ROBSON LUIZ DUARTE SILVA RGM 06891
VISITAÇÃO
AO PÁTIO DO COLÉGIO E AO MUSEU DA LÍNGUA PORTUGUESA
FACULDADE DAS AMÉRICAS
SÃO PAULO, 2012
ROBSON LUIZ DUARTE
SILVA RGM 06891
VISITAÇÃO
AO PÁTIO DO COLÉGIO E AO MUSEU DA LÍNGUA PORTUGUESA:
Pesquisa bibliográfica e
documental/campo com a leitura do espaço somada aos textos de sala de aula,
constituída pela visitação aos dois equipamentos históricos, percebendo suas
afinidades, sua relação com a bibliografia pesquisada e com a História da Educação
no Brasil, comprovando que a história não se constitui uma mera realidade do
passado, mas sim um fato presente, com desdobramentos atuais e perspectivas
para o futuro.
FACULDADE DAS AMÉRICAS
SÃO PAULO, 2012
Prefacio
Baêta Neves, em “O Combate dos Soldados
de Cristo na terra dos Papagaios”, RJ, 1978, inicia sabiamente, informando aos
seus leitores que se trata de uma viajem no tempo “e não no espaço”, fundamental
colocação, a ser observada durante toda a nossa andarilhagem pela História do
Brasil, posto que, indiscutivelmente, nela, Baêta Neves, enquanto discorre
sobre o “Colonialismo e repressão Cultural”, nós fala do Brasil dos dias de
hoje, de cada um e de todos nós.
Descrevendo cada um dos personagens, de
um lado os colonizadores europeus, leia-se o Rei e os investidores capitalistas
da Coroa Portuguesa, do outro lado os povos originários que foram colonizados ou
exterminados e os negros africanos que foram escravizados e conduzidos para cá,
delineando a supremacia militar da Burguesia Portuguesa e sua associação com o
Papa que encaminha os padres jesuítas com a missão de conquistarem novos fieis,
expõe a superioridade bélica da usurpadora marinha portuguesa sobre os
usurpados nativos da terra, fala da supremacia militar, dos seus interesses
expansionistas e das suas necessidades financeiras, descreve a preeminência científica
da cultura europeia sobre a cultura dos nativos e dos negros africanos, narrando
a hegemonia imposta pelos saqueadores invasores sobre os indefesos povos
nativos, apresenta a opção imposta pelos dominadores aos dominados, que deveriam se submeter à escravidão,
como uma forma de agradecimento pela salvação de sua alma ou como segunda opção
“o extermínio coletivo da sua nação”.
Nossa expectativa é de que esta
simples apresentação da pesquisa realizada sirva não somente para ampliar o nível
de informação dos leitores, mas também para propiciar que de modo crítico,
possamos refletir sobre as informações expostas, construindo uma opinião e
assim tomar uma posição sobre os fatos aqui apresentados.
Com a visita aos instrumentos
históricos ao Pátio do Colégio e ao Museu da Língua Portuguesa, pudemos constatar de forma inequívoca um
Brasil, sendo descrito e verdadeiramente apresentado pelo narrar de sua
história, que se inicia assim...
No início
dos “Tempos Modernos”, encontramos uma Europa, passando por uma série de significativas
mudanças de ordem política, econômica, cultural e, até mesmo, geográfica; Foram
estas inúmeras transformações que se constituíram nos fundamentos do nosso Mundo
Moderno, quando a crise e a desagregação do mundo feudal, no Ocidente Europeu, possibilitaram
o fortalecimento do poder dos reis e a construção de monarquias de caráter
nacional, exemplo disso, foi o Reino de Portugal, que de forma precoce,
consolidou-se como monarquia nacional.
A
expansão marítima foi também uma forma de superação dos problemas herdados da
Idade Média, além de ter sido responsável pelo aumento do conhecimento de
outras regiões do globo terrestre, razão pela qual Portugal passa a ocupar
papel de destaque pelo pioneirismo e por sua ação sistemática em ampliar o
conhecimento da costa africana, no claro intuito de alcançar as Índias e suas
cobiçadas especiarias.
O
comércio com lugares distantes e a necessidade de garantir lucro, criaram novas
atitudes econômicas. As práticas mercantilistas visavam uma balança comercial
favorável e uma acumulação de riquezas que objetivavam garantir a estabilidade
das monarquias modernas. Com a difusão da exploração do tipo colonial, onde as
colônias deveriam desempenhar o papel de apêndices econômicos das metrópoles,
garantindo-lhes lucro, sendo consideradas celeiros de riquezas.
Por
outro lado, o Renascimento e o Humanismo iniciaram um processo de transformação
de mentalidades na Europa, surgem formas inovadoras de pensar o homem, as relações
com o mundo e com Deus, atingindo a principal instituição do mundo feudal: a
Igreja Católica, na passagem para a Idade Moderna a Igreja Católica trazia uma
enorme carga de problemas, o que possibilitou o surgimento do movimento da Reforma
Protestante.
A
questão da unificação dos Estados Nacionais era outro problema, pois mesmo
quando a religião católica era declarada a “religião oficial”, a Igreja se via
submetida à autoridade dos interesses do estado, chegando a haver o perigo de
sua instrumentalização ou até mesmo de sua absorção. A Igreja vivia o dilema
entre o universalismo e o poder dentro de cada Estado Nacional.
Brasil
Colonial ou America Portuguesa, tem características feudais dentro de uma ordem
capitalista, sistema configurador de fisionomias e a caracterização interna
entendida a partir de uma leitura mais ampla do Ocidente Capitalista, ou seja,
não é possível “ler” a realidade de maneira isolada; Estas só é compreensível
se relacionada a outras realidades, quando o Brasil se inscreve na História
Ocidental o “velho mundo” lançava os germes do Capitalismo, entramos pois no
sistema na condição de “Colônia Portuguesa”.
O
Brasil como colônia funcionava como um entreposto de abastecimento e
enriquecimento para a Metrópole, sendo sufocadas as potencialidades de
crescimento da colônia que era relegada a condição de “quintal do velho mundo”.
Aqui aportaram as tradições brancas, ocidentais e cristãs, bem como as tradições
africanas que unidas e permanentemente entrelaçadas com as tradições dos povos
gentios vão compondo ao longo das gerações sua particularidade própria, formada
por uma composição de diversidades, bem como, de conflitos, desajustes e
desigualdades sociais que se seguem em uma reedição perpétua.
Portugal como Metrópole vivia empenhado com
suas colônias nas Indías, local onde havia lucro líquido e certo, tratava-se
pois não de uma aventura mas de um empreendimento mercantil, político,
empresarial. Brasil como colônia só merece atenção quando o Império Português
perde seus domínios e a America Portuguesa sofre com a ameaça de interesses
franceses, holandeses e ingleses.
A
fundação da Companhia de Jesus, em 1537, constitui um esforço de fortalecimento
da Igreja e se estabelece como o ponto central na transformação e nos pilares
básicos da Contra Reforma, realçando o espírito prático dos jesuítas,
principalmente no trabalho missionário, proporcionando um esforço de
aproximação cultural com grupos sociais e étnicos a serem evangelizados, a
exemplo da catequese feita nas línguas dos povos submetidos à Companhia.
As
Capitanias Hereditárias e a dicotomia centralização / descentralização, era
marca da indefinição político – administrativa sobre a colônia, estabelece-se
primeiramente as Capitanias Hereditárias, ao Capitão Hereditário são conferidos
certos poderes que se estendem aos seus descendentes. Em 1548 estabelecem-se o
Governo Geral Superior, mas não supressor das Capitanias, portanto, uma
centralização sobre a descentralização.
Com a
criação do Governo Geral, temos a chegada dos jesuítas ao Brasil com o inicio
da hegemonia Jesuítica (1549 – 1759), nos trinta primeiros anos da colonização do Brasil,
Portugal dedicou-se exclusivamente à exploração das riquezas sem efetivo
projeto de povoamento. Os índios que ocupavam o território brasileiro, diziam que
os nativos não tinham as letras ‘F, nem L, nem R’, não possuindo ‘Fé, nem Lei,
nem Rei e viviam “desordenadamente”.
Essa suposição de uma ausência linguística
e de “ordem” revela, um tanto avant la lettre, o ideal de colonização
trazido pelas autoridades portuguesas: superar a “desordem”, fazendo obedecer a
um Rei, difundindo uma Fé e fixando uma Lei, portanto deveriam desenvolver-se
sob a égide do Rei de Portugal, da Fé Crista, obedecendo as Leis Portuguesas e
aos dogmas da Igreja de Roma.
A vinda dos jesuítas proporcionava
assim a expansão da Fé e do Império, reunindo mercadores e evangelizadores sob
a mesma empresa, com uma política de instrução: Uma escola e uma igreja,
edificaram templos e colégios nas mais diversas regiões da colônia,
constituindo um sistema de educação e expandindo sua pedagogia através do uso
do teatro, da música e das danças, “multiplicando seus recursos para atingir à
inteligência das crianças e encontrar-lhes o caminho do coração”. (AZEVEDO,
1943, p.290).
Os jesuítas tiveram grande importância no campo das
artes. A propagação de um estilo jesuítico nas artes foi tamanha, que pode ser
dedicado um capítulo inteiro
aos jesuítas na História da Arte no Brasil. Com o aprendizado das artes e dos
mais diferentes ofícios adquiriram autossuficiência na fatura dos mais diversos
objetos de uso pessoal e para a lida cotidiana, de pares de sapatos a
embarcações para transportar os padres e irmãos.
A
adaptação aos costumes locais em respeito à diversidade das regiões sob domínio
jesuítico, para a eficácia da catequese, era orientação que constava nas
Constituições de 1550 da Companhia de Jesus, aos padres e irmãos que estavam em
Roma. De fato, os jesuítas empreenderam no Brasil uma significativa obra
missionária e evangelizadora, especialmente fazendo uso de novas metodologias,
das quais a educação escolar foi uma das mais poderosas e eficazes.
A concepção pedagógica tradicional se
caracteriza por uma visão essencialista de homem, isto é, o homem é concebido
como constituído por uma essência humana e imutável. À educação cumpre moldar a
existência particular e real de cada educando à essência universal e ideal que
o define enquanto ser humano. Para a vertente religiosa, tendo sido o homem
feito por Deus à sua imagem e semelhança, a essência humana é considerada,
pois, criação divina. Em consequência, o homem deve empenhar-se para fazer por
merecer a dádiva sobrenatural.
A expressão mais acabada dessa
vertente é dada pela corrente do tomismo, que consiste numa articulação entre a
filosofia de Aristóteles e a tradição cristã; tal trabalho de sistematização
foi levado a cabo pelo filósofo e teólogo medieval Tomás de Aquino [...] E é
justamente tomismo que está na base do Ratio Sudiorum [...] (SAVIANI, 2004, p.
127).
Ainda que não tenham sido os jesuítas
os primeiros a pisar a Terra de Santa Cruz – vale lembrar que junto com Pedro
Álvares Cabral, vieram os franciscanos. Essa primazia dos franciscanos, no
entanto, não legou à posteridade o mesmo alcance que tiveram os jesuítas, que
durante duzentos e dez anos, a partir da chegada em 1549 até a expulsão em
1759, detiveram o monopólio da educação.
O primeiro grupo de missionários
desembarcou na cidade de Salvador, na Bahia, em 1549, acompanhando a armada que
trazia o primeiro Governador Geral do Brasil, Tomé de Sousa. Designados para
converter os pagãos da terra a fé cristã, os membros da Companhia de Jesus
encontrariam demasiadas dificuldades para tal empreendimento. Nos primeiros
anos das missões, são vários os obstáculos encontrados à conversão. Entre eles
podemos citar a inconstância dos Brasis que pouco tempo após terem recebido os
ensinamentos cristãos voltavam a viver de acordo com seus costumes
“pecaminosos”; o exemplo dado pelos colonos e o tratamento destes para com os indígenas;
e por fim, a corrupção do clero secular.
Os problemas não param por aí. Após a
implementação das Aldeias, um número pequeno de missionários jesuítas teria que
se preocupar com os perigos de um extenso território hostil, a fim de,
convencer grupos indígenas a transferir-se para estas propriedades. Segundo a
visão jesuítica, a natureza tropical teria sido abandonada por Deus e por isso
era encarada como um local misterioso, temível, passível de ser a morada do
Diabo.
Além disso, são muitos os relatos que apontam
as necessidades pelas quais passavam os padres devido à falta de recursos como
roupas, calçados e alimentos, os esforços despendidos pelos missionários
jesuítas assumiam um caráter paternalista e um sentido mal orientado de
superioridade cultural europeia.
Porém, este empenho não era realizado
sem algum senso de reciprocidade em relação aos indígenas, caminhou
singularmente para o hibridismo, e isso, reflete-se no aspecto religioso
representado pelo sistema jesuítico, mesmo sendo este a principal força de
europeização e de conduta ética e intelectual presente no Brasil. Um exemplo
disso é a moral sexual indígena flexibilizando as leis matrimoniais da Igreja
quanto aos impedimentos de sangue e a tolerância de alguns costumes tupis nos
ritos de uma missa católica.
A missão representa a vontade de inserção da
religiosidade católica em laços maiores, profanos, sociais. Porém, essa
abertura passa a utilizar elementos culturais não cristãos em várias situações
como no teatro e nas confissões, e ao se preocupar com os aspectos públicos dos
cultos promove uma maior integração da sociedade que contribui com elementos
culturais próprios em tais espaços, o “modo de proceder” dos jesuítas tinha como
uma de suas principais características a “flexibilidade” e não a rigidez, solicitando
aos jesuítas que tratassem o próximo de maneira afável e não como quem quer
controla-lo.
CONCLUSÃO
Apresentadas as conjecturas
históricas, filosóficas, ideológicas, religiosas, econômicas e políticas, que
serviram de base a todos os acontecimentos relacionados a vinda dos Jesuítas e
permanência dos Jesuítas no Brasil até sua expulsão, verifica Baêta Neves, que
o processo de colonização catequético, foi imposto segundo normas e regras que
focavam as necessidades e prioridades da Coroa Portuguesa, Igreja Católica e
dos senhores mercantilistas. Apontando ainda o autor, que pouca coisa mudou,
após o processo de Colonização até os dias da elaboração do livro, relatando
que se ontem tínhamos a Coroa Portuguesa, hoje temos como herança, o Poder
hierárquico.
A catequese e o batismo
No batismo cristão, a água
enquanto parte do rito de purificação conduz a morte todo o mal de que o homem
é originalmente portador e engendra o seu renascimento, resgatando-o em sua
trajetória terrestre enquanto o filho de Deus. Elementos sagrado a água
representa o elo entre antigos ritos pagãos e o batismo, que no catolicismo é o
sacramento que imprimi caráter ao apagar o “pecado original” e inserir homem ao
corpo mestiço de Cristo a igreja.
No Brasil Colonial, só recebia o
sacramento do batismo o gentio que houvesse manifestado perseverança em
abandonar algumas das suas tradições, incompatíveis com os preceitos cristãos,
e estivesse disposto adotar uma nova postura religiosa. Ao índio batizado era
conferido um nome cristão e com ele a inserção ao novo grupo social que se
estabelece em terras brasileiras. Entretanto, o batismo como atesta grande
parte dos relatos dos primeiros que para cá vieram, não era de modo algum garantia
de conversão do gentio. A dificuldade de se manter dentro dos novos costumes
cristãos, em função até do reproduzido número de padres, fazia com que grande
parte dos batismos realizados fosse muitas vezes em vão. A parte de 1561 foi
adotada batismos coletivos que chegaram a reunir mais de 500 almas numa mesma
cerimônia.
Anotações
da Profª Marcia Regina Ciscati
Queremos, então, desvendar um pouco das relações de
poder, das determinações entre saber e poder, das articulações menos visíveis
(mais capilares) entre Fé e Império.
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