suas anedotas, sempre ofendendo a figura da mulher carioca, procurando assim atingir a honra e a dignidade do perigoso traficante “Pilequinho”, que dentro do seu território, sem medo de um ataque ou de uma vingança imediata, como forma de lhe devolver o desacato e o desaforo, passou a lhe contar a história de uma “Festa Churrasco” na cidade de São Paulo e da “comédia” que certa pessoa teria proporcionado, devido às diferenças, entre as suas declarações e as informações prestadas por sua esposa... O bandido infame que não sabia de nada, ao tomar conhecimento dos fatos, mudou de cor avermelhou, depois com o sofrimento, com o prosseguimento da narrativa, empalideceu e perdendo a cor, parecia que iria desmaiar, gaguejou pedindo melhores esclarecimentos e outras informações.... “Pilequinho” foi grosseiro e impiedoso, primeiro multiplicou os fatos por mil e depois os repintou com requintes de malícia, sedução e crueldade.... Atingido em seu ponto fraco, não enxergou o deboche do seu inimigo, não via a verdade e pela primeira vez abaixou a cabeça, imaginando-se primeiro vencido pelo reles oponente, para o qual não tinha respostas para dar e segundo traído pela infiel amante que protegera e cuidara com tanto desvelo, a esta responderia em breve, assim que retornasse a sua casa.... A viagem de volta foi antecipada, rápida e silenciosa, “Negão – O Coisa Ruim” e “Grillo” que o acompanhavam, como ele não abriram a boca durante o percurso de retorno a capital paulistana.... Solitário... Sabia que não poderia contar com ninguém... Estava só naquela empreitada e sozinho cuidaria do serviço que o esperava... Quando chegou em casa, já havia arquitetado todo o plano.. Ana Cecília morreria naquele dia... Seu corpo seria esquartejado e nunca encontrado... Seu assassinato jamais seria descoberto... O autor intelectual e material do homicídio voluntário, premeditado e traiçoeiro, permaneceria para sempre livre e impune, nunca sendo conhecido, julgado e condenado... E, foi assim, que “Madureira” entrou em casa simulando ares de felicidade, teria comprado um sítio de presente para a família de sua amada, queria que Ana Cecília conhecesse a propriedade e juntos providenciassem moveis, decoração e todo o equipamento necessário à manutenção e a sustentabilidade do empreendimento..... Seria um sítio produtivo, gerando ali o futuro financeiro de toda a família, Ana Cecília ficou surpresa mas inocente.... Entendeu no ato uma forma de agrada-la como antigamente, ficou intrigada mas com esperanças frente à repentina mudança de comportamento do esposo..... Quando chegaram no sítio, local preparado para guarda e preparo das porções de cocaína, maconha e crack, moradia rural longe das estradas e de difícil localização, isolada e fechada por uma mata muito densa, reserva ecológica que nunca mais poderia ser mexida ou devastada..... Por um momento, seu instinto de preservação, gritou forte e interiormente pressentiu fossem outras as intenções de “Madureira”... Este contudo não esboçou o menor ato agressivo, pelo contrário, fez lá o seu simulacro... Dissimulando delicadezas e pretensões amorosas, dispensou o vigilante particular que era o responsável pela segurança da propriedade.. Estavam a sós.... O Assassinato de Ana Cecília não teria testemunhas........ A pedido do marido, preparou o jantar que ele mais gostava, não queria mais brigas, queria esquecer aquela fase tão difícil, quem sabe sua vida não voltava a ser como no início do relacionamento, quando se considerava a mulher mais privilegiada do Mundo, e assim, amorosamente caprichou na “Vaca Atolada”, acrescentou quiabo, gila, maxixe e jiló, Ah.....ficou uma delicia só... Após a suculenta refeição, foram se deitar na rede, juntos e abraçados, quando “Madureira” a possuiu com os ímpetos de outrora...... Na simples “relação sexual”, que da parte dele, não havia sonhos de amor ou porções de carinho, mas unicamente a explosão de uma paixão doentia, apimentada por um desejo sexual primitivo e animalesco, não existiam maneirismos de conquista e sedução mas um possuir por orgulho, um tomar com força e violência, um impor por hipocrisia, um subjugar por um ato de violação pura, comandado pelo desejo sim, mas de profanar e de poluir, forçar e arrombar, estuprar e violentar, humilhar e fazer doer, machucar e fazer sofrer, sentir ferir e vibrar em matar..... Gozou........ Gozou os seus prazeres todos, aos poucos e por inteiro, no final do ritual macabro, Ana Cecília a “Princesinha” do “Conjunto Habitacional das Casinhas”, estava morta por estrangulamento..... Logo depois de morta, foi esquartejada e enterrada aos pedaços, a cabeça em um local, ponta dos dedos em outro, e o restante em varias outras covas, sempre fundas e cobertas por uma grande camada de cal.... Como se faz sempre, quando se enterra a vítima executada pela Rota....... “Madureira” findo o serviço, passou o resto do “Final de Semana” no aconchegante sítio da Organização Criminosa.. Preparou um churrasco, soltou fogos de artifício, juntou alguns operários e juntos marcaram o local para a construção da nova piscina e do campo de futebol, e assim, retornou para a cidade de São Paulo, realizado, tranqüilo e sossegado, já havia dado vazão a todos os seus instintos, estava aliviado, não carregava consigo nenhuma revolta, estava vingado, já havia dada uma resposta àquela que lhe desprezou o amor e que lhe ofendeu a honra...... Quando na portaria do prédio em que residiam, pediu a um dos seguranças do serviço de segurança privada do condomínio que fosse comprar 02(duas) pizzas tamanho família, na pizzaria do ___________, 01(um) pote grande de 2Kg do sorvete da Kibon, 02 (duas) Coca Cola de 2,5 litros, 06 (seis) Brahma, bem gelada, 02 maços de cigarros Malborro e um buquê de flores, com flores do campo e muitas rosas brancas, as preferidas de sua meiga esposa... Confidenciando-lhe ainda que estavam curtindo apaixonadamente, uma segunda “Lua de Mel”.... O segurança seguiu ligeiro e ao retornar, já no apartamento, enquanto entrega a encomenda, pode observar o chuveiro funcionando no banheiro, o aparelho de som ligado, ouviam Roberto Carlos, roupas e sapatos do casal esparramados pela sala, a mesa preparada com seus respectivos pratos e copos e principalmente notou a radiante felicidade de “Madureira”, recebeu uma gorda gorjeta pelos serviços prestados e saiu rapidamente..... não querendo incomodar o feliz casal..... notava-se claramente que estavam apaixonados...... Na Segunda Feira, segundo a versão de “Madureira” na Delegacia de Polícia do bairro, sairão juntos do apartamento, às 11:00 (onze) horas, quando teria deixado Ana Cecília no Shopping Anália Franco, local onde sempre efetuavam as suas compras, sua esposa se comprometeu a chegar em casa por volta das 20:00 (vinte) horas, a partir daí nunca mais teria sido vista..... Boletim de Ocorrência de Desaparecimento, somente 24 (vinte e quatro) horas depois, ou seja, na terça-feira após as 20:00 (vinte) horas, conforme determinação da Autoridade Policial de Plantão, posteriormente, após o prazo determinado pela Delegacia Geral, encaminhado a Delegacia especializada em Pessoas Desaparecidas do DHPP e ninguém, é claro, nunca fez qualquer tipo de investigação...... Para a Polícia Civil caso resolvido, “afinal de contas o que não tem jeito resolvido esta, se a moça é jovem, o marido já tem uma certa idade, a esperta fugiu, tomou rumo ignorado e até hoje ainda não pretende retornar, problema dela e do marido dela, com certeza já o substituiu, por um outro amante e deve estar muito bem em qualquer parte da cidade paulistana”.... Já para a família ultrajada, fica o eterno sofrimento e a presença constante do desespero da perca irrecuperável.... Para o famoso “Madureira” ficou a certeza da impunidade e da incapacidade da sua conhecida Instituição Policial.... “O JULGAMENTO DE “MADUREIRA” POR ENVOLVIMENTO COM O NARCOTRÁFICO” “Madureira” foi o único que devido aos contatos criminosos que o seu Advogado mantinha junto a um certo Juiz de Direito, astuto e covardemente saiu livre e absolvido........ Juiz corrupto e a partir da data do julgamento também milionário, devido ao valor do suborno que recebeu..... Dizia “Madureira” o réu absolvido, se gabando no outro dia, quanto ao numerário, que o mesmo assumia cifras astronômicas, comparadas somente ao resgate de um “Rei”, e ele era verdadeiramente, naquela época, o “Rei dos Traficantes”.... Como existir uma seqüência tão grande de crimes impunes, quando o trabalho policial desde o seu inicio juntou provas e testemunhas dos fatos..... Não tenho conhecimentos específicos nesta área, mas imagino que se o Promotor Público não recorreu da sentença a um Tribunal Superior, seja lá qual for, e porque com toda a certeza também tenha “vendido à alma ao diabo”..... “Madureira” já se encontrava preso, devido aos depoimentos e as declarações que juntávamos em todas as prisões efetuadas, em todos os Autos de Prisão em Flagrante Delito, às testemunhas sempre falavam de sua importante participação na direção daquela Organização Criminosa, tínhamos declarações de pessoas que participaram de homicídios e o descreviam como o autor dos disparos que efetivamente mataram a vítima, não fosse um bandido com tantos recursos financeiros e teria permanecido na cadeia por no mínimo 30 (trinta) anos, tantas eram as provas que o incriminavam...... O Dr. Carlos Alberto já havia solicitado aos Juizes do Dipo, a expedição de sua “Prisão Preventiva”, no que foi prontamente atendido, o Falcão 15 composto pelos Investigadores Carvalho Sant`Anna, Armando Bei, Raquel Tesser de Lacerda e Paulo Mesquita da Costa Oliveira, ficou encarregado de efetuar a prisão, e claro que todas as equipes se juntaram e unificadas, foram ao encalço do perigoso criminoso...... Mas, “Madureira” com toda a certeza foi notificado pelos investigadores Sérgio e Willians, componentes do Falcão 14 do cerco policial, e quando chegamos ao local esperando por sua resistência e pela tentativa de resgate do preso por parte de seus “soldados” estes simplesmente desapareceram do “Conjunto Habitacional” das “Casinhas”...... Se não fosse tudo preparado, se imaginaria que “Madureira”, quando foi preso, estava preste a jogar uma partida de futebol, vestia calção, meias, tênis e trazia uma camisa do “Corinthians” jogada nas costas, quando a pé, de forma vagarosa e displicentemente, se dirigiu a viela de entrada do “Conjunto Habitacional”... “Por coincidência”, o local escolhido para o posicionamento do Sr. Belizário, como sempre acompanhado pelo Falcão 14, composta pelos nossos traidores, que sem a necessidade de maiores procedimentos e sem o uso da menor ostentação de força, prenderam o famoso traficante e assassino contumaz do “Madureira”..... De volta a Divisão de Inteligência do Denarc, o fracassado e covarde do Belizário se desmanchou em elogios a sua equipe preferida, os seus “menininhos de ouro”, sendo que durante toda a “Operação Grillo”, esta foi à única participação operacional que tiveram.... O envolvimento dos três era muito grande, e todos nós sabíamos que o Falcão 14, tinha como sua missão principal dentro da Divisão de Inteligência, bisbilhotar a vida e os trabalhos realizados pelos Investigadores das outras equipes e levar estas informações ao ridículo e incompetente do chefe Belizário... Dentro da Divisão de Inteligência do Denarc faziam o trabalho sujo da Corregedoria, que era, o de devido a sua covardia, se manterem afastados dos locais de conflito e de peleja, devido ao seu instinto de “puxa saco” ficar dentro da Delegacia lambendo o Chefe e os Delegados, e devido a sua língua de trapo inconseqüente , falar da vida alheia, e então falavam.... falavam... e falavam..... Achando defeito em tudo, a qualquer boato ou a toda calunia dando ouvidos, nunca se preocupando com a verdade, esta nunca lhes interessou, tinham como finalidade, difamar, caluniar, crucificar os seus pares, eram falsos, fingidos, eram duas almas traidoras e foram estes dois asquerosos que iriam entregar nas mãos daquela Organização Criminosa todos os Investigadores da nossa Divisão....... E foi, desde a data da prisão de “Madureira”, quando este permaneceu à disposição da Divisão de Inteligência do Denarc, que com Autorização Judicial o mantinha sob os cuidados dos Investigadores Belizário, Willians e Sérgio, os quais conforme afirmavam davam prosseguimento às diligências efetuadas, procurando assim, providenciar melhores esclarecimentos quanto aos fatos investigados, referentes àquela prisão..... Que definitivamente extrapolaram na dose, que ultrapassaram a barreira, e descaradamente assumiram sua posição de elementos pertencentes e totalmente ligados a Organização Criminosa de “Grillo”... A partir daí, a vida dos Investigadores de Polícia da Divisão de Inteligência, se tornou um verdadeiro inferno, todos foram ameaçados de morte juntamente com os seus familiares, sempre com base nas informações secretas, que lhes eram repassadas pelos “Investigadores” Willians e Sérgio, que graças à cumplicidade do chefe Belizário, passaram a ter acesso aos arquivos e as fichas pessoais de todos os Investigadores de Polícia daquela divisão, sabiam seus endereços e seus telefones, conheciam sua vida particular, suas qualidades, sua capacidade operacional, sabiam de sua coragem, de seus problemas, e principalmente de seus defeitos..... No meu caso, em particular, precisamente na semana anterior ao julgamento de “Madureira”, me encontrava realizando um trabalho de levantamento de informações, junto a alguns amigos no Departamento da Polícia Federal, quando recebi um telefonema de minha esposa... Blanca que sempre fora uma mulher calma e confiante nas “Mãos Divinas”, estava muito preocupada, quando me informava sobre um telefonema, que receberá a poucos minutos, onde uma pessoa se identificando como policial e meu amigo, de nome “Madureira”, perguntava se o Investigador Rodrigo estava em casa, informado que não, disse: Que, naquele dia, às 06:30 (seis horas e trinta minutos), passando casualmente pela entrada do prédio onde morávamos, pode acompanhar a cena familiar, quando conduzíamos nossos filhos ao ônibus da escola, dizia das roupas que as crianças usavam, diferentes do uniforme escolar, naquele dia de festa, o “Baile a Fantasia da Escola”, descreveu os beijos e os abraços, afirmava conhecer aquela Instituição Educacional e ter ficado contente em saber que o futuro das crianças estava garantido, que era uma pena que eu não estivesse em casa para podermos conversar melhor, mas que Blanca me falasse sobre o telefonema e que não esquecesse o nome do meu grande amigo “Madureira”, eu com certeza assim entenderia o recado, com os votos de uma boa tarde, desligou o telefone..... Blanca, era uma mulher maravilhosa, natural de Buenos Aires, a Capital da vizinha Argentina, descendente de Ingleses e Russos, médica pediatra que fazia do amor ao trabalho, da dedicação à família e a Solidariedade perante as necessidades do próximo mais carente suas razões para viver.... Espírito Superior, que frente a todo e qualquer problema, se mantinha intocável, procurando resoluta e determinada, de forma a mais racional, prontamente encontrar as soluções que procurava, apresentando-se para quem não a conhecesse até mesmo fria e calculista... Daquela vez, perdeu o controle, desceu do salto alto, e de forma irreconhecível, ficou totalmente desesperada, quando compreendeu que todos da família, nos encontrávamos em perigo de vida.... A mensagem era clara... Entrei em contato, por telefone com Heleno, nos encontrávamos em pontos diferentes da Cidade, fazíamos cada um, a sua parte em um serviço de levantamento de informações.. Meu parceiro usava uma das viaturas do Denarc e junto a um dos nossos informantes, procurava iniciar as investigações referentes a uma determinada “Ordem de Serviço”, devido a sua localização, se dirigiu a minha casa imediatamente, procurando assim proteger a minha esposa.... Blanca quando me avisou dos fatos, já havia entrado em contato com a sempre amiga “Polícia Militar”, que imediatamente encaminhou uma viatura para nossa casa e outra para a escola dos nossos filhos, fizeram um trabalho brilhante, nunca poderíamos contar com um apoio desse tipo por parte da Polícia Civil... Já havia solicitado apoio da segurança interna do condomínio para a nossa residência e em contato com a direção do Instituto Educacional, contou dos fatos e mesmo sabendo de sua organização e do grupo de seguranças que ali atuavam, solicitou uma atenção especial, ao nível de segurança para as crianças, até a minha chegada no local, as crianças foram então conduzidas até a Diretoria e acompanhadas por seguranças permaneceram ali a minha espera.... Enquanto isso, Blanca organizava em duas malas, roupas e os nossos pertences mais necessários e assim, em fuga da Organização Criminosa, nos dirigimos a Cidade de Sorocaba, onde Heleno tinha recebido como herança, uma pequena chácara, permanecemos ali escondidos, com cães de guarda, sistema de alarmes, e dois primos muito bem armados no trabalho de segurança. Nossa vida mudou repentinamente, meus filhos perderam o ano letivo, a mãe não permitia que se afastassem dela, minha esposa deixou o emprego e interrompeu durante certo período sua carreira profissional.... Residimos naquele paraíso por dois maravilhosos anos, somente saímos do local, porque um dos vizinhos vendeu sua propriedade indo ali morar um Advogado Criminalista, que imaturo persistia em afirmar, o tempo todo, que me reconhecia como um dos Investigadores da Divisão de Inteligência do Denarc, garanti que ele estava enganado, que como sempre trabalhava com segurança particular, especifica para shows e eventos...... E, temendo futuras ocorrências como a traição do Falcão 14, resolvemos mudar no outro dia, sempre para um local simples e isolado, o qual somente Heleno conhecia, os meus “amigos” do Denarc, nunca mais souberam do verdadeiro paradeiro de minha família... Não há pior inimigo que um falso amigo...... Só que eles ficam tão “minúsculos”, quando os reconhecemos como realmente são.... São bandidos, traficantes, assassinos, corruptos, e a grande maioria, posso garantir porque trabalhei com eles, medrosos e covardes..... Nunca tiveram a coragem de nos encarar, posso garantir que nunca tivemos um oponente a se apresentar abertamente como nosso opositor, o Falcão 17 neste ponto sempre foi respeitado..... No fundo todos sabiam quem estava com a razão.... Tudo o que aqui relato e que apresento, foi motivo de reuniões onde pedíamos providencias por parte de quem por direito.... Falavam que as equipes que trabalhassem mais diretamente conosco deveriam tomar cuidado, porque não éramos confiáveis..... Simplesmente porque queríamos trabalhar da forma certa e justa, como manda e determina a Lei..... Simplesmente porque num mundo injusto, quem clama por justiça é considerado diferente, louco e perigoso.... Heleno meu parceiro, foi o único dos Investigadores de Polícia a não sofrer ameaças, ex - sargento da Polícia Militar, nem mesmo a Divisão de Inteligência tinha seu endereço verdadeiro, proprietário de seis casas de aluguel, quando lhe convinha apresentava uma destas como sua atual moradia, nunca deixando nos arquivos da Divisão nem mesmo seu telefone... Prevenido sempre me orientou quanto a estes procedimentos, apresentando-os como a principal forma de se livrar de futuras emboscadas, o tempo se encarregou de provar que ele tinha razão, o tempo sempre se encarrega de nos mostrar quem são os nossos verdadeiros amigos, e quem são aqueles dos quais devemos definitivamente nos afastar..... Quando faltavam três dias para o julgamento de “Madureira”, os “pseudopoliciais” , “investigadores e traficantes” Willians e Sérgio entraram em contato com Heleno, pediram que os auxiliasse, afirmavam que não havia condições para se conversar comigo, que aquele trabalho, onde permaneci muito tempo infiltrado junto ao “Lixão” havia me deixado estressado e perigosamente obcecado quanto às possibilidades de envolvimentos e de participações de elementos da Divisão de Inteligência junto a Organização Criminosa, que me encontrava vendo perigos e fantasmas em todos os lugares, mas que precisávamos nos unir urgentemente, o julgamento já estava ai, faltavam poucos dias, era melhor sentar e conversarmos todos juntos.... O encontro fora do Departamento foi marcado, para não perder o costume, no Bar do Acerto.... Logo em uma Sexta-feira, o local ficava lotado pelos Policiais do Denarc e do antigo Deic... Foi uma situação realmente repugnante... Nos defrontamos no horário combinado, os componentes do Falcão 14, se faziam acompanhar pelo Chefe Belizário e pelo “advogadozinho” da Organização Criminosa... O “sem vergonha” se apresentava com ares de “pessoa importante”, devido às quantias em dinheiro que movimentava, junto à esfera policial, em nome daquela Organização Criminosa... Passou a falar sobre quem conhecia, quais eram as suas relações e quem eram os seus amigos..... Não me impressionou nem um pouquinho... Com o passar do tempo dentro daquele Departamento todos nós ficamos sabendo quem são os corruptos, quem são os traficantes e quem são aqueles que passam por aquela provação sem se misturar com toda aquela imundice...... Agora a oferta de suborno... A quantidade de zeros no número apresentado, escrito pela “advogadozinho” no papel guardanapo, esta me chamou a atenção..... A Divisão de Inteligência do Denarc ficaria com US$ 5.000.000,00 (Cinco milhões de dólares) caso : 1.º) A Família da Sra. Raquel Borba Leão, não fosse apresentada, como testemunhas de acusação no Julgamento de “Madureira”, bem como no dos demais componentes da Organização Criminosa. 2.º) Os Policiais da Divisão de Inteligência, quando em seus depoimentos, deveriam simular que devido ao grande número de flagrantes realizados, não se recordavam precisamente dos fatos, apresentando sempre diferentes interpretações sobre os fatos e “brechas” para a absolvição dos indiciados. 3.º) A Divisão de Inteligência não daria prosseguimento às investigações junto ao “Conjunto Habitacional das Casinhas”. 4.º) Seria apresentada uma lista com os nomes dos Investigadores que aceitavam as condições apresentadas e o dinheiro seria dividido entre estes, o Chefe Belizário se encarregaria de receber e dividir o dinheiro entre as partes. Naquela reunião, notamos o quanto pode ser sujo e perigoso o meio policial, estávamos sendo intimados pelo nosso chefe direto e por nossos parceiros policiais a participar da defesa daquela Organização Criminosa, que por obrigação deveríamos coloca-los na cadeia.... No dia do julgamento de “Madureira”, o Falcão 18 composto pelos Investigadores Marco, Falkenberg, José Carlos e Julião, e o Falcão 19 com os Investigadores Jorge Sampaio, Luiz Antônio, Luiz Oliveira e Bento Pereira, juntamente com Heleno, foram incumbidos de conduzirem a família Borba Leão, a Sra. Raquel e seus filhos, os quais mantínhamos sob nossa guarda e proteção, ao Fórum Central da Cidade de São Paulo, quando seriam ouvidos como as principais testemunhas de acusação..... Em um caso dessas proporções as Autoridades Judiciárias, já deveriam ter ouvido a Sra. Raquel e os seus filhos, devido à periculosidade dos elementos da Organização Criminosa, o bom senso já os teria aconselhado a nunca pensar em coloca-los frente a frente com “Madureira” e nesta posição falarem aberta e detalhadamente sobre os assassinatos que este bandido praticou e sobre as demais ações criminosas desenvolvidas por toda aquela Organização, foram no mínimo incapazes, frente à sagacidade, a objetividade, a determinação, o poder de simulação, o poder financeiro, a coragem e a falta de escrúpulos do bandido traficante.... Mas, a minha grande surpresa ainda estava por vir...... Quando da chegada dos Falcões, a residência da Sra. Raquel, o “advogadozinho” da Organização Criminosa, já se encontrava no local, quando narrava a Sra. Raquel do acordo fechado com a Divisão de Inteligência, informando sobre o valor do suborno, que inclusive já havia sido pago aos policiais corruptos, como prova do que dizia, ligou para “Grillo”, o qual todos conheciam muito bem, e por ele foram informados que os investigadores Belizário, Willians e Sérgio representando a Divisão de Inteligência do Denarc, já haviam recebido a quantia de US$ 5.000.000,00 e que estes não iriam depor contra “Madureira”.... Heleno tentou convencer a Sra. Raquel e sua família, afirmando não serem verdadeiras aquelas informações, que tudo não passava de uma grande mentira arquitetada pela Organização Criminosa, como forma de ajudar no julgamento de “Madureira”. O “advogadozinho” começou a rir e pediu a família que começassem a pensar, como ele havia chegado até ali, com informações de quem poderia saber do paradeiro da família e procurando deixar tudo claro e esclarecido.... Pegou novamente o telefone celular e desta vez ligou para a casa do “pseudopolicial” , do “traficante – investigador” Sérgio, deixando que todos ouvissem a conversa, perguntou se já estava tudo certo, o corrupto mostrando ares de profunda amizade disse que sim, perguntou se ele já havia recebido o dinheiro combinado, o safado confirmou descrevendo inclusive como já havia gasto parte do dinheiro, perguntou sobre o seu depoimento e o de Willians frente ao Juiz, o cúmplice covarde da Organização Criminosa ria desatado, pedindo que o advogado ficasse calmo e certo de que o acordo seria cumprido a risca... Dizendo ainda, que não importava quais fossem as declarações dos componentes do Falcão 17, “Madureira” seria absolvido e colocado em liberdade, informado de que o “advogadozinho” se encontrava ao lado da família Borba Leão, Sérgio descaradamente confirma tudo para a Sra. Raquel, dizendo : Que “Grillo” e “Madureira” se tornaram seus amigos, ele já teria efetivamente recebido a quantia combinada, sendo que no acordo fechado, a Sra. Raquel e sua família seriam amparados pela Organização Criminosa, iriam ganhar uma casa mobiliada, muito melhor do que aquela pocilga onde hoje se escondiam e durante um ano receberiam a quantia de R$ 2.000,00 (dois mil reais) por mês, como uma forma de ajuda e amparo à família carente e..... Pondo no assunto um ponto final, reafirmou ameaçador : Tudo esta acertado e sobre controle, os depoimentos serão contraditórios e “Madureira” será absolvido... Quanto à “Família” deveriam permanecer, onde se encontravam, na cidade de São Sebastião, tranqüilos e felizes com o desfecho da própria história, caso contrário, se tentassem sair da casa com destino ao Foro João Mendes, morreriam todos, “soldados” da Organização já se encontravam posicionados, eles não tinham nada a perder, a Sra. Raquel e a sua família que decidissem qual o melhor destino a seguir....... O “advogadozinho” bandido, sorria feliz e prazerosamente, havia cumprido o seu papel, impedindo a participação da família no julgamento do astuto e perigoso “Madureira”....... Os falcões retornaram abortando a operação e durante parte do trajeto foram acompanhados pelo helicóptero da Organização Criminosa que conduzia o advogado e parte dos seus seguranças.... O rol das testemunhas de acusação era formado pela família da Sra. Raquel... Pelos “pseudopoliciais” Sérgio e Willians... E pelos componentes do Falcão 17 como os condutores do Auto de Prisão em Flagrante Delito, que teria dado origem, funcionando como base para a solicitação da “Prisão Preventiva” de “Madureira” e no qual as melhores provas teriam sido arregimentadas contra o indiciado.... Eu, me encontrava isolado, esperando para ser ouvido, já a mais de duas horas, no interior de uma sala, que era mantida com a porta fechada e com dois Policiais Militares da Rota fazendo o trabalho de segurança, o que não é comum e que durante os 19 (dezenove) anos nos quais trabalhei como Investigador de Polícia foi a única vez que vi acontecer, quem assistisse a cena, me julgaria um perigo bandido delinqüente, naquele dia a pressão começou por aí...... Heleno, devido a todos os transtornos, chegou atrasado e também foi conduzido aquela sala, começou a me relatar os fatos, quando chegaram os traidores Willians e Sérgio..... Traziam no semblante a covardia de um Judas, se sentaram, separados de nossa equipe, em outro banco no canto oposto da sala, se comportavam de forma atemorizada, estavam nervosos e muito agitados, demonstrando no procedimento as características que sempre identificaram aqueles que certos de sua culpa esperam a todos os momentos à chegada de alguém que os puna. Sempre foram covardes, mas naquele dia o medo os consumia.... Tinham medo, mas não tinham vergonha....... Aquele grupo da Divisão de Inteligência do Denarc, acabou ali naquele julgamento, muitos dos Investigadores que ali se encontravam, passaram a ter o nome incluído na “caixinha de doações” daquela Organização Criminosa, a cissão provocada pela oferta milionária de “Grillo” e de sua Organização foi a nossa derrocada.... O dinheiro funciona como uma pedra de toque em que se testa o caráter dos Homens.... Nenhum homem tem o dever de ser rico, grande ou sábio, mas todos nós temos o dever de sermos humildemente honestos e honrados...... Fiquei incrédulo quanto ao que ouvia de meu parceiro, fiquei pasmo com as atitudes do Falcão 14, me levantei e enquanto me dirigia aos traidores, o pânico dos safados era tamanho, que só faltou sacarem das armas, para se defenderem... Já nos conhecíamos em ação, havíamos enfrentado muitos traficantes juntos, sabiam que não os temíamos e que estávamos prontos a enfrenta-los quando quisessem e que a única vantagem que teriam sobre nós seria quanto ao uso da covarde emboscada... Mas mesmo assim ainda os estaríamos esperando...... Olhando fixamente nos olhos de Sérgio, que devido ao seu tamanho e porte, impressionava e impunha o respeito daqueles quem não o conheciam, como o safado e covarde que era, perguntei : Se ele estava contente, afirmando que ambos me transmitiam toda uma sensação de felicidade e ao mesmo tempo toda uma sensação de terror, de pânico e medo..... e desafiando, continuei..... É, é verdade eu estou me contagiando com todo o medo de vocês, não sei porque mas estou morrendo de medo de vocês dois.......Contem-me porque que eu tenho que ter medo de vocês dois.... Neste momento, entrou um oficial de cartório, chamando Willians a prestar o seu depoimento, que dali saiu ligeiro, eu durante todos os demais anos de minha carreira policial nunca mais o vi....... Sérgio, aquele gigante negro, suava e gaguejava... e nunca nos olhava nos olhos, enquanto procurava nos convencer que..... Sentia-se amedrontado e que não colocaria sua vida e a de seus familiares em perigo para efetivamente jogar o ex – policial e herói da Polícia Militar, o “Madureira” na cadeia, que todos nos sabíamos não ser o único responsável..... Quais as provas do envolvimento do “General” e dos demais Delegados da Dise com a Organização Criminosa.. Onde os depoimentos de testemunhas fora dos quadros policiais que efetivamente os poria a todos na cadeia... Não meus amigos, dizia confirmando o relato anterior feito por Heleno.... “Eu não vou participar de nenhuma “Cruzada contra as Drogas” ou ainda da “Cruzada a favor da ética e da dignidade”, vou apresentar um depoimento difuso, apresentando brechas para diversas interpretações e cheio de esquecimentos, de a forma a contraditório no seu todo, não acusar diretamente “Madureira” como o responsável intelectual da Organização Criminosa, mas sim apresentando-o como um reles e infeliz, ex- policial militar, desempregado, com problemas de adaptação a vida civil, doente e viciado em drogas, freqüentador do local, onde com certeza esmolava a droga maldita”..... O Advogado de Defesa teria assim todas as armas necessárias a absolvição do inteligente crápula... Os traquejos do “Ator Teatral” todos os Investigadores de Polícia do Denarc obrigatoriamente tem, era só representar durante dez minutos à frente do Juiz aquele papel e sair do Fórum pensando e se preocupando somente em como utilizar e aproveitar a sua parte do suborno... E foi o que os nossos traidores fizeram..... Willians simplesmente perdeu a memória, não se recordava de nada e nada tinha a dizer contra o indiciado e que de alguma forma o pudesse incriminar.... Durante o depoimento de Sérgio, um dos dois Promotores que acompanhavam o caso, aparentemente revoltado e inconformado, entrou na sala e perguntou o que estava acontecendo, os Investigadores ouvidos, não haviam lido o Flagrante antes de virem para o Fórum, esqueciam-se da operação, não reconheciam e não identificavam o indiciado...... Explicamos todos os fatos e prometemos que nos aguardasse, o nosso depoimento seria totalmente diferente e conclusivo, o Sr. Promotor pediu para permanecermos firmes nos nossos depoimentos que ele garantia : A justiça seria feita e assim colocaria “Madureira” na cadeia..... Prometeu e não cumpriu...... Quando do meu depoimento relatei todos os fatos ocorridos e identifiquei o Advogado de Defesa, ali presente, como o “advogadozinho” “pé de chinelo” da “Tentativa de Suborno”, o Sr. Juiz displicentemente ficava olhando a cor das paredes, como se fosse a primeira vez que estive ali, ou melhor como se estivesse em uma bela galeria de arte, enquanto “Madureira”, sabendo da cumplicidade do Juiz e dos Promotores, me ameaçava gesticulando, fazendo sinais com ambas as mãos, como se estivesse usando duas armas durante um tiroteio, simulavam efetuar disparos em minha direção, fazendo com a boca o som característico do Pa-Pa-Pa, Pa-pa, Pa-Pa-Pa, Pa-Pa, fazia ainda sinais com a mão, para que eu o aguardasse que ele iria me matar...... O Sr. Juiz foi comunicado dos fatos por duas vezes, sendo que na terceira afirmou que estava ali e não estava vendo nada, que eu prestasse o meu depoimento o mais rápido que fosse possível, para poder sair logo dali.... “Madureira” e seu defensor riam livres e soltos, como se estivessem no boteco do “Conjunto Habitacional das Casinhas” onde funcionava o escritório daquele safado fanfarrão.... O Juiz e os Promotores enfiaram o nariz no processo e fingiam nada ver..... No Denarc somos treinados para se adentrarmos no inferno, nos abraçarmos e sairmos dançando com o Capeta... No meio daquele Circo, me fantasiei de palhaço e gesticulando como o bandido, simulei jocosamente sacar do meu Cal. 38 de 6”, já conhecido no “Conjunto Habitacional das Casinhas”, apontar firme e disparar um único tiro no covarde assassino, soprar a fumaça imaginaria e guarda-lo novamente no coldre axial, foi o suficiente..... “Madureira” incorporou uma pobre adolescente amedrontada pela violência do meu ato, o seu defensor se queixou pasmo ao Sr. Juiz... Que mesmo sem ter visto a cena me advertiu rigorosamente, enquanto ia ordenando que me sentasse de costas para o déspota.... E, seguindo sempre nesta direção foram o Sr. Juiz, os Srs. Promotores e o Advogado de Defesa durante toda a representação teatral... Perguntando sempre e unicamente aquilo que imaginavam que poderia ser usado como argumento para a defesa e para a proteção do covarde assassino... Descrevendo sempre o que não queriam, apontei provas e testemunhas do tráfico e dos assassinatos... Contando com riqueza de detalhes, cada um dos fatos ocorridos, principalmente as ocorrências de assassinato.... Falava sobre o caso de Ana Cecília, procurando mostrar as Autoridades que ali se encontravam quem era o réu..... Sendo que, quando na parte onde a pobre criança falava sobre “o tamanho da ferramenta”, neste momento, o assassino que já me fuzilava com os olhos, perdeu o controle, esmurrando a mesa, gritando que aquela parte da história não era verdadeira, que tudo aquilo era mentira, jurou por Deus, na frente de todos, que iria se vingar, que não me perdoaria, que iria me matar...... O nobre Meritíssimo sem esperar, quase caiu da cadeira, abriu uma gaveta, enfiou a cara por debaixo da mesa e depois de algum tempo, recuperando o fôlego tocou a representação como se o bandido abusado não houvesse se emocionado e tropeçado na fala, abandonando o texto anteriormente combinado..... O Sr. Juiz mandou que eu prosseguisse com as minhas informações, como se “Madureira” nada tivesse feito...... Ai, emendei afirmando que : Se tudo fosse realmente mentira, que ele abaixasse as calças e mostrasse que eu estava mentindo.... O brutamontes desmoronou, de pé que estava e senhor completo de toda a situação, sentou e chorando desesperadamente, colocava as duas mãos escondendo o rosto por completo, apontou em minha direção e ainda chorando esbravejou : Eu vou te matar Rodrigo, eu juro.... Eu vou te matar..... Prometeu e não cumpriu.... A partir daí, se rendeu, se entregou atingido no seu ponto fraco, “o tamanho da ferramenta”..... Não tive mais nenhum tipo de problema, pude calma e sossegadamente prestar o meu depoimento, que foi até o seu final acompanhado pelo choro sentido do pobre do “Madureira”, o “negócio” deveria ser muito pequeno mesmo..... No final da história, fiquei foi com dó do pobre infeliz... Que realmente ali mostrou que desequilibrado como era, deveria ser conduzido a um Manicômio Judicial, para um rigoroso tratamento médico... Fosse outra a nossa Instituição Policial e durante a realização normal dos exames médicos periódicos e principalmente quando do exame admissional, este tipo de problema médico poderia ser observado, a falta de estrutura da Polícia faz com que tenhamos “Madureiras” em nossas corporações..... O sentimento de “Pena” e o entendimento da culpa intrínseca do próprio Governo do Estado de São Paulo, quanto a tudo o que de alguma forma, direta ou indiretamente, por ação ou omissão, por culpa ou dolo, se relacione a Segurança Pública, deve ter influenciado em muito o proceder do nobre Sr. Juiz e dos Dignos Promotores....... O Dr. Promotor numa situação tão alarmante, afirmou se achar satisfeito e que não via mais a necessidade do depoimento do Investigador Heleno para o esclarecimento completo dos fatos..... Acredito que não era bem este o depoimento que aguardavam dos Investigadores do Falcão 17..... Dispensando o depoimento do meu parceiro deixaram bem clara a sua participação no complô que foi de forma demoníaca orquestrado..... Absolveram-no porque se corromperam, porque foram subornados, porque cumpriram com um acordo anteriormente combinado, só espero que seus filhos não sejam hoje, como tantos outros adolescentes, escravos do narcotráfico...... No outro dia, por ordem de “Madureira” se decretava três dias de festas, no “Conjunto Habitacional das Casinhas” em comemoração a liberdade do criminoso traficante..... Era cerveja e cocaína para quem quisesse consumir, nem mesmo no final da Copa do Mundo de Futebol com a vitória do Brasil se viu tamanha comemoração..... A Festa estava completa com a presença de Autoridades Civis e Eclesiásticas, o padre da Paróquia local se fez presente, achava importante também participar das comemorações daquela Comunidade tão carente e desprovida de recursos, lideranças políticas, que aproveitando o ano eleitoral, lançaram a candidatura de “Madureira” a Vereador, com o slogan “DO POVO E PARA O POVO, NESTE VOCÊ PODE E DEVE CONFIAR” , Delegados do Denarc e da Delegacia local participaram entusiasmadamente, afinal de contas “Madureira” misericordioso, já os havia perdoado e assim novamente passariam a receber “o seu quinhão por direito”.... “Madureira” recebia a todos com presentes, os mais valiosos e os mais diversos, todos indistintamente foram presenteados, não havia como se arrepender de participar de Festa tão maravilhosa, entre as comemorações o “Digno Anfitrião”, como forma de presentear e de brincar com todos, oferece o prêmio de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais) para o assassino do Investigador Heleno e outros R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais) para o assassino do Investigador Rodrigo, impondo somente uma condição, “obrigatoriamente o assassino deveria ser um Policial”....... Foi realmente uma grande confraternização todos comeram, beberam, cheiraram, comemoraram e se divertiram bastante... No mesmo dia do depoimento, procurei pelo nosso Delegado Titular o Dr. Tapuitinga, lhe narrando os fatos, informando que me preocupava quanto à possibilidade de represarias por parte dos traficantes daquela Organização Criminosa e que naquele momento precisava de ajuda, devido à posição tomada por nossa equipe, em oposição ao Chefe dos Investigadores e ao Falcão 14..... Aconselhou-me a procurar pela corregedoria da Polícia Civil.... Dirigi-me ao plantão da corregedoria e lá um dos “pseudopoliciais” que me atenderam, “informou” que este não era o papel da corregedoria da Polícia Civil, “aqui não se ajuda ou se protege ninguém, o nosso papel é “f...” os policiais” ... Que no meu caso, deveria me dirigir a Delegacia de Polícia da área, ao 1.º DP e lá registrar um Boletim de Ocorrência de Ameaça de Morte..... Eu nunca esperava ouvir o pelo que ouvi, da própria boca de um dos policiais da corregedoria, fiquei inclusive grato, aquele safado pelo menos foi sincero e realmente descreveu quais eram as funções daqueles “páreas” da Instituição Policial... No 1.º DP, junto a Praça da Sé, depois de 02(duas) horas de espera, pela decisão da Autoridade Policial de plantão, este me aconselhou a ter calma e a esperar pelo correr dos fatos... Que, ao elaborar o referido Boletim de Ocorrência de Ameaça, o Delegado Titular da Delegacia o encaminharia para o “arquivo” e é claro o B.O. seria jogado em uma pasta, para a qual ninguém nunca mais teria o trabalho de olhar.... E assim, mais um caso brilhantemente resolvido e encerrado pela Autoridade de Plantão do primeiro D.P. ....... Devido à participação de todas estas Autoridades e de todos estes “pseudopoliciais”... Quem quiser comprar um “Pozinho”, uma cocaína de primeira qualidade..... Se comprar de quilo, que venha com o símbolo de uma Águia Americana, dentro de uma mandala formada pela letra D, que se dirija ao “Conjunto Habitacional das Casinhas”..... Ou ainda, que vá até a favela do “Mangue”..... Você estará colaborando para o sustento das famílias carentes de todas estas Autoridades e de todos estes “pseudopoliciais”, Você estará ajudando a manter aquelas famílias pobres de trabalhadores honestos, que residem no “Conjunto Habitacional” das “Casinhas”, na sua maioria, componentes das minorias carentes e discriminadas, como exemplo, podemos citar os imigrantes nordestinos, as pessoas da raça negra e seus descendentes, pessoas que procurando uma vida melhor para suas famílias na Cidade de São Paulo, graças a estas “pessoas” que foram aqui apresentadas, ainda hoje são “Escravos do Narcotráfico”.... Você estará patrocinando a compra de armas, as mais sofisticadas, para a segurança da “Boca” e de todos os seus freqüentadores.... Você definitivamente estará auxiliando na estruturação do Crime Organizado, principalmente no setor especializado de Roubo a Banco, no setor especializado de resgate de presos encarcerados, no setor de Roubo, Furto e desmanche de veículos..... Afinal de contas, a qualquer momento você também poderá precisar comprar uma peça “bem baratinha”, no caso de uma necessidade para o seu veículo.... Não se esqueçam, todos nós devemos colaborar sempre, tendo a noção exata do nosso importante papel na concretização de cada um dos diversos crimes que ocorrem em nossa querida Cidade... Sim, somos responsáveis pelas fraudes do Bingo, do Jogo do Bicho, da Maquina Caça Níquel, da Casa de Jogos Clandestinos, no Contrabando, nos Produtos Piratas, nos produtos vendidos sem Nota Fiscal, na Casa de Prostituição, nos quebra galhos da corrupção e do suborno, todos nós somos diretamente atingidos e sem duvida nenhuma, quando envolvidos os seus principais responsáveis..... E não adianta ficar nervoso comigo e falar que vai jogar o livro fora... Se jogar o livro fora, outro coitado vem e desavisado lê... Preciso e providenciar um lugar seguro, encharcar com gasolina, álcool ou outra substância inflamável qualquer, riscar um fósforo e ficar livre deste transtorno... Somente assim a gente fica em paz, com a consciência tranqüila e sossegada.... Você descuidadamente poderá ainda adquirir os outros dois livros que formam esta trilogia, composta pelos livros “Apokraphos”, “Falcão 17” e “Sacrifício e Renúncia”... Esta reunião de tragédias e de dramas, que todos nós Policiais Civis diariamente vivenciamos dentro da Instituição Polícia Civil do Estado de São Paulo.... Você poderá ser convidado a assistir um filme que baseado neste e em outros relatos, procure exprimir explicitamente esta situação de completa miséria humana, apresentando também a importante participação de cada um de nós, de todos da nossa Sociedade, frente a estes problemas que sempre afirmamos não serem nossos, mas se não são nossos, são de quem então...? Às vezes penso se não seria melhor, seguir a manada, aplacar esta vontade de gritar contra este modo de viver... Não consigo ficar livre da obrigatoriamente de parar para pensar nestas “coisas chatas”... Então, meu amigo leitor, se apruma, mãos a obra, vamos agir rápido e ligeiro, se livra desta porcaria..... Que nada tem a ver com você.... A PRISÃO DE “GRILLO” “Grillo” foi indiciado, julgado a revelia e condenado..... Devido aos conselhos dos Advogados indicados por “Madureira”, que prometeram inocenta-lo, caso “Grillo” obediente seguisse suas orientações.... E, assim foragido se refugiou fora do Estado de São Paulo, ficando totalmente isolado do comando da Organização Criminosa.... Fugiu para o Estado da Bahia, delatado pelo próprio “Madureira”, para os componentes do Falcão 14, sendo lá preso dentro de uma rinha de galo, no outro dia deu na manchete do Jornal “O Estado de São Paulo”: “PRESO O MAIOR TRAFICANTE DO BRASIL” . Nós do Denarc, sabíamos que era mentira, o maior era o “Heresia” o nosso Diretor do Departamento, mas, por enquanto, o nosso objetivo ainda era o “Madureira”.... Que, ardiloso e astuto como sempre, representando o seu papel de soberano inconformado, decretou a morte dos dois Advogados que se responsabilizaram pela absolvição de “Grillo”..... Sempre preocupado com o segmento segurança, reorganizou, reformulou e equipou seu exército e seus soldados, reconstituiu seu grupo de extermínio, ampliou sua atuação no Rio de Janeiro, matando e tomando posse do “Morro da Favela do Canta Galo”, setor anteriormente comandado pelo traficante “Pilequinho”, o qual ele matou com requintes de crueldade e sadismo.... “Mão de Onça” que se encontrava foragido e escondido em uma das casas do Conjunto Habitacional das “Casinhas”, tendo sido resgatado pela ação do grupo de resgate comandado por “Madureira”...... Foi novamente delatado por seu comparsa e retornou a prisão..... Graças à “ação corajosa” dos “pseudopoliciais” “Traficantes - Investigadores” Sérgio e Willians, cumprindo ordens do seu “Comandante em Chefe” o Sr. “Madureira”...... Ficava claro, ele não aceitava a existência de possíveis rivais ou opositores, agia como se fosse amigo de todos, usando quando precisava e depois traindo os seus próprios pares, sempre conforme o seu prazer, quando do seu interesse, enganava, subornava, corrompia, comprava a todos aqueles que estivessem propícios a tais papeis... Nunca conseguiu se aproximar foi do único verdadeiro amigo de “Grillo”, o correto “Hércules”. “Hércules” se encontrava desligado dos serviços da Organização Criminosa, onde anteriormente fora o principal Segurança Particular de “Grillo”, que agora condenado a dezesseis anos de cadeia, precisava colocar a única pessoa em quem confiava, em um cargo de direção... Principalmente relacionado aos serviços da tesouraria...... E, foi por estes motivos.. Para ajudar o amigo que também lhe matou a fome e a de sua família... Que, quando necessário lhe pagava a mensalidade da academia de Boxe... Que, foi seu amigo quando era ainda um simples servente de pedreiro, e que posteriormente quando já rico, não se esquecendo do companheiro, o contratou por uma boa paga como seu Segurança... Que, “Hércules” se sentindo um eterno devedor..... E vendo a necessidade do amigo.... abriu mão de tudo.... Separou-se da mulher amada e da casa que orgulhosamente sustentava com o suor do seu trabalho..... Despediu-se da vida digna e honrada que mantinha até aquele momento... Abrindo mão de sua própria felicidade..... “Madureira” sabia dos parcos recursos intelectuais de “Hércules”..... Receber uma ordem de “Grillo” para coloca-lo na tesouraria, seria o mesmo que emprega-lo como Perito Degustador dos melhores vinhos franceses... Seu paladar simples e despretensiosamente pobre estava acostumado era com “espremidinha de limão com querosene”..... E, nunca com as nuanças de cor e do sabor, muito menos com os matizes do buquê dos clássicos vinhos europeus... “Madureira” o manipularia como a uma marionete, sua ignorância era tamanha que não ofereceria o menor perigo, a um gerente ladrão contumaz como ele..... E, este foi o seu último engano..... “Hércules” não sabia o que era uma raiz quadrada, ou como montar um problema com as variáveis x, y, e z, mas somar, subtrair, dividir e multiplicar, isto fazia sempre “de cabeça”; No armazém, no bairro do Brás, onde trabalhou durante muitos anos, não era somente um carregador de sacos, como iniciou naquela empresa, mas o melhor conferente que por aquelas redondezas passou, controlava assim todas as notas de entrada e saída, valor unitário, peso e valor total das notas, nunca sendo enganado ou subjugado por quem quer que fosse...... Trabalhando com toda a vigilância, não demorou muito, dois meses depois já tinha as provas dos roubos de “Madureira”.... Durante uma das visitas que “Hércules” fazia a “Grillo” na cadeia, veio à ordem de execução... Deveria matar o ladrão... Que ficasse claro, sua missão era mata-lo o mais rapidamente possível, no meio da rua, dentro do “Conjunto Habitacional das Casinhas” e na frente de todos, acompanhado pelo antigo grupo de extermínio, formado somente pelos homens da confiança de “Grillo”.... Passando ainda, a partir daquela data, a exercer o Comando da Organização Criminosa... “Hércules” seria o novo chefe...... Contudo politicamente, todos os demais homens da direção permaneceriam com os seus cargos, até que cometessem o menor descuido ou no caso em que fosse comprovada sua deslealdade, principalmente a financeira.....Todos os acordos fechados por “Madureira” seriam respeitosamente cumpridos, afinal de contas eram “homens de palavra e uma vez a palavra dada nada poderia ser usado como desculpa”.... Duas horas depois, “Hércules” chegava ao “Conjunto Habitacional das Casinhas” e desobedecendo a “Grillo” chegou sozinho, sem nenhum acompanhante... Se ele tinha realmente que fazer aquilo, queria realizar o serviço sozinho sem a companhia ou a parceria de ninguém... Este seria um trabalho somente seu..... “Madureira” do lado de fora do balcão da Padaria do grupo, estava saboreando sua 10A (décima) Brahma e observou a chegada de “Hércules”, não lhe deu a menor importância, afinal de contas o trabalho do segurança “Hércules” nunca teve a menor importância para ele... Não viu o que aconteceu...... Foi metralhado a queima roupa, pelas costas, sendo atingido por mais de vinte tiros... Queima de arquivo, vingança, acerto de contas... Ninguém sabe... Ninguém viu... Ninguém estava lá... Não havia testemunhas... A Polícia considerou aquele um trabalho perfeito, serviço de profissionais, não conseguiu nenhuma prova ou qualquer tipo de indícios... “Hércules” o novo Diretor Executivo, ficou muito triste com o ocorrido e amargurado, decretou três dias de “Luto Oficial” nas “Bocas” da Organização Criminosa, ninguém vendia ou consumia ali qualquer tipo de entorpecente, sendo proibida ainda a pratica de crimes, fossem seqüestros, roubos ou assaltos, nada de ilícito pode ser praticado, pelo menos durante aqueles dias.... E assim começou o Reinado de Dom “Hércules”, o Rei do “Conjunto Habitacional das Casinhas”, que permanece no seu trono, até os dias de hoje... Viva Dom “Hércules”... Viva Dom “Hércules”... O INVESTIGADOR QUE A CORREGEDORIA COVARDEMENTE ASSASSINOU E O INVESTIGADOR QUE FOI EXONERADO DO CARGO “AO BEM DO SERVIÇO PÚBLICO” PORQUE MANDOU CONSERTAR UM PNEU DA VIATURA POLICIAL O Falcão 37 era uma equipe formada por dois corajosos e valentes Investigadores de Polícia, eram ainda muito jovens, mas devido à capacidade de trabalho que tinham, logo se tornaram exemplos a serem seguidos por todos, impressionava vê-los e observar a dedicação completa, aos serviços específicos da carreira policial. Mas, o que impressionava, chamando mais a atenção, era a forma destemida com que enfrentavam chefes incapazes e vagabundos e aos já tradicionais Delegados traficantes e corruptos que como parada escolhida tinham sempre o Denarc... Onde sabiam, poderiam acompanhar os passos do Diretor “Heresia”, com ele aprender e se aperfeiçoar e nas atitudes praticadas por ele se espelhar, este sempre foi o procedimento de todos os Delegados que o acompanharam.... Nenhum deles pode alegar ignorância dos fatos aqui apresentados... Foram seus cúmplices e os seus comparsas, aqueles que com a força do cargo que tiveram, mantinham toda aquela estrutura organizada pelo seu Diretor do Departamento de Narcóticos, o Dr. Hélio Recupero da Silva Amaro e o seu amigo particular, escudeiro e Delegado Titular da 4.a Delegacia da Dise o famigerado Dr. Alceu Barrosbel. Os Investigadores do Falcão 37 não aceitavam “áreas proibidas”, regiões onde por determinação superior, os Investigadores do Denarc ficavam proibidos de realizarem operações policiais e assim os seus flagrantes, provocavam verdadeiro tumulto dentro do Denarc... Não respeitavam acordos firmados com traficantes protegidos pela diretoria do Denarc.. Bandidos nos quais nós, os Investigadores do Denarc, éramos proibidos de colocar a mão.... Por toda essa coragem e determinação, passaram a ser perseguidos, não de forma direta, clara e transparente, mas à moda do Denarc, ou seja, sempre pelas costas e as escondidas..... E, assim, planejaram a emboscada, tramaram como se vingariam da vergonha e da humilhação de não serem respeitados, de serem afrontados a frente de todos os demais Policiais do Departamento.... Garotos ainda, diziam que : “Traficante era igual a balão, era do mais esperto, era do primeiro que colocasse a mão”, falavam e riam com toda a sua simplicidade e inocência... Infelizmente ainda não conheciam o que significava trabalhar no Denarc, sua atitude, que volto a dizer, era puramente infantil, pela Direção do Departamento contudo era entendida como a demonstração simples de sua arrogância e do seu desrespeito à “hierarquia policial”.... Eram considerados elementos subversivos que devido à forma independente de atuarem, representavam um perigo iminente para toda a Instituição, não poderiam nunca ser vistos como exemplos a serem seguidos, pelo contrário, o mais rapidamente que fosse possível era necessário desarticular os seus trabalhos, ou no caso desta impossibilidade, que fossem eliminados.... Esta era a tumultuada vida do Investigador chefe da equipe do Falcão 37, do meu amigo Cláudio Gabriel, o qual chamávamos de Gabriel, 22 anos, casado, pai de 03 filhos, evangélico, aluno da Faculdade de Sociologia, dono de uma pequena e simples loja de peças para autos com troca de óleo a vácuo. Onde sua esposa Dona Ana Julia era a única funcionária, trabalhava ali sozinha durante todo o dia, era ela quem fazia a troca de óleo, quem vendia e quem recebia, e quem sozinha também cuidava dos filhos e da casa, moravam nos fundos da loja, em uma casa muito pequena mas com dois dormitórios, onde eram felizes com a realização de seu trabalho, com a família que constituíam e principalmente com os sonhos e projetos que tinham para o futuro... Marcos, era o outro componente da equipe, acompanhava e defendia bravamente os pontos de vista de Gabriel, tinha somente 20 anos, noivo, morava ainda com os pais, a mãe era Escrivã de Polícia, o pai Fotografo Policial, fazia o segundo ano da Faculdade de Direito da PUC Pontifícia Universidade Católica em São Paulo... Sonhava ser Delegado de Polícia, queria ser o grande “Xerife”, o “Defensor da Lei e da Ordem”... Sonhava com a Paz e lutava pela Paz e pela Justiça Social, Católico praticante, todos os dias, antes de se apresentar no Denarc para um novo dia de trabalho, fazia uma visita a Igreja da Sé, nas terças e quintas, e na Igreja das Almas as segundas, quartas e sextas, era devoto de Nossa Senhora de Aparecida, visitando a casa da Santa, o Santuário de Aparecida, pelo menos duas vezes por ano.... Praticavam esportes juntos, karate, pugilismo, natação, halterofilismo, tiro ao alvo, não tinham vícios, não fumavam e não bebiam, levavam a vida de casa para o trabalho, do trabalho para casa, se mantinham com o miserável e corruptor salário policial, eram “Homens Honestos e Justos”..... E era principalmente esta a característica que mais incomodava a Diretoria do Denarc, enquanto os elementos afins se atraem, os opostos se repelem, então, diziam que eles, com toda a certeza não pertenciam àquele meio... Na verdade aquele era um local de Homens honestos e trabalhadores, a permanência de “pseudopoliciais” era o que não condizia com aquele meio.... O Investigador Gabriel gostava muito de dirigir a viatura policial, uma Blazer da Ford, modêlo __________e acabou por tomar como sua esta obrigação dentro da equipe, levava a viatura para casa, deixando Marcos em casa e retornando no outro dia para pegá-lo, isso quando não eram requisitados intempestivamente para o serviço de apoio e/ou para a realização de operações policiais a serem realizadas com a máxima urgência durante a madrugada. No Denarc, não precisava ser o Delegado Titular da Delegacia ou o Chefe dos Investigadores, para se solicitar o apoio incontinente de uma equipe, qualquer um dos Investigadores que entrasse em contato com um dos demais Investigadores da Delegacia, pedindo apoio ou solicitando que participassem de alguma forma dos mais diversos serviços ali executados, isso às 23:00 vinte e três horas, às 02:00 duas horas, às 03:00 três horas da manhã, não existia horário e nem como se dizer que não poderá atender imediatamente, que se esta cansado ou ocupado com problemas particulares, que já se trabalhou 48 horas ininterruptamente....... Ligou, chamou.... É “pé na tábua”..... O companheiro deverá sempre ser atendido com toda a brevidade. Somente o ato de ir para casa, com uma viatura do Denarc caracterizada, a qual todas as pessoas a possam identificar como uma viatura policial, já era uma forma usada para se desvalorizar a equipe.... Policiais em trabalho 24 horas por dia, acabavam durante o percurso, atendendo pedidos de auxilio do Sr. dono do bar com o bêbado mais exaltado, brigas de “marido e mulher”, ocorrências de transito, pedidos de informações sobre o “carro furtado” e por ai iam as solicitações que nada tinham a ver com o trabalho especializado de um Investigador de Polícia do Denarc... Tendo contudo o Policial obrigatoriamente de tomar as primeiras providências quanto a cada uma destas também importantíssimas “Ocorrências Policiais”... Era esta a primeira forma usada para administrativamente se punir os componentes de determinada equipe, sem a possibilidade de queixa por parte dos seus componentes. Outra das formas de se desmoralizar uma equipe, a pior de todas, era a própria administração de um Departamento Policial coloca-la sob a investigação dos incompetentes e retardados membros da Corregedoria da Polícia Civil, a escoria maior da Polícia Civil de São Paulo..... Na pequenez da mentalidade dos seus orgulhosos membros, sua única obrigação era “trabalhar”, “manipulando” testemunhos e indícios, de modo a promover a crença na culpa de Investigadores, Escrivães, Agentes Policiais, Carcereiros, Agentes de Telecomunicações, enfim de todos aqueles considerados Policiais subalternos, nunca se sentindo obrigados à apresentação de provas concretas que dessem fundamento e que servissem de base estrutural as suas afirmações inconseqüentes.... Alguém se apresenta na corregedoria da Polícia Civil, um bandido com uma “Ficha Criminal” do tamanho da incompetência daqueles imbecis e certo do apoio incondicional as suas mentiras, começa a dizer do que imaginariamente teria ouvido de alguém que não conhece e que não sabe identificar.... Pronto, os donos da verdade têm um caso..... Um Policial que corajosamente arrisca sua vida para o bem de todos da Comunidade, passa a ter sua vida “investigada”, do jeito deles, é claro..... Mas, também é claro que todos antecipadamente já são culpados.... Para a Corregedoria da Polícia Civil todo policial é culpado, todo policial é um “bandido com funcional”, o qual deverá no fim daquela investigação ser apenado e principalmente de qualquer maneira condenado a perca de sua função... Porque o “Serviço Policial”, fora o exercido pelos nobres elementos da Corregedoria, não é serviço de “Homens Honestos”, não é serviço para “Profissionais Vocacionados” mas sim e somente, na opinião daqueles imbecis “trampolim de Bandido Apadrinhado”..... Julgam baseados na sujeira, na covardia e na hipocrisia que tem em seus corações... A punição de um Delegado de Polícia já é coisa rara, praticamente impossível, para não se falar claramente que ela não existe, somente ocorrendo, quando e exclusivamente por uma única razão, quando a mídia acompanha os acontecimentos de modo mais intenso e direto, e de forma atuante encontrando e apresentando ao público ela própria às provas e as testemunhas de acusação... Mesmo assim, normalmente são ludibriados, com a conversa fiada do “Delegado Transferido”... O “pseudopolicial” Delegado de Polícia em 90% (noventa por cento) dos casos, em vez de receber uma punição, administrativamente ganha uma promoção, assumindo em um outro Departamento ou em uma outra Delegacia, sempre um cargo mais elevado que o seu, o de um Delegado de Polícia pelo menos um nível acima, o que por si só, já o premia a nível salarial.... E, é esta a forma encontrada por estes seus cúmplices e comparsas, os Delegados da corregedoria que seriam os responsáveis pela sua punição, de se premiar o inoperante, a concussão, a extorsão, a prevaricação, a tortura, o “puxa saquismo”, a imperícia, a negligência, a inacreditável capacidade de matar e de mandar matar, de roubar e de mandar roubar, de traficar e de mandar traficar, desde que esta seja praticada por um dos seus pares, desde que praticada por um Delegado de Polícia.... Os Investigadores do Falcão 37 passaram a sofrer todo tipo de perseguição possível, até que um dia..... As equipes da Corregedoria invadiram as casas dos dois Investigadores de Polícia do Denarc..... Marcos se encontrava dormindo e sozinho dentro de casa, seus pais em período de férias se encontravam em viagem a uma cidade do litoral paulista....... Recebeu a equipe da Corregedoria com um sorriso sarcástico e um brilho no olhar de consciência tranqüila, de certeza da sua superioridade moral, ele entendia que enfrentava uma perseguição arquitetada por um bando de vermes malditos, composto pelos Delegados da corregedoria, pelos cúmplices subalternos do “Heresia” e do Dr. Alceu Barrosbel... Teve a casa revistada, nada de ilegal foi encontrado, porque nada de ilegal ali existia.... O Investigador de Polícia garoto ainda, deixou atrás de um muro de proteção, o sorriso, a alegria, a felicidade e os trejeitos do jovem brincalhão e efetivamente deixou o “Homem, o Policial Honesto, o Bravo Herói” assumir e destemido enfrentou aquele bando de “coisa nenhuma”, que sem ter nada para fazer, somente procuravam uma forma de desmoralizar aquele perseguido e ultrajado Investigador do Denarc.... Marcos era um trabalhador honesto e devotado, exigia assim o devido respeito aos seus direitos..... Queria saber o nome do responsável e qual o motivo de sua prisão...... Exigia a presença de um Advogado e de testemunhas dos fatos que estavam ocorrendo..... Queria a presença de uma das equipes do Denarc.... Ou então, que fossem brincar de fazer “cirquinho” lá dentro da Corregedoria, que era o local certo para este tipo de medíocre encenação..... Enquanto isso a loja e a casa de Cláudio Gabriel, já estava de ponta cabeça, onde novamente nada de ilícito foi encontrado..... Tinham, mais uma vez, os componentes da corregedoria quebrado a cara de sem vergonha, que todos eles são..... Quando um dos “porcos”, depois da revista realizada, resolveu novamente fuçar no pequeno caixa da loja, remexendo e se apropriando das pequenas e poucas notas que dignamente traziam o pão de cada dia para aquela família, o “ladrão” fez uma careta ridícula de pouco caso e profetizou: “Mais que pobreza, que miséria...” Dona Ana Julia não suportou ser assim tão descaradamente ofendida e roubada, e frente à postura tão indigna, num movimento de defesa, pois sabia que com certeza as notas de maior valor sumiriam, bateu a mão na porta da gaveta, que se fechou, prendendo levemente o dedo do ladrão barato... O ladrão do Investigador da Corregedoria, sem controle investiu contra a dona de casa, esbofeteando a indefesa vítima... Gabriel vendo a esposa ser covardemente agredida, procurou defende-la e mesmo tendo que enfrentar toda a equipe dos “mela cueca” da Corregedoria da Polícia Civil, quebrou o nariz e dois dentes do agressor, daquela histérica bichinha assumida mas descontrolada... Foi algemado e ai sim sem a menor possibilidade de se defender, violentamente agredido na frente da mulher e dos filhos, foi quando um dos arremedo de Delegado da corregedoria, retirou do bolso do paletó, um pequeno pacote com 50 (cinqüenta) gramas de cocaína, de sua propriedade e para o seu uso exclusivo... Covardemente afirmando que o havia encontrado embaixo de um tapete (coisa ridícula e impossível de se acreditar) ... Estava o Auto de Prisão em Flagrante Delito “armado”... Saiam da casa do Investigador de Polícia, conduzindo-o preso, quando um borracheiro vizinho, tendo sua oficina no mesmo quarteirão da casa de Gabriel, lhe trazia uma das rodas da viatura, que na madrugada daquele dia, o Investigador teria ali deixado para o conserto de um furo no pneu... Procurava assim o amigo borracheiro ajudar o competente e conhecido Investigador de Polícia que sempre auxiliou a todos que dele se aproximaram, procurava assim com o seu trabalho também auxiliar a Instituição Polícia Civil do Estado de São Paulo....... Pronto, “o entorpecente esta na roda”, gritou um dos Delegados da corregedoria, com certeza o mais astuto e inteligente..... Sai toda a equipe da corregedoria com a roda de volta para a borracharia do honesto e trabalhador do Senhor “Manuel Português” algemado, tomando tapa na cara...... A competente Autoridade Policial estava contente e realizada, quando procurando ofender, comenta com o Investigador de Polícia do Denarc....... Você pensou que havia escapado, “porque nós não encontramos nada em sua casa”, mas este seu comparsa, se referindo ao senhor dono da borracharia, foi infeliz na hora escolhida para a devolução da roda, agora nós te pegamos, vamos encontrar o entorpecente e você não terá como escapar .... Isso na frente do borracheiro, de dois dos seus ajudantes e de três clientes que ali se encontravam a espera do final do serviço a ser realizado nos seus respectivos carros....... Enquanto o Delegado gritava e esbravejava colérico, representando o seu ridículo papel, procurando condenar e humilhar o inocente Investigador de Polícia na frente das testemunhas que ali se faziam presentes, ao mesmo tempo, quando próximo ao Investigador, sorria de felicidade do seu feito o grande bastardo incompetente ...... Mais uma vez, dentro da borracharia nada de ilícito foi encontrado........ Depois viemos a saber que a tal idéia da roda, havia abrilhantado a mente do competente Delegado, devido ao fato de sua mãe ter o costume de guardar tudo o que podia esconder na roda, uma roda de carroça, que a família da ilustre Autoridade Policial usava como decoração de ambiente, na sala de visitas da nobre residência, o espertalhão por associação, imaginou que o Investigador Gabriel poderia ter escondido quilos de cocaína em uma roda da viatura deixada para conserto em uma borracharia da sua própria vizinhança..... Teoria digna de um “astro rei” das ciências jurídicas, teoria digna de um “asno” como os outros demais que brilhantemente exercem suas funções junto aquele Departamento de lixo, formado por um bando de hienas covardes..... Inescrupulosos, entraram em contato com a equipe que estava na residência do Investigador Marcos e ambos os Investigadores de Polícia foram algemados, com a mão para traz, e covardemente conduzidos à sede da Corregedoria da Polícia Civil..... Lá dentro, procuraram um local, sem a possibilidade da entrada ocasional de testemunhas, escolheram um andar do prédio, ainda desocupado e sem uso.... A “tortura” começou....... Os bravos, corajosos e destemidos “homens” da elite policial paulistana, “penduraram” os “nefastos policiais traficantes do Denarc”...... Os Policiais da Corregedoria especializados e muito experientes usavam a famosa técnica do “fala ou morre”, associada a uma estória mentirosa, que nunca aconteceu, somente usada como pano de fundo para a perseguição aos nossos corajosos Heróis... Os Investigadores de Polícia do Denarc iriam apanhar até que confessassem aonde se encontrava os 58 (cinqüenta e oito) quilos de cocaína pura, que haviam apreendido durante uma operação policial e deixado de apresentar na 3.a Delegacia do Denarc, depois da fuga do traficante e de seus comparsas, sob o fogo de um pesado tiroteio.... Fazendo assim os Investigadores do Denarc acreditarem que devido ao fato dos traficantes terem empreender fuga do local, ninguém nunca ficaria sabendo dos fatos, motivo que os teria levado a ficarem com a posse do material entorpecente.... Mas, a Corregedoria da Polícia Civil sabe de tudo..... Dela nada de errado escapa e nem fica impune...... Justamente por cumprir tão bem o seu trabalho e que todos nós Paulistanos temos o orgulho de possuirmos esta maravilhosa Instituição Policial tão eficiente, honesta e incorruptível. Parabéns Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo. Parabéns aos seus Dignos Mandatários, Parabéns aos ilustres Senhores Doutores Delegados de Polícia pelo excelente trabalho desenvolvido... Usava ainda os “torturadores” uma técnica conhecida como de “persuasão”, quando separam os componentes, espancam e interrogam, afirmando a cada um dos torturados, que observe que o seu companheiro não vai agüentar por muito tempo.... Que seria melhor ser feito um acordo.... Que o primeiro que colaborar será inocentado, jogando-se a culpa somente no outro componente da equipe..... Depois disso, juntavam-se os dois Investigadores do Denarc em uma sala preparada, de onde se pode gravar e filmar tudo o que se fala e o que se faz..... Mas, o pior ainda estava por vir, em determinado momento da “tortura”, quando diziam que não tinha mais jeito, que definitivamente iriam matar o Investigador Marcos jogando-o de encontro às vidraças do prédio ainda desocupado..... E, assim agiam.... Jogavam o pobre Investigador, totalmente apavorado de encontro às vidraças..... Sendo que em determinado momento, perderam o controle da situação e o corpo do Investigador de Polícia Marcos algemado, com as mãos para traz, escapou das mãos dos seus “torturadores”, batendo violentamente de encontro e quebrando as vidraças....... Vôo impreciso, todos mesmo os seus “torturadores” acompanharam pasmos, onze andares para baixo, direto e sem escalas, caindo sempre, para terminar de encontro ao solo, tendo seu corpo destruído quando chegou ao chão....... Para Cláudio Gabriel que a tudo acompanhava, acabou o suplício material.... Terminaram as agressões e as ameaças que sofria até então..... Ficou a lembrança do parceiro sendo jogado de encontro aos vidros da fachada..... Sendo arremessado para a morte injusta e prematura..... Estes momentos, nunca mais sairiam de sua mente e do seu coração..... Parou, pensou na família, lembrou dos filhos.... Este “Homem”, depois de tudo o que passou, seria ainda o mesmo... Podemos dizer que não assassinaram um, mas que este se trata de um caso de duplo homicídio..... Foram assassinados na verdade, os dois Investigadores de Polícia do Denarc.... Gabriel foi subjugado..... Ele nunca poderia imaginar que matariam o Investigador Marcos dentro do próprio prédio da Corregedoria... Dentro do contexto da “estória” que juntos montaram, Corregedoria, Departamento de Homicídios, Médicos e Peritos Técnicos do IML e do IC, seria necessário que durante o depoimento de Cláudio Gabriel, este afirmar que : Não presenciou os fatos..... mas que durante o interrogatório pode observar o Investigador Marcos deprimido e transfigurado..... Jovem e naquele momento aparentemente fraco, mesmo nada tendo feito que o condenasse, perderá a razão e que se sentindo humilhado e difamado, fugiu da guarda dos distintos amigos da Corregedoria, que já certos da inocência dos Investigadores do Denarc somente procuravam os auxiliar..... E, assim inesperadamente se atirou de encontro à vidraça..... Talvez, nem mesmo compreendendo o que seu ato provocaria.. Sem a menor chance de que os seus amados protetores, a equipe da Corregedoria que os acompanhava pudessem auxiliar..... Provocando infelizmente com este ato impensado a sua própria morte.... Indo assim totalmente em oposição aos benignos desejos dos seus benfeitores, dos brilhantes senhores Corregedores....... Em contra partida..... Os Senhores Doutores da Corregedoria não apresentariam as 50 (cinqüenta) gramas de cocaína que haviam “plantado” em sua casa e assim soltariam imediatamente sua esposa, a Sra. Ana Julia que até aquele instante se encontrava presa como sendo uma reles “traficante” pertencente à quadrilha formada ainda pelos dois Investigadores de Polícia do Denarc..... A Senhora Ana Julia conversou com Gabriel e implorou que ele pensasse nos filhos ainda crianças, que não teriam quem por eles se responsabilizar..... Como deixa-los a sós, ficando o pai e a mãe presos como traficantes... Todos gostavam de Marcos, como se fosse mais um da família, mas ele já estava morto, não tinha mais o que se fazer...... E assim, Cláudio Gabriel foi conduzido ao Presídio da Polícia Civil, ficando lá preso pelo período de 05(cinco) dias, posto em liberdade por Ordem Judicial, respondeu a um Processo Administrativo, onde foi considerado culpado por apropriação indébita da roda da viatura, e devido a este fato foi exonerado do cargo de Investigador de Polícia ,“a bem do serviço público”...... Quanto aos torturadores e assassinos, continuam prestando seus serviços dentro da Corregedoria da Polícia Civil do Estado de São Paulo, que com toda a certeza é o seu local preferido para o exercício de sua função.... A Polícia Civil de São Paulo não tem uma borracharia se quer, ou pelo menos convênio com esta ou com aquela borracharia, todas as vezes que fura um pneu, é responsabilidade do condutor da viatura providenciar o concerto “as suas custas”..... Veja lá se isto não é um convite a corrupção..... O Investigador entende que pagar o concerto não seja sua obrigação e que portanto esta quantia em dinheiro deverá ser paga por outra pessoa, quem seria esta pessoa? E, porque esta pessoa deveria colaborar com a Polícia, cobrindo suas deficiências estruturais? Nós, os Investigadores do Denarc, somente ficamos sabendo dos fatos, quando o IC e o IML já haviam saído do local.... E, nos dirigimos à entrada do prédio daquele Departamento.... As “Águias Formosas”, como são chamados os funcionários da Corregedoria da Polícia Civil, com toda a hombridade, formaram barricadas..... Pediram o apoio da Polícia Militar..... Prepararam espingardas e metralhadoras..... Corriam as coitadas, como jovens gazelas em perigo, frente ao ataque iminente do leão foras, iam e vinham de um ponto a outro do prédio, perdidas e desnorteadas com a obra de arte que acabaram de criar, com o Investigador de Polícia do Denarc que acabaram por executar..... “Nunca devemos deixar que ninguém nos faça descer tão baixo a ponto de sentirmos ódio e principalmente de pensarmos na possibilidade da vingança, o que somente nos tornaria iguais a estas pessoas”..... As “meninas” da Corregedoria ouviram publicamente, quietas, mudas e assustadas, tudo o que um bando de assassinos covardes é merecedor de ouvir... Aí, o “Heresia” entrou em ação, determinando a saída das viaturas do Denarc, de frente ao famoso prédio da Corregedoria da Polícia Civil na Rua Venceslau Brás..... Tinha medo, do que pudesse ocorrer as suas “meninas levianas e travessas”, as “dengosas águias” faziam parte do seu esquema, no qual tinham importantíssimo papel, enquanto estas estivessem comandando a corregedoria, nada de mal aconteceria a ele, ao seu comando e aos seus “soldados”..... Cláudio Gabriel hoje é um micro empresário do ramo de auto peças, muito bem estruturado e realizado, continua trabalhando junto e ao lado de sua esposa, corre na Justiça um processo pedindo seu retorno aos quadros da Polícia Civil e uma indenização pelo que ele e sua família sofreram naquele dia. “O CASO DO APRESENTADOR LÍDER DE AUDIÊNCIA” “Amor Salgado” era o curioso nome de um amigo Investigador de Polícia, que durante determinado tempo foi um dos Diretores de Segurança de uma importante rede de televisão, responsável na época pelas tomadas e gravações externas, inteligente e criativo, dono de uma capacidade impar para aprender tudo o que lhe apresentassem, desenvolvendo sempre novas possibilidades e outras finalidades para esses novos conhecimentos absorvidos. Brilhava em tudo aquilo que fazia, pondo em cada ato seu, em cada serviço a ser realizado, todas as suas forças, toda a sua energia e toda a sua dedicação. Era, em uma palavra, “dedicadíssimo” ao trabalho, 24 (vinte e quatro) horas por dia, todos os dias do ano.... Quando, durante um assalto ao escritório de sua empresa, perdeu a companheira que o amava e que com o seu amor o impulsionava na sua dedicação a família e ao trabalho..... Distante dali, na lida com as suas costumeiras ocupações, quando do acontecimento dos fatos, se sentiu ausente e indiretamente culpado, não tinha lhe dado todo o amor, não tinha lhe dedicado todo o tempo, que a mulher amada lhe era merecedora, fora negligente com a pessoa que mais amou aqui na terra..... Sem ela, se sentiu vazio, sua vida não tinha mais uma razão..... Desequilibrou-se e passou a beber com exagero, o trabalho e a família já não eram merecedores da sua dedicação, passava as noites na boêmia, se escondia dos amigos e desviava cuidadosamente dos demais conhecidos, passou a freqüentar outros meios e outras rodas de companheiros, com os quais passou a usar cocaína. Muito bem relacionado com o meio artístico e cultural, onde sempre o encontrávamos acompanhando aos grandes empresários e as demais “Personalidades VIP”, tinha entre as “Celebridades” os seus pares, com os quais foi com o passar do tempo cada vez mais se afinando..... Principalmente com aqueles que como ele, num momento de grande dificuldade e/ou de maior dor, fugiram do caminho e da companhia do sempre continuo e benfeitor trabalho, daqueles que desistiram e deserdaram do pronto enfrentar às provas e às expiações da própria vida...... Misturou-se e se confundiu com o narcotráfico naquele meio, a princípio consumindo a droga inimiga, e posteriormente em um segundo momento, assumindo a responsabilidade de ele próprio trazer o entorpecente para a realização das festas de confraternização com seus novos amigos..... Devido às funções que desempenhava como Investigador de Polícia do Denarc, tinha seus conhecimentos específicos e os contatos necessários para li assumir a importante função de “Traficante” para cantores, produtores, comediantes, apresentadores, atores, todos com muito dinheiro e um vício que os igualava, os nivelando sempre por baixo...... E que ao mesmo tempo, fazia com que eles se colocassem em suas mãos..... Eram dependentes de sua companhia e de seus serviços particulares... Certos da pureza do entorpecente e da segurança, quando do momento da compra e da entrega, não queriam saber de outro fornecedor...... Todos queriam comprar cocaína somente com o Investigador do Denarc, estavam confiantes no sigilo e na discrição do “Diretor de Segurança” daquela famosa emissora televisiva...... E, para ele abriram as portas de suas casas e mansões.. O cofre com suas fortunas para o financiamento da compra da cocaína, sempre em grande quantidade e com alto teor de pureza..... Para o adiantamento dos valores referentes às despesas com as “Festas” que organizava... E, muitas das atrizes e cantoras abriram as portas do próprio coração...... Era um galanteador nato, um cúmplice junto à “companheira cocaína”..... Um “amigo protetor” frente a todos e quaisquer problemas..... Ele estava sempre disponível, pronto para tudo o que pudesse fazer para todos auxiliar..... Ele organizava festas de todos os tipos, era um “Lual em Ubatuba”, uma “Festa a Fantasia” na boate da moda, locada somente para aquele evento, uma “Caça ao Tesouro”, no Guarujá com a participação de mais de duzentos barcos... Sempre com a presença de seus amigos, de seus convidados clientes e fregueses..... Eram festas inesquecíveis, exclusivamente para Socialites, Autoridades e Políticos os mais influentes, as Personalidades VIP do momento...... Toda “Estrela” de primeira grandeza, esperava sempre de “Amor Salgado”, um convite e uma lembrança, para que não fosse esquecida, quando dos eventos que idealizava..... Suas comemorações não se realizavam somente me São Paulo, mas agora já ao nível de todo o Brasil...... Era um “Promoter” conhecido, respeitado e amado por todos.... Com o abandono contínuo de suas funções e de suas obrigações, perdeu a princípio o cargo na empresa televisiva....... Seis meses depois, se desligou da carreira policial..... Assumindo definitivamente, o posto de “Bandido Traficante”........ Fez fortuna e no meio artístico expandiu sua influência, se sentindo intocável e já não colocava limites as suas pretensões..... Aos seus desejos e aos seus impulsos, fossem eles quais fossem...... Foi nessa época, que cumprindo uma O. S. (Ordem de Serviço), a qual narrava o Tráfico de Entorpecentes que se desenvolvia no interior de uma das mais famosas escolas paulistanas....... Quando procuramos por sua Direção, para melhores informações e a partir daí passarmos a colher demais dados junto a funcionários, professores, estudantes e familiares..... Quando fomos procurados por um dos pais de aluno, dizendo que gostaria de nos falar a sós, sobre um assunto seu particular e de sua família, terminou nos conduzindo a sua residência e lá nos relatou sua triste história : O Sr. Abderramã e a Sra. Melinda, tiveram dois filhos, o primogênito Indra e a bela Tâmara... Os quais foram criados com todo o amor e completo devotamento.... Aos quatorze anos o jovem Indra já trabalhava, continuando seus estudos no período da noite, era o Office - Boy de uma pequena “Produtora Independente”, aos dezesseis anos já auxiliava a produção e tomava parte do trabalho exercendo a função de fotógrafo. Um ano e meio depois, quando ainda não tinha completado os dezoito anos, trabalhando para uma famosa empresa de brinquedos e jogos, conheceu ilustre apresentador da televisão brasileira... Que, a principio elogiando o seu trabalho, e depois tomando conhecimento de sua inexperiência e de sua imaturidade, prometendo auxilia-lo na nova carreira, terminou por convencer o garoto a pedir demissão do cargo, retirando-o da produtora e montando para ele um estúdio fotográfico em Alphaville. Lá, entre seções de fotos e orgias com outras adolescentes, que o apresentador organizava, conheceu a “maluca” da cocaína, como carinhosamente a chamava, que associada a grande quantidade de álcool consumido, certa madrugada o levaram, bêbado e drogado a cama do apresentador..... Passou a ser o seu “homem”, e o apresentador a sua “mulher”...... Dezessete anos, mansão, carro importado, empregados, dinheiro à vontade, drogas e as mulheres que pudesse, escondido do seu “grande amor” conquistar.... Quem “cheirava” duas ou três carreiras por dia, depois de dois anos começou a “tomar nos canos”, dezoito meses depois descobriu que estava contaminado com o vírus da AIDS..... Quando foi informado pelos médicos da proximidade da morte, contava somente com vinte e um anos de idade e foi ai que compreendeu que havia abandonado a vida quando aceitou a companhia do pederasta milionário... Que jogou fora sua inocência, que desperdiçou sua juventude e a sua mocidade, que a energia sublime da melhor época de sua vida fora lhe definitivamente arrebatada, durante aquela convivência profana, em que havia se tornado o “macho” conquistador do apresentador promíscuo e doente, em que sucumbindo aos desejos doentios do seu amante homossexual, se tornou sua fêmea subjugada e submissa, sua presa encarcerada, escravizada, violentada, estuprada e totalmente possuída.... Não perdoava e não se esquecia, foi o amante que primeiramente o induziu ao uso do álcool e da cocaína, provendo suas despesas, bancando todos os seus gastos, adquirindo a cocaína aos quilos, para o seu consumo por intermédio de um Investigador de Polícia do próprio Denarc..... Este era o responsável direto por sua derrocada moral e pelo seu suicídio... Entendia que tudo o que lhe ocorria hoje, era somente a reação do próprio destino aos atos por ele praticados... Quando ainda encantado e hipnotizado pelas promessas do artista psicopata e desequilibrado, seguindo os conselhos do sedutor amante, deixou de lado, abandonando a amorosa família... A primeira atitude do apresentador, foi separa-lo da influência de seus familiares, isto porque a “Instituição Família” e a convivência com os pais e com os irmãos, para ele, não tinham a menor importância.... Pelo contrário, deles deveria manter a maior distância, somente assim se processaria e se concretizaria de forma absoluta o seu poder sob a imatura presa..... Obrigou-o a renunciar aos amigos de infância, da sua “Vila” lá na periferia distante da Zona Sul... Pondo de lado os verdadeiros e desinteressados amigos que sempre o ampararam quando de sua infância... Infelizmente aqui Indra como um soldado covarde e fugitivo, desertou da luta pelo trabalho, desistiu da honra e da dignidade..... E, assim como resultado dos seus atos, como um “Suicida” deixava de forma tão abrupta e inesperada a própria vida.... Assim acabaria a sua pequena e triste história..... O Sr. Abderramã, ao lado da família, nos apresentava os fatos chorando, tinha nas mãos uma carta, escrita pelo próprio filho, onde Indra lhe falava com minúcias, descrevendo os locais de encontro, dando os nomes das pessoas envolvidas com o narcotráfico daquele meio que sempre os acompanhavam, quais os viciados, quem era o traficante e principalmente quem era o seu Patrocinador Oficial. O pai desnorteado e ferido já havia ligado para o apresentador assassino e covarde.... Iria publicar nos jornais da cidade a carta testamento do filho no seu leito de morte.... Iria falar do seu sofrimento e do padecer de todos daquela família.... E, por fim, depois que conhecessem a história completa da vida de Indra, autorizaria junto aos programas sensacionalistas que acompanhassem sua morte e que a apresentassem ao vivo em Rede Nacional...... Quem sabe outros jovens não fossem poupados do mesmo destino? Quem sabe assim a Justiça não colocasse atrás das grades, pessoas como aquele apresentador milionário, que roubam filhos amados de suas famílias e os matam e os descartam depois do seu gozo quando do seu “Bel Prazer”! Os melhores Advogados já procuravam pelo pai sofrido e mutilado no seu coração pelos acontecimentos que tanto o entristeciam, a Sra. Melinda já os atenderá, em sua residência, por duas oportunidades... Ele não queria atender os considerados, “os maiores Advogados, famosos por terem absolvido os mais ricos e perigosos criminosos”..... Ele não queria conversar com “Procuradores”..... O Sr. Abderramã queria falar com o próprio causador do seu infortúnio, com o amante e responsável direto pela morte do seu filho... Eles tinham contas a se acertar, isso somente os dois poderiam resolver, ele não perderia a oportunidade, mataria o crápula no primeiro momento em que estivessem juntos, não necessitaria de uma nova chance, quando estivessem juntos, imediatamente selaria o destino do maldito e o seu próprio, pois após ter assassinado o bandido, também se suicidaria com um tiro no ouvido.. Ele pedia contudo que nos acertássemos com o traficante que também exercia a função de Investigador de Polícia do Denarc, gostaria de saber que o bandido estava preso e que apodreceria na cadeia... Disse que tinha algum dinheiro e que nos poderia ajudar financeiramente durante as investigações, tudo faria para nos auxiliar e que assim a justiça fosse feita e o seu filho vingado.... O Investigador de Polícia do Denarc não tem contato pessoal com a família dos viciados, com os seus problemas e com as conseqüências que o uso do entorpecente provoca junto aos usuários como aos seus familiares, aos seus amigos e a Sociedade como um todo... O que definitivamente deveria mudar, o que lhe proporcionaria uma maior responsabilidade para com os resultados alcançados... Naquela ocasião passamos por tal experiência.... Deus nos colocou no mundo para os outros..... Fornecemos os números dos nossos Bips que usávamos na época e nos colocamos a disposição... Que a família nos acionasse imediatamente, frente a qualquer novidade, iríamos sim trabalhar e nos dedicar ao máximo procurando identificar e prender o traficante... Ocorrências que envolvam Policiais, normalmente são encaminhadas para a corregedoria, mas como para a nossa equipe todo Investigador de Polícia que se envolvesse com o narcotráfico era considerado um bandido e lugar de criminoso é na cadeia, melhor seria que investigássemos o caso, com certeza sabíamos o que estávamos fazendo e os resultados prontamente seriam outros... Na primeira semana já identificamos “Amor Salgado” e os demais membros do seu seleto grupo, usávamos uma máquina YASHICA, modêlo _____________, fotografávamos os locais, seus freqüentadores, funcionários e fregueses, começamos a preparar um organograma, identificando cada um dos envolvidos direta e indiretamente de forma a mais pormenorizada que nos fosse possível, o grupo era fechado, mas grande e diverso, as pessoas se conheciam mas recebiam sempre muitos visitantes, todos tinham certas características comuns, que íamos aos poucos incorporando aos nossos disfarces, quando enfim os usaríamos procurando nos infiltrar naquele meio.... Freqüentávamos os locais a princípio como “Menestrel”, ou seja, disfarçados de mendigos andarilhos, como catadores de lixo próprios para reciclagem, como funcionários da empresa de águas e esgotos, da empresa de telecomunicações, da empresa de energia elétrica, e outras mais, faltava contudo alguém do próprio meio que ali nos conduzisse “levando pela mão”, que tendo conhecimento do nosso objetivo, comungasse das mesmas opiniões e dos mesmos sentimentos, participando ativamente naquela operação policial, tínhamos que localizar ali um informante.... Tentamos um contato telefônico com a família do Sr. Abderramã, depois de diversas tentativas, resolvemos fazer uma visita pessoal a família.... Qual não foi a nossa surpresa... Todos, inclusive Indra, haviam viajado de mudança, montando uma nova residência nos Estados Unidos, procurando assim por melhores recursos médicos... Naquela época, o Brasil ainda não era a primeira referencia a nível mundial para o tratamento da doença, e assim, pacientes com posses procuravam socorro médico fora do país... A mudança da família se deu com tudo pago pelo sempre amigo e benfeitor do apresentador televisivo.... O mesmo homem, descrito anteriormente como o assassino, traficante, corruptor de menores.... Hoje se vestia com a pele do “Mecenas Filantrópico”, do “Loiro Anjo Protetor...” O homem que seria morto assassinado, esquartejado e depois queimado, tendo suas cinzas enterradas a quinze metros de profundidade, para que assim se alcançasse o definitivo esquecimento de sua alma suja e profana por todos da humanidade... Transformou-se em um “Emissário Divino”, no fiel distribuidor de sua Benção e de sua Misericórdia.... Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade... Ficamos órfãos e desnorteados... Mas, com o passar do tempo, compreendemos melhor a situação, quando fomos informados por um Escrivão de Polícia do Denarc, da primeira Delegacia da Dise, local onde agora prestávamos nossos serviços, acompanhando o Dr. Carlos Alberto Augusto, o Carteira Preta, que pela primeira vez assumia uma Delegacia daquele Departamento como Delegado Titular, e como seus amigos particulares, achamos por bem acompanha-lo e procurar ajuda-lo no que nós fosse possível, e foi ai que ficamos sabendo.... Quando de nossas investigações iniciais, estas foram relatadas ao Traficante “Amor Salgado”, que ciente dos procedimentos que seriam seguidos por nossa equipe, pode “por detrás dos bastidores”, acompanhar os nossos passos no desenvolvimento do nosso trabalho, fomos assim vigiados desde os movimentos iniciais.... Ele, na verdade, nos estudava, enquanto já éramos conhecidos e facilmente identificados pelos seus homens, ele inteligentemente, enquanto tentávamos sem sucesso compreender os seus movimentos, nos deixava acompanhar parte de sua estrutura e organização, enquanto brilhantemente trabalhou com informações e com contra informações que nos eram repassadas por seus amigos dentro do Denarc... Nos conduzia assim como a um bando de cordeiros, humildes e submissos..... Astuto, analisou a capacidade e o padrão de trabalho desenvolvido por nossa equipe.... Prevenido, aconselhou ao seu amigo apresentador, a “mudança” de toda a família.... Ganharam uma nova vida na cidade americana de “Los Angeles”, uma vida com abastados recursos financeiros, uma vida onde de uma forma ou outra, entenderam estarem sendo ressarcidos da perca do ente querido... Para a Justiça, não existe crime sem a figura da vítima.... Onde o reclamante.... Onde o prejuízo para a Sociedade... “Amor Salgado” se sentia mais uma vez intocável... Seu atrevimento era tamanho que começamos a receber convites Vip’s para seus encontros e festas..... Desta feita ele e o aparente “Tropel” em que vivia, foram os vencedores, mas nos ainda nos encontraríamos em outras ocasiões.... A verdadeira derrota em nossa vida ocorre unicamente quando desanimamos diante das dificuldades..... “A MÁQUINA DE FAZER DINHEIRO” Quando se passa o dia e a noite, freqüentando as bocas, favelas, as ruas, sempre no meio da malandragem, se aprende e se conhece golpes do “Arco da Velha”, entre todos, o que me chamava mais à atenção era o golpe da máquina de fazer dinheiro. Sendo que entre todos os seus especialistas, “Alexandra” reinava soberana...... Era uma morena realmente sensacional...... Mulher linda, no nível de beleza exterior, somava todas as qualidades que pudemos imaginar... Era bonita e gostosa, só não tinha escrúpulos... Por dinheiro vendia até a mãe, como amante do estelionato que era não entregava... Mentia, fingia, chorava, afirmava ser uma vítima do cruel destino, fazia “biquinho” e trejeitos, prometia e não cumpria, instigava e não acabava, era uma destruidora dos pobres corações masculinos.... Conhecida “no seu metie” como “Doutora”, não se prendia a esse ou a aquele golpe, fazia “clinica geral”, terminava de efetuar um golpe e seus funcionários já estavam lhe indicando um novo “Pato”, uma nova vítima para a sua enorme coleção de otários, os quais já havia seduzido e enganado ..... O “trabalho” era sempre feito em grupo, normalmente para se “depenar um Pato”, era necessário uma equipe de oito pessoas... O “contato” era o primeiro a prestar os seus serviços, tinha como sua obrigação identificar e entrar em contato com o “Pato”... Convidava o espertalhão para um almoço ou um jantar, sempre no melhor e mais afamado restaurante da cidade, quando em São Paulo, no ____________, quando no Rio de Janeiro, no _________________, quando em Brasília, no __________, durante o evento, sorrindo lhe apresentava um maço de notas, todas verdadeiras e novíssimas, relatando que conhecia um dos maiores Assessores Presidenciais, homem muito rico, muito importante e muito influente, que conseguia, acreditem retirar quantias em dinheiro da própria Casa da Moeda.... Tais facilidades contudo, lhe impunham certas restrições, não podia ostentar tudo o que tinha em Brasília, na sua cidade natal, lá no pantanal do Mato Grosso do Sul ou em qualquer parte do Brasil, onde poderia facilmente ser identificado.... Homem cauteloso, receoso quanto ao seu futuro, transformava em dólares, tudo o que conseguia desviar e depois encaminhava para uma conta secreta que tinha no exterior, em um paraíso fiscal, freqüentar casas de cambio, com “Doleiros” sempre vigiados pela Polícia Federal era lhe proibido, por isso trocava sempre com amigos, que assim o auxiliavam, em contra partida trocava na faixa de 3x1 (três por um) ou seja, se o valor do dólar fosse igual a R$2,00(dois reais) ele trocava cada dólar por R$6,00 (seis reais). Normalmente, a partir dai, os olhos do ouvinte interesseiro, se transformavam em $CIFRÃO$...e $CIFRÃO$.. e mais $CIFRÃO$.... Assim, observando-se esta particularidade do ouvinte, tudo ficava mais fácil, para se conquistar e ludibriar o ganancioso do “Pato”... Quando então era marcado um encontro com o Assessor Presidencial, que poderia ser no escritório de Brasília, em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Curitiba ou em Belo Horizonte..... A beleza e a sofisticação do Mega Escritório e a exuberância da Advogada do Assessor Presidencial a “Doutora”, transmitiam a seriedade e a confiança necessário ao convencimento do “Pato”... Às vezes, sabendo-se da visita do Presidente a um determinado Estado da Federação ou a outro, a reunião era prontamente remarcada para a cidade onde o Presidente se encontraria em trabalho.... Viagem em primeira classe, viajavam somente pela _____________, hospedagem sempre no melhor Hotel da cidade, refeições somente nos mais finos restaurantes..... “A Doutora” acompanha solicita o futuro milionário e vai orientando como este deve agir caso se acerte com o Assessor Presidencial.... Os dólares serão examinados nota a nota, devem ser guardados sempre em uma mala, modelo executivo com chave e segredo.... O candidato a sócio do “clube dos milionários” não poderia nunca se esquecer que esta é uma operação financeira ilegal que lesava o próprio Tesouro Nacional, para se calcular a importância, o crime era da alçada da Polícia Federal.... O “silêncio” nestes casos era de fundamental importância, alguns amigos já participavam do esquema há vários anos... Construíram assim suas fortunas e a garantia de uma vida tranqüila para eles, para seus filhos e para os seus netos...... Se alguém abrisse a boca sobre a organização do esquema financeiro, iria mexer com gente muito graúda, pessoas finas e muito importantes.... E, com toda certeza antes que estas Autoridades fossem atingidas pelo escândalo, em tempo anterior ao de terem seus nomes envolvidos em boatos sem a menor procedência, muito “pobretão, pé rapado, metido a besta” iria morrer..... Que o candidato a participar do Empreendimento Financeiro, prestasse muita atenção e procurasse compreender toda a extensão do projeto em andamento.... Ele estava frente a frente com a grande chance de sua vida, era só ser honesto com o grupo e assim agir inteligentemente, não desperdiçando esta oportunidade única, aproveitando seus rendimentos e lucros com a “Boca sempre fechada”.... E agora se insinuando e seduzindo insistia.... Existiam formas maravilhosas de se divertir e de comemorar uma fortuna que a vida nós dá, sem o estardalhaço do fanfarrão estúpido e ignorante..... Deveriam assim agir sempre com toda a honestidade, com seriedade é com toda a descrição..... Nesse momento, chegava no escritório, todo esbaforido, um elemento da organização se passando por “Delegado da Polícia Federal”, com escolta armada e tudo o mais a que tinha direito, entrava como se estivesse chegando atrasado, ao compromisso mais importante de sua vida, entregava a “Doutora”, uma caixa com mais de R$1.000.000,00 (Hum milhão de reais) ... Ela recebia a encomenda, contava nota por nota e ai perguntava sobre o restante da quantia combinada.... Ele, submisso e preocupado, gaguejando garantia que uma outra equipe entregaria o restante do dinheiro até o outro dia... A “Doutora” perdia as estribeiras, gritava, xingava, ofendia e por fim determinava resoluta : Que o dinheiro esteja aqui, ainda hoje ou eles iriam ver do que ela é capaz, não admitia erro ou engano, o prazo que ela havia lhes dado terminava naquele dia e eles que saíssem o mais rapidamente que lhes fosse possível à procura de uma imediata solução... “O Delegado da Polícia Federal”, pedia perdão, resolveria tudo naquele mesmo dia, em poucas horas, ele ficaria responsável diretamente por tal resolução, ela não se arrependeria de lhe dar uma nova chance, ele humildemente se curvava e confirmava dizendo que : Ficava assim acertado, ele tudo resolveria com a máxima urgência.... Quando saiam com a “Doutora” batendo as portas, o “Pato” normalmente se achava radiante, nunca se imaginou ao lado de uma pessoa tão importante e resoluta... Sim, ele queria conversar com o Assessor Presidencial, queria a sua permissão para participar do Empreendimento Financeiro, eles poderiam contar com a sua honestidade, com a sua seriedade e com o seu silêncio, ele queria ficar milionário sem trabalhar, queria tudo de mão beijada sem esforços e sem o menor problema, ele merecia ser um milionário.... Resoluto, vendia os carros, o ponto comercial, a casa da família, fazia empréstimos junto aos bancos e com os agiotas, ele queria, ele precisava da maior quantia que lhe fosse possível ajuntar para troca-los por dólares com os quais faria a troca, na base do 3X1 com o Assessor Presidencial, triplicando assim sua fortuna e sua capacidade de arregimentar recursos financeiros, em poucas horas..... Seria então, digno de conviver com o Poder Político e Financeiro, poderia assim descansar das preocupações que o acompanharam por todos aqueles dias desde que teve conhecimento do Empreendimento Financeiro e da história do Assessor Presidencial, poderia se dedicar de forma integral a magia daquela Deusa que lhe insinuava promessas de um futuro muito mais intimo onde poderia tê-la e possui-la como sua... No outro dia, um outro elemento do grupo, se fazendo passar pelo Assessor Presidencial, um senhor com uma idade já avançada, muito bem vestido, o recebia e da forma a mais seca possível, marcavam um dia para a realização da negociata, quando se despedia afirmando ter outros compromissos agendados e impossíveis de serem remarcados, cumpriria ainda naquele dia várias “Determinações Presidenciais”, não poderia parar, não poderia demorar mais e assim encerrava a conversa, passando o número do seu telefone celular de Brasília, a partir de agora eram parceiros e esperava do novo companheiro, firmeza e seriedade, cumprindo integralmente com o ali acertado, esperaria o seu retorno, confirmando os valores, o dia e o local para a nova e definitiva reunião. O “Pato” voltava para casa, vendia tudo o que tinha, somava com o que conseguia emprestado e ai ligava para o Assessor Presidencial.... A “Doutora” atendia, o Senhor Assessor estava cumprindo uma missão diplomática importantíssima, mas que ele falasse logo o que queria que ela prontamente resolveria o problema... Ele confirmava a quantia... Ela escolhia a cidade, o dia e o local para o encontro.... Ela com documentos falsos se hospedava na suíte presidencial... Ele chegava a cidade, entrava em contato com a “Doutora” e ela a convidava a que fosse busca-la no hotel... Lá chegando, ela simulava estar participando de um serviço da máxima importância quando o recebia... Certificava-se da procedência e qualidade dos dólares, nota por nota, quando então ligava e pedia que um dos seus seguranças viesse trazer os reais e levar os dólares ao local combinado.... Enquanto o segurança não chegava, ela pedia um Champanhe Francês “__________” e começava a comemoração.... Ela lhe contava a sua vida e como foram requisitados seus serviços pela Presidência da República, lhe contava de sua vida triste e solitária... Quando o segurança chegava era feita à troca do dinheiro, este saia e quando em local seguro, certo de que não havia sido seguido ou acompanhado por quem quer que fosse, fazia uma ligação para o aparelho celular da “Doutora” dando como cumprida aquela parte da sua missão..... A ela cabia o fechamento do serviço... Com a exceção da “Doutora” e de seus dois seguranças particulares, o restante do grupo já não participava da finalização do serviço e enquanto esta ocorria em uma das Capitais Brasileiras, estes simplesmente se encontravam a caça de um novo “Pato”.... Os seguranças sempre experientes e prevenidos já tinham duas ou três rotas de fuga estudadas, quando se colocavam com destino a São Paulo, não havia mais como localiza-los.... A partir daí existiam infinitas possibilidades, alguns “Patos” eram drogados e dormiam enquanto bebericavam o Champanhe Francês, outros ela levava para a cama, depois com toda a meiguice de uma garotinha inexperiente e apaixonada pedia : Estava com fome, será que ele poderia lhe pagar um jantar, num restaurante sossegado, a luz de velas, ela estava apaixonada e queria sonhar com o amor e com a vida, queria comemorar com ele o começo de uma grande parceria, ela iria respeita-lo e a sua família, mas fora isso.... Ele seria dela e somente dela, porque ela o amava.... O coitado do “Pato” não cabia em si de contentamento... Metia a mão na mala e pegava um pouco do dinheiro, por lembrança dela, levava consigo a chave da suíte.... A mala ficava embaixo da cama e ai totalmente seguros caiam na gandaia... Sempre usando o carro dela, “o carro da Assessoria da Presidência da República”, por pura precaução, o Presidente poderia precisar dela a qualquer momento, não tinha como saber a hora em que seria chamada e aquele era um veículo especial, com sofisticado sistema de comunicação e de defesa, estariam pelo menos protegidos nesta cidade tão violenta nos dias de hoje, nunca se sabe, não se pode mais se confiar em ninguém... Quando saiam do hotel, o outro segurança, entrava no apartamento com uma chave mestra e limpava o apartamento, não ficava ali nenhum vestígio da presença da “Doutora” e muito menos do dinheiro.... Os dois seguranças se encontravam e iam ao encontro da “Doutora”, em um restaurante sempre anteriormente já combinado, para lá a auxiliarem a se livrar do “Pato”.... Às vezes, simplesmente se aproximavam e diziam : O “Homem” esta lhe esperando.... Ela fazia um rostinho triste, infelizmente tinha de retornar a sua vida melancólica, mas ele a poderia esperar na suíte presidencial do hotel.... E, assim, depois de beijos e afagos se separavam ansiosos pelo novo encontro.... O “Pato” tomava mais um ou dois uísques e ia de volta para o hotel, lá chegando compreendia sua real situação, às vezes, ligava no celular, desesperado informava que haviam roubado a sua mala com o dinheiro da aplicação financeira.... Ela sempre atendia, era a calma em pessoa, conversava e terminava afirmando que tudo seria com certeza resolvido, que ele tivesse fé em Deus, que de maneira nenhuma o abandonaria em situação tão desesperada, mandava beijos e assim condoída pela situação do infeliz desligava o telefone.... Pronto era tomar um banho e se preparar para outra cidade, para outro “Pato”, para uma nova aventura, onde tudo era sempre, como dizia : “adrenalina pura”..... Entre as suas vítimas políticos, fazendeiros, industriais, comerciantes, bandidos e traficantes, enrolava a todos sem distinção, era justa na divisão dos lucros pelos participantes na empreitada, era amada por todos que com ela “trabalhavam” e era odiada por todas as mulheres, esposas, noivas e namoradas que a conheciam.... Tinha contudo o seu ponto fraco, sempre amou desesperadamente aos três filhos com todas as suas forças, Alexandre o filho mais velho morreu de overdose aos dezesseis anos, ela literalmente odiava o trafico de entorpecentes e a todos os traficantes, sempre que podia nos auxiliava e muitas das grandes apreensões que nossa equipe realizou devemos a ela e ao financiamento que fazia para podermos concretizar as nossas Operações Policiais.... Linda, divertida e inteligentíssima foi a mentora intelectual do “Projeto Castelo Brasileiro”, quando demos um “passa moleque” no bandido traficante do Dr. Alceuzinho Barrosbel, mas isso já é uma outra história.... DOUGLAS – GILLIARD – ROBERTO “O FALCÃO 11” OS MELHORES INVESTIGADORES DO DENARC A EQUIPE DE OURO DO DENARC Esta foi a melhor equipe de Investigadores da Dise do Denarc, a primeira equipe a ser chamada de “Equipe de Ouro”, eram excepcionalmente bons em tudo o que faziam, originais no realizar e no como pôr em pratica as Operações Policiais, criaram a figura do “Dossiê” dentro do Denarc, sendo que anteriormente ninguém nunca tinha tido tal trabalho, sua capacidade era infinitamente maior, totalmente desproporcional a das demais equipes, de cada 100 Kg de Cocaína apreendida por todo o Departamento de Narcóticos, um total de 90 Kg tinha como origem os serviços desta única equipe. Não paravam, labutavam em uma atividade coordenada, de caráter intelectual intenso, seu esforço e sua dedicação eram incomuns, arregimentavam uma quantidade de informações tamanha, que repassavam os flagrantes prontos as demais equipes de sua Delegacia.. Recordo-me de uma passagem em particular, quando ainda no começo de nossas carreiras, em uma quinta-feira, nós do Falcão 17, logramos realizar a apreensão de 01Kg de cocaína, estávamos no Plantão Policial do Denarc, quando chega a “Equipe de Ouro” com 80 Kg (oitenta quilos) de Cocaína, na sexta-feira retornamos ao Plantão Policial com uma apreensão de 120(cento e vinte) papelotes de Cocaína, quando Gilliard chega, pedindo que o auxiliássemos a carregar 70 Kg (setenta quilos) de Cocaína... Sua equipe ainda continuava em diligência, enquanto ele se conduzira ao Denarc com o material entorpecente, para que assim pudesse dar início aos tramites de praxe, posteriormente os auxiliamos ainda na condução dos presos, na sua identificação datiloscópica e fotográfica, na sua apresentação ao médico legista para o exame de Corpo de delito, na apresentação das drogas no Instituto de Criminalística, para a constatação de material entorpecente e sua pesagem oficial. Na Terça – feira da semana seguinte, durante a madrugada, nós encontrávamos no Departamento aguardando o retorno de um amigo, Policial Militar do Serviço Reservado com informações sobre um serviço em andamento..... Quando Douglas se aproximou e pediu se o autorizávamos a usar o telefone de nossa Delegacia, o “Homem” era dentro do Denarc um verdadeiro “Gigante” para todos nós Investigadores, mas coberto por uma humildade ainda maior, se sentou e passou a conversar com um dos seus informantes e foi ali falando, mostrando como ele deveria agir, quais os cuidados que deveria ter, com quem deveria falar para fazer o serviço de “grampo”... Somente com o “Cartola” o melhor de todos....., e foi dando detalhes, falando nomes e locais onde poderiam ser encontradas pessoas e equipamentos....... locais onde deveriam ficar hospedados os policiais envolvidos naquela operação, onde deveriam se alimentar, e como deveriam se apresentar, como deveriam agir junto aos supostos traficantes, e principalmente quando do momento de sua prisão..... desligou o telefone e...... olhando-nos com um sorriso maroto, pediu que não contássemos para ninguém, o que ali havia ocorrido e o que acabávamos de ouvir.... Depois, nos convidou a sentar e calmamente passou a nos explicar das dificuldades que sua equipe tinha para poder contar com uma ajuda e um apoio constante, 24 horas por dia, através das equipes de sua Delegacia, que lhes chamava a atenção a constância da nossa produção.... eles também acompanhavam os flagrantes que eram realizados por nossa Delegacia..... Confirmou que se informavam sobre os presos, sobre a quantia apreendida e sobre o número de flagrantes realizados pôr cada equipe, no mês anterior o Falcão 17 havia realizado 18 (dezoito) flagrantes, as demais equipes não alcançavam o número de 05(cinco), realizar 02 (dois) flagrantes no mesmo dia era coisa comum de acontecer, mas tivemos dias em que realizamos 03(três) flagrantes, o nosso recorde foi durante uma operação na “Cracolândia”, 06 (seis) flagrantes realizados das 04:00horas às 06:00horas da manhã; A Campeã foi uma equipe da 2º Delegacia, que durante uma outra operação, em uma mesmo manhã, realizou 09 (nove) flagrantes..... Posteriormente comentaremos estes casos, o importante aqui era observar o quanto eram bem informados e qual o valor que davam para todas as informações que os levassem a compreenderem ainda mais o narcotráfico e suas ramificações dentro da Capital Paulistana, pois sabiam da importância para o Investigador do Denarc de compreender as ligações e as articulações concretizadas entre os Comandos das “Bocas”, dos “Territórios” e das Organizações Criminosas. Afirmamos que os nossos flagrantes eram realizados em pequenas “Bocas”, resultando sempre em apreensões de pequeno porte, Roberto que agora acompanhava a nossa conversa, nos contou que eles também haviam iniciado, pondo em prática, pequenas investigações baseadas em “Ordens de Serviço”, ou seja, como a nossa equipe, prepararam a princípio, humildes operações, estruturadas em telefonemas anônimos, de pessoas cientes de suas responsabilidades sociais, indivíduos preocupados com suas famílias e também com a comunidade, pessoas que previram todas as tragédias a que as drogas ainda iriam dar origem e que por isso mesmo ajudavam, fazendo a sua importantíssima parte, cuidadosamente repassando ao Denarc todas as informações e conhecimentos que tinham sobre um ou outro determinado fato ligado ao narcotráfico. Com o tempo, explicou ainda, com a experiência e com a soma dos conhecimentos no setor, automaticamente as apreensões aumentariam no peso e na importância dos traficantes presos, que deveríamos como em tudo na vida, agir sempre com muita calma e perseverança e que assim os resultados seriam gradualmente alcançados, não nos esquecendo nunca de que : Pensar em fazer grandes coisas sempre foi o melhor pretexto para não se realizar as pequenas..... E para começarmos a lidar com o “Narcotráfico Internacional”, perguntaram se não gostaríamos de fazer um flagrante com a prisão de uma traficante francesa, com a apreensão de 05 Kg (cinco quilos) de Cocaína. Uma “mula” francesa estaria preste a deixar o Brasil “carregada”, deixaram o endereço de um Flat muito luxuoso na zona sul, o “________________”, o apartamento onde a encontraríamos e o nome da “Traficante Internacional”, deveríamos trabalhar com seriedade, ela somente sairia às 10:00 horas, da manhã seguinte, dando início a sua viagem para a Guiana Francesa, seria melhor a aguardarmos do lado de fora do Flat e ai durante uma “blitz” de rotina, faríamos a apreensão. Dito e feito.... Quando do retorno ao Departamento, eles já se encontravam lá, realizavam um levantamento de placas de veículos, fichas policiais e flagrantes anteriormente realizados, e humildes vieram nos dar os parabéns pelos serviços que estávamos realizando. Roberto e Gilliard se tornaram meus grandes amigos, eram na verdade os modelos nos quais, nós nos espelhávamos. Os Investigadores componentes do Falcão 11, foram os primeiros a realizarem operações conjuntas com a Polícia Militar e com a Guarda Civil Metropolitana, operações com a chefia dos Investigadores das Delegacias do Interior e do Litoral, operações fora do Estado de São Paulo com a participação de Autoridades Policiais, Judiciárias, do Executivo e do Legislativo, posteriormente participaram com sucesso de operações em conjunto com Autoridades Americanas, Francesas, Italianas, Portuguesas, etc. Arregimentaram “contatos” dentro das Organizações Criminosas Bolivianas e nos Cartéis Colombianos, não eram orgulhosos ou exibicionistas, sendo que nunca se falava sobre a “Equipe de Ouro” ou mesmo os seus nomes quando a televisão, os jornais, o rádio e as revistas mostravam com toda a pompa as suas operações de combate ao narcotráfico, seus flagrantes e suas apreensões. Trocava-se o Diretor do Departamento, trocava-se o Divisionário, trocava-se o Delegado Titular da Delegacia e suas apreensões continuavam sempre sendo as maiores e as melhores, não gostavam de prender um bando de “Zé Ruelas” ou um bando de “Zé Ninguém”, queriam levar para a “Cadeia” o Patrão, o Bam Bam Bam, o responsável maior por todos os prejuízos que as drogas introduzem a nossa Sociedade, sempre tiveram problemas com os ciúmes dos “Delegados Pavões Misteriosos” que, por um ou outro “Apadrinhamento Político” aterrizavam de Para - Quedas no Denarc. Somente o “Heresia” conseguiu pelo período de tempo em que esteve na Direção do Departamento de Narcóticos, transferi-los para o antigo “DEIC”( Departamento Estadual de Investigações Criminais), quem ficou desesperado e muitos atrás das grades, foi o pessoal dos desmanches, com a atuação da equipe junto a Divecar, a Divisão de combate ao furto e ao roubo de auto. O trabalho do “Bom Policial” independe de estar prestando seus serviços junto a este ou aquele determinado Departamento de Polícia, extrapola a necessidade de prestar seus serviços junto a esta ou aquela Delegacia Especializada, o “Bom Policial” persevera sempre e desenvolve sua força de vontade para vencer a audácia dos criminosos que enfrenta e que sobrepuja sob o poder da justiça e da verdade, capacitando-o assim a bem cumprir os planos inicialmente traçados, onde “Amar a Deus sobre todas as coisas” e “Dedicar à Justiça a própria vida” são os preceitos fundamentais. Fosse uma Polícia de carreira, organizada e estruturada com base em resultados positivos, comandariam no mínimo o Denarc e a luta que travávamos contra os narcotraficantes, difícil seria construir cadeia para toda essa gente..... Temos o entendimento e a compreensão de que a constância das prisões e das condenações de seus maiorais, imporia um frear natural no seu desenvolvimento e na sua expansão dentro de toda a nossa Sociedade, junto aos nossos adolescentes e ao lado de nossas crianças, provocando ainda junto a Comunidade como um todo, um despertar de nossas responsabilidades sociais e educativas, o que acredito, juntas um dia no futuro nos libertaram do uso das drogas.... e era tudo isso o que o “Heresia” e sua Organização Criminosa não queriam. Todos acreditavam no trabalho da “Equipe de Ouro” e esta confiabilidade eles a conquistaram com uma construção diária, baseada no trabalho, na honestidade, na ética e na dignidade, e foram estes Investigadores de Polícia os nossos primeiros Mestres, na Arte no Ofício de ser “Polícia”, pois os verdadeiros mestres de um Homem não são somente os seus Professores, mas todos aqueles de quem, nos acasos da vida, recebemos exemplos e lições de como bem proceder. Na profissão de Investigador de Policia que tanto amávamos e para a qual nos dedicávamos integralmente, tivemos na grande maioria das vezes péssimos exemplos e raros foram os casos como o da famosa “Equipe de Ouro”, com os quais diretamente nunca trabalhamos, nem mesmo ao nível de pertencermos à mesma Delegacia, mas para os quais devemos o encaminhamento e o fiel direcionamento de nossos propósitos quanto ao desenvolvimento de nossas funções como Policiais do Denarc. Não nos envergonhávamos de raciocinar e de apreender, pois compreendíamos que evitamos muitos erros quando temos a humildade de aprender com a experiência daqueles com uma vivência superior a nossa... Os bons exemplos com os quais nos defrontamos quando de nossa passagem pelo Departamento de Narcóticos, foram sempre seguidos e em algumas oportunidades pudemos inclusive com base nestes trabalhos já anteriormente desenvolvidos, apresentar outros projetos e outros empreendimentos, ainda mais aperfeiçoados. Deixo aqui os nossos agradecimentos por tudo o que apreendemos junto aos Investigadores Douglas, Roberto e Gilliard, a famosa “Equipe de Ouro” por tudo o que nos ensinaram, por tudo o que representaram para o Denarc e para a Polícia Civil, durante o período em que pudemos acompanhar o seu trabalho de combate ao narcotráfico. Muito Obrigado Falcão 11. O FALCÃO 17 Na nossa equipe não havia a figura do encarregado fixo e já estipulado, nós combinávamos sempre que entre um e outro, o que mantivesse as melhores relações com o Delegado Titular da Delegacia, ocuparia o cargo de encarregado, este seria contudo sempre o responsável por tudo de errado que ocorresse dentro da equipe ou com a equipe, por exemplo : Multas de transito, quem estava dirigindo ? O Encarregado da equipe! Atraso na entrega dos relatórios, quem era o responsável ? O Encarregado da equipe! O responsável ? Este era sempre o Encarregado da equipe! Enfim, ocupar a chefia da equipe, implicava somente em assumir a responsabilidade pelo esquecimento, pelo descuido, pela falta de “puxa-saquismo”, por não admitir trabalhar com outros investigadores que tivessem o costume de “beber”, com “viciados” ou com “traficantes”, por ser a única equipe a não encaminhar nenhuma quantia para a caixinha do aniversário do Diretor do Departamento, por não comparecer ao jogo de futebol, a “churrascada” ou a “cervejada” da Delegacia. Nos tornávamos sempre a equipe responsável pela estatística, ou seja, pelo número de flagrantes realizados pela Delegacia, éramos os responsáveis pelo treinamento dos “cururus” e por dar cumprimento às Ordens de Serviço encaminhadas a nossa Delegacia, o que desafogava as outras demais equipes, possibilitando assim sua maior dedicação aos “serviços especializados” que pudessem de alguma forma trazer ao Chefe dos Investigadores e ao Delegado Titular proveitos financeiros. Nunca fizemos parte da “panelinha” do Chefe dos Investigadores, este em 90% (noventa por cento) dos casos simplesmente nos suportava, devido à produção que apresentávamos mensalmente. Particularmente encontrei grandes “Amigos”, na figura do “Chefe dos Investigadores da Delegacia”, quando trabalhei com: Orlandinho, Lira Preto, Piscada, Mosquete, Frederico o Alemão, Edmundo Edgard “A Fera do Patrimônio”, Gildo o “Gigi”, Fernandino o “Fernandino do Pó”, Graciniano o “Melhor de todos os Investigadores para casos de homicídios”, e outros tantos “Mestres” tão importantes quanto estes, que aqui apresentei. Homens que com sua experiência e sabedoria, nos orientaram e nos disciplinaram, ensinando-nos assim, como, mesmo lidando diariamente, com o verdadeiro “lixo” produzido por nossa Sociedade, a devido um continuo proceder digno e honrado, não permitir nos contaminarmos com este trabalho de limpeza e higienização, nos éramos os “Mocinhos”, os “Heróis da História”, e não poderíamos nunca nos assemelhar, por menor que fosse o ato, ou ainda pior por menor que fosse a omissão, aos perigosos Criminosos Traficantes. Devido a estas obrigações que assumíamos, não tínhamos a quem quer que fosse, nenhum tipo de responsabilidade financeira, o que nos libertava de qualquer envolvimento, não acompanhávamos Delegados de Polícia, não fazíamos parte do cortejo de acompanhantes de nenhum dos Chefes dos Investigadores, não tínhamos privilégios, nem qualquer tipo de apoio, éramos independentes, isto não significa que tínhamos a Liberdade de agir arbitrariamente, mas sim a capacidade de agir sensatamente, para o Delegado Titular e para o Chefe dos Investigadores não chamávamos a atenção para o nosso trabalho e assim permanecíamos no Departamento como os responsáveis pela estatística e pelas Ordens de Serviço. Quando devido à “Procedimentos Políticos” se trocava o Diretor do Departamento, este trazia seus amigos, os novos Delegados Titulares das Delegacias, estes traziam seus Chefes de Delegacia, e estes traziam seus Investigadores de Polícia, era uma mudança praticamente total, ficavam as equipes responsáveis por grandes apreensões, as equipes responsáveis pela estatística, os outros Investigadores eram todos trocados, ali a experiência nunca teve o menor valor, pelo contrário se afirmava estar “dispensando” Investigadores já “viciados” e/ou “com ligações junto ao narcotráfico”. Lembro-me de um Delegado de Polícia, Dr. Zafriel, que vindo da minha amada Cidade de Bertioga, transferiu todos os Investigadores, mudou assim toda a “sua” Delegacia, acho difícil que possam explicar a necessidade de se mudar os Investigadores, mantendo contudo o tanto quanto importante Escrivão de Polícia, como compreender tal atitude, os Investigadores da apaixonante cidade praiana, se interessam em trabalhar no Denarc na Cidade de São Paulo, os Escrivães de Polícia não... Faça um levantamento do saldo bancário dos Investigadores do Denarc, dos Delegados, dos Chefes dos Investigadores e compare com o do Escrivão da Delegacia, facilmente se compreendera a razão, a parte do Escrivão sempre foi a Pizza do “BOB’S”, ½ mussarela ½ calabresa com uma Coca Cola de 2litros e olhe lá..... Não é que nunca saímos do Departamento de Narcóticos, agradeço muito particularmente por uma delas.... “PORQUE SAÍMOS DO DEPARTAMENTO DE NARCÓTICOS” Em uma quarta – feira, o Denarc recebeu 04 (quatro) viaturas novas da Volkswagen modelo Santana... Os Delegados sempre usavam para seus passeios e para irem de casa para o Denarc e do Denarc para casa, as mais novas e modernas viaturas, e logo cada um queria ficar com aquela destinada a sua Delegacia... O “Gaúcho” era o Diretor do Departamento de Narcóticos e devido ao pequeno número de flagrantes que estavam sendo realizados naquela época, em razão do boicote organizado pelos Delegados Titulares das Delegacias, o Diretor do Departamento estava preste a “cair”, seria destronado pelo Delegado Geral, sendo transferido para um cargo de menor importância e de menor retorno financeiro em um outro Departamento Policial, no seu lugar o Denarc de presente receberia, para seu comando e administração o “Heresia”. O “Gaúcho” já estava ciente de seu “estado de coma” e interferiu firme, determinando que as novas viaturas, fossem de uso exclusivo das equipes, com a maior produção de cada uma das Delegacias da Dise, ele queria que estas equipes se tornassem reconhecidas pelo seu trabalho..... Assim entregamos o velho e ultrapassado Opala 4 portas e passamos a usar a nova e moderna viatura. Na quinta-feira quando diligenciávamos junto à área de Santo Amaro, nos encontramos por acaso com um Advogado inexpressivo, que tomará para si a função de advogar dentro do Denarc, permanecia a madrugada toda dentro do Plantão Policial, esperando que algum dos traficantes presos, o contratasse, assumia ali a função do conhecido Advogado “de porta de cadeia”, era um “pé de cana” inveterado e um contumaz viciado no uso de cocaína e no jogo de baralho, o Sr. Dr. Rodolfo Guedes. O Traficante chegava preso e já dava de cara com um “Doutor” ali dentro, falando e abraçando Delegados e Investigadores, a confraternização e o conluio ficava ali evidente, não havia dúvidas e imediatamente se aceitava a sugestão do “Gentil Investigador”, se ouvindo a opinião do “Nobre Jurista” e quem sabe devido à sorte de já encontra-lo ali ao lado dos seus amigos, de se aproveitar à oportunidade e de se contratar os seus especiais serviços.... O acordo financeiro, dificilmente não era fechado, todos ganhavam e todos recebiam o seu quinhão.... O preso parava de apanhar, e todas as facilidades possíveis e impossíveis eram a ele apresentadas, sempre acompanhadas por sua tabela de preço, o art. 12 (traficante) se transformava no art. 16 (viciado), trocava-se às testemunhas, as testemunhas mudavam de endereço, para não serem localizadas, e por ai vai.... O Dr. Rodolfo Guedes era freqüentador assíduo dos Cassinos Clandestinos e das Casas de Jogos da Zona Sul Paulistana.... Naquele dia, o cabelo estava desalinhado, a barba por fazer a três dias, estava bêbado, sujo, drogado e desesperado..... Havia perdido R$20.000,00(vinte mil reais) no jogo de pôquer, para um traficante, conhecido como “Professor”, que durante o jogo se fazia acompanhar pelo “Gaúcho”, o nosso distinto Diretor do Departamento de Narcóticos. O “Gaúcho” era muito conhecido no centro da Cidade de São Paulo, como o Delegado guardião das “casas de jogos” e como o Protetor das “casas de prostituição”, seu relacionamento com o “Professor” era antigo e todos sabiam de sua amizade e ligação, o “coitado” do Advogado inadvertidamente havia enfrentado a “dupla”, juntos tinham escalpelado e somente pararam de ludibria-lo, quando o dinheiro do “trouxa azarado” havia literalmente acabado. Minutos depois, quando se dirigia para sua casa nos encontramos e curioso, perguntou sobre o nosso trabalho, mas imediatamente se recordou da fraude em que havia sido enganado, a vítima.... Eles tinham lhe roubado no jogo..... Isso ele não admitia.... E aquele trapaceiro sem vergonha, do “Professor”, sempre se passou por seu amigo..... E, ai rancoroso fez sua proposta de vingança : E, se ele nos desse o endereço e o telefone do “Professor”, ele havia afirmado que tinha 20 Kg (vinte quilos) de cocaína escondida no forro de sua casa, o restolho de uma quantia de 150 Kg (cento e cinqüenta quilos) que o “Gaúcho” teria recebido como presente da “Quarta Delegacia da Dise”... Não tinha como dar errado, o “Professor” sempre trazia no carro, já preparados, alguns cigarros de maconha, era só dar o “Bote” e sair para festejar... Se tudo der certo, perguntou... Vocês podem pegar os R$20.000,00 que eles me roubaram e me devolver?! Só o que vocês vão receber com a venda dos 20 Kg já daria muito dinheiro, esta certo?!! E assim ficamos combinados, com aquele “Gaiato, Delator dos seus Pares”... Ele que esperasse pelos resultados que viriam... Nunca fechamos um acordo com os chamados “Informantes Profissionais”, eles a princípio nos passavam informações à espera de uma recompensa financeira que nunca vinha, com o passar do tempo, somente nos procuravam quando queriam ter certeza de que o flagrante seria realizado, quando queriam o traficante na cadeia, e implicitamente este foi o nosso acordo firmado com todos eles, se quisessem realmente um traficante na cadeia, eles nos procuravam, tendo certeza absoluta da realização do flagrante e da prisão do traficante..... Às vezes, circulavam boatos quanto a histórias de informantes que teriam dito, que graças ao nosso trabalho, receberam “uma grana” de “não sei quem” o qual seria o verdadeiro interessado na prisão daquele traficante, preso em flagrante pela nossa equipe, a nossa consciência sempre esteve tranqüila, tínhamos cumprido com a nossa obrigação, que era colocar aqueles “vermes traficantes” na cadeia. É, claro, que não engolíamos a seco o pretenso desaforo e sempre voltávamos à região do primeiro flagrante e realizávamos outros flagrantes até a prisão daquele que se julgava o “traficante mandante”, e era neste momento que o informávamos, da razão da “Diligência Policial”, o traficante não ia para a cadeia muito contente.... O “esperto” do “cagueta” se sentia ameaçado pela quadrilha que o havia contratado para efetuar o serviço inicial e traído pelos dois Investigadores mais safados que já trabalharam dentro do Denarc, não tínhamos fãs, não tínhamos amigos naquele meio, onde tantas outras equipes viviam irmanadas diariamente e de onde sobreviviam financeiramente, conseguindo tirar dali o sustento de suas famílias, a “feira” para as suas crianças..... O PROFESSOR Com o endereço na mão, entramos em contato com o Cepol e pedimos que nos auxiliassem, orientando como encontrar o local, que ficava na cidade vizinha de Osasco..... O Bairro conforme informação dada pelo Cepol era isolado e de difícil acesso.... Sendo que da nossa primeira comunicação ao encontro da residência, foi necessário um período de 03(três) horas..... Informávamos onde estávamos, rua tal esquina com a avenida tal, e o Operador de Telecomunicações do Cepol, nos conduzia, terceira a direta, próxima à esquerda, e assim sucessivamente..... É muito importante lembrar aqui, que todas as comunicações efetuadas na “Freqüência Policial” ficam gravadas e armazenadas para servirem como provas ou indícios, nos caso de ocorrência de “Inquéritos Policiais” ou de “Investigações Internas”. Quando no local às 04:00 (quatro) horas da manhã, informávamos que havíamos localizado, até que enfim, a casa, a residência produto de nossas investigações, solicitamos informações sobre o GOLF do traficante e que nos detalhassem a ficha criminal do proprietário do veículo...... Às 07:00 (sete) horas começou o movimento normal de uma casa, em uma manhã de sexta-feira, com os seus moradores acordando para um novo dia.... Quando “Professor” saiu com o seu carro e foi até a padaria, comprar pão e leite... Na porta da padaria, à frente de todos aqueles que ali se encontravam, nós o abordamos, nos identificando como Policiais do Denarc, solicitando a sua documentação pessoal e a do veículo, pedimos a presença de duas testemunhas que por ali se encontravam, e começamos primeiro a revista pessoal e posteriormente iniciamos a Operação Policial classificada como “Pente Fino”, que foi realizado no veículo do suspeito.... Observando todo e qualquer detalhe, toda e qualquer possibilidade por mais remota que fosse onde pudessem ser ocultados materiais entorpecentes, eu mantinha o “Professor” a 02(dois) metros de distância do veículo, que seguia atento a revista realizada no seu automóvel, mas contudo se via impossibilitado de intervir de qualquer forma, observava atenciosamente as duas pistolas automáticas ponto quarenta de marca Taurus, orgulhosamente Brasileira sim Senhor... O coldre com quatro carregadores, e a Metralhadora também da Taurus que carinhosamente chamávamos de “Yuri”, a qual mantinha a mostra, procurando assim coibir qualquer tentativa de resgate por parte dos amigos de “Professor” e ao mesmo tempo intimida-lo, deixando-o certo da impossibilidade de qualquer reação, por parte do traficante preso... “Professor” sem entender o que estávamos procurando e o que tínhamos contra ele, desesperado procurou um acordo, falava comigo de forma a não ser ouvido pelas demais pessoas, pediu que não continuássemos com a revista e a expô-lo daquela maneira tão constrangedora, onde todo mundo estava olhando e acompanhando a diligência policial, isto iria acabar com a sua fachada de humilde “Professor”... Afirmava que não iríamos encontrar entorpecentes, mas que se nos sentíssemos obrigados a continuar com a operação pente fino, que esta fosse realizada em outro lugar, não na porta da Padaria, ponto de encontro de todas as famílias de seu bairro.... Ele poderia nos ajudar muito, conhecia muita gente, todos os traficantes de Osasco e região, ele faria uma “Troca de Cabeça”, colocando em nossas mãos “Grandes Narcotraficantes” com o resultado de grandes apreensões... Perguntei o que encontraríamos no GOLF? E onde se achavam os seus famosos cigarros de maconha? Ele confirmou a informação dada pelo Dr. Rodolfo Guedes, respondendo : Que, normalmente carregava uns 30 (trinta) cigarros de maconha, já confeccionados, “embrulhadinhos” e prontos para uso.... Mas, que naquela oportunidade já teria consumido todos os que teria preparado..... E mais uma vez se propôs a nos auxiliar, na prisão de grandes traficantes.... Simulei um chamado de uma outra “Equipe de nossa Delegacia”, deveríamos nos agrupar para juntos darmos prosseguimento à Diligência Policial, o “suspeito” nos acompanharia até o encontro com a outra equipe e ai teríamos certeza ou não de seu envolvimento... Heleno compreendeu tudo, já sabia que “Professor” se comprometera a auxiliar, tentando nos corromper e oferecendo algo em troca de sua liberdade, deveríamos a partir daí representar o papel dos “pseudopoliciais” , dos policiais corruptos.... Mas, “Professor” não perdia por esperar.... Saímos da Padaria, viramos duas esquinas depois e “Professor” nos mostrou como guardava o entorpecente, no fundo falso do porta luvas, o cheiro da maconha era forte, mas no local não recolhemos nem mesmo a ponta de um dos cigarros, não encontramos resquícios, somente o cheiro e mais nada... Não existe como ensacar o “cheiro da maconha” e trazer um Laudo positivo para a “Canabis sativa L” do I.M.L... Então, tínhamos que continuar dissimulando possuir um trunfo na manga... Heleno não perdeu tempo, “Professor” foi algemado “para traz”, ou seja, com as mãos nas costas, e deu-lhe “Voz de Prisão”, começando a falar de seus direitos : Meu nome é Heleno, sou Investigador do Denarc, você esta preso por infringir o art. 12 da Lei Federal n.º 6368/76 que trata sobre entorpecentes, você tem o direito de permanecer calado, tudo o que disser poderá e será usado contra você, saindo daqui nos dirigiremos à base do Denarc, que fica na Rua Brigadeiro Tobias n.º 527, no bairro da Luz, na Cidade de São Paulo, chegando lá você tem o direito a dois telefones, um para avisar seus familiares e outro para notificar seu Advogado de sua Prisão em Flagrante... Avisando ainda... Temos presos no Denarc, dois viciados que o identificam como o traficante que teria lhes vendido cigarros de maconha, em uma casa de jogos em Santo Amaro... “Professor” não compreendia nada, não havíamos encontrado nenhum tipo de entorpecente com ele ou dentro do seu veículo e agora vínhamos com aquela história.... Havia feito uma proposta razoável, delataria os maiores Narcotraficantes de Osasco e da Região, com resultados ao nível de apreensão de vultuosas quantidades, o “lucro financeiro” da equipe seria enorme, e mesmo assim, a equipe não queria saber de nada, somente pensando em leva-lo preso, tinha algo errado, havia alguma coisa que ele não conseguia entender..... Foi ai que Heleno, começou a lhe contar a história do Dr. Rodolfo Guedes, sem citar nomes, fantasiando cada um dos pequenos detalhes...... O traficante “Professor” suspirou aliviado..... Por um momento se imaginou preso por uma equipe do Denarc, “que não tinha acerto”....... Agora sim, o que precisava fazer era simplesmente apresentar uma proposta muito mais vantajosa que a do traidor miserável que o teria delatado.... E assim com certeza fecharíamos um acordo.... E, para demonstrar sua “honestidade” queria que retornássemos a sua residência, queria mostrar que lá não havia “alçapão”, que a história inicial era fantasiosa e mentirosa, e assim espontaneamente nos conduziu a sua casa, pediu que fosse feita uma revista completa, não existia nada de cocaína, ele jamais traria entorpecentes até a sua residência, a não ser a maconha escondida no porta luvas do veículo, que segundo afirmava, seria exclusivamente para o seu consumo..... Sua família não se encontrava na casa, “Professor” informou que com toda a certeza sua esposa já teria levado as crianças à escola e em seguida se dirigido ao trabalho, era proprietária de um “Salão de Cabeleireira” no bairro de Moema, nos apresentou um molho de chaves e foi indicando como abrir as portas de sua residência, colocamos o seu veículo na garagem, deixando a viatura policial estacionada na porta... Enquanto Heleno efetuava a Operação Pente Fino, que “Professor” acompanhava algemado e sob minha guarda, fomos juntando provas, anotando referências e informações de sua atuação junto ao narcotráfico, sobre seus parceiros e sobre seus contatos com a malandragem que com ele freqüentavam os cassinos e as demais casas de jogos clandestinas..... Em determinado momento, Heleno que fazia a revista na cozinha da casa, sai de lá com dois pacotes embrulhados com fita adesiva na cor marrom, com peso aproximado de 01(um) quilo, joga no peito do “Professor” e pergunta : De quem é? Não é meu, não é meu... Vocês não iriam me “plantar” dois quilos? Vocês estão loucos? O Bagulho que eu vendo é do “Gaúcho”, vocês estão encrencados, ele vai mandar matar vocês..... Parou de falar e começou a “tomar um corretivo”, não apanhava, mas a pressão psicológica era muito grande e novamente dissimulando falávamos das provas que já havíamos arregimentado... Das declarações dos viciados presos no Denarc e das na casa de jogos, dos cigarros de maconha e sobre os dois quilos de cocaína, sobre suas propriedades e seus estratos bancários, sobre sua declaração do Imposto de Renda, sobre suas contas telefônicas, sobre uma “escuta s telefônica”, sobre um “acompanhamento pessoal”, sobre como sua esposa teria conseguido iniciar a empresa, e o que seria dela e dos filhos com a sua prisão.... Caiu na arapuca e dez minutos depois se arrependeu... Pediu desculpas, aqueles pacotes não eram dele, alguém teria feito aquela armação... Se vocês querem um grande traficante, eu vou lhes mostrar, preciso pegar as minhas coisas que ficam escondidas na casa do meu irmão.... Se vocês pensam que encontraram provas do meu envolvimento com o narcotráfico, vocês não encontraram foi nada, aqui eu não guardo nada ligado ao tráfico, lá tenho uma lista com nomes, endereços e telefones, inclusive com traficantes e mulas internacionais, compradores de todo o Brasil, principalmente cariocas, do estrangeiro, da América do Sul, Europa e dos Estados Unidos, fornecedores Bolivianos e Colombianos... Enfim ele nos auxiliaria e nos informaria sobre todo o procedimento do narcotráfico, sobre tudo o que conhecia, sobre tudo o que sabia... Fomos rapidamente para a casa do seu irmão e recebidos lá por sua cunhada, viatura policial na porta, logo de entrada informou: Eu, meu marido e minha família, não temos nada a ver com isso, ele alugou dois cômodos nos fundos da casa, e passa parte do dia lá, não temos nada a ver com o que ocorre ali, apresentou as chaves, reafirmando : Os dois cômodos ao lado são totalmente independentes.... Lá encontramos balança de precisão, maquina para embrulhar cigarros e o cheiro característico da maconha, somente isso e nada mais do que isso..... O importante contudo, foi que gravamos, o tempo todo, a conversa que tínhamos com o traficante, que ele mesmo tenha nos passado suas agendas e as anotações prometidas e foi explicando uma a uma... Quando o nosso trabalho de levantamento de informações já havia acabado, e nos preparávamos para sair do local, deixando o “Doutor” ali, com a sua balança e sua maquina de embrulhar cigarros de maconha, às 11:00 (onze) horas da manhã... O telefone tocou... Era o “Gaúcho” que queria falar com o “Professor”... Identifiquei-me como o “chefe da equipe”, expliquei o que tínhamos encontrado e que estava conduzindo o traficante “Professor” para o Departamento, onde seria interrogado e ouvido pela Autoridade Policial de plantão, sendo que posteriormente seguiríamos as determinações da Autoridade.. Ele voltou a “pedir” queria falar com o seu amigo.... Passei o telefone, conversaram longamente e posteriormente, quando “Professor” me entregou o telefone, veio a “Ordem”, a “Determinação Superior”, deveríamos deixar o local imediatamente, deixando o “Professor” e todo o “material apreendido” no local... Estávamos atrapalhando uma Operação Policial da qual não poderíamos nem mesmo imaginar o tamanho e as proporções do seu desenvolvimento para o Denarc e para o bem de toda a Sociedade, sobre outros pormenores ou outros detalhes conversaríamos com ele pessoalmente... Caso não saíssemos dali imediatamente seriamos presos, por interferir de forma consciente, atrapalhando a realização da dita operação policial, “o tiro iria sair pela culatra”, deveríamos obedecer ou nos arrependeríamos amargamente..... Deixamos o traficante “Professor” e todo o “material apreendido”, quanto aos “dois pacotes de cocaína”, eram dois quilos de açúcar, que Heleno pegou na cozinha do traficante e os revestiu usando uma fita encontrada na própria residência, mantendo-os fechados, mandamos “Professor” entregar, era um presente da equipe para o traficante “Gaúcho” o Diretor do Denarc...... Às 13:00 (treze) horas o telefone da minha casa tocava insistentemente, era o Escrivão Chefe da nossa Delegacia, por determinação do Diretor do Departamento, deveríamos escolher qualquer lugar para onde seríamos transferidos, o Diretor do Departamento não se interessava mais por nossos serviços.... Não sei porque, vai ver não gostou do presente, acredito que inicialmente imaginou fosse outro, não tão brasileiro, não tão doce..... “Gaúcho” o Diretor do Departamento de Narcóticos que se envolvera com o narcotráfico, e com o traficante “Professor”, era um traficante, corrupto e vingativo, que se ofendeu com a realização do nosso trabalho, quando não permitimos a sua interferência pessoal a favor do seu amigo traficante... Ardiloso como era, juntamente com o “coitadinho” do “Professor”, registrou um Boletim de Ocorrência que falava de seqüestro e de torturas, como vítimas o irmão do traficante, o qual nunca vi e a cunhada que somente nos falamos com no mínimo dois metros de distância.... No outro dia, saiu na primeira página do Jornal “O Estado de São Paulo”, “Primeiro caso de Tortura depois da nova Constituição”... Só não fomos linchados, mortos e esquartejados, devido ao Laudo Médico, que conclusivo não apresentou, nas vítimas apresentadas, nenhum sinal de agressão... Os “imbecis” quando criaram a estória do Boletim de Ocorrência, se esqueceram deste pequeno detalhe... Foi uma tortura... Foi uma tortura danada a que Heleno e eu sofremos, com o assédio da Imprensa e da mídia Radiofônica e Televisiva... Com a investigação incompetente e parcial da Corregedoria, que nunca procura pela verdade mas sim uma forma, seja ela qual for, de incriminar os Operacionais da Polícia Civil... Com o Inquérito Policial que respondemos e no qual frente Juizes e Promotores provamos nossa inocência, Graças a Deus.... “O pessimista reclama dos ventos, o otimista espera que ele mude e o realista ajusta as velas”.... O 53º D.P. Arregaçamos as mangas e pedimos para trabalhar no 53º DP, no Parque do Carmo, local bonito, tranqüilo e sossegado, um verdadeiro “Oásis” incrustado no final da Zona Leste de São Paulo, o Chefe dos Investigadores era o famoso Graciniano, um estudioso especialista em Homicídios e Homicidas, sua maior alegria se resumia em identificar com precisão um assassino até ali desconhecido, de um caso considerado sem solução. Nada escapava do seu acompanhamento e análise, fatos desprezados, considerados sem importância e comuns, eram por ele somados acabando assim por apontar o criminoso, afirmava convicto que deveríamos buscar a verdade sempre e em todos os momentos, os defeitos dos outros não deveriam nunca nos incomodar, nos amedrontar, mas, antes de tudo e sempre, nos ensinar. Ali conhecemos a melhor Equipe de Investigadores Especializados em Roubo / Furto de autos, composta por José Augusto, Jadir, Magal, Alemão, Chester, Francisco, Pingo e Ricardinho, conheciam tudo de desmanches, dubles, montagem de carcaças, enfim tudo o que fosse relacionado a veículos era de sua especialidade. No meio da malandragem da região, começou a correr um boato: O 53º D.P. seria uma Delegacia Modelo, com equipes especializadas, cada uma com sua especifica área de atuação.... No entendimento destas pessoas o Denarc teria encaminhado para o trabalho junto aquela Delegacia uma de suas equipes especializadas, o Deic uma de suas equipes especializadas no roubo e furto de automóveis, o D.H.P.P. uma de suas equipes especializadas em homicídios.... E, não é que o trabalho realizado “por estas equipes especializadas” funcionava muito bem... Nas estatísticas de nossa Delegacia Regional éramos a Delegacia com a maior produção e os melhores resultados nestes itens.... Outro ponto positivo era o entrosamento das equipes, nos ajudávamos mutuamente, sempre permanecendo no comando a equipe especializada naquele item, uma ensinando e mostrando as outras como desenvolver o trabalho policial naquele setor.... O único problema, que enfrentávamos, pela primeira vez, dizia respeito a completa falta de estrutura e de recursos que toda Delegacia de periferia diferentemente do Denarc, tem obrigatoriamente de superar todos os dias.... Alguns detalhes também passamos a observar, tínhamos agora uma área restrita para o nosso trabalho, e desconhecíamos como em nível de documentação, prosseguir nas investigações iniciadas dentro do Parque do Carmo, quando traficantes de outras áreas tentavam ali se infiltrar, colocando menores de idade como seus “aviãozinhos”, trabalhando no interior do Parque Municipal nos finais de semana, quando o Parque tem o seu número de visitantes em muito aumentada...... Para quem estava acostumado a realizar investigações por todo o Estado de São Paulo, o nosso mundo a principio ficou pequeno... Aprendemos a importância fundamental do nosso contato com as pessoas quando estas iam a Delegacia registrar os Boletins de Ocorrência, nós acompanhávamos todo o sofrimento, daqueles que tem um filho “Seqüestrado” pelo narcotráfico, e descobrimos que não existe a figura do “Viciado com sofrimento independente”... Todas as vezes que se olha para um viciado, estamos olhando para uma família em sofrimento constante, ali sofre o pai, sofre a mãe, sofre o filho, sofre a filha, padecem todos da família, e de repente nós que não tínhamos parentes em tais condições, assistindo e acompanhando, toda a marcha e o evoluir desta tragédia humana que é o envolvimento com as drogas, começamos a participar dos mesmos problemas, a sermos provados com as mesmas dores e a padecer dos mesmos sentimentos... Então, devido a este envolvimento, as pessoas vinham nos cobrar providências quanto a este “barzinho” perto de suas casas, que sabiam era o ponto de venda de cocaína e de maconha para os seus próprios filhos, quanto ao famoso traficante que dentro da favela mandava matar aqueles que o enfrentavam, quanto ao vizinho que foi até a Argentina e de lá trouxe para venda durante o Carnaval, o perigoso “Lança Perfume”.... Inclusive, durante aquele Carnaval que passamos no 53º DP, fomos a única equipe de Investigadores de Polícia do Estado de São Paulo a lograr a apreensão de “Lança Perfume”, será que prendemos o único traficante fornecedor? Ou simplesmente este não é um crime combatido? Ou será que durante o Carnaval o Denarc tira férias coletivas... Analisemos as estatísticas dos anos anteriores para se verificar a veracidade do que estou dizendo, durante o Carnaval as drogas “correm soltas”, em todos os locais podem ser encontradas, seu comércio e livre e sem repreensão por parte do Denarc... As equipes que por uma razão ou outra que se prontificassem a trabalhar durante o Carnaval eram taxadas de incompetentes, porque não souberam se preparar e se estruturar $financeiramente$ para se verem livres do dissabor de trabalhar durante o período de Carnaval... Afinal de contas, os grandes traficantes também não trabalhavam durante o período de Carnaval, deixemos os “pequenos traficantes”, os “aviãozinhos”, e os “traficantes esporádicos” que somente exercem suas funções em determinados locais e em determinadas épocas do ano, com a sempre laboriosa Polícia Militar, esta sim continuava com o seu trabalho, contudo seus homens são especialistas em Operações Ostensivas e Preventivas e não no trabalho especifico de investigação e de combate ao narcotráfico... Se o efetivo da Polícia Civil e da Polícia Militar é insuficiente para o combate à criminalidade reinante, imaginemos este trabalho durante o período de Carnaval deixado aos cuidados somente das “Equipes de Plantão”... O Investigador de Polícia que trabalha em um Departamento especializado como o Denarc, Depatri e o Departamento de Homicídios, deveria trabalhar durante este período 24 horas por dia ininterruptamente, se as estatísticas tem seus números alterados e elevados espantosamente, nas mesmas proporções deveríamos aumentar o número do efetivo da Instituição Policial no seu combate... Ainda determinando a estes cotas a serem cumpridas... Teríamos assim uma cidade muito mais tranqüila e seus turistas e seus moradores ficariam livres da companhia indesejável dos criminosos e traficantes... Permanecemos trabalhando junto às equipes do 53 DP , exatos 9 (nove) meses, até que o “Gaúcho” foi substituído pelo “Heresia”, quando então retornamos ao Denarc... O “JOCA MALOCA” DA FAVELA DO HELIOPOLIS O “Heresia” era compadre, já que havia batizado, o filho do criminoso “Joca Maloca”, o maior traficante da zona sul de São Paulo, que tinha como sede de seu quartel general o bairro do Ipiranga, de onde comandava todo o narcotráfico e o crime organizado daquela região, dirigindo ainda parte do comércio local, peruas de lotação, etc. Dono de um espírito expansionista e ciente do valor estratégico de se comandar a “Favela do Heliopolis”, estabeleceu ali uma nova “Frente Operacional”, que a princípio, cercada por todos os lados pelos concorrentes, que de forma nenhuma queriam perder a menor fatia do rendoso mercado; E assim, entraram em guerra......... Os homens de “Joca Maloca” foram treinados, preparados e estruturados pelo “Comando” da Organização Criminosa do “Heresia”, que estabeleceram a “Ordenação Hierárquica”, todos os “soldados” seguiam cegamente ao seu “Comandante” e respeitavam os componentes da quadrilha que lhe eram superiores... Tinham todos os conhecimentos de “Guerrilha Urbana” e das “Técnicas e Táticas Militares”, mapearam o local por inteiro, conheciam nos seus pormenores as entradas, saídas, rotas de fuga e túneis que secretamente construíram, se utilizavam dos equipamentos mais modernos para a Vigilância Eletrônica, com filmagens de arquivo e de escuta a longa distância. Possuíam o mais moderno sistema de comunicação, monitoravam a Delegacia Seccional e a Delegacia de Polícia da área, as faixas de rádio da Polícia Civil e da Polícia Militar, receberam do “Heresia” as melhores armas para assalto e defesa, as famílias dos “soldados” arregimentados foram amparadas e assistidas, tinham farta alimentação, escola particular com transporte para os seus filhos, eram socorridos e conduzidos a Hospitais Particulares quando se fazia necessário... Recebiam ainda o “Vale Farmácia”, tinham convênio médico - odontológico, convênio com supermercados e Advogados à disposição 24 horas por dia, formaram assim um “exército” com um número de “soldados” cinco vezes maior que a soma dos “soldados” de todos os outros grupos juntos, enfim toda a estrutura que o traficante “Joca Maloca” poderia sonhar para sua “Boca”.... Os “pseudopoliciais” do Denarc envolvidos com a Organização Criminosa realizaram várias operações no local, quando prenderam em “Flagrante Delito” os comandantes e os “soldados” das outras quadrilhas rivais, já os “soldados” de “Joca Maloca” eliminaram a todos os “soldados” que procuraram enfrenta-los, expulsando ainda suas famílias da região do Heliopolis, recrutaram aqueles que conscientes da impossibilidade de resistência, desertaram dos seus comandos. Retiraram do “Dicionário da Favela” as palavras furto, roubo, estupro, assalto, brigas, sendo que todos quantos praticassem crimes naquela região eram impiedosamente condenados a morte. Fundaram uma ONG (Organização Não Governamental), criaram uma Rádio Comunitária, promoveram Campanhas de Apoio Social, colaboravam com as Igrejas locais e com as outras Instituições Filantrópicas Beneficentes que atuavam junto a Favela.... Financiavam e se associaram ao Comércio local, promovendo sua ampliação e qualificação, financiaram as despesas de construções e reformas das residências dentro do “Conglomerado da Favela do Heliopolis”, promovendo com esta atitude uma grande melhoria na qualidade de vida de todos os seus moradores, se tornaram seus “Benfeitores”, promoveram a “paz e o progresso”.... “Diante da humanidade sofredora ninguém tem o direito de permanecer de braços cruzados”.... Representavam a “Lei e a Ordem”, eram a “Mão Leve e Suave” que curava e abanava a ferida produzida por uma Sociedade corrompida, preconceituosa, racista, elitista, consumidora, descrente e injusta, eram a “Mão do Juiz Honesto e Justo” que batia o martelo, firmando a sentença com a sabedoria de um Rei Davi, eram a “Mão do Carrasco”, frio e implacável cumpridor de suas ordens superiores.... E assim posicionados, o “Comando Delta”, como se auto denominava a Chefia da Organização Criminosa, não esperava mais encontrar oposição significativa, quem poderia se infiltrar no grupo, somar informações sobre a Organização no seu todo, identificando seus componentes e o seu “Comando”, quais os seus processos de atuação, quais as suas ligações com Autoridades Civis e Militares, como era realizada a lavagem do “dinheiro”, onde e como o “dinheiro” era aplicado no Brasil e no Exterior, enfim tinham certeza da inexistência de opositores, da ineficaz organização policial, da corrupção..... A crença na impunidade e o seu entendimento de que tinham realizado algo diferente do que as outras Organizações Criminosas normalmente realizam, fazia com que se considerassem infinitamente superiores...... E foi somente esta a única falha, o único ponto fraco, que encontramos quando decidimos que definitivamente iríamos enfrentar, que iríamos nos dedicar ao levantamento de informações que nos levassem a de forma clara e a mais profissional, a arregimentar testemunhas e provas concretas, que com o apoio do Dipo nos levassem a colocar na cadeia o criminoso do “Heresia”, o seu “Comando Delta”, o Dr. Alceuzinho Barrosbel e a corja de “pseudopoliciais” assassinos e traficantes” que os acompanhavam..... Estávamos resolutos e muito felizes por aceitarmos como nossa aquela obrigação, entendíamos que a alegria do nosso trabalho se encontrava na luta constante, nas tentativas e no sofrimento envolvido em cada dia e em cada nova batalha e não na vitória propriamente dita, e assim comemorávamos como em um jogo de xadrez, cada movimento estratégico, cada pequeno lance de um peão.... O TRAFICANTE “JOÃO MATTOS” Enquanto isto no Bairro do Brás, uma equipe da primeira Delegacia da Dise do Denarc, o Falcão 16, solicitava que o Falcão 17 os auxiliasse como apoio, estavam prestes a efetuar a prisão de um “Célebre Traficante” da “antiga”, “João Mattos”; Informamos ao Cepol que nos dirigiríamos ao local com o máximo de brevidade, Heleno era um piloto magnífico, inclusive com experiências no Kart, Formula Ford, Formula Fiat e Formula 3, em poucos minutos nos encontrávamos no ponto combinado. Eduardo o Chefe da Equipe, Rafael, Antônio, e Branco se encontravam com dúvidas, de plantão na primeira Delegacia, receberam um telefonema anônimo que descrevia “João Mattos” como elemento de alta periculosidade, sempre muito bem armado e impossível de ser capturado sem a violenta reação do seu Grupo de Segurança Armada, a ocorrência de tiroteio no local seria inevitável.... Os Investigadores prudentes já haviam comunicado o nosso Delegado Titular, o “Carteira Preta”, mas devido ao horário não portavam a Ordem de Serviço assinada pela Autoridade Policial... Por determinação do Senhor Delegado, solicitaram o apoio de nossa equipe, pois nada conheciam da famosa história de “João Mattos”.... Quando o Falcão 16 chegou ao local, pode confirmar parte das informações que haviam sido passadas, reconheceram o traficante e um dos carros que utilizava... Onde se localizava o conhecido “Bar do Choppisco”, local onde freqüentemente se encontrava, e onde até poucos momentos atrás estava jogando baralho com alguns dos seus costumeiros parceiros de jogatina, pequenos delinqüentes, bêbados, viciados e outros boêmios desqualificados.... O telefonema informava ainda que no porta malas do veículo, escondida no vão da lateral, encontraríamos 03(três) quilogramas de Cocaína, embrulhadas com um plástico de fundo branco com desenhos dos “Irmãos Metralhas”, o que indicava sua origem e seu nível de pureza, com certeza se tratava de uma “Colombiana Pura”, material VIP 100%, destinado pelo seu valor de mercado, somente a Primeira Classe.... Estudamos o local com muito cuidado, observamos as pessoas que estavam próximas, compreendemos os exageros da informação, não havia seguranças, contudo não poderíamos arriscar e depois devido à falta de cuidados sair dali carregando qualquer tipo de duvida, ou ainda pior, de culpa por não termos realizado com êxito o nosso trabalho, combinamos uma das técnicas de abordagem, das mais reservadas quanto a futuros esclarecimentos e das mais prudentes, quanto a possibilidades de fuga e evasão ou ainda mesmo de reação armada... Usamos três viaturas oficiais, a princípio cercamos todo o local e juntos todos os Investigadores de Polícia envolvidos na ocorrência em ação, abordamos ao mesmo tempo, o veículo onde “João Mattos” se encontrava com uma acompanhante... Foram assim surpreendidos e impossibilitados a qualquer tipo de reação..... Este era o terceiro flagrante consecutivo que “tomava” naquele mês, as equipes de “pseudopoliciais” do Denarc, nos “flagrantes” anteriores, já haviam levado seu “pó”, suas economias, uma casa na praia e outros dois carros da família, desta vez, “coitado”, “estava impossibilitado”, não tinha como “adoçar a cana”, malandro da antiga, muito bom de papo, tinha um “171” fortíssimo, era muito comunicativo e amigável, sempre se comportando como um eterno “Dom Juan”, sempre se portando como um irresponsável, agindo como um adolescente milionário.... Na hora da cana estava acompanhado por uma de suas amantes a “Luciana”, namoravam dentro do carro como jovens e imprudentes namorados, ela já havia jogado no banco traseiro os sapatos, a meia calça, a blusa, o sutiã e a minúscula calcinha, portava a camisa totalmente aberta e a saia levantada e amassada que lhe escondia somente o umbigo, ele com a calça e a cueca abaixo do joelho... “Luciana” o beijava com sofreguidão, ele a acariciava com suave paixão e ao mesmo tempo descontrolado, queria por que queria ama-la e possui-la ali mesmo no meio da rua, encobertos pela arvore frondosa que ao lado do veículo os escondia da luz da rua e que assim os ocultava do possível olhar curioso de transeuntes ocasionais, não os deixando ver ou ouvir, somente os discretamente revelando a observação atenta da equipe de Investigadores que acompanhavam surpresos e alguns deliciados, a toda a preliminar movimentação tão rara e inusitada quando dos momentos que antecedem as prisões em flagrante delito.... “Luciana” já tinha com “João Mattos” um filho, Pedro Thiago de Carvalho Mattos de 11 anos, quem não os conhecesse ou não soubesse de sua história, a imaginaria ainda solteira e sem filhos, Diretora Executiva de uma das maiores empresas de estacionamento e serviços de valetes, dentro da cidade de São Paulo, para nada precisava de “João Mattos”... Era financeiramente independente, tinha uma casa muito boa no bairro do Cambuci, classe média paulistana, possuía para a família o melhor Plano Médico Odontológico da Amil, uma cobertura com 04 suítes no Guarujá, uma chácara em Mairiporã, seu carro era uma Alfa Romeu “zerada” na cor prata, estava terminando de pagar um consórcio Honda para a compra de uma motocicleta de 1200cc, levava uma vida totalmente regrada, com tudo certinho tim tim por tim tim, calma e sossegada.... Fora os momentos em que junto à “João Mattos” dava vazão àquele “Amor Bandido”.... “Luciana Duarte de Carvalho” era uma mulher lindíssima, sofisticada e de forma deslumbrante refinada, pele branca a qual trazia sempre bronzeada e deliciosamente macia e perfumada, usava os longos cabelos “A La Wellaton”, na tonalidade loiro médio misturada com um castanho bem clarinho, 1.75m de altura, 55 kg de peso, com o corpo malhado no estilo “Renner”, dona dos pés mais lindos que já se viu, ornados por pernas longas e cochas grossas e roliças, os quadris largos denunciavam sua origem de “Mulher Nordestina” de “Mulher Parideira”, o rosto era sublime, ornado com “Divina Providencia” por um nariz perfeito e por olhos de infinita alegria... Poderíamos dizer : O melhor resultado da natural miscigenação quando da “Invasão Holandesa”, não poderíamos descreve-la fazendo total justiça a suas particulares físicas e as suas peculiaridades espirituais e psicológicas, que juntas a tornavam uma pessoa impar, pois humildemente cada item em particular não chamava a atenção para si mesmo, mas juntos faziam parte de um todo, de um conjunto que brilhantemente se sobressaia ao comum, ao esnobe e ao vulgar....... A boca era lindamente desenhada, acompanhada por lábios grossos e carnudos, as orelhas eram pequenas, bem desenhadas e discretamente sempre acompanhavam um pequeno e rico ornamento em ouro, as unhas femininas e curvilíneas, nunca foram longas e aparentemente havia acabado de sair da manicure, usando sempre um tom de esmalte que ia do muito claro transparente ao incolor, os olhos azuis e amendoados, eram profundos como um mar sem fim... Os cílios longos, a sobrancelha delineada, a face rosada, a testa pequena e o nariz belamente amoldado, os seios “Franceses” do tamanho de uma taça de champanhe, o umbigo pequeno e profundo, como a esconder algo não exposto e absurdamente misterioso, os joelhos eram gordos e arredondados, saudáveis, poderíamos dizer felizes e sorridentes, os dedos eram pequenos e grossos, completavam com mais este detalhe a mão aristocrata, que calçava luvas n.º10, e que robusta e carnuda dava a impressão de ser pequena, meiga e frágil, somente para enganar.... Ao nos aproximarmos dela, as vibrações e as sensações se contradiziam, ficava-se em duvida, como se nossa própria alma se elevasse a um outro plano astral, separada do corpo, e abruptamente se aproximá-se de uma zona desconhecida e divisionária entre o Céu e o Inferno... Pessoa normalmente racional e de atitudes aristocratas, havia momentos em que perdia o bom senso, ficava privada da calma, da paciência, da moderação, das estribeiras.....E naquela ocasião, quando pode acompanhar a prisão de “João Mattos”, foi uma delas, chorava desesperada, chutava e esmurrava o namorado, gritando que: - Nunca imaginou que ele poderia coloca-la dentro de um carro com drogas escondidas.... - Que não precisávamos prende-lo não, ela mataria ali mesmo aquele safado, sem vergonha.... Que tão pouco caso fez de todo o seu carinho, de todo o seu amor..... Nova crise de choro descontrolado...... Não o perdoaria..... Nunca mais permitiria que “João Mattos” visse o filho que tanto o amava..... Queria ser testemunha de acusação..... Isto, isso mesmo.... Iria contar tudo o que sabia.... Se ele não a respeitava, que ficasse para lá....... Que fosse para a cadeia...... Ela construiria uma nova vida ao lado do filho amado..... “Luciana” tinha somente 26 anos, era jovem e sonhadora e ainda acreditava que no futuro, com o amásio assumindo o seu amor e o filho do casal, ele abandonaria o trafico de entorpecentes, o bilhar, o jogo de ronda, o pôquer, os bares com os amigos, as boates e todas aquelas “vagabundas” que persistiam em tentarem namora-lo, ele seria só dela, abandonaria Maria Amélia e os oito filhos com os quais vivia na Favela do Heliopolis, abririam um estacionamento, criariam juntos o filho Pedro Thiago, o segundo grande amor de sua vida e seriam felizes para todo o sempre, afinal ele a amava, ele sempre afirmou isto, nos doze anos em que se conheciam, desde o primeiro dia quando abruptamente se encontraram........ “Luciana” brincava na rua, com alguns amigos, com a sua bicicleta Caloi, era aos 14 anos uma menina ainda criança, cujo corpo desenhava com exuberância a figura formosa da mulher prestes a desabrochar... Uma outra criança com um cão, correm atravessando a rua na frente do carro conduzido por “João Mattos”, que consegue parar o veículo a tempo, contudo desviando se posiciona na contra mão de direção, ficando a frente das crianças que brincavam, Luciana distraída não consegue frear a bicicleta que bate de encontro ao veículo já parado, caindo acabou por fraturar o braço.... “João Mattos” se desdobra em cuidados, socorrendo imediatamente a vítima, aflito se desmancha em atenções, providencia a compra dos medicamentos, de flores e chocolates, não queria ali simplesmente agrada-la, culpou-se mesmo sabendo que os fatos aqui relatados não foram frutos de sua vontade, desejou ardentemente recompensa-la de alguma forma ou proveito.... Vivia desesperado, o maior de todos os seus pesadelos naqueles dias, certo da separação litigiosa que enfrentaria com a esposa intransigente, se afastar dos filhos, frutos queridos de sua mocidade e do imenso amor que dedicou a ingrata companheira lhe parecia impossível, se sentia totalmente só e abandonado....... Vencedor soberano dentro da violenta favela, produto do egoísmo de uma Sociedade capitalista e desumana, perplexo descobria sua incapacidade para direcionar a própria vida, frente aquele problema, que lhe assumia as proporções de um caso sem solução..... Parecia que o sempre fiel e amigo destino, tinha-lhe jogado a sorte ao rodamoinho dos maus agouros e dos desejos caprichosos de seus inimigos...... Tudo lhe parecia incrível, nunca pudera se imaginar frente tal situação, sempre fora marido apaixonado, pai extremoso e dedicado, portanto a decisão firme e irrevogável da esposa quanto a que deixa-se a casa da família imediatamente, indo cada um procurar o melhor para suas vidas, ele não conseguia assimilar, fora nocauteado pela paixão imatura e irracional, e por todas estas razões seus menores atos eram acompanhados por um “mudo choro”, “silencioso e sentido” que saindo do fundo d`alma falava com toda a sinceridade de sua dor e do seu sofrimento pela perca de uma vida compartilhada com sua prenda mais amada....... O coitado ainda amava desesperadamente a esposa com toda a sua paixão...... As crises são fundamentais para que possamos nos reestruturar, para que possamos nos tornar pessoas mais generosas, um ser mais compassível e solidário..... E, foi realizando a todos os desejos de “Luciana” e tornando realidade todos os seus sonhos, que dava vazão aos seus sentimentos mais íntimos de eterno amor e carinho.... Assim, “João Mattos” acompanhou a recuperação de Luciana e quando ela já estava recuperada e havia readquirido sua melhor forma física, não conseguiram mais se separar, ele a acompanhava levando-a e buscando-a quando da saída da escola, se divertiam juntos no cinema e no teatro, passaram a ler o mesmo livro, a curtir as mesmas músicas e a saborear o mesmo sorvete, dois meses depois estavam namorando, sete meses depois nasceu Pedro Thiago, prematuro para os médicos, no devido momento para o casal, que ultrapassando problemas e barreiras se uniram ainda mais...... Nunca moraram juntos é verdade, “João Mattos” comprou e montou a casa do Cambuci, colocou a propriedade no nome do filho, que imediatamente amou, reconheceu como seu, registrou e para o qual religiosamente pagava uma boa pensão, combinada e acertada entre ambos os pais, mensalmente sem atrasos. Não abriu mão contudo da vida boêmia, da vida bandida, da vida dupla que levava e que indiretamente, somente com a sua presença, com a sua companhia, conduzia “Luciana” a levar.... Cada qual sabe amar exclusivamente ao seu modo, o modo definitivamente não importa, o essencial é que se saiba amar.... Ela determinada continuou os estudos, terminou a Faculdade de Administração, fazendo Pós Graduação e Doutorado, inteligente e dedicada ao trabalho, do serviço de Office Girl, aos 14 anos, ao cargo de Diretora Executiva fez sua carreira sempre na mesma empresa. Ele, separado da primeira mulher, montou sua Kitinete, com toda a simplicidade na Avenida Nove de Julho, jogador inveterado, era conhecido no Jóquei Clube e em todas as Casas de Jogo clandestinas de São Paulo, sua fama corria distâncias, recebeu ainda a alcunha de “Doutor” devido ao seu caráter, sua personalidade marcante, sua classe e sua elegância..... Quanto ao narcotráfico, afirmava não ser traficante, dizia não pôr a mão no “Bagulho”, era simplesmente um “Corretor de Negócios e Oportunidades”, somente lidava com material fino, unindo vendedores e compradores, não gostava e não admitia “lambanças”, portanto primeiro o comprador efetuava o pagamento integral da mercadoria ao "Doutor", o vendedor entregava a cocaína ao comprador e posteriormente ia receber do “Doutor” a parte que lhe cabia.... Como gostava de deixar bem explicadinho, não punha a mão e nem sequer via a droga, usava do respeito e do prestigio que tinha no meio da malandragem, sendo que da negociata retinha sua comissão baseada na qualidade do produto, na segurança da operação e na garantia do sigilo absoluto..... Era um homem da noite e vivia da noite, dos seus sonhos e das suas ilusões, tinha uma lista enorme de Policiais Civis e Militares aos quais sustentava semanalmente com o “dinheiro da feira” e com “pequenas porções de cocaína misturada” que também distribuía a outros amigos e as muitas amigas que tinha no seu rol de amizades..... Garimpeiro de mamatas, sabia identificar um otário de longe, malandro da velha guarda, ainda era um verdadeiro Don Juan, um sedutor de mulheres, a todas elas amava apaixonadamente e por elas era amado e adorado, amigo intimo das ex-esposas, contava somente aquelas com as quais teve filhos, era o amigo e o confidente dos 13 (treze) descendentes que amava com paixão... Somente uma tristeza o consumia internamente, a morte do filho Marcos Paulo, assassinado por engano na Favela do Heliopolis, por um dos “Grupos de Extermínio”, do nosso amigo “Heresia”, era católico, afilhado de Nossa Senhora de Aparecida, não queria vingança, isso seu espírito e sua crença religiosa não aceitavam, queria justiça, queria vê-los presos e pagando por seus crimes..... Não admitia a figura do assassino covarde e contumaz, muito menos à do mandante frio e calculista, pelo seu filho tudo faria para ver os componentes daquela perigosa Organização Criminosa atrás das grades e longe da sua amada e querida Favela do Heliopolis...... Era tudo o que queríamos ouvir... Querer ajudar é como já ter percorrido a metade do caminho... Todos nós deveríamos pensar mais em fazer o bem, do que em estar bem, dessa forma, acabaríamos por estar todos muito bem... O importante não é o que nos faz o destino, mas o que fazemos dele.... Dentre os mais dignos predicados de um policial está o de saber dizer sempre a verdade e de entender que o melhor modo de afastar-se da sempre próxima e contagiante “ciminalidade” e nunca se assemelhar aos criminosos, aqueles a quem tem por obrigação de ofício combater de forma verrenha e incisiva... Agora tínhamos que nos organizar, planejar toda a operação de combate ao “Heresia”, tínhamos que nos acertar com o nosso novo amigo o “Doutor”... FIM DA PRIMEIRA PARTE O que você pacientemente acabou de ler, “NÃO SE TRATA DE HISTÓRIAS DA POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DE SÃO PAULO” , nomes, fatos, cargos, épocas, prisões e outras estórias infantis criadas “para boi dormir”, se encontram misturadas e mescladas num verdadeiro emaranhado de lembranças, desgostos, tristezas e principalmente de muitas decepções, como diria um grande amigo, o famoso “Bahia” do Denarc : - Uma verdadeira lambança! E que lambança meus amigos... “CAPA” APOKRUPHOS POR QUE VÊS TU, POIS, O ARGUEIRO NO OLHO DO TEU IRMÃO, E NÃO VÊS A TRAVE NO TEU OLHO? OU COMO DIZES A TEU IRMÃO: DEIXA-ME TIRAR-TE DO TEU OLHO O ARGUEIRO, QUANDO TENS NO TEU UMA TRAVE? HIPÓCRITA, TIRA PRIMEIRO A TRAVE DO TEU OLHO, E ENTÃO VERÁS COMO HÁS DE TIRAR O ARGUEIRO DO OLHO DE TEU IRMÃO. (MATEUS, VII: 3-5.) UM DOS CAPRICHOS DA HUMANIDADE É VER CADA QUAL O MAL ALHEIO ANTES DO PRÓPRIO. PARA JULGAR-SE A SI MESMO, SERIA NECESSÁRIO PODER MIRAR-SE NUM ESPELHO, TRANSPORTAR-SE DE QUALQUER MANEIRA FORA DE SI MESMO, E CONSIDERAR-SE COMO OUTRA PESSOA, PERGUNTANDO: QUE PENSARIA EU, SE VISSE ALGUÉM FAZENDO O QUE FAÇO? É O ORGULHO, INCONTESTAVELMENTE , O QUE LEVA O HOMEM A DISFARÇAR OS SEUS PRÓPRIOS DEFEITOS, TANTO MORAIS COMO FÍSICOS. ESSE CAPRICHO É ESSENCIALMENTE CONTRÁRIO À CARIDADE, POIS A VERDADEIRA CARIDADE É MODESTA, SIMPLES E INDULGENTE. A CARIDADE ORGULHOSA É UM CONTRA SENSO, POIS ESSES DOIS SENTIMENTOS SE NEUTRALIZAM MUTUAMENTE. COMO, DE FATO, UM HOMEM BASTANTE FÚTIL PARA CRER NA IMPORTÂNCIA DE SUA PERSONALIDADE E NA SUPREMACIA DE SUAS QUALIDADES, PODERIA TER, AO MESMO TEMPO BASTANTE ABNEGAÇÃO PARA RESSALTAR NOS OUTROS O BEM QUE PODERIA ECLIPSÁ-LO, EM LUGAR DO MAL QUE PODERIA PÔ-LO EM DESTAQUE? SE O ORGULHO É A FONTE DE MUITOS VÍCIOS, É TAMBÉM A NEGAÇÃO DE MUITAS VIRTUDES. ENCONTRAMO-LO NO FUNDO E COMO MÓVEL DE QUASE TODAS AS AÇÕES. FOI POR ISSO QUE JESUS SE EMPENHOU EM COMBATÊ-LO, COMO O PRINCIPAL OBSTÁCULO AO PROGRESSO. PRIMEIRA ORELHA Quando apresentamos estes fatos, temos conhecimento que estamos levantando contra a sua apresentação pública os interesses, os preconceitos e os privilégios daqueles que ferem com a sua presença a Instituição Polícia Civil do Estado de São Paulo e com os seus atos a nossa Sociedade como um todo... Entendemos ainda que para estas pessoas tais fatos jamais poderiam chegar ao conhecimento do grande público, sem serem estabelecidas certas represarias e sem que a vingança destas forças nos dê como resposta, o seu ataque a nossa nobre causa... Nunca de frente, mas como sempre, escondidos e acobertados, para a emboscada covarde.... Contudo, devemos estar contentes em morrer lutando, se não podemos viver livremente.... É pelos frutos que se conhece a árvore. É necessário qualificar cada ação, segundo o que ela produz : Chamá-la má, quando sua conseqüência é má, e boa, quando produz o bem. Pensando assim como podemos qualificar a Polícia Civil do Estado de São Paulo? Leia atentamente este livro... Com calma, juntando suas letras, decifre este criptograma e entenda a verdadeira história contida em suas entrelinhas... Somente assim você estará apto a responder a esta delicada pergunta.... SEGUNDA ORELHA Deus todo poderoso... Pai infinitamente justo e bom... Senhor de misericordioso, seja feita sempre a vossa vontade... Perdoa os nossos pecados e ampara-nos Amado Mestre neste momento de perigo... Quando devido às circunstâncias, antevemos a possibilidade da morte próxima.... Senhor que os meus companheiros não sejam atingidos.... Senhor dai-nos a inteligência e o apoio espiritual para que possamos realizar com sucesso as prisões que nos foram ordenadas, surpreendendo e subjugando sem a necessidade do uso da força que possa a alguém ferir.... Quanto a este teu servo Senhor, entrego em vossas mãos o meu corpo e a minha alma, seja feita sempre a vossa vontade... A perseverança quando associada à disciplina, a humildade, ao trabalho de solidariedade e de caridade para com o próximo, carrega intrínseca, dentro de si mesma, toda a força e o poder necessário ao entendimento da própria vida, porque saber viver é perseverar no caminho do bem entendendo que quem não vive para servir, não serve para viver... Contudo, pode-se matar um sonhador, pode-se matar um idealista, mas o ideal este nunca morre, o sonho este sempre fica..... Eu sou o único responsável pelo meu destino, eu sou o único responsável pelo caminho que sigo na minha vida, existe somente um responsável pelos meus sucessos e pelos meus fracassos, mudar de rumo, seguir a direita ou à esquerda, retroceder são posicionamentos e decisões pelas quais sou o único responsável.... Persistir no erro é sinal de burrice.... Não podemos desanimar nunca, porque Deus existe... e Deus é o caminho, a verdade e a vida....

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