quarta-feira, 7 de março de 2012


Duas faces da mídia

                                           Testo retirado do Site "A Lenda"


                                                            http://rafaelfortes.wordpress.com/2007/03/26/duas-faces-da-midia/http://rafaelfortes.wordpress.com/2007/03/26/duas-faces-da-midia/


A Agência Carta Maior, fonte importante de informação fora dos padrões dominantes, ameaça fechar, como informa este editorial. Para funcionar, os veículos precisam de verba. Raras são as empresas que anunciam em veículos que remam contra a corrente. Raros são os governos que destinam parcela significativa de verba publicitária para os meios de comunicação alternativos e comunitários – em geral, as polpudas verbas publicitárias públicas vão para o bolso das famílias proprietárias dos principais veículos.
Sou contra o gasto de dinheiro público com propaganda. Mas, se é para gastá-lo, que seja incentivando formas alternativas de comunicação, porque já bastam as forças do mercado a sustentar financeiramente a mídia gorda antidemocrática que aí está.
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Anúncio de emprego divulgado recentemente pela Folha de S. Pauloexemplifica como os assuntos (pautas) são construídos no jornalismo dos jornalões. Um dos quatro requisitos indispensáveis é “experiência, conhecimento e acompanhamento de noticiário relativo à área de segurança/violência”.


No olhar de quem seleciona, para ser repórter no Rio de Janeiro é preciso entender de violência. Como se a violência fosse o principal acontecimento de cada dia na cidade. Como se outros temas, fatos e processos não tivessem lugar. Será que o mesmo vale para as diversas outras capitais brasileiras – incluindo São Paulo – com índices de homicídio comparáveis aos do RJ?
Há um outro detalhe interessante: pede-se “um texto de 20 linhas sobre como avalia que deve ser a cobertura de assuntos de segurança e/ou violência na sucursal do Rio”.  Suponhamos que um jovem jornalista escrevesse que a cobertura de violência deve ter menos espaço, dando vez a outros temas. Ou que defendesse uma cobertura focada nas causas sociais da violência, na contextualização dos episódios e na discussão das diversas formas de violência existentes na cidade, e não apenas aquelas sofridas episodicamente pelas classes média-alta e alta. Por exemplo, a violência que é, em si, alguém ter que dormir na rua – e as diversas formas de violência a que cada cidadão em tal situação está sujeito. Será que teria chance de ser selecionado?



Ramos Silva,Maria de Fátima -São Paulo,2012;Faculdades das Américas.

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